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André Rocha

CR7 perde pênalti na volta, mas nem assim domínio da Juventus é ameaçado

André Rocha

12/06/2020 18h27

Cristiano Ronaldo salvou a Juventus no jogo de ida da semifinal da Copa da Itália no San Siro. Cobrando pênalti aos 45 minutos do segundo tempo. No longínquo 13 de fevereiro, empate por 1 a 1 com o Milan, que abriu o placar com Rebic. Time rossonero que ficou com um a menos a partir dos 27 minutos da segunda etapa com a expulsão de Theo Hernández.

Noventa e cinco dias de inatividade depois, o retorno do futebol italiano após o pico da pandemia. Na Allianz Arena, estádio que desde a inauguração em 2011 não viu uma vitória do Milan sobre os donos da casa. A última em todas as competições aconteceu em 2016.

O Milan não é mais o mesmo e a Juventus domina o futebol do país com um octacampeonato da liga e quatro conquistas nas últimas cinco edições da Copa nacional. O duelo seria desigual, mas o contexto tornou tudo um pouco mais equilibrado.

E o "milagre" pareceu mais possível quando o fenômeno Donnarumma tocou levemente na bola que bateu na trave direita em cobrança de pênalti de Cristiano Ronaldo aos 15 minutos de jogo. Mas pouco depois, Rebic, atacante único no 4-2-3-1 armado por Stefano Pioli, foi expulso por entrada tresloucada em Danilo. O "heroi" da ida prejudicando o Milan na volta.

A Juventus já dominava, no 4-3-3 habitual de Maurizio Sarri. Com Dybala mais fixo pela direita buscando as incursões da ponta para dentro e Cristiano Ronaldo alternando mais com Douglas Costa no meio e à esquerda. Bem apoiados no meio por Pjanic, Bentancur e Matuidi, que concluiu dentro da pequena área na melhor oportunidade criada com bola rolando em um primeiro tempo de 67% de posse da Juventus e 13 finalizações contra apenas uma. No alvo, porém, foram poucas: três da Juventus, nenhuma do Milan.

Pioli repaginou sua equipe em um básico 4-4-1 adiantando Bonaventura como referência, mas voltando para fechar espaços no próprio campo. A saída era buscar as inversões de Çalhanoglu pela esquerda e Lucas Paquetá à direita. Mas a transição ofensiva era lenta e não melhorou na segunda etapa com o jovem Rafael Leão na frente, substituindo Bonaventura.

A Juventus temeu pelo desgaste por conta da longa inatividade e procurou administrar fôlego e a vantagem pelo gol marcado fora. Seguiu rondando a área adversária, Sarri arriscou quatro substituições – Bernardesci, Khedira, Rabiot e Cuadrado, escancarando a diferença de qualidade do elenco diante de qualquer outro rival na Itália – e a melhora nos minutos finais possibilitou a repetição das 13 finalizações na segunda etapa, com quatro no alvo. Nenhuma do Milan na direção da meta de Buffon, mas ao menos tentou cinco vezes. Subiu a posse para 37% e buscou o ataque. Pura necessidade.

Não foi o suficiente para surpreender a "Vecchia Signora" que se impõe mesmo em noite infeliz de Cristiano Ronaldo. Com o empate sem gols, vai à final contra Napoli ou Internazionale para retomar o domínio depois do título da Lazio na temporada passada. Ou para confirmar uma supremacia que já se aproxima de uma década. Mesmo quando não joga bem. Em qualquer cenário.

(Estatísticas: Whoscored.com)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.