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André Rocha

Recado do Al-Hilal ao Flamengo vai além do sinal de Gomis para Jorge Jesus

André Rocha

14/12/2019 12h58

Foi difícil entender, a princípio, a opção do treinador Razvan Lucescu por deixar Giovinco, Gomis e Otayf no banco, sem contar o desfalque de Al-Faraj, cortado do Mundial por lesão, para a estreia do Al-Hilal no Mundial de Clubes contra o Esperánce em Doha.

Mas apesar das muitas alterações, o campeão asiático se impôs tecnicamente, com o protagonismo do peruano Carillo, a mobilidade do brasileiro Carlos Eduardo dando opção no meio e aparecendo na frente e a qualidade de Hyunsoo Jang na zaga liderando a saída de bola, além de empurrar os laterais  Alburayk e Alshahrani para o campo de ataque.

O Esperánce respondia com um 4-1-4-1 muito organizado, com Bonsu, o ganês que é o volante que joga de área a área, se aproximando de Badri, o meia aberto pela direita, para compensar o posicionamento mais conservador do lateral Derbali. Do lado oposto, Elhouni combinava mais por dentro com Benguit e deixava o corredor para o apoio mais frequente de Cheti. Isso quando conseguia trabalhar a bola e não se limitava apenas a tentar as ligações diretas para Ouatarri, o centroavante de referência.

Duas propostas bem definidas, com o time árabe trabalhando mais a bola e desperdiçando na primeira etapa ótima oportunidade com Carlos Eduardo errando ao tocar por cima do goleiro Ben Cherifia. E o campeão africano tentando aproveitar o erro do adversário. Quase conseguiu em uma lambança do goleiro Almuaiouf com os pés que Badri chutou para fora e depois em um recuo errado de Alshahrani que o arqueiro apareceu para salvar.

Os primeiros 45 minutos, apesar da superioridade do time em campo, deixavam claro que Lucescu precisaria recorrer aos titulares no banco para desequilibrar o confronto. Ainda esperou mais vinte minutos para colocar Gomis no lugar de Cuéllar. Kanno ficou mais fixo à frente da defesa, Carlos Eduardo recuou, Kharbin passou a circular mais e o centroavante francês, melhor jogador da última Champions asiática, foi jogar na referência.

Na primeira bola que recebeu em condições, oito minutos depois de entrar, Gomis recebeu de Carillo, "chapelou" Yakoubi com categoria e bateu no canto direito. Golaço! Na comemoração, um sinal para Jorge Jesus, presente no Estádio Jassim Bin Hamad com a delegação do Flamengo. Não se sabe se uma homenagem ou provocação, ou ambas.

Mas o recado do Al-Hilan ao campeão brasileiro e sul-americano foi claro: completo e mais concentrado pode dar muito trabalho na semifinal. Mesmo sem Kanno, expulso. Tendência é Lucescu escalar Cuéllar e Otayf, que entrou na segunda etapa. Nenhuma perda significativa, o desfalque de Al-Faraj é bem mais sério.

Ainda assim, o time é forte. Teve 56% de posse e finalizou 12 vezes contra sete – três a um ano alvo. Mas precisou de seu artilheiro para seguir no Mundial.

(Estatísticas: FIFA)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

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O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.