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André Rocha

Messi maior da história? Antes tem que superar Cristiano Ronaldo na geração

André Rocha

07/05/2019 22h18

É preciso, antes de qualquer argumentação, distinguir os conceitos de melhor e maior no esporte. Escolher o melhor é uma análise subjetiva, envolve preferências pessoais em relação à técnica, ao estilo…A algo que não pode ser quantificado. O maior envolve grandes feitos, conquistas relevantes. Obviamente envolvendo atletas da mesma prateleira na história do esporte.

Lionel Messi é o melhor que vi jogar acompanhando futebol há quase quatro décadas. Justamente porque o menino de oito anos lá em 1981 se encantou por Zico. Meia que servia e fazia gols na mesma proporção, com estilo elegante e plasticidade nos gestos técnicos, mas também objetividade. Jogava em direção ao gol.

Messi é uma evolução de Zico. Faz tudo, agora até cobranças de falta, melhor, mais rápido e com menos espaços. Contra goleiros mais preparados. Você pode discordar, exatamente porque a análise é subjetiva. Se quiser pode considerar também o gênio argentino o melhor da história.

Mas essa tese de Messi maior da história não faz o menor sentido. Porque por enquanto ele não é sequer o maior entre seus contemporâneos. Cristiano Ronaldo tem cinco Ligas dos Campeões como protagonista. Messi conquistou quatro, mas apenas três como o grande craque do Barcelona. O português também ganhou uma Eurocopa, em 2016, enquanto o argentino não ostenta sequer um título pela seleção principal.

Para os mais jovens que colocam a Champions acima da Copa do Mundo, Messi está abaixo do CR7. Na visão dos mais velhos, que separam os homens dos meninos no Mundial de seleções, o argentino fica atrás de Pelé, Maradona, Zidane, Ronaldo Fenômeno, Romário…

É óbvio que a conclusão do tamanho de Messi só virá no final de sua carreira. O primeiro título com a seleção pode vir na Copa América deste ano no Brasil. Quem sabe o Mundial de 2022…Mas hoje posicioná-lo no Olimpo da Bola acima de todos é absurdo.

Até porque essa régua de todos os tempos é injusta e imprecisa. O que se viu de Sindelar, Puskas, Di Stéfano, Pelé, Garrincha, Didi, Raymond Kopa, Bobby Charlton, Eusébio, Cruyff, Beckenbauer e tantos outros? O grande equívoco da "geração internet", por mais que se refute o saudosismo, é achar que o mundo foi criado com a Grande Rede.

Só que o futebol é bem maior e mais velho. Messi é o melhor jogador da temporada 2018/19, mesmo com mais uma eliminação surpreendente na Champions. Artilheiro da liga espanhola e da Champions, fora as assistências. É provável que vença o prêmio de melhor do mundo, o sexto de sua coleção. Superando os cinco de Cristiano Ronaldo – uma injustiça pela "invenção" de Modric melhor de 2018. Reforçando a narrativa de quem o considera o melhor desta Era.

Mas maior é outra conversa e envolve outros parâmetros. Por enquanto Messi segue abaixo, mesmo sendo um gigante em qualquer tempo.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.