Manchester City voa baixo, roda elenco e aquece turbinas para Champions
Com as vitórias em casa por 3 a 0 sobre o Arsenal no jogo que faltava na 29ª rodada e 5 a 0 sobre o Burnley, o Manchester City fez cair para 20 pontos a vantagem do Liverpool na liderança da Premier League. Mas com 24 pontos ainda em jogo, o título dos Reds é questão de tempo e matemática.
Mais importante que garantir o "pódio" novamente, uma característica dos trabalhos de Pep Guardiola em todas as ligas que disputou desde 2008 – a pior colocação foi o terceiro lugar na estreia na Inglaterra em 2016/17 -, é retomar rapidamente o ritmo para atingir dois grandes objetivos.
O primeiro é um tanto circunstancial: já que é praticamente impossível manter a hegemonia nos pontos corridos, a luta pelo bicampeonato do mata-mata nacional ganhou muita importância. Depois de "unificar" as conquistas em 2019, os citizens mantiveram o domínio na Copa da Liga Inglesa e estão nas quartas da Copa da Inglaterra contra o Newcastle.
A grande meta, porém, é, claro, o título inédito da Liga dos Campeões. Primeiro administrando a vantagem sobre o Real Madrid construída fora de casa com os 2 a 1 no Bernabéu. Sem a presença da torcida no Etihad Stadium, mas com a possibilidade de gerir melhor o elenco em relação ao time merengue, que acabou de assumir a liderança do Espanhol e vai lutar pela recuperação do domínio da liga. Até pela obsessão do treinador Zinedine Zidane, que valoriza demais a superioridade nos pontos corridos.
Guardiola também pensa assim, mas sabe que desta vez terá que ser forte nas disputas eliminatórias para tornar a temporada histórica e atingir o ápice antes da provável punição da UEFA, afastando o clube de competições europeias por dois anos, acusados de burlar o fair play financeiro.
Por isso tenta nivelar o grupo de jogadores por cima. mantendo apenas Ederson, David Silva e Mahrez na formação de um jogo para outro na volta. Revezando Cancelo/Walker e Mendy/Zinchenko nas laterais, Eric Garcia/Otamendi e Laporte/Fernandinho na zaga; Rodri/Gundogan e De Bruyne/Bernardo Silva no meio. Aguero/Gabriel Jesus no centro do ataque e Sterling/Foden nas pontas. Ainda Leroy Sané, que volta de séria lesão e sairá no final da temporada, mas está à disposição do treinador.
A mesma valorização da posse com linhas adiantadas e pressão logo após a perda da bola, porém com momentos de aceleração e intensidade máximas. Sempre com triangulações em todos os setores, mas também jogadas mais longas, como o passe de Fernandinho para Mahrez no segundo gol sobre o Burnley. Muita gente chegando ao ataque no sistema base 4-3-3, mas com rotações – pontas, laterais e meias alternando abertos e por dentro nas ações ofensivas – e volume de jogo que tontearam os dois adversários até agora.
Oito gols marcados, 68% de média na posse de bola, acerto acima de 90% nos passes, 39 finalizações (19 no alvo), nenhuma na direção da meta de Ederson em 180 minutos. Mesmo relativizando o nível dos adversários, não é pouco. Até porque o Burnley vinha de sete partidas de invencibilidade e apenas três gols sofridos.
O City retorna voando baixo e aquece as turbinas para competir forte no que resta em 2019/20. Temporada problemática pelo contexo, mas que ainda pode ser gloriosa e histórica.
(Estatísticas: Whoscored.com)
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