Cinco anos depois do auge, Cruzeiro e Atlético flertam com o fundo do poço
Em novembro, a conquista da Copa do Brasil pelo Atlético Mineiro completa cinco anos. Vencendo sob o comando de Levir Culpi a única final mineira em competição nacional. Superando o Cruzeiro de Marcelo Oliveira que seria bicampeão brasileiro em 2014. No ano anterior, o Galo conquistara a Libertadores com Cuca e Ronaldinho Gaúcho. Ou seja, Minas Gerais dominava o futebol brasileiro como nunca. O auge, ao menos neste século.
A lembrança torna ainda mais chocante a realidade atual. A dupla convive com sérias dificuldades financeiras, problemas para quitar as folhas de pagamento, erros graves de gestão e, principalmente, péssimos resultados esportivos. O Cruzeiro ocupa a 17ª colocação da tabela no Brasileiro e demite Rogério Ceni, apenas um mês e meio depois da contratação, por não conseguir melhorar o desempenho médio em relação ao antecessor Mano Menezes. Mas principalmente pelos atritos com jogadores veteranos ao tentar implantar um modelo de jogo com pressão, intensidade e movimentação.
Thiago Neves – amigo do vice de futebol Itair Machado, a quem dedicou um gol contra o São Paulo no auge da crise envolvendo o dirigente no clube – primeiro acusou Ceni de colocar em campo uma formação na volta da semifinal da Copa do Brasil contra o Internacional improvisada e sem treinar. Depois foi sacado no intervalo da derrota por 2 a 1 para o Flamengo no Mineirão e não saiu do banco de reservas no empate sem gols com o Ceará no Castelão. Dedé reclamou da ausência do meia, Ceni não aceitou e o próprio Itair "sugeriu" que o treinador se demitisse.
O blog apurou que Dorival Júnior foi sondado, mas tem uma cirurgia marcada para o dia 1º de outubro e não teria como assumir. Olhando para o cenário criado, apenas dois profissionais disponíveis no país teriam "casca" e respaldo total para administrar os conflitos, conciliar as lideranças e controlar o vestiário: Abel Braga e Luiz Felipe Scolari. Mas qual é a chance de um deles aceitar assumir um time no Z-4, sem tempo para trabalhar com dois jogos por semana e garantia de salários pagos para poder cobrar?
Já o Atlético não vive o mesmo drama na tabela com a décima colocação, mas vem de seis derrotas seguidas desde a vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense na 14ª rodada. Muito por priorizar a Copa Sul-Americana, a chance de título em 2019. E internacional, garantindo vaga direta na Libertadores. Em vão. Derrota fora e vitória em casa sobre o Colón, 17º na liga argentina com 24 clubes, por 2 a 1 e revés nos pênaltis, dentro do Mineirão, por 4 a 3 com Rever e Cazares desperdiçando as cobranças.
Elenco que é um "frankenstein" com veteranos em declínio, jovens buscando espaço em meio ao caos e estrangeiros que oscilam demais o desempenho, embora salvem muitas vezes o time – como os gols de Chará e Di Santo sobre o Colón. O time não dá liga e Rodrigo Santana, treinador promissor, parece sem estofo e vivência para administrar a crise que agora virá mais forte sem a esperança de conquista. Só resta se recuperar no Brasileiro para fechar o ano sem grandes sustos.
A má notícia é que hoje os oitos pontos que separam a equipe do São Paulo, último do G-6, são os mesmos que a distanciam do rival Cruzeiro na zona de rebaixamento. Com um jogo a menos, exatamente o adiado contra o Vasco no Independência para o time definir a semifinal continental. Se não interromper a série de derrotas em casa contra o Ceará no domingo a coisa pode se complicar de vez.
Uma queda surreal para quem há cinco anos se vangloriava, com razão, da estrutura e solidez dos grandes de Minas Gerais. Rivalidade que atraiu os olhos do país, quase sempre voltados para São Paulo e Rio de Janeiro. Agora lamentando o flerte com o fundo do poço. Triste retrato de quem acreditou em fórmula mágica ou receita de bolo, não atualizou as práticas nem planejou a longo prazo. A conta chegou.
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