amistoso – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Neymar continua sendo problema e solução na seleção http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/06/neymar-continua-sendo-problema-e-solucao-na-selecao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/06/neymar-continua-sendo-problema-e-solucao-na-selecao/#respond Sat, 07 Sep 2019 02:36:15 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7199 Uma assistência em cobrança de escanteio na cabeça de Casemiro e um gol completando passe de Daniel Alves. Mais um pênalti sofrido no empurrão de Davinson Sánchez que a arbitragem preferiu ignorar. Mesmo sem jogar há três meses, Neymar foi o personagem do empate em 2 a 2 com a Colômbia em Miami, o primeiro depois do título da Copa América.

Marcado justamente pelo retorno do camisa dez e estrela maior à seleção de Tite. Ponto de referência pela esquerda, atraindo a maioria das bolas. Ponto de desequilíbrio na técnica e na habilidade. Batida perfeita na bola no primeiro e presença de área no segundo. Mas também tirando um pouco de espaço de Philippe Coutinho, de novo meia no 4-1-4-1 brasileiro, e sobrecarregando Alex Sandro no trabalho defensivo.

Exposto, o lateral foi o pior em campo no primeiro tempo com erros individuais, de posicionamento e a bizarrice do pênalti sobre Muriel, que converteu no primeiro gol e depois aproveitou o atraso do lateral esquerdo brasileiro na cobertura para marcar o da virada da seleção que vem demonstrando evolução coletiva com Carlos Queiroz.

Profundidade apenas pela direita. Com Richarlison que perdeu chance clara no primeiro tempo e de Daniel Alves, que recebeu passe longo espetacular de Coutinho e serviu Neymar. Do lado oposto só condução e drible. Sempre interessante, mas considerando que Roberto Firmino se movimenta como “falso nove”, a seleção fica previsível.

Neymar ainda se meteu em confusão no final com Barrios. Em jogo oficial poderia ter resultado em cartão vermelho para os dois. Desnecessário, mas não surpreende. Nem o fato do camisa dez voltar à seleção como saiu: sendo problema e solução.

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Tite é um porto seguro demais para Neymar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/16/tite-e-um-porto-seguro-demais-para-neymar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/16/tite-e-um-porto-seguro-demais-para-neymar/#respond Fri, 16 Aug 2019 18:02:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7051

Foto: Lucas Figueiredo/ CBF

A convocação da seleção brasileira para os amistosos contra  Colômbia e Peru em setembro é a mais tranquila de Tite desde que assumiu o comando técnico. Em 2016 a missão era recolocar na zona de classificação nas eliminatórias, depois garantir vaga na Copa do Mundo na Rússia. No ano seguinte se fazer competitivo contra as principais seleções da Europa e em 2018 a preparação final para o Mundial.

Com a eliminação para a Bélgica era necessário reiniciar o ciclo com bons resultados, mesmo se o desempenho fosse oscilante. A velha aura brasileira do “campeão mundial de amistosos”. Em 2019, a “obrigação” de vencer a Copa América. Com a meta cumprida é possível ousar e experimentar.

Sempre haverá questionamentos. Deste que escreve, por exemplo, a ausência de Renan Lodi na lateral esquerda. Mas é compreensível e até saudável que ele siga se adaptando ao futebol espanhol e à equipe de Diego Simeone. Melhor ser testado primeiro na seleção olímpica comandada por André Jardine.

A oportunidade dada a Jorge, do Santos, é válida e o reconhecimento ao bom trabalho no líder do Brasileiro. A grande questão de convocar jogadores atuando no país é que o calendário inchado da CBF não tem pausas nas datas FIFA e acaba prejudicando os clubes. Como sempre haverá reclamações, mesmo deixando de fora jogadores envolvidos nas semifinais da Copa do Brasil.

A grande incógnita continua sendo Neymar. Mesmo sem jogar pelo PSG e com destino indefinido em mais um capitulo de sua carreira mal conduzida, se pensarmos no potencial de extra-classe, top 3 do futebol mundial.

Tite disse que ele está feliz. E, de fato, parece. Difícil compreender o que passa pela cabeça do jogador. Treina em separado no clube em que não quer mais atuar, mas está sempre sorrindo e brincando com companheiros, especialmente Mbappé. Ainda tentou sair na foto da conquista da Supercopa da França, mesmo sem jogar, e foi empurrado para longe pela joia da seleção campeã do mundo.  Zero preocupação com o futuro. Nenhum constrangimento por estar muito perto da terceira troca de clube turbulenta na carreira. Parece alienação.

E ainda assim convocado para a seleção brasileira. Aconteça o que acontecer, pelo visto. O máximo que aconteceu foi perder a faixa de capitão que nunca demonstrou fazer muita questão. Pode agredir torcedor, desprezar o clube que pagou uma fortuna na maior transação da história do esporte e aparecer mais como celebridade do que pelos feitos em campo que seu status é intocável. “Não vou prescindir nunca de um atleta como ele”, diz o técnico a serviço da CBF.

Difícil prever a resposta de Neymar a tamanha lealdade do treinador. Fidelidade e “dar a vida por ele”, como já disse em uma entrevista ou a acomodação da certeza da impunidade? Tite perdeu uma boa oportunidade de suscitar uma reflexão mais que necessária sobre o que o atacante talentoso quer da vida. Preferiu ser o porto seguro mais uma vez. Só que às vezes segurança demais atrapalha.

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As boas respostas brasileiras no ótimo teste final contra a Áustria http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/10/as-boas-respostas-brasileiras-no-otimo-teste-final-contra-a-austria/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/10/as-boas-respostas-brasileiras-no-otimo-teste-final-contra-a-austria/#respond Sun, 10 Jun 2018 15:55:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4686 A seleção austríaca chamava atenção antes do amistoso em Viena pelas sete vitórias seguidas, inclusive sobre a Alemanha. E tinha a utilidade de ser mais uma experiência da seleção de Tite contra a linha de cinco na defesa.

Mas a Áustria apresentou mais que isto no primeiro tempo. Especialmente a pressão na saída de bola em vários momentos e uma jogada que não resultou em gols, mas mostrou que pode ser, ou continuar sendo, um problema para o Brasil: a jogada de Alaba buscando o fundo pela esquerda e cruzando na segunda trave procurando Arnautovic na zona de Marcelo, mais baixo e com suas habituais dificuldades de posicionamento. O ala Lainer também conseguiu algumas infiltrações nas costas do lateral esquerdo.

Defensivamente a resposta brasileira foi a concentração e a atuação segura de Thiago Silva, Miranda e Casemiro. Compensando também Danilo, ainda hesitante tanto no posicionamento atrás quanto no apoio por dentro, deixando Willian mais aberto. Assim como a pressão logo após a perda da bola. Com um pouco menos de intensidade por conta da proximidade da Copa do Mundo.

Na frente, a dificuldade para infiltrar com tabelas, triangulações e ultrapassagens diante de um sistema defensivo postado. Mesmo sem Fernandinho e com Coutinho por dentro na linha de meias do 4-1-4-1. O mérito foi trabalhar com paciência, sem se desorganizar. E encontrar nos chutes de fora da área e nas bolas paradas as soluções para furar o bloqueio. Tentou com Casemiro e Philippe Coutinho. Thiago Silva errou a cabeçada na cobrança de escanteio de Neymar.

Na jogada individual do camisa dez que sobrou para Paulinho, a melhor chance até Marcelo arriscar de longe no rebote de um escanteio e, na dúvida da arbitragem se a bola bateu em Sebastian Prödl ou o zagueiro interferiu no lance, Gabriel Jesus finalizou com estilo, marcando seu décimo gol com a camisa verde amarela.

Pronto. Problema resolvido. Com a vantagem, a Áustria se abriu e, com espaços, o Brasil é letal nas transições ofensivas. Ainda mais com Neymar solto, com fome e inspirado. Linda jogada pessoal no segundo gol, já na segunda etapa. Outro contragolpe e o terceiro com Coutinho.

Podia ter saído mais com o clima mais de amistoso depois das substituições e da Áustria jogando a toalha. Mas não era hora de forçar nada, mesmo para os reservas querendo mostrar serviço. Tite já tinha suas respostas. Dentro do contexto das favoritas evitarem se enfrentar tão próximo do Mundial, foi o melhor teste possível. Para efetuar as últimas correções e, principalmente, definir a maneira de enfrentar adversários fechados.

Deve ser a tônica na primeira fase. E o Brasil mostrou que não está no auge, nem é hora para isto. Mas está pronto para iniciar a trajetória na busca do hexa.

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Brasil vence Croácia, mas e daí? Não justifica a montanha russa de opiniões http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/03/brasil-vence-croacia-mas-e-dai-nao-justifica-a-montanha-russa-de-opinioes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/03/brasil-vence-croacia-mas-e-dai-nao-justifica-a-montanha-russa-de-opinioes/#respond Sun, 03 Jun 2018 16:25:40 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4666 Minha primeira lembrança de seleção brasileira é a euforia que tomou conta do país quando rodou pela Europa em 1981 e venceu Inglaterra, França e Alemanha. Teve até fogos. A TV Globo, na época com Luciano do Vale, tratou como uma espécie de Copa das Confederações. Um exagero.

Por isso Dunga encarou com tanta seriedade os amistosos assim que assumiu em 2014 para “resgatar a autoestima” por causa dos 7 a 1. Chegou a administrar resultados e guardar três, quatro substituições para ganhar tempo nos últimos minutos e segurar a vitória.

Agora Tite fez praticamente o mesmo contra a Alemanha. Um tal de “fantasma”…Logo a atual campeã mundial, que junto com a Itália, nos melhores e piores momentos, sempre se caracterizaram por não darem a mínima para jogos que não valem pontos. Ou melhor, sempre deram o devido valor.

Amistoso é para observar, testar. Experimentar até o que parece não dar certo, só para ter certeza. Mas aqui a sanha resultadista impressiona. Todo jogo é de campeonato.

Mesmo tão próximo da Copa do Mundo, com todos os jogadores instintivamente segurando a intensidade com o mais que compreensível temor de uma lesão capaz de encerrar o sonho. Como a entrada irresponsável de Kramaric sobre Thiago Silva. Felizmente nada grave, ao que parece.

Mas houve quem se incomodasse no lance muito mais com a saída de bola no chão perto da própria área. “Dá um chutão! Ali não é lugar para brincar…” Claro que um erro em jogo eliminatório no Mundial pode ser fatal. Mas a ligação direta constante também é risco grande, pois entrega a bola e o volume constante do adversário também pode terminar em gol contra.

Outra visão curiosa pelo imediatismo e quase onipresença nas transmissões, debates e redes sociais foi a crítica à escalação do meio-campo com Casemiro, Fernandinho e Paulinho. “Três volantes”. Pronto, automaticamente o time perde criatividade. Independentemente da boa marcação da Croácia no primeiro tempo em Liverpool. Como se a seleção de Modric, Rakitic, Perisic, Kovacic e Manduzic fosse uma qualquer. Ou os jogadores brasileiros não estivessem travados, sem as costumeiras triangulações na execução do 4-1-4-1. Bem diferente da vitória sobre a Alemanha. Com os mesmos três no meio-campo…

Os novos debates serão a “volta da Neymardependência” e “Firmino ou Gabriel Jesus?” Por causa dos gols na vitória por 2 a 0. Como se depender do talento maior não fosse natural e tudo na avaliação do centroavante fosse ir às redes ou não.

O objetivo deste texto não é “cagar regra” sobre o que se deve ou não opinar, muito menos blindar Tite de críticas. Até porque, todos sabemos, ele será julgado pelo resultado e só. Como todos. Como sempre. Assim como não dá para se empolgar e dizer que o setor ofensivo tem que contar com Neymar e Firmino na estreia da Copa. Apenas ressaltar a curiosa montanha russa de emoções e opiniões sobre a seleção quando a Copa vai chegando. Ou em qualquer tempo.

Amistoso é jogo e jogo é guerra. Sempre foi assim e, pelo visto, sempre será.

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Brasil vai bem como “desafiante”. O problema é outro, ou o mesmo de sempre http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/28/brasil-vai-bem-como-desafiante-o-problema-e-outro-ou-o-mesmo-de-sempre/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/28/brasil-vai-bem-como-desafiante-o-problema-e-outro-ou-o-mesmo-de-sempre/#respond Wed, 28 Mar 2018 03:57:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4362 A última vez que a seleção brasileira entrou em campo como “zebra” diante de um adversário tido como mais poderoso e, portanto, favorito foi na final da Copa das Confederações 2013. A Espanha era campeã mundial e bi da Eurocopa. O time de Luiz Felipe Scolari entrou transpirando fogo no Maracanã e atropelou Xavi, Iniesta e seus companheiros. 3 a 0, gritos de “o campeão voltou” e, pouco depois, o coordenador Parreira assumindo o favoritismo para o Mundial no ano seguinte como anfitrião.

O erro de Felipão nos 7 a 1 foi não ter resgatado este espírito. Sem Thiago Silva e Neymar, diante de um adversário com trabalho mais consolidado. Bastava jogar o favoritismo para o outro lado e entrar como franco-atirador, pelo contexto. Mas era a Alemanha, “freguesa histórica”. O treinador acreditou na camisa, no Mineirão lotado, no Bernard ídolo do Atlético Mineiro e “alegria nas pernas”. Se achou mais forte e o tombo foi sem precedentes.

Goleada histórica que criou o clima para o Brasil de Tite entrar mais que concentrado em Berlim. Sim, contra um “mistão” de Joachim Low. Mas se a campeã mundial venceu a Copa das Confederações com reservas merecia respeito independentemente da formação. Objetivamente era o primeiro confronto com uma candidata ao título. E justificou tentando impor seu jogo no ritmo de Toni Kroos.

De novo um Brasil sem Neymar. Mas desta vez organizado e precavido, com Coutinho pela esquerda e Fernandinho no meio dando liberdade para Paulinho infiltrar. Uma equipe bem coordenada no 4-1-4-1 e condicionada a pressionar o adversário desde a perda da bola. Pronta para acelerar assim que a retomasse.

No espaço deixado pela proposta alemã de controlar com a bola e ocupar o campo de ataque. Tudo que o Brasil precisa. Nosso jogo forte é o de transições ofensivas rápidas, com condução, passe e definição. Na bola roubada na frente, cruzamento de Willian da direita e gol de Gabriel Jesus, que podia ter se consagrado se não andasse tão afobado nas finalizações. Mas decidiu jogo grande e garantiu titularidade na Copa.

Podia ter sido mais que 1 a 0. No segundo tempo a Alemanha só levantou bolas na área e Alisson, Thiago Silva, Miranda e Casemiro sobraram. No final, a luta para a manutenção do resultado. Não adianta, é nossa cultura e Tite sabia que era importante vencer para aumentar a autoestima. A convocação final e a viagem para a Rússia estão logo ali.

O problema, porém, continua o mesmo. Talvez a seleção leve de três a quatro jogos para encarar um cenário parecido, com o adversário saindo para o jogo. Poucos paises atacam a camisa cinco vezes campeã mundial. Na fase de grupos, a tendência é encarar linhas de cinco e no mínimo oito jogadores guardando a própria área.

E aí tudo muda. Os problemas para infiltrar aparecem. Os espaços somem e com eles a paciência para trabalhar a bola. Falta o ritmista que não foi necessário em Berlim porque a equipe só acelerava. Será preciso abrir o campo, girar a bola, construir o espaço e ser letal na finalização.

Contra Inglaterra em Wembley e na Rússia enquanto os anfitriões não se empolgaram e bloquearam a entrada da área ninguém entrou, Vejamos a combinação dos novos conceitos, tempo para treinamentos, volta de Neymar e moral pelo triunfo sobre o “fantasma”.

Só não pode transformar um feito relevante – a Alemanha não era derrotada desde a semifinal da Eurocopa – na ilusão da Copa das Confederações. Já sabemos como termina, mesmo faltando tão pouco tempo desta vez. Tite é vivido, os jogadores com uma casca de quatro anos.

É hora de afinar o discurso. A Alemanha é a campeã, a Espanha a favorita. Melhor seguir como “desafiante”.

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Espanha é a melhor seleção e pinta como a favorita. Bom até para o Brasil! http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/27/espanha-e-a-melhor-selecao-e-pinta-como-a-favorita-bom-ate-para-o-brasil/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/27/espanha-e-a-melhor-selecao-e-pinta-como-a-favorita-bom-ate-para-o-brasil/#respond Tue, 27 Mar 2018 21:49:42 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4360 A história mostra que a Copa do Mundo consagra a melhor seleção durante aquele mês de disputa. Às vezes coincide ser também a grande equipe daquele ciclo que consegue chegar ao auge no momento certo.

Há pouco menos de três meses da disputa na Rússia, a Espanha é a que apresenta o melhor futebol. Não só pelos 6 a 1, fora o baile, na Argentina sem Messi. O desempenho médio do último ano considerando amistosos e eliminatórias a credencia como grande candidata ao segundo título.

Julen Lopetegui consegue dosar a experiência e a rodagem de jogadores como Piqué, Sergio Ramos, Busquets e Iniesta com a juventude de Asensio e a maturidade de Carvajal, Jordi Alba e Isco. É time pronto para aguentar a pressão de uma Copa.

Na proposta de jogo, ainda a posse de bola. No empate em 1 a 1 com a Alemanha colocou a campeã mundial dentro de um grande “rondo” em alguns momentos. Já na goleada histórica sobre a albiceleste a Espanha mostrou o seu melhor: o domínio do futebol por demanda. Alternando controle da bola e um jogo mais vertical. Sempre a partir da retomada da bola no campo de ataque.

Assim constroi volume de jogo e vai minando as forças dos adversários. É óbvio que não há perfeição. Quando o oponente consegue sair da pressão e encontra espaços para o contragolpe, Piqué e Sergio Ramos têm problemas para conter velocidade. Higuaín perdeu uma chance cristalina no primeiro tempo. A jogada aérea continua sendo um sofrimento, como no gol de Otamendi.

Mas funciona muito bem a ideia de abrir o campo com os ofensivos laterais Carvajal e Jordi Alba e rodar a bola e as peças que transbordam qualidade no meio-campo usando um centroavante como referência na frente – Diego Costa, Rodrigo ou Iago Aspas. Acelerando e desacelerando. Desequilibrando com Isco, autor de três gols sobre a Argentina.

Jogo inteligente. A Espanha aparece como a melhor representante do futebol 2.0 no universo das seleções. E merece respeito. Basta olhar para o campo: Carvajal, Sergio Ramos e Isco do Real Madrid; Piqué, Alba, Busquets e Iniesta do Barcelona. Sete jogadores dos times que dominam o futebol europeu desde a última Copa. Mais outros tantos talentos de Atlético de Madri, Bayern de Munique e das equipes de Manchester.

É um timaço! Ótimo também para diminuir o tradicional “oba oba” brasileiro depois de vitória em amistoso. Mesmo contra um mistão da Alemanha. Então, por justiça e para tirar o peso, que a Espanha seja tratada como a favorita.

 

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Brasil vence, mas não fura linha de cinco da Rússia como Tite queria http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/23/brasil-vence-mas-nao-fura-linha-de-cinco-da-russia-como-tite-queria/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/23/brasil-vence-mas-nao-fura-linha-de-cinco-da-russia-como-tite-queria/#respond Fri, 23 Mar 2018 17:55:30 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4342 Não é nada fácil colocar em prática algo tão complexo como o jogo de posição em pouco tempo. Problema do ciclo de apenas dois anos de Tite e uma certa demora para trabalhar esses conceitos, só depois do “susto” contra a Inglaterra. E sempre é mais complicado desequilibrar sem Neymar, o maior talento brasileiro.

Por isso a seleção sofreu no primeiro tempo e, objetivamente, não furou a linha de cinco da Rússia como Tite queria: trocando passes, com meio-campistas buscando jogo entre as linhas e ponteiros bem abertos esgarçando a marcação adversária. Paciência até infiltrar e finalizar.

Imaginava-se os laterais atacando por dentro, mas Marcelo desceu mais aberto. Talvez porque Tite pense em Neymar circulando mais e procurando o centro, criando a necessidade do lateral ser o responsável pela amplitude. Preocupante mesmo foi o desempenho de Daniel Alves. Confuso, errando passes fáceis, arriscando lançamentos sem sentido. Sem contar o posicionamento defensivo às vezes desatento.

Casemiro também merece um capítulo à parte. Na construção das jogadas contribui pouco. E ainda obriga jogadores que neste conceito deveriam receber a bola mais adiantados a voltar para articular. Nesta ideia Fernandinho seria mais interessante. Só que com os lapsos defensivos dos laterais é preciso ter alguém mais seguro na proteção dos zagueiros. Efeito colateral.

Como o Brasil, então, construiu os 3 a 0? Da maneira como o futebol viveu seus melhores momentos nos últimos dez anos: bola parada no gol de Miranda que abriu o placar, completando desvio de Thiago Silva, e a velocidade nas transições ofensivas quando a seleção anfitriã da Copa do Mundo se empolgou com as deficiências brasileiras e largou um pouco o ferrolho.

Deu ao jogador brasileiro o que ele mais precisa: espaços. Aí apareceram os pontas Willian e Douglas Costa em velocidade, Coutinho achou as brechas para conduzir e Paulinho para infiltrar. O meio-campista do Barcelona sofreu o pênalti que Coutinho converteu e completou mais um contragolpe brasileiro.

Alisson, Thiago Silva e Miranda salvaram alguns ataques e o Brasil podia ter marcado mais gols, inclusive na primeira infiltração do jogo, com Gabriel Jesus recebendo passe longo de Daniel Alves. Com as linhas postadas, só a desatenção russa deu chances ao Brasil.

Todo teste é válido para observações. Até para perceber as dificuldades para executar o que se planeja. Contra a Alemanha os desafios serão outros, ainda que Joachim Low arme sua seleção com cinco na defesa. É clássico mundial. Jogo para vislumbrar o que pode vir em fases finais da Copa.

Mas para enfrentar Suíça, Costa Rica e Sérvia na primeira fase as dúvidas continuam. Furar linha de cinco segue como um desafio.

 

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Primeiro teste na Europa foi útil, mas não bom. Brasil titular foi lento http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/14/primeiro-teste-na-europa-foi-util-mas-nao-bom-brasil-titular-foi-lento/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/14/primeiro-teste-na-europa-foi-util-mas-nao-bom-brasil-titular-foi-lento/#respond Tue, 14 Nov 2017 22:24:26 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3696 Apesar da Inglaterra desfigurada com sete desfalques, o teste para a seleção de Tite foi útil pelo enfrentamento com uma seleção europeia. Mais ainda por encarar uma linha de cinco defensores, negando espaços para infiltrações pelo meio ou nas diagonais.

Mas não foi bom. O time considerado ideal e titular esbarrou na própria lentidão em Wembley. Não por falta de velocidade dos jogadores, mas da circulação da bola. Muito pelo comportamento dos jogadores, especialmente Neymar.

Quando Tite montou o trio ofensivo, pensou em Philippe Coutinho como articulador partindo do lado direito para circular às costas dos volantes e Neymar saindo da esquerda e infiltrando em diagonal para servir os companheiros ou finalizar. Como um atacante letal e vertical. Como era no Barcelona.

Mas agora, no PSG, Neymar é muito mais este ponta armador, conduzindo a bola para acionar Cavani e Mbappé. O problema de levar este comportamento para a seleção é que Coutinho, Neymar e Renato Augusto procuram a bola para o toque curto ou conduzir. Apenas Paulinho tenta infiltrar.

Para complicar, Daniel Alves e Marcelo, bloqueados pelos alas Walker e Bertrand, não buscavam o fundo. E Gabriel Jesus, atuando mais como pivô no Manchester City, também recuava para fazer a parede e não se deslocava para receber em velocidade. Até porque o trio de zagueiros Gomes, Stones e Maguire não deixava espaços às costas.

Por isso um primeiro tempo insosso. Também porque Marquinhos e Miranda, com o auxílio de Casemiro, controlou bem as investidas rápidas de Vardy e Rashford, o único a finalizar para a defesa de Alisson.

Melhorou na segunda etapa porque Neymar passou a guardar um pouco mais a posição pela esquerda. Mas ainda mais armador que atacante. De seus pés saíram os passes para Jesus que Coutinho, na sequência, concluiu sobre Hart, e Paulinho. As únicas jogadas em profundidade para finalização. Pouco.

Melhorou um pouco com Willian, Fernandinho e Roberto Firmino nas vagas de Coutinho, Renato Augusto – ainda o mais inteligente meio-campista, mas jogando uma rotação abaixo dos demais – e Jesus. Porque com Willian aberto à direita, Neymar ganhou espaço para articular por dentro. Firmino, inteligente, foi buscar a brecha deixada à esquerda. Faltou a jogada precisa, assistência e finalização para sair do empate sem gols.

Amistoso é para isso: observar e testar. O resultado é secundário. Tite viu o que não funcionou no teste tão esperado e vai levar as reflexões para as férias. Talvez mexa no time base para a volta em março. O certo é que vai precisar mudar a dinâmica. Porque a ideia inicial de trabalhar com seus jogadores como eles atuam em seus clubes não está mais casando as características.

A seleção ficou mais lenta, ou menos rápida. No futebol de mais alto nível entre as seleções vai sofrer.

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Com Willian, Brasil ganha cara de Real Madrid de Ancelotti. Neymar é CR7 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/10/com-willian-brasil-ganha-cara-de-real-madrid-de-ancelotti-neymar-e-cr7/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/11/10/com-willian-brasil-ganha-cara-de-real-madrid-de-ancelotti-neymar-e-cr7/#respond Fri, 10 Nov 2017 14:00:00 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3676 O gol de Neymar na cobrança de pênalti sobre Fernandinho com ajuda do árbitro de vídeo (VAR) logo aos oito minutos descomplicou um início com Japão pressionando e tirando espaços de uma seleção com natural desentrosamento pelas seis mudanças em relação à base titular.

Mas o amistoso em Lille – sem estádio lotado por conta dos ingressos caros – teve sua utilidade exatamente porque a falta de tempo até o Mundial da Rússia faz com que Tite não trate como mais um compromisso e aproveite cada oportunidade de reunir os jogadores para fazer observações e experiências.

No primeiro tempo ficou bem claro que a equipe com Willian, que tem mais perfil de ponteiro que Philippe Coutinho, ganha uma cara mais de 4-3-3 do que 4-1-4-1. Em vários momentos foi possível notar os três atacantes bem adiantados em relação aos meio-campistas. Com uma variação: exatamente o recuo de Willian pela direita formando uma segunda linha de quatro.

Fernandinho, escalado na vaga e na função de Renato Augusto, trabalhou sem bola como uma espécie de “guardião” de Marcelo, abrindo pela esquerda para fechar os espaços e liberar Neymar, cada vez mais atacante em dupla com Gabriel Jesus. Ainda assim nervoso, perdendo a segunda cobrança de pênalti e levando um amarelo desnecessário em nova intevenção do VAR.

Em 2014, o ano “sabático” de estudos, Tite foi a Madri acompanhar o Real do amigo Carlo Ancelotti. Campeão da Liga dos Campeões daquela temporada. Time montado num 4-3-3 que variava para o 4-4-2 com Bale voltando pela direita, Di María no meio abrindo pela esquerda para ajudar Marcelo e dar liberdade a Cristiano Ronaldo.

Qualquer semelhança não é mera coincidência. Na cabeça de Tite, Neymar é Cristiano Ronaldo. O talento desequilibrante. Sem comparações, obviamente. Apenas o posicionamento mais solto e a importância para o time.

Os 3 a 1 valeram para rodar o time, ver que a disputa pela última vaga na defesa está aberta com a atuação hesitante de Jemerson, que falhou no gol de Makino. Também que a equipe muito mexida, com Diego Souza, Alex Sandro, Renato Augusto, Taison e Douglas Costa, sofreu na segunda metade do segundo tempo para conter os ataques japoneses.

Principalmente pelo terceiro gol, de Gabriel Jesus em bela trama coletiva. Desde a pressão na perda da bola no lado esquerdo até a inversão, a ultrapassagem de Danilo e a assistência do lateral do Manchester City que vai ganhando de Fagner a vaga na reserva de Daniel Alves.

O golaço de Marcelo usando o pé direito num petardo também foi válido para o lateral do Real Madrid, tão criticado, recuperar confiança e mostrar que os problemas do clube não o abalam com a camisa verde e amarela. Melhor assim.

Contra a Inglaterra, Tite deve escalar todos os titulares para um teste de peso. Mesmo com as muitas baixas do adversário é a primeira chance de enfrentar a escola europeia. Com o retorno de Coutinho a dinâmica ofensiva muda. Vejamos se Tite revela alguma surpresa. Quem sabe com o meia do Liverpool mais por dentro, como Isco no time atual do Real Madrid, comandado por Zidane?

Se assim for, Neymar continuará sendo o CR7 da seleção.

 

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LIberdade e protagonismo: as ofertas do Barça em campo para seduzir Neymar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/07/27/liberdade-e-protagonismo-as-ofertas-do-barca-em-campo-para-seduzir-neymar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/07/27/liberdade-e-protagonismo-as-ofertas-do-barca-em-campo-para-seduzir-neymar/#respond Thu, 27 Jul 2017 14:56:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3011 Na vitória por 1 a 0 sobre o Manchester United no FedEx Field, o Barcelona marcou seu terceiro gol pela Champions Cup. O terceiro de Neymar, o grande destaque do primeiro tempo com as equipes utilizando os titulares e colocando intensidade máxima, mesmo num torneio de pré-temporada. Exatamente por saber que no segundo tempo os reservas seriam utilizados.

Ao menos pelo novo comandante blaugrana, Ernesto Valverde. José Mourinho, sempre atento ao resultado, mexeu menos para buscar a virada e viu os titulares mantidos em campo sofrerem com o desgaste natural em um início de trabalho. Os Red Devils ameaçaram pouco a meta do goleiro Jasper Cillessen.

Assim como nos 2 a 1 sobre a Juventus, o que ficou claro em campo é que Neymar ganhou mais liberdade para circular por todo ataque, embora parta quase sempre do lado esquerdo. O trabalho defensivo também está mais brando, sem voltar tanto na recomposição. A linha de três no meio teve o jovem Carles Aleñá, produto de La Masia, correndo bastante para articular no meio e auxiliar o lateral Jordi Alba.

Com isso, Messi funciona mais como armador. Ou o antigo “ponta-de-lança”, atuando na área que domina: da meia direita carregando a bola em diagonal para passar ou finalizar. Suárez girou na frente abrindo espaços e o trio está menos previsível. A equipe, porém depende mais deles, já que todos trabalham para que os atacantes sul-americanos fiquem mais soltos.

Solução que cria incoerências, como o lateral português Nelson Semedo, contratado para suceder Daniel Alves exatamente por sua força no apoio, guardar mais sua posição pela direita e praticamente não descer, mesmo com o corredor cedido por Messi. Rakitic aproveitou mais o espaço, mas nem tanto. Exatamente pelas maiores atribuições defensivas.

De qualquer forma, a impressão que fica é que o Barcelona, ou talvez apenas o grupo de jogadores, tenha encontrado uma forma de seduzir Neymar a ficar, mesmo com a sombra de Messi, inclusive na hierarquia midiática, os problemas com a justiça espanhola e a resistência do clube em aumentar seu salário: liberdade e protagonismo.

Não mais o ponteiro do tridente a se sacrificar taticamente, mas um membro do melhor ataque do mundo em potencial com os mesmos direitos de visibilidade. Também de ir às redes e aproveitar a sua sanha de goleador que andava um tanto ofuscada pela missão de ser mais assistente que finalizador.

Como na lógica dos boleiros tudo se resolve no campo, o plano pode funcionar e Neymar seguir na Catalunha.

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