Athletico pode acabar com estigma da grama sintética. Mas Inter está vivo
O Internacional tentou ajustar na Arena da Baixada a estratégia mais reativa que vem adotando fora de casa em duelos de mata-mata. Bem sucedida contra Palmeiras e Cruzeiro na Copa do Brasil, nem tanto diante do Flamengo na Libertadores.
Mas no primeiro tempo da ida da decisão nacional, o Athletico é que empurrou o adversário para trás com proposta agressiva. Um jogo de posição com os laterais Khellven e Márcio Azevedo bem abertos, quase colados nas linhas laterais para gerar amplitude. Com isso os ponteiros Nikão e Rony trabalhavam mais por dentro se juntando a Léo Cittadini, bem mais adiantado que Bruno Guimarães e mudando o desenho tático de Tiago Nunes para um 4-2-3-1.
Muito volume de jogo, com o zagueiro Léo Pereira se adiantando e colaborando na construção das jogadas. Inversões de lado para atacar e o quarteto ofensivo, com Marco Rúben na referência, buscando os espaços entre as linhas de quatro do Colorado que Rodrigo Lindoso sofria para cobrir. Mas, apesar da pressão, foram quatro finalizações do time mandante em 45 minutos. Nenhuma no alvo.
Porque o Inter controlava bem, cedendo algum terreno para os laterais adversários e só bloqueando quando eles tentavam a infiltração na área. Assim não desgastava tanto D'Alessandro e Nico López e tinha algum escape para a transição ofensiva, já que a disputa pelo domínio no meio-campo era bem dura entre Edenilson/Patrick e Wellington/Bruno Guimarães.
Santos teve mais trabalho na meta rubro-negra com Nico López e Uendel. Apesar dos 60% de posse atleticana, muito em função da proposta de jogo que necessitava de circulação de bola e forte pressão pós-perda. Mas sem muita criação e objetividade.
A ponto de encorajar o Internacional a adiantar linhas e se arriscar mais na volta do intervalo. Tiago Nunes não esperou mais que dez minutos para reagir e trocar Cittadini, bem vigiado por Lindoso, por Thonny Anderson. Uma substituição que, em tese, puxaria Bruno Guimarães ainda mais para trás, já que Thonny é um atacante que o treinador vem adaptando ao meio.
Mas o meio-campista mais completo do país aos 21 anos entrou na área para aproveitar a assistência de Marco Ruben e marcar o gol único do jogo. Bruno marca, organiza, pensa, dinamiza o trabalho entre as intermediárias e ainda decide.
Depois teve trabalho para conter o ímpeto do oponente, que se arriscou com Nonato, Sóbis e Wellington Silva nas vagas de Edenilson, D'Alessandro e Sóbis. Mas o Athletico não abdicou do jogo e teve a chance de ampliar com Rony, mas Marcelo Lomba salvou com linda defesa. Porque Tiago tentou acelerar os contragolpes com Marcelo Cirino na vaga de Ruben e, nos últimos dez minutos, apelou para a experiência de Lucho González no lugar de Rony.
Também para preencher o meio-campo e não se arriscar mais. Porque a final é parelha e o time gaúcho finalizou dez vezes na partida, duas a mais que os paranaenses. E a equipe de Odair Hellmann será ainda mais ofensiva no Beira-Rio. Por necessidade e também convicção. Está vivo na disputa.
Já o Athletico tem a chance de tirar o asterisco que insistem em colocar nas suas conquistas por conta do estigma da grama sintética na Baixada. Aprovada pela FIFA, mas acusada de acelerar o jogo e facilitar a ideia de intensidade máxima no embalo da torcida. Estratégia que só é bem sucedida se a execução tem qualidade.
A grande maioria das equipes é mais efetiva como mandante, mas só apontam para o campeão da Sul-Americana. Que eliminou o Flamengo, o time da moda no Brasil, jogando no Maracanã. Agora tem bola para voltar de Porto Alegre com a taça, mas não será fácil. O Athletico vai precisar de coragem para não ser acuado. Mais do que a do Inter em Curitiba.
(Estatísticas: Footstats)
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