Fluminense simplifica com Marcão, Botafogo se complica e demite Barroca
Fernando Diniz costuma dizer que pede aos seus jogadores apenas "uma porrada de coisas simples". Mais coragem para jogar e ainda tenta resgatar o lado lúdico do garoto que em algum momento foi o melhor jogador da sua rua. De fato, não parece complicado. Mas unir tudo isso com a tensão pela falta de resultados pode ser bem complexo.
Esta foi a dificuldade do treinador tanto no Athletico quanto no Fluminense. Tiago Nunes soube manter o que era bom no time paranaense, lapidar, adicionar intensidade ao modelo e mais contundência ao ataque. Assim montou a equipe campeão da Copa Sul-Americana e da Copa do Brasil.
No Flu, o sucessor Oswaldo de Oliveira sofreu a resistência do grupo de jogadores desde o início, pela diferença na visão de futebol e, principalmente, no trato com os atletas. Não podia dar certo. Marcão assumiu como interino e vai ficando conforme os resultados, situação parecida com a de Zé Ricardo no Flamengo em 2016. Aquele perfil conhecido, do auxiliar no clube há muito tempo, que tem o carinho de todos, a cumplicidade das lideranças e os jogadores correm por ele.
Mantendo os conceitos básicos de Diniz, já assimilados pelos jogadores a ponto de fazerem "de memória". Mas com um foco maior nos resultados, simplificando processos e não tendo vergonha de se fechar e jogar em rápidas transições ofensivas quando necessário. Para fugir definitivamente do risco de rebaixamento.
Assim o Fluminense foi ao Estádio Nilton Santos e venceu o Botafogo por 1 a 0, gol de Yony González. No 4-3-3 com que Diniz costumava trabalhar, apostando em qualidade no meio-campo com Allan, Daniel e Paulo Henrique Ganso. Mas sem vergonha de apelar 31 vezes para as rebatidas, recuar linhas e se fechar no 4-1-4-1 ou em duas linhas de quatro, recuando Ganso e Nenê pelos lados, mas deixando Yony e João Pedro para acelerar os contragolpes.
Depois Wellington Nem entrou na vaga de Ganso para colocar ainda mais velocidade e perder chance clara à frente de Gatito Fernández. O Flu nunca abdicou do jogo. Terminou igualando a posse de bola com o rival e finalizando mais – 12 a 11, cinco no alvo para cada lado.
O Botafogo afunda no returno. Derrotas para São Paulo, Bahia, Fortaleza e no clássico "vovô". Na busca de uma solução para melhorar o rendimento e também surpreender, Eduardo Barroca arriscou um 4-1-3-2 semelhante ao que Jorge Jesus usa como base no Flamengo. Mas distribuindo funções no meio-campo que não casam tanto as características dos jogadores com as necessidades na dinâmica de jogo.
Cícero mais plantado; Gustavo Bochecha e João Paulo pelos lados e Diego Souza centralizado. Jogadores lentos, que rendem mais próximos e não abrindo tanto o campo. O resultado prático foi sacrificar os laterais Marcinho e Gilson jogando de uma linha de fundo à outra. Talvez a intenção fosse dar profundidade aos ataques com a dupla Luiz Fernando e Vinicius Tanque na frente e evitar o recuo excessivo dos pontas na execução do 4-1-4-1.
Legítimo e compreensível pelo contexto. Mas objetivamente não funcionou, mesmo com as entradas de Victor Rangel, Rodrigo Pimpão e Leo Valencia na segunda etapa. Pressão natural pelo mando de campo, porém não tornou a equipe mais contundente. Outro resultado ruim adicionado a todos os problemas no clube criam uma impressão de queda livre. O Bota caiu para a 12ª colocação e está a apenas sete pontos do Cruzeiro, o 17º colocado.
A solução fácil é criar o tal "fato novo" para tentar mudar a tendência. Por isso a demissão de Barroca, mais uma no Brasileiro. Questionável porque o treinador parece pagar pelo bom início de trabalho minado por conta das dificuldades financeiras. Como cobrar sem fazer o básico?
Mas a mudança simplificando processos como contraponto ao conteúdo do jovem treinador que deixa o clube pode funcionar. Como no Fluminense de Marcão que agora respira abrindo cinco pontos sobre o Z-4. Definitivamente, no futebol não há receita de bolo.
(Estatísticas: Footstats)
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