Barcelona precisa de um Zidane, Real Madrid de um Messi
A final da Supercopa da Espanha será entre Real Madrid e Atlético de Madri. A competição que tem como objetivo reunir os campeões da liga e da Copa no país, justamente no primeiro ano em um novo formato, terá o dérbi da capital da Espanha, deixando de fora Barcelona, vencedor de La Liga, e Valencia, campeão da Copa do Rei.
Uma espécie de "punição" para um torneio que ganhou caráter estritamente comercial: colocou mais um jogo no calendário dos finalistas, foi disputado na controversa Arábia Saudita e tinha como claro objetivo forçar a realização de mais um superclássico na temporada. Novamente a equipe de Diego Simeone foi a "intrusa" para atrapalhar os planos. E tudo isso sem estádios lotados. Bem feito.
Mas a competição serviu para reforçar impressões sobre os dois gigantes do futebol globalizado que têm visto suas equipes, depois de um domínio mais nítido entre 2014 e 2018, perderem competitividade no mais alto nível. Algo que sempre tem impacto em suas marcas. Afinal, os dois não trabalham e investem para ver o Liverpool ostentar o poder de melhor time da Europa e do planeta.
O Barcelona escancara de vez a necessidade de um treinador com mais ideias que Ernesto Valverde. O time catalão muda peças, mas não consegue sair da variação do 4-3-3 para o 4-4-2 no sistema tático, da fragilidade defensiva por conta da baixa intensidade na pressão logo após a perda da bola e do espaçamento entre os setores e, finalmente, da dependência excessiva de Lionel Messi para criar no ataque.
Valverde coloca Arturo Vidal na função sacrificante de meio-campista pela direita no Barça. Precisa ajudar o lateral na recomposição e também nas ações ofensivas, ainda preencher o meio quando o time é atacado do lado oposto e aparecer na área para finalizar. Não há quem aguente.
E foi justamente no esgotamento físico por jogar desorganizado, e também perder chances ao longo da partida, que o time blaugrana acabou levando a dura virada. Depois de sair atrás no gol de Koke e virar com Messi e Griezmann. Morata, de pênalti, e Correa, no contragolpe, definiram a vaga na decisão espanhola.
Contra o Real Madrid, que superou o Valencia no dia anterior por 3 a 1. Em um inusitado 4-3-2-1 que preencheu o meio-campo por conta das ausências de Hazard, Benzema e Bale e da opção de Zinedine Zidane por deixar os jovens brasileiros Rodrygo e Vinicius Júnior na reserva.
Casemiro, Valverde e Kroos no tripé e Modric e Isco com mais liberdade para se aproximar de Jovic. Os laterais Carvajal e Mendy abriam o campo e buscavam a linha de fundo, enquanto os meias se procuravam no meio para articular. Novamente com o ótimo uruguaio Federico Valverde se apresentando como opção pela direita e também de infiltração. Com 21 anos, é quem coloca intensidade em um setor envelhecido.
Mas ainda capaz de lances geniais, como na cobrança de escanteio pela esquerda de Toni Kroos que surpreendeu o goleiro Doménech no gol olímpico. Também no lindo toque de três dedos de Luka Modric fechando o placar. Parejo marcou de pênalti para o atual campeão da Copa do Rei e Isco encerrou um jejum de 23 partidas sem ir às redes.
Mais uma prova da versatilidade de Zinedine Zidane, que alterna sistemas e propostas buscando sempre a melhor solução para sua equipe. Talvez a "árvore de Natal" consagrada no Milan por Carlo Ancelotti, referência como treinador do francês que foi auxiliar do italiano no próprio Real, possa ser usada no futuro, mesmo com o retorno dos titulares. Com Isco e Hazard articulando atrás de Benzema.
Em qualquer cenário, a carência do time merengue, apesar dos resultados consistentes na temporada e de uma invencibilidade que chega a 15 partidas, continua sendo de um talento realmente desequilibrante no mais alto nível. Que faltou, por exemplo, no empate sem gols contra o Barcelona no Camp Nou para consolidar no placar a superioridade nos 90 minutos. Um extraclasse para garantir vitórias e taças. O que era Cristiano Ronaldo.
O que é Messi no Barça. E seria ainda mais se tivesse uma equipe forte para suportá-lo. Falta um grande treinador ao Barça. Falta um Zidane, que teria um Real ainda mais poderoso se contasse com um gênio como o argentino. Nesse vácuo, o Atlético pode surpreender nesta estranha final no domingo.
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