As dez maiores atuações individuais em Copas do Mundo
10º – Alcides Ghiggia (Uruguai – 1950)
É claro que eu não assisti a nenhum jogo completo da campanha uruguaia em 1950. Mas, ora bolas, o ponta direita da Celeste fez gols nas quatro partidas da campeã mundial. Mesmo descontando a bizarra primeira fase com apenas um adversário – a Bolívia, que levou de 8 a 0 no Independência, em Belo Horizonte. No jogo decisivo do quadrangular final, encarou um Maracanã abarrotado e deitou e rolou em cima do lateral Bigode. Assistência para Schiaffino e gol da virada e do título, o do "Maracanazo". Virou lenda e merece constar nesta lista, mesmo que na base da "licença poética".
9º – Lotthar Matthaus (Alemanha – 1990)
A Copa na Itália não é das mais memoráveis, mas Matthaus compensou. Depois de ser o volante disciplinado que dificultou a vida de Maradona na final em 1986, foi o craque, capitão e camisa dez que liderou a Alemanha na vingança, quatro anos depois. Compensava o meio-campo esvaziado no 5-3-2 armado por Franz Beckenbauer com dinamismo e versatilidade. Quatro gols, liderança e protagonismo que lhe valeram a Bola de Ouro da "France Football" e, na carona, o primeiro prêmio de melhor da FIFA em 1991. Recordista de partidas em Copas, com 25 em cinco edições. Craque.
8º – Zinedine Zidane (França – 2006)
O primeiro não campeão da lista. Vencedor em 1998, com dois gols na final contra o Brasil, mas nem sombra do que fez o craque já veterano a partir das oitavas da Copa na Alemanha, oito anos depois: gols contra Espanha, Portugal e na final contra a Itália. Atuação majestosa, flutuando em campo nas quartas contra a então campeã, além da assistência para o gol da vitória, de Henry. Na prorrogação da decisão, uma cabeçada parou nas mãos de Buffon, outra no peito de Materazzi. Encerrando uma carreira brilhante que merecia uma última taça. Pena.
7º – Romário (Brasil – 1994)
Foram cinco gols, um pênalti sofrido contra a Rússia, um chute que Bebeto aproveitou no rebote contra Camarões, a assistência para Bebeto derrubar os Estados Unidos em casa num quatro de julho. Mais o "fingir de morto" no gol de Bebeto e o contorcionismo para deixar a bomba de Branco passar pelo seu corpo contra a Holanda nas quartas. Na final contra a Itália, o peso dos 24 anos sem título e a atuação quase perfeita de Baresi na marcação. Perdeu gol feito na prorrogação, mas assumiu a responsabilidade e converteu o pênalti na decisão. Definitivamente, foi a Copa do Baixinho.
6º – Johan Cruyff (Holanda – 1974)
O arquiteto do futebol moderno é o segundo e último sem taça da lista. Azar da Copa, embora tenha ficado bem entregue para os anfitriões Beckenbauer, Muller, Maier e Breitner. A arrancada no primeiro minuto da final desde a defesa – era o holandês mais recuado quando recebeu a bola – é a síntese do grande líder do "Carrossel" que influencia o jogo até hoje. A Holanda jogava no 4-3-Cruyff-2. Liderança, leitura de espaços, capacidade de ditar o ritmo e o tempo do jogo. Tudo isso sendo marrento, usando uniforme diferente e sendo um fumante compulsivo. Surreal.
5º – Pelé (Brasil – 1958)
Dezessete anos. Seis gols decisivos nas três partidas eliminatórias. Dois antológicos, contra País de Gales nas quartas e Suécia na final. Imagine o que isso renderia de visibilidade e milhões de euros para esses feitos hoje. A camisa verde e amarela, e a dez em particular, ganhou outro significado graças a um menino, que nem foi o melhor da seleção e da Copa. Mas brilhou intensamente na equipe de Feola que ganhou encaixe desde os primeiros segundos da estreia de Pelé, e também de Garrincha, contra a União Soviética. Começava a trajetória épica do maior de todos.
4º – Didi (Brasil – 1958)
Apenas o cidadão que tirou de Pelé, Garrincha e do francês Just Fontaine – até hoje o maior artilheiro de uma edição de Copa, com 13 gols – o prêmio de melhor jogador do Mundial na Suécia. O líder que calmamente pegou a bola no fundo das redes em uma final contra os anfitriões depois de sofrer o primeiro gol, acalmou os companheiros enquanto caminhava até o centro do campo e, logo após a saída, acertou um lançamento de quarenta metros para Garrincha acertar a trave. Meio-campista completo, de passes curtos e longos, dribles e elegância única. Um monstro de jogador!
3º – Pelé (Brasil – 1970)
Quatro gols e sete assistências. Mais três quase-gols históricos: a cabeçada para a defesa lendária de Banks, o chute do meio do campo por cobertura na estreia contra a Tchecoslováquia e a finta em Mazurkiewski sem tocar na bola e o chute para fora na semifinal diante dos uruguaios. A última Copa de Pelé foi a do atleta do século XX no esplendor da leitura de jogo e da liderança técnica. A grande referência da maior seleção de todos os tempos. Servindo Jairzinho contra a Inglaterra e Carlos Alberto no gol que consolidou o tri. Os mais simbólicos da campanha. A0s 29 anos, a consagração no México.
2º Mané Garrincha (Brasil – 1962)
Um gênio improvável decidindo o bi brasileiro no Chile que pareceu impossível com a lesão de Pelé vivendo o auge da carreira na segunda partida da Copa. Nas fases finais, um Mané impossível contra Inglaterra e na semifinal diante do anfitrião. Percebendo a necessidade da seleção envelhecida e ampliando o repertório além do famoso drible na direita em busca da linha de fundo. Marcou de cabeça e de pé esquerdo. Fez o inimaginável para alguém com problemas cognitivos e longe de levar uma vida de atleta, mesmo para os padrões dos anos 1960. Simplesmente genial.
1º Diego Maradona (Argentina – 1986)
Não foi só pelo gol mais belo, emblemático e tocante da história das Copas, representando cada cidadão argentino contra os ingleses pela derrota na Guerra das Ilhas Malvinas. Nem pela atuação magnífica na semifinal contra a Bélgica ou por causa da assistência para Burruchaga decidir a Copa contra os alemães no Estádio Azteca. Diego Armando Maradona foi o melhor da Copa de 1986 desde que tocou na bola pela primeira vez, na estreia contra os violentos sul-coreanos. Apanhou, compensou as limitações dos companheiros e desequilibrou. Ninguém jogou mais que ele em uma edição de Mundial. Ponto.
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