O "limbo" de Palmeiras e Santos: não arrancam, nem despencam
A emoção da virada do Santos sobre o Ceará na Vila Belmiro ficou por conta da estranha formação inicial de Sampaoli, e sua consequente execução, deixando um buraco na construção e aumentando demais o campo coberto por Jobson e Diego Pituca, entre os três zagueiros – Lucas Veríssimo, Gustavo Henrique e Luan Peres – e os cinco mais avançados: Tailson e Soteldo nas pontas, Eduardo Sasha no centro do ataque e Sánchez e Evandro no suporte por dentro.
É claro que o Ceará de Adilson Batista teve méritos nos primeiros 45 minutos, guardando a própria área com organização, mas nunca abdicando do ataque e indo às redes no golaço de Lima. Mas bastou o treinador argentino repaginar sua equipe em um 4-3-3 mais simples, com Pará e Jorge nas laterais e Jean Mota entrando no meio, se alinhando a Sánchez à frente de Pituca, para amassar até arrancar os três pontos com os gols de Sasha e Gustavo Henrique. Com 17 finalizações, seis no alvo e 66% de posse, mas cruzando 32 bolas na área adversária, 21 na segunda etapa!
O triunfo manteve a distância de dois pontos para o Palmeiras e dez em relação ao líder Flamengo, mas abriu sete pontos sobre o Corinthians, quarto colocado, e manteve os nove sobre o Internacional, agora o último do G-6. É claro que faltando doze rodadas nada é definitivo, mas a tabela aponta algumas tendências.
A primeira é a dificuldade de competir com o desempenho do Flamengo, em pontos e no campo. Time que arranca vitórias improváveis em cenários hostis, como em Fortaleza e Curitiba. As possibilidades de oscilação, em caso de "luto" por uma hipotética eliminação na Libertadores ou desvio de foco caso alcance a final continental, se tornam mais remotas por conta da mentalidade de Jorge Jesus, que não prioriza competições.
Também o horizonte de um elenco rubro-negro mais completo, com retorno dos titulares e até de Diego Ribas, opção que acrescenta experiência e qualidade a um elenco jovem e desequilibrado. A fase turbulenta em outubro, entre os duelos com o Grêmio, vai passando sem grandes sequelas. Logo, a chance de termos equilíbrio nas três últimas rodadas, com os duelos como visitante contra Palmeiras e Santos, hoje parece pequena.
Ao mesmo tempo, a regularidade da dupla paulista que conquista mais de 65% dos pontos, de titulo em outras edições, é suficiente para se impor diante dos demais concorrentes: Corinthians, São Paulo, Internacional, Grêmio e Bahia, com o Athletico podendo se colocar como um "intruso". A cultura dos pontos corridos do Palmeiras, por exemplo, é capaz de, mesmo em uma noite que parecia fadada ao fracasso, insistir e aproveitar a questionável expulsão de Gum e os acréscimos de nove minutos, para ir às redes com Felipe Melo e dobrar a retranca da lanterna Chapecoense.
Ainda que dê sinais que já está planejando 2020, a equipe de Mano Menezes vai trabalhando jogo a jogo na dura mudança na maneira de jogar. Um pouco mais de pausa e de posse, coordenando os ataques com cuidado. Mas obviamente partindo para o jogo direto, com muitos cruzamentos – foram 48, 36 no segundo tempo! – quando as coisas não caminham como esperado. Uma transição complexa que remete à imagem surrada da troca de pneu com o carro em movimento.
A próxima rodada aponta perigos: o Santos vai ao Independência encarar o Atlético Mineiro, agora comandado por Vagner Mancini e apenas seis pontos à frente do CSA, 17º colocado. Já o Palmeiras visita o Athletico que se recuperou do revés para o Flamengo superando o Flu de virada no Maracanã por 2 a 1 e gosta de se medir com os times mais badalados do eixo Rio-São Paulo. Nunca é fácil.
Chance de ver o líder, que encara o Fla-Flu no Maracanã, aumentar a distância na ponta e alguns do pelotão logo atrás se aproximarem um pouco. Nada definitivo. E deve seguir nessa "sanfona" até oito de dezembro. Sem arrancar nem despencar. Palmeiras e Santos estão numa espécie de "limbo" que está longe de causar sofrimento, mas parece fadado a perder emoção pela falta de desafios.
(Estatísticas: Footstats)
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