Flamengo está pronto para o "mundo desconhecido" na quarta-feira
Dez pontos de vantagem sobre o Palmeiras faltando onze rodadas no Brasileiro. Com a tabela apontando confrontos com CSA, Ceará e Avaí, times lutando para não cair, no Rio de Janeiro. Nove pontos mais que acessíveis que se somariam aos atuais 64 e totalizariam 73. Se considerarmos que até hoje nenhum vice superou os 72 pontos…
É hipocrisia, ou apenas um discurso político de cautela, não afirmar que o Flamengo é o virtual campeão nacional. Porque só uma hecatombe seria capaz de fazer despencar o desempenho com consequências trágicas nos resultados a ponto de fazer a equipe de Jorge Jesus chegar nos confrontos fora de casa com Palmeiras e Santos nas últimas três rodadas com a conquista ameaçada.
Até pelas duas vantagens que terá a partir de agora: o desânimo dos principais concorrentes, iniciando discretamente um discurso já com o planejamento de 2020 e também o fortalecimento do elenco disponível, com Diego e Lincoln retornando e, em breve, Rafinha, De Arrascaeta e Berrío. Sejamos sinceros: só algo muito fora da curva para mudar a tendência atual. Como aconteceu com o Palmeiras de Muricy Ramalho em 2009 que acabou beneficiando o próprio Flamengo. Uma exceção que confirma a regra: quem domina os pontos corridos na maioria das rodadas termina com a taça. Justamente porque a intenção é premiar o mais regular.
Nem mesmo a Libertadores parece uma variável tão poderosa nesta equação. Jesus criou uma mentalidade forte que não prioriza competições. E a tabela reserva o CSA em casa para a rodada do fim de semana. Ainda que tudo dê muito errado na quarta-feira, a chance de retomar o caminho para o título nacional, mesmo considerando a campanha de recuperação do time alagoano com Argel Fucks, é enorme.
Por isso a volta da semifinal continental contra o Grêmio no Maracanã carrega apenas o seu peso natural. E o discurso vigente no clube é de que a partida é só mais uma na temporada, mas com características diferentes. Na verdade é um cenário bem particular para este Flamengo.
Desta vez não é a missão que parecia impossível contra o Emelec nas oitavas, que exigia superação de desfalques e um 2 a 0 contra em Guayaquil. Nem a decisão encaminhada no Rio pelos 2 a 0 a favor e definida no empate em Porto Alegre por 1 a 1 contra o Internacional. Agora o time rubro-negro começa o jogo classificado com o empate sem gols, mas sabendo que há muitos riscos pelo caminho.
O maior deles o próprio Grêmio. Time "cascudo", copeiro, acostumado a decisões desse tipo. Campeão sul-americano em 2017, semifinalista no ano passado. Que ao contrário da semifinal da Copa do Brasil diante do Athletico não chegará ao território do adversário como favorito por uma boa vantagem construída em casa. Pelo contrário, o confronto em sua Arena foi sofrido, com domínio do rival em dois terços do jogo e o empate, pelo contexto, tratado como lucro.
Mas a equipe de Renato Gaúcho já mostrou força em situações semelhantes. Nas quartas contra o Palmeiras no Pacaembu e até na semifinal da edição passada, já que venceu o poderoso River Plate em Buenos Aires por 1 a 0 e acabou eliminado em casa. Também demonstrou em sua Arena, no 1 a 1 há 19 dias, que tem capacidade para punir qualquer oscilação do oponente. Ainda mais com os retornos de Geromel na zaga e Maicon, agora desde o início, no meio-campo.
O Flamengo, porém, parece pronto para qualquer desafio. Mesmo que o técnico português não esteja preparando uma de suas "surpresas" e Rafinha e Arrascaeta fiquem mesmo de fora, substituídos provavelmente por Rodinei e Vitinho. O duelo do lateral direito reserva contra Everton Cebolinha pode ser muito perigoso, mas administrável na concentração extra que uma decisão requer. E Rodinei cumpriu uma boa atuação, para os próprios padrões, nos 2 a 0 sobre o Fluminense. No ano passado, em duelo semelhante com os gaúchos pelas quartas da Copa do Brasil, o lateral e o Fla levaram vantagem.
É um jogo especial na temporada e que ganhou tratamento "vip" na mídia e entre as torcidas por conta das três semanas que o separam. Apimentado por declarações quentes dos treinadores que até arrefeceram nos últimos dias. Para o Grêmio vale a vida em 2019, mas não é novidade. Já para o Flamengo é uma espécie de "mundo desconhecido".
Historicamente não dá para comparar nem com a disputa com o Peñarol pela vaga na decisão da Libertadores de 1982. Porque era um grupo com o River Plate, o Flamengo entrou direto nesta fase semifinal, privilégio do campeão do ano anterior. Era um período de "ressaca" depois de tantas conquistas do clube, mais a sofrida derrota de Leandro, Júnior e Zico na Copa do Mundo que deixou o segundo semestre um tanto cinzento. E daquela vez o time carioca tinha a obrigação de vencer a equipe uruguaia, que levou um sufoco mas saiu do Maracanã com o triunfo por 1 a 0, gol de falta do meia brasileiro Jair.
Agora o Fla vive momento mágico, mas em 90 minutos pode sofrer. Inclusive a eliminação na inédita semifinal de Libertadores em mata-mata mesmo sem derrota, caso empate a partir de 2 a 2. Ou cair nos pênaltis se repetir o 1 a 1 da ida. Tudo muito incerto para quem joga correndo riscos. Adiantando marcação, pressionando até o goleiro adversário e avançando a última linha de defesa até o limite, sem vantagem numérica contra os atacantes.
Tem dado muito certo. Desde a derrota por 3 a 0 para o Bahia em quatro de agosto, o Flamengo disputou 17 partidas. Venceu todas, só empatando com São Paulo pelo Brasileiro e diante Internacional e Grêmio pela Libertadores. Apenas dois pontos desperdiçados no Maracanã. Números que refletem um rendimento em altíssimo nível, como há tempos não se vê no Brasil.
Por isso é favorito natural para quarta. Mas apenas isso, porque tudo parece mais possível em um jogo deste tamanho. Inclusive dar a lógica.
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