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André Rocha

Datas-FIFA são o tormento do City de Guardiola em busca de feito inédito

André Rocha

18/03/2019 07h40

Foto: Clive Mason (Getty Images)

Kompany, Laporte, Mendy, Fernandinho, De Bruyne, David Silva e Aguero. Mais Otamendi lesionado e cortado da seleção argentina. São os oito jogadores do Manchester City não convocados para as datas-FIFA que param o futebol de clubes na Europa de 18 a 26 de março. Com exceção do zagueiro argentino que inicia recuperação, os demais ganham folga.

Pep Guardiola sempre demonstra preocupação nessas pausas. Não só pelo risco de perder jogadores contundidos, mas também por conta do desgaste de mais partidas na temporada ou, ao contrário, de atletas que não jogam e treinam nas seleções sem a intensidade do clube. Principalmente por conta de uma desmobilização em torno dos objetivos da equipe.

No caso dos citizens não são poucos. O time disputa a Premier League ponto a ponto com o Liverpool, está nas quartas de final da Liga dos Campeões contra o Tottenham e ainda marca presença nas semifinais da Copa da Inglaterra diante do Brighton.

Campeão da Copa da Liga Inglesa, o time azul de Manchester vai atrás de um feito inédito: até hoje nenhum clube do país venceu a Liga dos Campeões e as três competições nacionais – sem contar a Supercopa vencida em agosto sobre o Chelsea por 2 a 0, gols de Kun Aguero. O Liverpool passou perto em 1984, conquistando o torneio europeu, a liga nacional e a Copa da Liga. O United também, em 1999. Campeão inglês, da Europa e da Copa da Inglaterra.

A missão, porém, é duríssima e o mês de abril já se apresenta bastante agitado. Um pouco antes, no dia 30 de março, sai para enfrentar o Fulham pela liga. No dia 6 encara o Brighton na semifinal da Copa em Wembley. Por conta disto, o jogo em casa contra o Cardiff pela 33ª rodada foi adiado, talvez ainda para uma data de abril.

No dia 9, duelo com os Spurs também em Wembley pela Champions. No dia 14 visita o Crystal Palace e três dias depois fecha as quartas do torneio continental contra o Tottenham no Etihad Stadium. Justamente o adversário do dia 20 pelo campeonato nacional, no mesmo estádio.

Clássico de Manchester no Old Trafford contra o United no dia 24 – jogo adiado da 31ª rodada. Quatro dias depois, visita o Burnley na penúltima rodada do campeonato inglês. E se estiver na semifinal da Liga dos Campeões entrará em campo já no dia 1º de maio contra Juventus ou Ajax.

Dez ou onze jogos em 32 dias. Um a cada três dias. Para o padrão brasileiro do calendário inchado pelos estaduais pode parecer normal, mas na Europa e numa reta final de temporada é pesado pelo nível de competição muito alto. Mesmo com elenco qualificado em um orçamento quase infinito. Se cumprir todos os objetivos pode chegar a 64 partidas em 2018/19.

Obcecado pelo ciclo treinamento-jogo-alimentação-repouso-recuperação, Guardiola deve estar com a cabeça a mil buscando soluções para minimizar o desgaste físico e mental. Ainda mais com a atuação ruim contra o Swansea pelas quartas da Copa. Levou 2 a 0 e virou no "abafa" com a utilização de titulares que iniciaram no banco de reservas e o benefício de erros da arbitragem – pênalti mais que duvidosos sobre Sterling e impedimento de Aguero no gol da vitória.

Tudo que ele precisava era estar com seus jogadores treinando e orientando. Lembrando os movimentos trabalhados ao longo da temporada. Justamente o tempo que não terá agora. Nem depois com a sequência de jogos. Um tormento para o técnico de sede inesgotável de vitórias e taças.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.