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André Rocha

Coutinho ainda tem vaga no Barça ou a camisa sete logo será de Griezmann?

André Rocha

16/07/2019 08h16

Foto: Getty Images

Antoine Griezmann enfim foi anunciado oficialmente pelo Barcelona. Operação demorada, intrincada e polêmica, com o Atlético de Madrid protestando contra o valor pago pela multa e ameaçando recorrer à FIFA por seus direitos. A negociação deve virar novela, mas é difícil imaginar um desfecho diferente da mudança do craque francês da capital espanhola para a Catalunha.

No anúncio, a imagem da camisa 17 que será destinada à mais recente contratação. A sete, que acompanha Griezmann na seleção e era dele no Atlético, ainda pertence a Philippe Coutinho. Mas por quanto tempo?

Difícil vislumbrar um quarteto ofensivo com Messi e Suárez. Até podemos pensar em Griezmann pela direita, Messi por dentro em função parecida com a que exerceu na seleção argentina na reta final da Copa América e Coutinho à esquerda formando um trio atrás do centroavante uruguaio em um 4-2-3-1.

A questão é que parece consenso entre o treinador Ernesto Valverde e direção do Barça que o meio-campo precisa de um trio que entregue organização e também proteção à defesa. Com Busquets, Rakitic, Arthur, Vidal e agora Frenkie De Jong, contratado ao Ajax. Pensando na baixa intensidade sem bola do provável trio de ataque com a entrada de Griezmann, o meio dá a impressão de que ainda precisa de um jogador de área a área com mais força e velocidade.

E Coutinho? A temporada no Barcelona e a Copa América pela seleção deixam claro que está cada vez mais difícil encontrar um lugar para o meia atacante. No 4-2-3-1 tem dificuldades para jogar como meia central, de costas para a marcação pressionada. Na função de meia por dentro um 4-1-4-1/4-3-3 o problema é a capacidade de colaborar sem bola quando o time recua as linhas. Baixa concentração e muitos espaços às costas que, na seleção, acabam sempre bem cobertos por Casemiro.

O melhor cenário seria executando a função de ponta articulador partindo da esquerda para tabelar, inverter o jogo para um ponteiro mais infiltrador do lado oposto ou finalizando com o pé direito em sua jogada característica. Se o Chelsea de Frank Lampard não estivesse punido pela FIFA nesta janela por acordos com menores de idade – o clube teve o recurso negado e apelou ao TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), mas não deve ser julgado até o fechamento da janela de verão europeu – o brasileiro seria a reposição ideal à saída de Eden Hazard para o Real Madrid.

A ida para o PSG viabilizando a volta de Neymar ao Barcelona ainda está no horizonte e também seria interessante, sucedendo o craque brasileiro na mesma função e se juntando a Mbappé e Cavani no ataque. Mas o clube francês joga duro para permitir a saída da maior contratação da história do esporte e a negociação não será tão simples. O Manchester United seria outra possibilidade, mas não parece empolgar muito o jogador e seu agente Kia Joorabchian.

A luz parece vir de Liverpool. Para reviver o "quarteto fantástico" com Mané, Salah e Firmino que vinha encantando a Europa até Coutinho forçar a barra para realizar o sonho de jogar no Barça em janeiro de 2018. O problema é que a saída gerou desgaste com a torcida e a equipe se equilibrou no 4-3-3 com um meio-campo mais forte e intenso na conquista da Liga dos Campeões e na campanha histórica na Premier League. Mas Jurgen Klopp sempre se referiu ao brasileiro com carinho e admiração.

O fato é que o Barcelona precisa definir logo o que fazer com a contratação mais cara de sua história. A relação com a torcida é tensa, o meia foi considerado um dos "vilões" da eliminação na semifinal da Champions para o Liverpool e o resgate da imagem sem espaço entre os titulares fica mais difícil.

O futuro é duvidoso e a camisa sete do time catalão parece mesmo mais próxima de Griezmann, mesmo com toda diplomacia do clube e do craque que chega para ajudar o Barça a reconquistar a Champions. Coutinho falhou em sua única tentativa e deve pagar com a saída pela porta dos fundos.

 

 

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.