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André Rocha

Empate com Avaí é lucro na péssima estreia de Luxemburgo no Vasco

André Rocha

19/05/2019 21h22

São Januário, Rio de Janeiro. Vasco x Avaí. Jogo da quinta rodada da Série A. Vanderlei Luxemburgo e Geninho à beira do campo, Werley em uma zaga e Betão na outra, este enfrentando Maxi López e Bruno César. Em 2019, mas poderia ser há uma década. Dura realidade do futebol brasileiro.

O jogo foi condizente com a posição das equipes na tabela antes do início da rodada: último e penúltimo. Apesar da boa organização do time catarinense num 4-1-4-1 com o volante Pedro Castro entre as linhas de quatro protegendo a defesa e distribuindo o jogo. Superior em boa parte dos 90 minutos, mas ora desperdiçando oportunidades, ora errando no último passe que facilitaria a conclusão.

Ao contrário da equipe cruzmaltina, desorganizada e chamando atenção pela lenta transição defensiva e especialmente pela falta de compactação dos setores. Uma deficiência gritante nos últimos trabalhos do novo treinador. Algo que normalmente se corrige ou melhora muito em três sessões de treinos, ainda mais com os atletas motivados e atentos. O problema de Luxemburgo é a falta de atualização e método. Afinal, para ele "nada mudou", "já fazia tudo isso aí há muito tempo" e fazer curso na CBF "só se for para dar aula".

O resultado foi um time espaçado, principalmente no meio-campo. Verdadeiras crateras às costas dos volantes Andrey e Lucas Mineiro e Bruno César muito distante, sem conexão com Maxi López e também com os ponteiros Rossi e Marrony. Para piorar, tensão máxima com a pressão por resultados que geraram 50 passes errados e 31 rebatidas.

Com Valdívia, Fellipe Bastos e Jairinho não melhorou muito no segundo tempo. Seguiu correndo riscos e assustando o torcedor. Se é possível encontrar algo positivo, os problemas defensivos ajudaram na redenção de Sidão, personagem da semana que passou e o melhor do time da casa na partida.

Parecia que o Vasco teria mais sorte que juízo quando Ricardo Graça abriu o placar em bela cabeçada completando cruzamento da direita de Rossi, já meio no "abafa". Mas a bola pune a incompetência e Fellipe Bastos abusou no incrível gol perdido aos 43 minutos.

Castigo no último minuto dos cinco de acréscimos com Daniel Amorim, substituto de Brenner no ataque. Ganhando no alto de Ricardo Graça na décima sexta e última finalização do Avaí, a sétima no alvo. Contra dez do Vasco, mas apenas duas na direção da meta de Vladimir. Posse de bola dividida, porque os visitantes nunca abdicaram do ataque.

O Avaí jogou para vencer e teve chances para tal. Mas pode celebrar o ponto fora de casa que faz ultrapassar CSA e Grêmio na tabela. Mesmo sofrendo gol no último ataque, os cruzmaltinos devem considerar o lucro de um ponto. Ficou bem claro com a péssima estreia que Luxemburgo terá muito trabalho para recuperar autoestima e organizar minimamente a equipe.

A grande dúvida é se o treinador veterano ainda é capaz, mesmo com a meta tão baixa que é evitar o quarto rebaixamento do Vasco em onze anos. Um absurdo para a história do técnico e do clube. Mas é o que temos para hoje em São Januário.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.