Flamengo volta sem torcida, TV, rivais...Sozinho. Landim deve estar feliz
Noventa e cinco dias depois da paralisação por conta da pandemia, o Campeonato Carioca será retomado na quinta, dia 18, com Bangu x Flamengo no Maracanã. Quarta rodada da fase de grupos da Taça Rio.
Tudo definido em um arbitral a toque de caixa, sem consenso. Fluminense e Botafogo isolados, Flamengo liderando a pressão para voltar. O Vasco seguindo por interesses comuns e os times de menor investimento sempre "fieis" ao presidente da FERJ, hoje Rubens Lopes.
O Flamengo se acha pronto. Voltou aos treinos, inicialmente sem autorização da Prefeitura, se vangloria por seus protocolos de segurança. Quer jogar a qualquer custo. Mesmo sem todas as medidas de prevenção definidas pelo governo do Rio de Janeiro, contra todas as recomendações de órgãos de fiscalização. Com adversários sem retomar os treinos. Ainda com muitas mortes por Covid-19 no município e no Estado e perspectivas de crescimento do número de casos com a flexibilização do distanciamento social.
Nada importa. Só o Flamengo, expondo sua marca e a dos patrocinadores. Mostrando que é e continuará poderoso por estar sempre um passo à frente dos rivais. Uma ilha de excelência. Nas declarações dos dirigentes, especialmente do presidente Rodolfo Landim, sempre "nós", "o Flamengo". Como se jogasse sozinho.
Na quinta estará sem torcida, por força das circunstâncias. Sem TV, por não fechar acordo para a transmissão do Grupo Globo. Se o Bangu não comparecesse talvez nem fizesse falta. O Flamengo colocaria os reservas de seu forte elenco e organizaria um coletivo. Um Narciso se admirando no espelho.
O Flamengo já não tem rivais no Rio de Janeiro. Nesta edição do Carioca, o Fluminense se coloca como um possível oponente por conta de um regulamento esdrúxulo: pela classificação geral pode provocar uma final, mesmo que os rubro-negros conquistem os dois turnos. Tudo por causa de uma vitória tricolor sobre o time sub-23 do Fla enquanto as estrelas campeãs do Brasileiro e da Libertadores voltavam de férias.
É óbvio que o clube tem seus méritos, ambições e o estadual só ganha alguma relevância agora porque é o que pode ser disputado, até pela impossibilidade de deslocamentos pelo país. Não é errado desejar ser o melhor e construir uma hegemonia nacional e internacional. Longe disso.
Mas é preciso entender que o futebol não se disputa apenas com sparrings ou figurantes. Ainda mais no Brasil que costuma valorizar mais o equilíbrio que a qualidade. O Flamengo passou de 2013 a 2019 se organizando em gestão, porém sem grandes conquistas. Agora que venceu quer construir uma dinastia sem precedentes no país. Desejo justo e saudável, mas não atropelando tudo que vê pela frente, inclusive a ética e o senso coletivo.
O Flamengo de Landim dá a impressão de que se jogasse na NBA entraria com uma petição para ter a primeira escolha do "draft", mesmo sendo o campeão. Os concorrentes que se danem, fiquem lá em baixo.
Por isso a visão elitista, a proximidade com o poder – da federação, do Estado e da União. Um isolamento esportivo, que no momento se opõe ao distanciamento social necessário. Um egoísmo em todas as instâncias que não costuma dar muito certo – vide o "Soberano" São Paulo, absoluto na década passada e agora sofrendo com excesso de crises e falta de títulos.
O Flamengo retorna sem torcida, sem TV e sem rivais. Sozinho. Landim deve estar feliz.
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