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André Rocha

Messi, elétrico e genial, decide para um Barcelona concentrado e iluminado

André Rocha

01/05/2019 18h19

Primeiro foi Roberto Firmino no sacrifício iniciando no banco. Depois a opção mais que questionável de Jurgen Klopp por Joe Gomez na lateral direita deixando Alexander-Arnold na reserva. Wijnaldum no centro do ataque do Liverpool, como "falso nove", e o meio-campo com Fabinho, Milner e Keita. Este lesionado e substituído ainda no primeiro tempo por Henderson.

A primeira semifinal da Liga dos Campeões no Camp Nou sempre deixou a impressão de que tudo conspirava a favor do Barcelona. Mesmo com toda intensidade e força coletiva do Liverpool, especialmente no segundo tempo. Muito volume de jogo e imposição física.

Só que o time de Ernesto Valverde colaborou muito para o vento favorável. Concentração absurda, especialmente no trabalho defensivo. Da última linha atenta às diagonais de Salah e Mané. De Piqué absoluto por baixo e pelo alto. Da compactação das linhas – a do meio com Vidal, a novidade na escalação, pela direita e Coutinho voltando à esquerda.

A surpresa foi o Barça não apostando nas pausas e na posse e duelando com os Reds na pressão pós perda e aceleração nas transições ofensivas. Sempre procurando o Messi bem vigiado por Fabinho e Jordi Alba pela esquerda, no setor do frágil Gomez. O lateral esquerdo foi o autor do passe precioso que achou Suárez. O primeiro gol do uruguaio nesta edição da Champions, o segundo nos últimos vinte jogos na competição.

O sinal de que tudo daria muito certo no segundo tempo. De resistência à pressão do adversário, com chute de Milner, livre, para defesaça de Ter Stegen. Até o contragolpe de Messi para Sergi Roberto, com a bola chegando a Suárez. Toque por cima no travessão e sobrando para Messi na hora certa, no lugar exato.

Dois a zero que virou três na cobrança de falta inacreditável do melhor do mundo. Coisa de gênio. Alisson pulou, mas não teve como pegar a bola no ângulo. Assim como não houve como o Liverpool ir às redes e diminuir o prejuízo. Com Firmino em campo e chute de Salah na trave de Ter Stegen depois de mais uma "blitz". O time inglês terminou com mais posse de bola (52%) e as mesmas nove finalizações do adversário. Lutou, deixou 100% em campo, mas os donos da casa estavam mesmo iluminados.

A noite só não foi perfeita porque, na pressa de atacar, os visitantes deram espaços demais e Dembelé, que substituiu Suárez já nos acréscimos, teve tempo para desperdiçar dois contragolpes com vantagem numérica. Inacreditável no último lance de três contra um. Para o desespero de um Messi ligado no jogo como nunca na carreira. Também pelo melhor planejamento da comissão técnica para descansar a grande estrela da equipe.

O Barcelona perdeu a chance de definir o confronto, mas leva para Anfield o conforto do placar e mais o descanso físico e mental por já ser campeão espanhol, enquanto o oponente ainda luta pela Premier League e vê crescer a possibilidade de fazer uma temporada espetacular, mas terminar sem conquistas.

O fator de desequilíbrio, porém, foi mesmo um Messi elétrico, líder e decisivo. Em uma temporada que começa a ganhar traços de perfeição para o Barcelona e o maior jogador de sua história. A tríplice coroa, que pode ser a terceira em dez anos, nunca pareceu tão próxima.

(Estatísticas: UEFA)

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.