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André Rocha

Diniz se reinventa no Flu com jogo aéreo e velocidade além da posse de bola

André Rocha

30/01/2019 23h52

As vitórias tranquilas sobre Americano (4 a 0), Portuguesa (3 a 1) e Madureira (4 a 0) contam menos para o Fluminense do que a constatação de que Fernando Diniz parece ter compreendido que a posse de bola pode ser fundamental para o protagonismo que ele quer em suas equipes. Desde a saída da defesa, com participação também do goleiro Rodolfo.

Mais importante, porém, é adaptar a proposta às características de seus jogadores. Estimulando o prazer em jogar e cobrando a precisão técnica, mas trabalhando a versatilidade e o jogo por demanda. O Flu de Diniz é forte na bola parada e entende o momento de acelerar e fazer um jogo mais direto. Pressiona logo após a perda da bola e na retomada, se o mais interessante for definir rapidamente a jogada é o que o time vai fazer.

Chama atenção também as triangulações pelos flancos na execução do 4-3-3. À direita, Luciano ataca por dentro e abre o corredor para Ezequiel. Pode também jogar no espaço livre para a infiltração de Bruno Silva ou o deslocamento do centro para a ponta de Yoni González, em tese o centroavante. Mas não é absurdo dizer que Luciano é quem funciona como "pivô", mesmo sem jogar centralizado.

Do lado oposto, Daniel é mais organizador, já tem três assistências no campeonato, e aciona Mascarenhas e Everaldo em velocidade. Na jogada aérea, o zagueiro Matheus Ferraz é o mais eficiente até aqui. Já foi às redes duas vezes em bolas paradas. Ezequiel também marcou de cabeça, numa inversão de jogada de Daniel contra a Portuguesa.

Yoni se movimenta bastante, mas é o artilheiro da equipe com quatro gols e quem mais finaliza no Carioca em três partidas. O colombiano sabe atacar e também abrir espaços, mas se destaca mesmo em velozes transições ofensivas. Ele e Everaldo, que marcou dois gols. Assim como Luciano. O trio marcou oito dos 12 da equipe da Taça Guanabara. Dois terços do total no melhor ataque do estadual.

Objetivamente significa pouco até aqui. O primeiro teste contra time da Série A brasileira será no sábado contra o Vasco. Valendo a primeira colocação do Grupo B e enfrentar nas semifinais muito provavelmente uma equipe de menor investimento, fugindo do Flamengo. O favorito absoluto ao título carioca pelo elenco milionário. Pelo menos na teoria.

Porque até aqui ninguém jogou mais bola que o Fluminense. Nem o Vasco, único com 100% de aproveitamento em quatro rodadas. Porque Fernando Diniz vai se reinventando no Rio de Janeiro. Ainda idealista, porém com o toque de pragmatismo que vinha faltando. Assim parece mais promissor.

(Estatísticas: Footstats)

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.