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André Rocha

Empate com Venezuela é a última prova de que acabou a moleza, VAR incluso

André Rocha

18/06/2019 23h57

Faltou precisão nos ótimos primeiros vinte minutos brasileiros na Fonte Nova. Com a proposta melhor executada de laterais Daniel Alves e Filipe Luís atacando por dentro, Arthur dando a liga na articulação e acionando os pontas Richarlison e David Neres em diagonal. Não por acaso as duas finalizações mais perigosas da seleção no período.

Depois a Venezuela ajustou a marcação no 4-1-4-1 e ainda ameaçou em cabeçada perigosa de Rondón. Com os ponteiros Machis e Murillo marcando na linha dos laterais brasileiros e a última linha fechando o "funil" pouco explorado por Roberto Firmino e Philippe Coutinho por dentro.

Na segunda etapa, um cenário ainda mais complexo. Com Tite não arriscando alterar a estrutura da equipe ao trocar Casemiro, Richarlison e David Neres por Fernandinho, Gabriel Jesus e Everton. Mas a equipe produziu: 68% de posse e 17 finalizações. Mas só uma no alvo e dois gols anulados, de Gabriel Jesus e Coutinho. Por impedimentos de Firmino.

É possível falar em "azar". Mas o fato é que acabou a moleza. Porque compactar linhas e se defender bem é uma questão de posicionamento, leitura de espaços e condicionamento físico. Com a informação acessível, uma seleção limitada pode emular os movimentos dos times que melhor executam o trabalho defensivo no mundo. Sem contar a experiência internacional de muitos dos venezuelanos e o estudo de todas as ações dos atacantes adversários.

E agora o VAR. Em outros tempos o gol de Jesus seria validado e descomplicaria o jogo, calando as vaias e acalmando o torcedor. Mas há mais olhos hoje para dissecar cada lance e fazer justiça. Ou o mais próximo disto.

Não invalida as críticas à equipe de Tite com dificuldades para criar espaços e muitas vezes abrindo um buraco por dentro entre Casemiro e Arthur e Coutinho e Firmino. É preciso aproximar as peças e acelerar a circulação da bola como no início da partida. Impossível negar também que os lampejos de Neymar também fizeram falta.

A necessidade de evolução agora condiciona inclusive a classificação. Uma derrota para o Peru e o anfitrião pode repetir a eliminação na fase de grupos da Copa América Centenário há três anos. Um cenário que parecia improvável. Não mais impossível, porque os tempos da "carne assada" acabaram. Se alguém ainda tinha alguma dúvida…

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.