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André Rocha

Medíocre é pouco para definir essa Argentina, mas está nas quartas

André Rocha

23/06/2019 18h03

Os primeiros dez minutos do segundo tempo da Argentina nos 2 a 0 sobre o Catar na Arena do Grêmio foram os piores que este que escreve viu de uma seleção albiceleste, ao menos em competições oficiais. Uma sequência de erros técnicos, táticos, trapalhadas e desorganização aterrorizante. Pouco depois, Messi isolou dentro da área, atrapalhado pelo claro desespero, mas também pelas irregularidades do gramado em péssimo estado.

Medíocre é pouco para definir essa equipe de Lionel Scaloni. O treinador mexeu de novo na formação inicial, armando um 4-3-3 com Saravia pela direita, Foyeth na zaga e Kun Aguero entrando de início formando o ataque com Messi e Lautaro Martínez. O atacante da Internazionale fez o gol do desafogo logo aos três minutos em Porto Alegre, aproveitando saída errada do oponente. Tudo que os argentinos precisavam para descomplicar e ganhar um mínimo de confiança.

Não evitou um péssimo futebol que só não teve consequências catastróficas porque o adversário é frágil e não acreditou que seria capaz de reagir, mesmo diante de um desempenho tão pobre. Coletiva e individualmente. Salvo pela iniciativa pessoal de Aguero, autor do segundo gol, o do alívio.

Fim do sofrimento no apito final. Mesmo jogando tão pouco ficou com a segunda vaga no Grupo B. Agora encara a Venezuela na sexta-feira, no Maracanã. É favorita nas quartas única e exclusivamente pela tradição e por conta das individualidades, mas como time a fase de grupos mostrou que está abaixo da "Vinotinto".

Quem acompanha este blog sabe que há tempos se cobra mais protagonismo de Messi em momentos complicados, especialmente na seleção. Mas neste cenário seria injusto demais. Não existe a mínima condição de desequilibrar quando falta até o básico. Mesmo o "catadão" de Maradona na Copa do Mundo de 2010 tinha setores mais coordenados.

Pode subverter tudo, conquistar a Copa América e acabar com o jejum de 26 anos sem conquistas na seleção principal? Sim, porque é futebol. Mas não há absolutamente nada que sinalize uma evolução. Se chegar à semifinal já será um lucro imenso. Mais que isso só uma história daquelas que só o esporte mais apaixonante do planeta é capaz de proporcionar.

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.