andrejardine – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Neymar, Flamengo, Emerson, Brasil sub-23: as muitas boas notícias para Tite http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/23/neymar-flamengo-emerson-brasil-sub-23-as-muitas-boas-noticias-para-tite/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/23/neymar-flamengo-emerson-brasil-sub-23-as-muitas-boas-noticias-para-tite/#respond Thu, 23 Jan 2020 04:04:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7855

Apesar do título da Copa América em casa, a seleção brasileira terminou 2019 em baixa. Uma forte impressão de estagnação no trabalho de Tite, com viés de queda no final do ano. Em desempenho e resultados.

Não exatamente uma preocupação a curto prazo, já que o compromisso real é garantir a vaga para Catar-2022. E as últimas eliminatórias, além do torneio continental, sinalizam uma superioridade brasileira. Talvez ameaçada pela ascensão da Argentina, que venceu a equipe de Tite em novembro, gol de Messi.

Mas a apreensão é justamente porque o Brasil não consegue dar a liga que encontrou logo no início do trabalho do treinador em 2016. A mudança para um estilo de jogo mais posicional engessou o time em vários momentos. O revés para a Bélgica na Copa do Mundo na Rússia teve forte impacto na confiança. Tudo parecia meio turvo.

Agora o cenário começa a clarear, mesmo sem jogos da seleção. Porque Tite vem recebendo boas notícias nos últimos tempos.

A começar por Neymar, voltando a ter sequência de jogos e brilhar no Paris Saint-Germain. Ainda que como meia no clube e com Tite precise ser o atacante decisivo e goleador. A fome de gols, porém, segue a mesma. Já são 13, mais sete assistências em 16 partidas. Se não sofrer de novo com lesões pode voltar a ser o fator de desequilíbrio.

Os seis meses mágicos do Flamengo de Jorge Jesus também podem oferecer opções à seleção. Um futebol de alto nível, com grandes destaques e a possibilidade de evolução coletiva com a continuidade do trabalho, mais as contratações para encorpar o elenco. Rodrigo Caio, Gerson, Bruno Henrique, Gabriel Barbosa. Quem sabe Thiago Maia e Pedro? Ou até dar as últimas oportunidades a Rafinha e Filipe Luís…

Embora esteja surgindo uma solução para a lateral direita da seleção: Emerson, do Real Betis, emprestado pelo Barcelona. 21 anos, quatro gols e três assistências na liga espanhola. Com Daniel Alves mais próximo do fim da carreira e jogando no meio-campo e Danilo sem afirmação com a camisa verde e amarela, Emerson pode se tornar uma opção muito em breve. Poderia, inclusive, estar na seleção que disputa o Pré-Olímpico na Colômbia.

A seleção sub-23 comandada por André Jardine é a última boa notícia. Ou a primeira de 2020. Mesmo com alguns problemas coletivos, especialmente na transição defensiva, é muita qualidade reunida. Especialmente no meio-campo. A dupla Bruno Guimarães-Matheus Henrique é um luxo na construção para o quarteto ofensivo que conta com Pedrinho e Antony. Ainda Pepê, do Grêmio, e Reinier, joia criada no Flamengo e a caminho do Real Madrid.

Talento não falta espalhado pelo mundo. A missão é casar as características dentro de uma “espinha dorsal” que conta com Alisson, Marquinhos, Casemiro e Firmino. Todos brilhando na Europa. Ainda a afirmação de Renan Lodi na lateral esquerda. Uma equação para Tite começar a resolver a partir da estreia contra Bolívia e Peru em março.

 

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São Paulo pode repetir com Diniz o erro que cometeu com Jardine http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/27/sao-paulo-pode-repetir-com-diniz-o-erro-que-cometeu-com-jardine/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/27/sao-paulo-pode-repetir-com-diniz-o-erro-que-cometeu-com-jardine/#respond Fri, 27 Sep 2019 17:18:27 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7342

Cuca pediu demissão depois da derrota para o Goiás por 1 a o no Morumbi e o São Paulo não pensou muito: contratou Fernando Diniz. Traz o estilo personalíssimo, diametralmente diferente do antecessor, que precisa de paciência, mas pensando em resultados imediatos. E sem tempo para treinamentos.

Uma decisão um tanto insana, mas que pode dar certo. Porque futebol é um “click”, a história do esporte mostra as combinações perfeitas mais improváveis. Quem sabe não chegou a hora de ser competitivo de fato entre os grandes?

Há qualidade no elenco para fazer as ideias do novo treinador acontecerem. Saída com bola no chão, valorização da posse, pressão pós-perda, jogo entrelinhas…Vejamos como Daniel Alves será aproveitado, se no meio-campo ou na lateral.

O problema é o tempo, sempre ele. E o tricolor paulista pode repetir com Diniz o erro que cometeu com Andre Jardine. O jovem treinador foi efetivado para os cinco últimos jogos do Brasileiro no ano passado. Ganhou a oportunidade pelo conteúdo, mas sem chance de trabalhar os conceitos. Apenas uma semana “cheia” na reta final do campeonato.

Conseguiu colocar o time na pré-Libertadores, mas já com Florida Cup logo depois das férias e confrontos eliminatórios pelo torneio continental em seguida. Recebendo atletas e colocando para jogar. Não podia dar certo.

Cuca teve a pausa para a Copa América e mais duas semanas, por conta do adiamento do jogo contra o Athletico, que foi disputar torneio no Japão. Não aproveitou e o time estagnou. O período que Diniz precisava para trabalhar e não terá. Vai necessitar mesmo é contar com a felicidade que não teve até aqui na Série A do Brasileiro, com Athletico e Fluminense. A começar pela pedreira de encarar o líder Flamengo, amanhã no Maracanã.

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São Paulo precisa de um Cuca muito renovado. Quase do avesso http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/18/sao-paulo-precisa-de-um-cuca-muito-renovado-quase-do-avesso/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/18/sao-paulo-precisa-de-um-cuca-muito-renovado-quase-do-avesso/#respond Mon, 18 Feb 2019 19:13:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5957 Cuca se apresentou ao São Paulo como sucessor de André Jardine, mas ainda não pode assumir a equipe e ir para o campo. Até lá, Vagner Mancini, coordenador técnico, será o interino. Por maior que seja a amizade e a cumplicidade, não é uma relação fácil.

Na coletiva, o treinador lembrou da passagem pelo clube em 2004. Mas no ano seguinte, estava no Flamengo e, num sábado de Carnaval, logo depois de ser anunciado, invadiu o vestiário no intervalo com o time perdendo por 2 a 0, tomou o comando do interino Andrade e mexeu no time em um Fla-Flu que nada valia pela Taça Guanabara. É claro que o tempo e o status pela conquista de títulos importantes diminuem a ansiedade, a urgência. Mas o traço de personalidade centralizadora segue com ele.

Cuca já disse que pode começar o trabalho antes do previsto. Uma espécie de aviso, mesmo ressaltando a confiança em Raí e Mancini. Um pronunciamento que pode aumentar a pressão sobre o comando atual na sequência do Paulista.

Em qualquer cenário, a cobrança só tende a aumentar. E o respaldo questionável. Com torcida no CT, exigindo transformação no ânimo e, principalmente, nos resultados. Não é fácil, nem rápido. O São Paulo precisa de uma guinada, mas com calma. Gestão serena para arrumar o que parece caótico há tempos e recuperar a confiança dos profissionais.

Nunca foi o perfil de Cuca, que é sanguíneo, impaciente, desconfiado. Também costuma se abater e reclamar quando as coisas não vão bem. Tudo que Leco e Raí não precisam é de mais protestos. Muito menos internamente.

Cuca é um técnico vencedor e ex-boleiro. O perfil central parece o mais adequado para o time do Morumbi no momento. Mas algumas nuances transformam o novo comandante em outra incógnita.

Para conviver bem nessa fervura, o campeão brasileiro pelo Palmeiras e da Libertadores com o Atlético-MG vai precisar chegar muito renovado. Não só no coração que exigiu tratamento. Por dentro e por fora. Quase virado do avesso.

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Afinal, o que o São Paulo quer da vida? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/14/afinal-o-que-o-sao-paulo-quer-da-vida/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/14/afinal-o-que-o-sao-paulo-quer-da-vida/#respond Thu, 14 Feb 2019 08:58:32 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5926

Foto: Amanda Perobelli/Estadão

O São Paulo contratou Diego Aguirre, que fazia o time funcionar melhor nos momentos em que os jogos seguidos inviabilizam os treinamentos durante a semana. Quando teve tempo a equipe estagnou ou até regrediu no desempenho. O uruguaio precisava dos desafios seguidos para manter o grupo mobilizado e inflamado.

Depois efetivou André Jardine, jovem treinador que precisava de tempo para trabalhar, já que o que tinha para oferecer eram conceitos e ideias. Cinco jogos no Brasileiro (quatro em duas semanas), depois férias. Reapresentação, Flórida Cup, início do Paulista sem muita margem para experiências, primeira fase da Libertadores. Restava a gestão de grupo, o que significava na prática ser refém dos medalhões. Não podia mesmo dar certo.

O tricolor do Morumbi, gigante multicampeão, precisa decidir o que quer para a sua vida antes de qualquer passo depois da eliminação para o Talleres no maior fiasco continental do clube.

Vai na onda do torcedor histérico que quer um título para ontem depois de seis anos sem levantar taças e aposta em um treinador medalhão, boleiro e que simplifique processos para formar rapidamente um time competitivo e vencer o Paulista? Mesmo que signifique um trabalho capenga mais à frente no Brasileiro e nenhum legado para o sucessor?

Ou é melhor usar o ano com menos competições para enfim construir e depois afirmar uma maneira de jogar, como o Grêmio fez a partir de 2013, mesmo vivendo um incômodo jejum de conquistas? Como o próprio São Paulo esperou por Telê Santana na virada dos anos 1990. Ou ainda quando priorizou a conclusão das obras do Morumbi e ficou de 1957 a 1970 sem títulos oficiais. Vale a paciência para pavimentar um caminho seguro?

O que não pode é dar a impressão de seguir à deriva, ao sabor dos ventos. Ou do saudosismo, com a torcida clamando por Muricy Ramalho, depois de acreditar cegamente em Raí, Ricardo Rocha, Lugano…Sem renovação nos quadros políticos, acreditando em antigas fórmulas de sucesso. De quando Corinthians e Palmeiras enriqueciam os cofres são-paulinos alugando o estádio para grandes jogos. Passado, não volta mais. Como uma foto amarelada na parede, um armário cheirando a mofo.

É preciso escolher a direção e iniciar a viagem. Porque os rivais estão saindo do raio de visão. Ou é o São Paulo que fica cada vez menor no retrovisor?

Quem pode responder? Não é Jardine, isolado e emparedado pelos jornalistas em busca de explicações. Onde está o presidente Leco? A falta de comando é que torna o futuro tão duvidoso. Difícil achar a luz quando ninguém percebe a escuridão. Triste cenário de quem já foi modelo de gestão e hoje não sabe responder a pergunta mais básica: afinal, o que você quer da vida?

O São Paulo tem que se entender para começar a agir. Ou reagir. Porque já perdeu tempo demais.

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André Jardine é a nova “vítima” do ciclo vicioso dos jovens treinadores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/07/jardine-e-a-nova-vitima-do-ciclo-vicioso-dos-jovens-treinadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/07/jardine-e-a-nova-vitima-do-ciclo-vicioso-dos-jovens-treinadores/#respond Thu, 07 Feb 2019 10:56:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5867 Acontece com frequência: jovem treinador impressiona na base, como auxiliar ou vindo de um clube de menor expressão por seu conteúdo atual e capacidade de montar uma equipe dinâmica, móvel, ágil, normalmente dominante pela posse de bola. Conceitos modernos, ideias interessantes.

Mas chega ou é promovido no grande clube e se depara com a dura realidade do futebol brasileiro: necessidade de resultados imediatos, pouco tempo para treinar e aumento exponencial de visibilidade e cobranças. A solução? Contar com a cumplicidade dos atletas, especialmente os mais experientes. Trazer os “senadores” do vestiário para perto.

Só que para contar com essa união é preciso escalá-los. E no São Paulo reunir Nenê, Hernanes e Jucilei, além de Diego Souza que entra em quase todas as partidas, significa colocar em campo uma equipe lenta e sem profundidade. Ou seja, os conceitos que levaram André Jardine ao time profissional do tricolor do Morumbi e a valorização dos jovens formados no clube deixam de ser prioridade. A gestão de grupo passa a ser o mais importante.

Mas diferente do que se viu em outros casos, os veteranos – exceto Hernanes, que chegou agora – apenas eventualmente entregaram respostas no campo. Nem o começo empolgante aconteceu.

Em Córdoba, depois da chance desperdiçada no primeiro tempo com Bruno Alves e o chutaço de Hudson que o goleiro Ramírez salvou, o São Paulo afrouxou a marcação à frente da própria área e viu o Talleres abrir o placar com Juan Ramírez.

A insegurança e o peso das cobranças sobre um gigante sem conquistas desde 2012 foram desintegrando uma equipe frágil e sem intensidade. A expulsão de Hudson foi a pá de cal antes da tabela na frente da área que Jucilei não chegou e Pochettino fechou os 2 a 0.

Para a “remontada”, o São Paulo terá que subverter a trajetória recente. Com fibra, mas também estratégia. É final para clube e treinador. Difícil imaginar a permanência em  caso de eliminação precoce na Libertadores.

Só que parece tarde para colocar ideias em prática e a gestão de vestiário com solidariedade dos veteranos tem sido insuficiente. A missão no Morumbi é possível, mas bastante complexa.

Se falhar, André Jardine será mais uma “vítima” do ciclo vicioso que vem minando as forças dos jovens técnicos no futebol brasileiro. Um triste cenário que emperra a renovação e empurra a maioria dos grandes clubes para velhas soluções.

 

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São Paulo goleia com pragmatismo, depois beleza. Jardine vence 1ª “final” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/19/sao-paulo-goleia-com-pragmatismo-depois-beleza-jardine-vence-primeira-final/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/19/sao-paulo-goleia-com-pragmatismo-depois-beleza-jardine-vence-primeira-final/#respond Sat, 19 Jan 2019 23:23:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5791 André Jardine já entendeu que precisa de resultados para não ser fritado rapidamente no São Paulo em um clima hostil para um jovem treinador – torcida impaciente, parte da imprensa já “sugerindo” a troca por um nome mais experiente e necessidade de desempenho imediato pelos compromissos na primeira fase da Libertadores. Vai se manter jogo a jogo, vitória a vitória.

A solução, então, é trabalhar conceitos quando for possível treinar e ter cartas na manga para simplificar processos e usar “atalhos” para chegar ao gol. A solução encontrada na virada sobre o Mirassol por 4 a 1 no Pacaembu foi a jogada aérea com bola parada. Uma cabeçada letal em cada tempo.

Cobrança de escanteio pela esquerda de Nenê, gol de Anderson Martins para empatar depois do gol contra de Bruno Peres que parecia o prenúncio de uma tragédia já no primeiro ato. No mesmo lado, Reinaldo bateu falta e Pablo marcou em sua primeira partida oficial.

Com a equipe mais tranquila e confiante, o tricolor pôde trabalhar a bola, Hudson preencher o espaço que havia entre os volantes e Nenê na execução do 4-2-3-1 com a ausência de Hernanes por não estar inscrito no BID a tempo e o jogo, enfim, fluiu naturalmente. Cobrança de falta de Nenê no travessão. O próprio camisa dez conduziu até servir Reinaldo no terceiro.

O que parecia dramático ganhou um toque de espetáculo com belas jogadas e números de goleada no chutaço de Hudson no ângulo do jovem goleiro Matheus Aurélio. Um minuto antes do volante sair aplaudido para a entrada de Liziero. Outro clima no estádio e em campo.

Com um a mais depois da expulsão de Leandro Amaro foi possível “treinar”, já que a equipe praticamente não teve pré-temporada por conta da viagem para a Flórida. Um luxo para quem terá que ser competitivo já em fevereiro contra o Talleres.

É possível investir em mais infiltrações em diagonal dos ponteiros Helinho e Everton, alternando com os laterais Bruno Peres e Reinaldo nas investidas abertos ou atacando os espaços por dentro. Com os deslocamentos de Pablo, muitas vezes falta presença física na área adversária para receber os cruzamentos. O trabalho pelo centro também não precisa depender tanto de Nenê.

O meia veterano inclusive pode abrir o leque de opções para Jardine. Em partidas que seja preciso mais criatividade e passe qualificado, Nenê e Hernanes podem atuar no meio à frente de apenas um volante. O camisa dez é alternativa também como ponta articulador, saindo do flanco e circulando às costas do meio-campo adversário e se juntando ao “Profeta” para articular.

Questões para pensar e testar. Fundamental é seguir vencendo para ir a Argentina com confiança. No segundo mês de 2019 o São Paulo já tem decisão. Na prática, são várias finais para Jardine. A primeira foi vencida.

O cenário não dá brechas para oscilações. Uma insanidade em começo de temporada. Mas parece que o treinador já entendeu e acrescentou pragmatismo ao seu repertório. Faz bem.

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São Paulo de Jardine precisa de paciência e respaldo. Terá? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/11/sao-paulo-de-jardine-precisa-de-paciencia-e-respaldo-tera/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/11/sao-paulo-de-jardine-precisa-de-paciencia-e-respaldo-tera/#respond Fri, 11 Jan 2019 02:04:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5745 A Flórida Cup só vale pela rara oportunidade no calendário brasileiro de intercâmbio com equipes europeias, mesmo não sendo de primeiro nível como o Eintracht Frankfurt. Porque quebrar a pré-temporada que já é curta e entrar em campo com cinco dias de trabalho contra times em pleno ritmo de competição na nossa cultura resultadista cria riscos desnecessários.

Pior ainda para um São Paulo pressionado e cercado de desconfianças. Ver o rival Palmeiras ser campeão brasileiro com um estilo mais simples, jogo direto e comandado pelo veterano Felipão e investir no jovem treinador André Jardine que acredita em valorização da posse, saída sem rifar a bola e trabalha conceitos do jogo de posição com elenco menos qualificado deixa a impressão de que o clube vai na contramão. Mesmo agindo rápido no mercado para começar o ciclo com um elenco mais completo.

É questão de convicção para ser paciente e dar respaldo. Porque a falta de sintonia entre o novo goleiro Tiago Volpi e Bruno Peres na saída de bola, com erro que terminou no pênalti de Reinaldo sobre Willems convertido pelo croata Rebic é, em tese, mais que compreensível e até natural. Sem contar o mérito da equipe alemã, bem coordenada na execução de um 3-5-2 típico, na organização da pressão no campo adversário.

Mas o fato é que os titulares saíram derrotados em 45 minutos. No segundo tempo com reservas, arrancada de Liziero, passe para Diego Souza pela esquerda e assistência para Nenê empatar. Gol na transição ofensiva com velocidade. O camisa dez mais aberto à direita, uma opção para o início da temporada. Interessante, se o meia veterano colaborar sem a bola e se movimentar abrindo o corredor. Pode tornar o time menos engessado e previsível.

Em ritmo de treino, o Eintracht achou a vitória por 2 a 1 em uma saída rápida pela esquerda, mas que parecia não dar em nada. Terminou no gol contra de Igor Vinicius, outra novidade na lateral direita. Valeu pela movimentação de todos, incluindo Léo Pelé e Willian Farias, e a chance de observação, mesmo com todas as ressalvas de um cenário com atletas voltando de férias há pouquíssimo tempo.

No nosso imediatismo sem muitos parâmetros de análise além do placar final, se diante do Ajax ainda nos Estados Unidos o resultado também não vier muitos já ligarão o “sinal de alerta” pensando na estreia do Paulista e, principalmente, no confronto eliminatório com o Talleres pela Libertadores.

Não é simples reincorporar Hernanes no centro da articulação de um 4-2-3-1, muito menos adaptar o móvel Pablo no centro do ataque dentro de um modelo de jogo que pede infiltrações em diagonal dos ponteiros Helinho e Everton. Questão de treino, assimilação das ideias, repetição. Tudo que uma viagem para a América do Norte e amistosos precoces não oferecem. Típico caso em que o compromisso comercial pode ser bastante inconveniente.

O São Paulo paga para ver, não segue o senso comum de “fazer o simples”. Ao menos por enquanto. Jardine precisa de tempo e avaliação justa da margem de evolução. No nosso universo insano e paranoico parece um privilégio. Terá chance?

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Na aula ou na praia, técnicos precisam decidir o que fazer com nosso caos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/07/na-aula-ou-na-praia-tecnicos-precisam-decidir-o-que-fazer-com-nosso-caos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/07/na-aula-ou-na-praia-tecnicos-precisam-decidir-o-que-fazer-com-nosso-caos/#respond Fri, 07 Dec 2018 12:26:20 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5638 Mano Menezes, Dunga, Tite, André Jardine, Zé Ricardo, Emily Lima e outros estão na sala de aula da CBF no curso de Licença Pro. Renato Gaúcho alterna com a praia. Vanderlei Luxemburgo prefere o poker. Ou criar polêmica com jornalistas no seu canal no Youtube. Afinal, segundo ele, se tivesse que aparecer em qualquer curso sobre futebol seria para ensinar. Nada para aprender…

Independentemente do que cada um faz nas férias, forçadas ou não, os treinadores no Brasil precisam encontrar respostas para um grande problema brasileiro. Um dilema, talvez. O que fazer com o nosso caos de todo dia?

O primeiro cenário caótico é o do calendário. Não dá para só ficar reclamando do excesso de jogos e do tempo escasso para pré-temporada e treinamentos ao longo do ano e usar como muleta ou álibi quando as coisas não acontecem e os resultados não aparecem. Ou se unem, buscam adesão dos jogadores, os mais afetados pelo desgaste no campo, e tentam mudar com greves, protestos, o que for possível…ou procuram soluções para minimizar os danos.

Que coloquem como condição, de preferência em contrato, a utilização de um time “alternativo” na grande maioria dos jogos do estadual. Reservas e jovens fazendo transição para o profissional. Tanto para diminuir o total de jogos na temporada dos titulares quanto para entrosar uma equipe que será útil quando as partidas de Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil ficarem “encavaladas” no segundo semestre.

Aí entra outro caos: o amadorismo dos dirigentes. Os mesmos que contratam medalhões para funcionarem como escudos ou dão oportunidades aos mais jovens para mostrarem que o clube está antenado, passando uma aura de moderno. Para demitir na primeira sequência ruim de resultados. É preciso criar mecanismos de proteção no momento da contratação, quando está com mais moral e o diretor pressionado pela torcida atrás do “salvador”.

Outra saída é regulamentar um limite de troca de treinadores por temporada. Assim esse ciclo de tentativa e erro, o “vamos ver no que vai dar”, sem critério ou planejamento, por ouvir falar, será interrompido. Haveria uma melhor avaliação do perfil do profissional de acordo com a tradição do clube e as características dos jogadores. Para evitar discrepâncias como Roger Machado no Palmeiras que tende a jogar um futebol reativo ou Jair Ventura no Santos com DNA ofensivo.

Mas é dentro do campo que a questão do caos se torna mais complexa. Porque os técnicos trabalham para minimizar as aleatoriedades inerentes ao esporte e ter maior controle do jogo sem a bola, mas dependem deste mesmo caos para atacar.

Ou seja, no trabalho defensivo a missão é compactar setores, sem brechas. Concentração máxima para pressionar o adversário com a bola, fechar linhas de passe e cuidar das coberturas e dos movimentos coletivos para garantir superioridade numérica no setor em que está a bola e proteger o “funil”. Racionalidade absoluta para se organizar e evitar a “bagunça”.

Já com a bola é o inverso. Tudo fica entregue ao talento do jogador para passar, infiltrar, driblar e finalizar. Natural, é assim no mundo todo. Só que por aqui não há a preocupação de pensar na maneira de atacar para potencializar essa qualidade. Fazer com que o mais habilidoso tenha apenas um marcador pela frente.

Isso só acontece nos contragolpes. Quando o oponente cede o espaço depois que a bola sai da pressão logo após a perda e a defesa fica mais exposta. Um drible em velocidade e o caminho está aberto. Mas como, se o adversário está cada vez mais preocupado em não ceder esse campo?

Nossa tradição é de deixar as ações ofensivas para as iniciativas individuais. Muricy Ramalho até hoje, como comentarista, afirma que o treinador só deve intervir quando não há qualidade ou quando esta não está aparecendo. Seu Santos campeão da Libertadores vivia fundamentalmente dos lampejos de Neymar.

Não é só o Muricy. Nem vem de hoje essa mentalidade. O futebol brasileiro dos coletivos de onze contra onze e de jogadores que passavam uma carreira inteira no mesmo clube construía as jogadas combinadas pelo entrosamento natural de anos atuando juntos. Os próprios atletas tinham suas jogadas ensaiadas. O trabalho coletivo acontecia pela repetição, não por um estímulo.

Agora os elencos mudam o ano todo. Entradas e saídas, encontros e despedidas. Muitas contratações e vendas na janela europeia, justamente quando a temporada afunila e os jogos quarta e domingo obrigam o que acabou de chegar a se readaptar ao jogo daqui e se entender com os novos companheiros em jogos decisivos. Loucura.

Então um time deixa a posse de bola para o adversário, que não sabe o que fazer com ela além de acionar o melhor jogador da equipe. A única forma de diminuir o caos atacando é na bola parada. Cada um no seu lugar, movimentos ensaiados. Ainda assim, depende de onde a bola cai, como o oponente está posicionado, aonde vai cair o rebote, etc.

Não é apenas questão de dinheiro, da venda cada vez mais precoce de nossos talentos e da partida até dos mais velhos que se destacam, mesmo para centros periféricos como China, mundo árabe, etc. É também de falta de ideias. As semanas cheias quando só resta o Brasileiro, mesmo quando o elenco está menos sujeito a baixas, não costumam gerar avanços na execução do modelo de jogo.

O tempo faz os adversários estudarem melhor as ações de ataque mais efetivas, otimizarem o trabalho defensivo. É quando falta repertório para quem se propõe ou precisa atacar, seja pelo mando de campo, peso da camisa ou pressão da torcida. Não dá para viver de contra-ataque e bola parada.

Eis o desafio dos treinadores. Com ou sem licença ou diploma. Estudando ou no ócio criativo. É urgente que nosso jogo seja tão sentido quanto pensado. Não pode ser só raça, fechar a casinha, bola no craque do time e seja o que Deus quiser. O jogo evoluiu, com e sem a bola. Chegou a hora das soluções, porque as desculpas já conhecemos.

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São Paulo de Jardine sofre com dilema: como mudar de estilo sem treinar? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/23/sao-paulo-de-andre-jardine-sofre-com-dilema-como-mudar-de-estilo-sem-treinar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/23/sao-paulo-de-andre-jardine-sofre-com-dilema-como-mudar-de-estilo-sem-treinar/#respond Fri, 23 Nov 2018 10:40:07 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5561

Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

Em conversa informal recente com este blogueiro, Roger Machado ressaltou o maior dilema dos treinadores que tentam algo diferente no futebol brasileiro: mudar comportamentos sem tempo para treinar dentro do nosso calendário inchado. Mais complicado ainda quando esses automatismos do jogador vêm desde as divisões de base.

Roger citou o exemplo de um atleta sob seu comando que recebeu insistentemente orientações para guardar seu posicionamento na ponta às costas do lateral adversário. Se este descesse, a marcação estaria pronta para fechar os espaços, evitar a superioridade numérica e, ao recuperar a bola, acionar rapidamente o atacante com espaço para acelerar e só parar na área do oponente.

No campo, porém, o ponta voltava com o lateral e o time perdia a referência para os contragolpes. No intervalo, Roger foi conversar com o jogador e ele respondeu: “professor, eu sei o que você me pediu. Mas meu corpo corre instintivamente para colar no lateral porque eu faço isso desde garoto”.

Há décadas nosso jogo é baseado em confrontos individuais. Ponta contra lateral, volante contra meia, zagueiro contra centroavante. Indo e voltando, com perseguições mais ou menos longas. Marcação que prioriza o homem em detrimento do espaço.

Ainda que Zezé Moreira tenha sido um dos pioneiros da marcação por zona nos anos 1950 como discípulo do treinador húngaro Dori Kruschner. Só com a ascensão de Tite no Internacional e depois no Corinthians é que a velha lógica sem a bola foi resgatada e atualizada, mas à base de muito trabalho e convencimento dos comandados.

E assim chegamos ao São Paulo, que sai de Diego Aguirre para André Jardine. modelos de jogo diametralmente diferentes. Para piorar, o próprio clube hoje não tem uma identidade. As duas referências, Telê Santana e Muricy Ramalho, embora tenham trabalhado juntos no início e este trate aquele como grande referência, na prática são ideias opostas. Ofensiva e reativa. Este embate, ainda que inconsciente, existe até na direção do futebol, com Raí e Ricardo Rocha dos tempos de Telê e Diego Lugano, campeão com Muricy.

Jardine recebeu o time e tem cinco partidas para melhorar desempenho e alcançar resultados com o objetivo de se manter no projeto para 2019. Ainda com o compromisso de afirmar seu estilo, deixar uma “assinatura”.

Missão inglória, principalmente pela falta de tempo para treinar. Ou seja, é preciso mudar hábitos na conversa, com auxílio de vídeos e uma ou outra sessão de treinamentos. Sair de uma proposta reativa, baseada na velocidade pelos flancos e nas jogadas aéreas com bola parada ou rolando definindo rapidamente os ataques, para um trabalho com posse de bola, compactações defensiva e ofensiva, pressão depois da perda, paciência para movimentar e trocar passes até infiltrar e finalizar.

Mudar a lógica, ainda que tenham o espaço como referência e não o homem. É preciso trocar o sistema inteligente com o carro em movimento e precisando cumprir metas a curtíssimo prazo. A oscilação seria mais que natural e até esperada, mesmo com a motivação natural pela troca de comando.

Foi o que aconteceu em São Januário na derrota por 2 a 0 para o Vasco. Com 68% de posse de bola, 378 passes trocados e nove finalizações, a rigor teve duas grandes oportunidades: uma no belo chute do lateral Reinaldo que passou muito perto da trave esquerda de Fernando Miguel, que já estava sem reação no lance, e na defesa espetacular do goleiro cruzmaltino em cabeçada de Rodrigo Caio. Na bola parada, já dentro de um abafa final no desespero buscando o empate.

Poucas infiltrações em jogadas trabalhadas. Para piorar, Jucilei errou passe fácil com a equipe saindo do posicionamento defensivo para a transição ofensiva e Andrey aproveitou o desequilíbrio para bater forte e o goleiro Jean aceitar o chute de longe no primeiro gol. Com o time escancarado já nos acréscimos, o pivô de Maxi López encontrou Yago Pikachu livre para definir o jogo.

A reação ensaiada no empate contra o Grêmio e na vitória sobre o Cruzeiro, ambos no Morumbi, travou no Rio de Janeiro contra o Vasco. Faltam duas partidas: Sport no Morumbi e Chapecoense na Arena Condá. Confrontos com times desesperados na luta para se manter na Série A, que devem optar por um jogo mais físico e reativo. Atraindo para explorar espaços às costas da defesa tricolor.

Missão complicada para André Jardine e seus conceitos. Pelo menos entre os jogos haverá uma semana para treinamentos. Será suficiente para assimilar tantas ideias novas? Como diz Roger Machado, o relógio está sempre contra quem não opta pelo futebol mais simples. O São Paulo é só mais um clube que não entende e respeita processos e desafia o tempo. Quase sempre não funciona e seguimos insistindo.

(Estatísticas: Footstats)

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Diego Aguirre, Quique Setién e o parâmetro único do futebol brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/12/diego-aguirre-quique-setien-e-o-parametro-unico-do-futebol-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/11/12/diego-aguirre-quique-setien-e-o-parametro-unico-do-futebol-brasileiro/#respond Mon, 12 Nov 2018 08:57:59 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5499 Aconteceu de novo. Em seu terceiro trabalho no futebol brasileiro, Diego Aguirre sai sem completar uma temporada. No Internacional em 2015, título gaúcho e semifinal da Libertadores. No Atlético Mineiro, final mineira e eliminação nas quartas do torneio continental. Aproveitamento em torno de 60% nos dois clubes.

O mesmo agora no São Paulo. Quando assumiu sucedendo Dorival Júnior, a perspectiva de disputar no Brasileiro uma vaga direta na fase de grupos da principal competição sul-americana parecia distante, improvável.

Mas Aguirre virou refém do próprio sucesso momentâneo. Na volta da competição nacional depois da Copa do Mundo, o Tricolor do Morumbi assumiu a liderança e ficou no topo por oito rodadas. O suficiente para a meta subir demais: o título brasileiro que o clube não conquista desde 2008.

Só que o time vivia fundamentalmente da velocidade de Rojas e Everton pelos lados. Intensidade máxima na ida e volta para compensar o pouco dinamismo de Nenê e Diego Souza, os companheiros de quarteto ofensivo na execução do 4-2-3-1 no melhor momento da equipe no ano. Quando os pontas se lesionaram o time caiu.

Junte a isso toda a tensão pela expectativa criada com as semanas “cheias” para trabalhar, mas dentro de um ambiente de ansiedade total, e veio a queda. Em desempenho e resultados. A perspectiva anterior não servia mais e o diretor Raí agora demite o uruguaio.

Quem lê este blog sabe que não há defesa incondicional de treinadores nem obsessão por manutenção sem avaliar rendimento. É fato que o trabalho não teve a evolução esperada. Mas demitir em novembro? Buscando em André Jardine um “fato novo” para o time buscar vaga no G-4 em cinco jogos? Difícil entender.

Assim como o mundo foi surpreendido com a vitória do Real Betis no Camp Nou sobre o Barcelona, com Messi de volta, por 4 a 3. Com os visitantes disputando a posse de bola com o time catalão e chegando sempre na área adversária com no mínimo três jogadores.

A proposta ultraofensiva, de jogo de posição dentro ou fora de casa, é de Quique Setién. Treinador de 60 anos que veio do Las Palmas na temporada passada e acredita na execução de um modelo de jogo baseado no trabalho coletivo com a bola, pressão logo após a perda e aceleração e infiltração quando se aproxima da área do oponente. Coragem mesmo sem orçamento gigantesco que permita a contratação de grandes estrelas.

Aguirre é pragmático. Ainda que para a cultura brasileira de “em time que está ganhando não se mexe” o hábito de mudar formações e sistemas táticos incomode, ele está mais alinhado ao jogo praticado por aqui: muitos cuidados defensivos e no ataque jogar com espaços ou apostando nos cruzamentos, com bola parada ou rolando.

Já Setién é idealista. Não se importa com placar “roleta russa” e prefere arriscar. Seu time está em 12º lugar em doze rodadas. Quatro vitórias, quatro empates, quatro derrotas. 12 gols a favor, 15 contra. Saldo negativo de três. Só que na Espanha há um conceito mais definido de times grandes, médios e pequenos. Todos sabem seus lugares e perspectivas. Em 2017/18, o Betis terminou na mesma colocação e Setién seguiu no clube. Tem contrato até 2020.

No Brasil, se assumisse um clube grande por sua tradição, mas médio pelo contexto, seria pressionado a montar um time engessado, contrariar seus princípios inegociáveis. Décimo segundo colocado? “Professor Pardal”, “muito conceitinho”, “não conhece a realidade daqui”, etc.

Aguirre nada tem de revolucionário e deixa o Brasil pela terceira vez. No San Lorenzo, ficou de junho de 2016 a setembro do ano seguinte, entregando o cargo após eliminação para o Lanús nas quartas de final da Libertadores. Lá, em geral, há mais paciência.

Aqui só há um parâmetro: o resultado. Puro e simples. Sem análise, contexto…Placar e colocação na tabela. Está na liderança? Tudo perfeito, sem ressalvas ou críticas. “Ótima fase” e vamos atrás dos “segredos” do time e do treinador. O segundo colocado é o primeiro dos últimos e só há alguma valorização se acontece uma campanha de recuperação ou algo parecido. Uma trajetória “de campeão” pelas circunstâncias.

Todos são grandes, ambiciosos, têm que usar o discurso hipócrita de que a meta é a taça para agradar torcedores mimados e insanos. Se conseguir, mesmo com um futebol indigente, é maravilhoso. Se fracassa a porta da rua é o destino inexorável.

Por isso Aguirre parte para provavelmente não voltar tão cedo. Já Setién…bem, se o espanhol conhece a realidade do nosso futebol só deve vir mesmo a passeio. Pior para nós.

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