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André Rocha

Holanda na final para consolidar recuperação. Difícil entender a Inglaterra

André Rocha

06/06/2019 18h59

Enquanto Ronald Koeman não abriu mão dos campeões da Champions Wijnaldum e Van Dijk na semifinal da Liga das Nações em Guimarães, a Inglaterra de Gareth Southgate preferiu deixar os finalistas Alexander-Arnold, Henderson, Dele Alli, Dier e Rose no banco. O treinador não precisava escalar todos, mas para uma seleção em busca de afirmação e de uma conquista depois de cinquenta e três anos a postura novamente foi um tanto blasé.

Ainda assim, a Inglaterra abriu o placar no primeiro tempo com Rashford sofrendo e convertendo pênalti do jovem e talentoso zagueiro De Ligt em falha grotesca. Com organização defensiva e velocidade na frente com Sancho e Sterling nas pontas. A Holanda tinha dificuldades para criar espaços, mesmo com a mobilidade de Memphis Depay e Ryan Babel na frente, além da construção a partir dos passes certos do meio-campista Frenkie De Jong.

O empate só poderia vir na bola parada. Cobrança de escanteio que encontrou De Ligt para se redimir em belo golpe de cabeça. A Inglaterra foi às redes com Lingard completando belo passe de Barkley depois de lindo toque de Sterling. Mas o árbitro de vídeo interferiu observando impedimento milimétrico do autor do gol. Negando a definição da vaga na final da Liga das Nações nos 90 minutos e também abalando animicamente o English Team. Sem contar o desgaste físico da maioria dentro da loucura da Premier League e das decisões de Champions e Europa League. Além da indecifrável postura em grandes jogos. Difícil entender.

Duas falhas na saída de bola, ambas com Stones errando, um gol contra de Walker, outro destaque negativo na partida, e o dos 3 a 1 de Promes, que entrou na vaga de Babel e, junto com Van de beek, destaque do Ajax que substituiu De Roon, tornou a Holanda mais intensa e com presença física na área adversária, desfazendo o 4-3-3 quase imutável para um 4-2-3-1 ofensivo. A rigor, a Oranje aproveitou os vacilos do rival, mas a superioridade fica clara no número de finalizações: 28 a 15! 12 no alvo contra apenas três dos ingleses na direção da meta de Cilessen.

A Holanda que ficou de fora do Mundial 2018 vai decidir o torneio como visitante contra Portugal no Estádio do Dragão. A seleção de Cristiano Ronaldo é favorita natural por jogar em casa, além de ter um dia e 30 minutos a mais de descanso. Mas não dá para descartar  a equipe que recupera autoestima com a liderança de Koeman, o protagonismo de Van Dijk no futebol mundial e os jovens mais que promissores formados pelo Ajax. Vai atrás do título para consolidar o bom momento.

Seria exagero chamar de reedição da "Batalha de Nuremberg" no Mundial de 2006, com Portugal se classificando em uma disputa inesquecível, mas violenta demais. A Liga das Nações é bem menos relevante, mas pode proporcionar uma decisão bem mais interessante.

(Estatísticas: UEFA)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.