Athletico de Tiago Nunes voa porque não perde tempo com bobagem
Não foi um passeio de 90 minutos, nem poderia ser contra o hexacampeão e atual vice da Libertadores. O Boca Juniors deu trabalho ao Athletico-PR na Arena da Baixada, especialmente com Villa pela direita para cima de Renan Lodi, reconhecidamente um lateral que ataca melhor que defende.
Depois o time de Tiago Nunes foi se impondo à sua maneira, ou no que o blog costuma chamar de jogo por demanda. Combinando estilos para surpreender o adversário. Com saída bem construída de trás com o passe certo de Bruno Guimarães e passando por Lucho González, até acelerar pelos flancos com Nikão e Rony. Também ameaçando nas bolas paradas bem treinadas.
Mesmo depois do gol de Marco Ruben completando jogada de Rony pela esquerda que passou por Lucho pisando na área adversária, o Boca não baixou a guarda e seguiu ameaçando, com Villa e os chutes de Benedetto. Foram oito finalizações do time xeneize. Três no alvo.
Contra vinte do Athletico. Metade na direção da meta de Esteban Andrada. Muito volume, mesmo terminando a partida com menos posse de bola (49%). 21 desarmes certos, sete no campo de ataque. Um a cada três. Na bola recuperada e com transição em alta velocidade, desta vez foi Bruno Guimarães quem entrou na área e serviu Ruben.
O atacante argentino, em noite mágica, marcaria também o terceiro em mais uma bola parada, o escanteio da direita cobrado por Nikão. Bela sacada a contratação do novo camisa nove para a vaga de Pablo. Mantém a ideia de movimentação, agilidade e profundidade no ataque.
Com os 3 a 0, o time paranaense assume a liderança do Grupo G da Libertadores. Mais que isto, mostra que a estratégia de poupar os titulares para o torneio continental se mostra acertada. Porque Tiago Nunes pode treinar, repetir movimentos, ensaiar jogadas. Sem o ciclo de jogo-recuperação-viagem-jogo, com uma ou outra sessão de treinos no meio.
Enquanto se prepara para o que realmente interessa na temporada, o time de aspirantes disputa o estadual. Dando minutos e cancha para jovens que podem ser aproveitados futuramente entre os titulares. Assim aconteceu com Renan Lodi, Léo Pereira e Bruno Guimarães, por exemplo, no ano passado. Também com Tiago Nunes, que comandava o time enquanto Fernando Diniz preparava a equipe principal.
Com os métodos atuais de treinamento é possível reproduzir na preparação a intensidade do jogo. Bem melhor treinar com a cabeça fria que se embrenhar em partidas deficitárias e com pressão por resultados. Mesmo que se pense em treinar no jogo oficial diante de um pequeno, basta um gol sofrido para a disputa ficar dramática e em minutos o time se ver despejando bolas na área do oponente em busca do empate.
É contraproducente. Sem contar o desgaste na reta final da temporada, com o peso de mais de 60 jogos. Muitos deles inúteis, totalmente irrelevantes pensando no ano todo. O Athletico acerta em cheio ao enfrentar o status quo da estrutura federativa do futebol brasileiro.
A equipe de Tiago Nunes pode terminar 2019 sem títulos, até porque o clube não dispõe de um dos maiores orçamentos do país. Mas hoje voa porque é bem treinada. E treina porque não perde tempo com bobagem.
(Estatísticas: Footstats)
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