casemiro – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Casemiro e Vinícius Júnior são as boas notícias do dérbi de Madri http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/01/casemiro-e-vinicius-junior-sao-as-boas-noticias-do-derbi-de-madri/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/01/casemiro-e-vinicius-junior-sao-as-boas-noticias-do-derbi-de-madri/#respond Sat, 01 Feb 2020 17:31:46 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7891 O craque do jogo para La Liga foi Federico Valverde. Justo, por mais uma grande atuação do meio-campista uruguaio. Incansável pela direita, de área a área.

Mas há mais boas noticias na vitória do Real sobre o Atlético no dérbi de Madri. Além do fim de um jejum de seis anos sem triunfos sobre o rival no Santiago Bernabeu, da ampliação da invencibilidade na temporada para 21 jogos e da liderança na liga.

Boa nova especialmente para quem admira o futebol brasileiro. Pela evolução de dois jogadores: um jovem, outro mais experiente.

Vinicius Júnior entrou na volta do intervalo, junto com Lucas Vazquez, mas vagas de Toni Kroos e Isco. Trocando um 4-2-3-1 com meio congestionado por um 4-3-3 mais agressivo e dando amplitude e profundidade aos ataques do time da casa.

A participação do jovem atacante pela esquerda foi mais efetiva. Com a “ambição” pedida por Zinedine Zidane. O grande momento, porém, foi na participação consciente no trabalho coletivo.

Passe decisivo para o lateral Mendy ultrapassar e servir Benzema, o artilheiro do Real na liga com 13 gols. Visão de jogo, tomada de decisão correta e precisão no gesto técnico. Justamente o que vem faltando para Vinicius se firmar na Europa.

Problema que Casemiro não tem. Multicampeão pelo Real Madrid, já é ídolo da torcida. Considerado o jogador que mudou a equipe de Zidane para buscar o tricampeonato europeu.

Mas que precisava evoluir, especialmente na saida de bola. Antes participava pouco, sofria quando pressionado e sobrecarregava  Modric e Kroos, obrigados a recuar para auxiliar Varane e Sergio Ramos.

Agora recua como um volante moderno, acerta passes e decisões. Com liderança e confiança reduziu bastante a margem de erro e ajuda na construção. Ainda aparece na frente para finalizar.

O Atletico de Diego Simeone foi competitivo novamente ao compactar duas linhas de quatro e usar as transições ofensivas com velocidade acionando Correa, Vitolo e Morata.

Mas o que parecia promissor com Renan Lodi e João Félix ganhou ares de estagnação e desgaste por Simeone não conseguir tornar o time mais versátil, sabendo jogar também com posse de bola e criando espaços. Por isso vai despencando na tabela.

Perdeu no detalhe, mas não pode dizer que foi injusto. Porque o Real novamente se impôs. Com Valverde individualmente acima de todos, mas Casemiro e Vinícius Junior como protagonistas.

Bom para Zidane. E também para Tite.

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Neymar continua sendo problema e solução na seleção http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/06/neymar-continua-sendo-problema-e-solucao-na-selecao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/06/neymar-continua-sendo-problema-e-solucao-na-selecao/#respond Sat, 07 Sep 2019 02:36:15 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7199 Uma assistência em cobrança de escanteio na cabeça de Casemiro e um gol completando passe de Daniel Alves. Mais um pênalti sofrido no empurrão de Davinson Sánchez que a arbitragem preferiu ignorar. Mesmo sem jogar há três meses, Neymar foi o personagem do empate em 2 a 2 com a Colômbia em Miami, o primeiro depois do título da Copa América.

Marcado justamente pelo retorno do camisa dez e estrela maior à seleção de Tite. Ponto de referência pela esquerda, atraindo a maioria das bolas. Ponto de desequilíbrio na técnica e na habilidade. Batida perfeita na bola no primeiro e presença de área no segundo. Mas também tirando um pouco de espaço de Philippe Coutinho, de novo meia no 4-1-4-1 brasileiro, e sobrecarregando Alex Sandro no trabalho defensivo.

Exposto, o lateral foi o pior em campo no primeiro tempo com erros individuais, de posicionamento e a bizarrice do pênalti sobre Muriel, que converteu no primeiro gol e depois aproveitou o atraso do lateral esquerdo brasileiro na cobertura para marcar o da virada da seleção que vem demonstrando evolução coletiva com Carlos Queiroz.

Profundidade apenas pela direita. Com Richarlison que perdeu chance clara no primeiro tempo e de Daniel Alves, que recebeu passe longo espetacular de Coutinho e serviu Neymar. Do lado oposto só condução e drible. Sempre interessante, mas considerando que Roberto Firmino se movimenta como “falso nove”, a seleção fica previsível.

Neymar ainda se meteu em confusão no final com Barrios. Em jogo oficial poderia ter resultado em cartão vermelho para os dois. Desnecessário, mas não surpreende. Nem o fato do camisa dez voltar à seleção como saiu: sendo problema e solução.

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Goleada fica maior que atuação brasileira. Tite ainda não tem uma equipe http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/22/goleada-fica-maior-que-atuacao-brasileira-tite-ainda-nao-tem-uma-equipe/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/22/goleada-fica-maior-que-atuacao-brasileira-tite-ainda-nao-tem-uma-equipe/#respond Sat, 22 Jun 2019 20:54:25 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6735 Os primeiros 20 minutos da seleção brasileira nos 5 a 0 sobre o Peru em Itaquera não foram tão bons coletivamente em relação ao empate sem gols contra a Venezuela. Mas a bola entrou. Primeiro com Casemiro em lance confuso completando jogada ensaiada em escanteio da esquerda cobrado por Philippe Coutinho. Depois o bom goleiro Gallese, de ótima atuação no jogo da eliminação do Brasil de Dunga em 2016 no mesmo torneio, entregou o gol a Roberto Firmino em falha bizarra.

Feito. Com os dois gols veio a confiança, a torcida que já estava apoiando no estádio bem mais cheio para o padrão desta Copa América aqueceu de vez e o resto foi festa. O gol de Everton na jogada característica cortando da esquerda para dentro fechou o primeiro tempo em 3 a 0 com o goleiro peruano aceitando de novo em chute não tão forte.

O segundo tempo virou treino, também pelo desânimo peruano. Mas com o mérito da seriedade até o final, depois de Daniel Alves ir às redes concluindo assistência de Firmino. No final, o golaço de Willian, que entrou na vaga de Coutinho, cortando da esquerda para dentro e mandando no ângulo. Ainda o pênalti sofrido e desperdiçado por Gabriel Jesus – enfim uma boa intervenção de Gallese.

É óbvio que o resultado elástico pautará a análise geral da atuação da equipe de Tite. Desaparecem as críticas vazias de “time sem identificação”, “falta ginga”, “ninguém dribla, é só tática” e, no outro extremo, as entradas de Gabriel Jesus e Everton passam a ser tratadas como a fórmula da transformação. Mas a impressão ainda é de que a goleada ficou maior que o desempenho.

Evidente que a confiança com a classificação e o placar elástico pode contribuir para a evolução na reta final. Mas no início da disputa em São Paulo, com o oponente mais posicionado e atento, a circulação de bola desde a defesa seguiu com problemas. Havia espaços entre Casemiro e Arthur, mais recuados, e Coutinho e Firmino por dentro. A tensão também provocou muitas faltas cometidas, inclusive a que gerou o segundo amarelo que suspende Casemiro para as quartas de final.

Como no Mundial do ano passado contra a Bélgica, Fernandinho pode entrar. Mas se o volante não se recuperar de lesão é a chance de Tite unir desde o início Arthur e Allan, formando dupla mais dinâmica de meio-campistas. Também mais baixa, o que pode ser problemático nas jogadas aéreas. De qualquer forma a tentativa é válida. Problema é experimentar em jogo eliminatório.

Em Porto Alegre o adversário pode ser até a Argentina de Messi. Independentemente do rival, o Brasil precisa de ajustes. Apesar dos 67% de posse e 18 finalizações, onze no alvo. No país do resultadismo, a goleada impiedosa certamente significará para muita gente que a seleção está pronta para buscar o título. Não está, mas pode ficar.

(Estatísticas: Footstats)

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Barcelona cirúrgico elimina Real “arame liso”, com Vinícius Jr. na gangorra http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/27/barcelona-cirurgico-elimina-real-arame-liso-com-vinicius-jr-na-gangorra/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/27/barcelona-cirurgico-elimina-real-arame-liso-com-vinicius-jr-na-gangorra/#respond Wed, 27 Feb 2019 21:55:32 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6036 O Real Madrid tinha um plano muito claro para o clássico no Santiago Bernabéu: aproveitar a “vantagem” do zero a zero, negar espaços a Messi e acelerar pelos flancos, com Lucas Vázquez pela direita e Vinícius Júnior com o suporte de Reguilón do lado oposto.

Executado quase à perfeição no primeiro tempo. Facilitado pelo Barcelona que tinha Sergi Roberto e Dembelé abertos, Suárez enfiado, Busquets e Rakitic muito presos e Messi sobrecarregado, com um espaço enorme entre as intermediárias para conduzir e sem apoio para buscar os espaços às costas de Casemiro.

Bola roubada, velocidade e chances seguidas desperdiçadas pelo time da casa. A mais clara com Benzema livre, à frente de Ter Stegen que salvou com grande intervenção. Mas Vinícius Júnior voltou a cometer erros técnicos básicos no acabamento das jogadas. Mesmo sendo um dos destaques da partida mostrando a habitual personalidade para criar jogadas em sequência pela ponta.

Uma gangorra ao longo do jogo. Tudo certo na construção, afobação na hora de definir em quatro chances. Na melhor oportunidade, não ajeitou o corpo para concluir. Algo para evoluir. Na segunda etapa, mesmas virtudes e erros. Um cruzamento na cabeça de Reguilón para outra grande defesa de Ter Stegen e uma linda jogada individual que Semedo desviou para salvar.

Saiu de campo com 3 a 0 contra. Como? Nas transições ofensivas demolidoras do Barça na segunda etapa. Mesmo sem grande evolução coletiva, mas com espaços de sobra para correr. De Alba para Dembele na esquerda e o passe para trás procurando Suárez. Depois Dembelé disparou pela direita e rolou para o gol contra de Varane evitando outro gol do atacante uruguaio. Com o rival tonto, o pênalti de Casemiro sofrido e convertido por Suárez, com direito a cavadinha. Decisivo, letal.

Mais impressionante pela atuação apenas discreta de Messi, sacrificado pelo jogo associativo insuficiente da equipe. Segue sem marcar gols no Real pela Copa do Rei. Compensado pelo ataque cirúrgico e a incrível cultura de vitória do time catalão dentro da Espanha. Está na sexta final consecutiva do torneio, contra Valencia ou Real Betis, buscando o pentacampeonato consecutivo. Oitava decisão nas últimas dez edições.

Desta vez na conta da própria eficiência, mas também do “arame liso” merengue. Imperdoável em disputa eliminatória de tão alto nível. Apenas o maior clássico do mundo. Fica a lição, para Vinícius e sua equipe.

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Marcelo: rei do “freestyle”, mas ponto fraco da defesa do Real e da seleção http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/28/marcelo-rei-do-freestyle-mas-ponto-fraco-da-defesa-do-real-e-da-selecao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/28/marcelo-rei-do-freestyle-mas-ponto-fraco-da-defesa-do-real-e-da-selecao/#respond Fri, 28 Sep 2018 12:12:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5277

Foto: Getty Images

Marcelo é um dos maiores e melhores laterais da história do futebol mundial. Não, isto não é um elogio introdutório para depois descarregar nas críticas sugeridas no título deste post. Apenas um reconhecimento até óbvio.

Quatro títulos de Liga dos Campeões entre outras muitas conquistas pelo Real Madrid e várias premiações individuais. Jogador que costuma crescer em partidas decisivas, forte personalidade. Figura marcante que ajuda a intimidar os rivais.

Acima de tudo, técnica e habilidade impressionantes. Controle de bola absurdo. Faz o que quer. Imagens de treinos da seleção e do clube rodam o mundo com seus domínios geniais. O mais incrível quando “esconde” a bola embaixo do pé seja lá de que forma a bola seja lançada. Impressionante!

Sem dúvida, o rei do “freestyle” no futebol profissional de mais alto nível. Talvez superior até a Messi, outro fenômeno que faz o que quer com a pelota.

Mas aos 30 anos o tempo começa a pesar, assim como alguns problemas na formação do jogador. Não do Fluminense, nem de Marcelo, mas do futebol brasileiro no período em que ele passou pelas divisões de base, no início dos anos 2000. Lateral aprendia a ser ala. Se fosse técnico, habilidoso e rápido ficava aberto e só se preocupava em atacar. Um volante ou terceiro zagueiro que se virasse para cobrir.

Marcelo evoluiu defensivamente nesses quase 12 anos na Europa, mas a formação capenga neste aspecto e mais uma certa autossuficiência pela carreira que construiu e moral que tem diante de companheiros e adversários, além da nítida e natural queda de desempenho, justamente no momento em que o jogo exige vigor para atuar em intensidade máxima, estão cobrando um preço bem alto.

Ainda mais numa temporada com  “ressacas” importantes: a partida do grande amigo Cristiano Ronaldo para a Juventus, além da saída de Zidane; o tricampeonato da Champions, quatro em cinco temporadas, que transfere aquela impressão de que o auge passou, a história já foi escrita…e agora? Falta a Copa do Mundo pela seleção brasileira, mas perdeu a chance na Rússia e o Mundial do Qatar é uma grande incógnita. Será que consegue chegar lá ainda capaz de ser competitivo?

A julgar pela atuação catastrófica na derrota do time merengue fora de casa por 3 a 0 para o Sevilla na quarta feira será bem complicado. Marcelo foi o ponto fraco da defesa com falhas seguidas de posicionamento, confronto direto, cobertura. O “mapa da mina” bem explorado pelo adversário, com Jesus Navas e quem mais apareceu pelo setor.

Méritos do time da Andaluzia, que soube aproveitar com intensidade e velocidade os muitos espaços cedidos pelo lateral e até seus raros erros técnicos, como o passe que tentou para Casemiro em uma zona pressionada e a bola roubada terminou num contragolpe de manual completado por André Silva. No segundo do atacante português foi constrangedor vê-lo tentando acompanhar a velocidade do adversário, desistir e permitir a conclusão no rebote. Ainda assistiu a Ben Yedder infiltrasse às suas costas para marcar o terceiro. Correu tanto querendo compensar as falhas que acabou lesionando a panturrilha na segunda etapa.

Sim, foi apenas a primeira derrota do Real Madrid no Espanhol. A preparação para o jogo também ficou comprometida pela cerimônia do Prêmio “The Best” da FIFA dois dias antes com a presença de vários madridistas. Mas um forte sinal de alerta. Porque Julen Lopetegui é da típica escola espanhola, mais ligada ao Barcelona. Gosta de linhas adiantadas, posse de bola, jogo de posição. O antecessor, Zinedine Zidane, combinava o estilo francês com o italiano, já que foi auxiliar e é discípulo confesso de Carlo Ancelotti.

Por isso a primeira providência ao suceder Rafa Benítez foi promover Casemiro a titular absoluto. A dinâmica pela esquerda era Marcelo com liberdade, Sergio Ramos fazendo a cobertura e o volante brasileiro fechando o centro da área. Agora o time fica mais adiantado e essa recomposição está mais lenta, até porque Sergio Ramos, aos 32 anos, também sente o impacto da passagem do tempo. É muito campo para cobrir!

Na seleção de Tite, os cuidados defensivos também protegem o setor esquerdo, praticamente com o mesmo trabalho. O zagueiro pela esquerda faz a cobertura e o mesmo Casemiro repete o posicionamento do clube. Mas quando faltou o volante titular nas quartas de final da Copa contra a Bélgica e o substituto, Fernandinho, entrou em pane mental depois do gol contra que abriu o placar, o lado esquerdo virou “atalho”. Contragolpe, passe de Lukaku para De Bruyne pela direita com Marcelo mal posicionado na transição defensiva e o chute forte que Alisson não segurou.

É óbvio que o desastre no Ramón Sánchez Pizjuán pode ser um ponto fora da curva e o Real se recuperar na temporada. Com novas compensações para proteger o setor esquerdo. Questão de ajuste. O principal segue lá: talento e experiência. Mas o futebol em rotação cada vez mais alta será um complicador.

Talvez fosse o caso de pensar numa mudança natural para o meio-campo, ainda que a concorrência com Modric e Kroos seja cruel. Repetir os passos de Júnior, craque do Flamengo e da seleção nos anos 1980 que saiu da lateral para se transformar no “Maestro” que conduziu Torino e Pescara na Itália para voltar ao rubro-negro em 1989 e comandar a equipe em outras grandes conquistas. Semelhanças na qualidade absurda com a bola, mas também nos problemas sem a bola.

Crítica que não é novidade, nem invenção deste blogueiro. Marcelo “El Loco” Bielsa, quando participou de um evento na CBF com Tite e Fabio Capello no ano passado, afirmou na presença do treinador da seleção brasileira: “Filipe Luis defende três vezes mais que Marcelo, muito mais. E você escala o Marcelo…” A Copa mostrou que ele não estava errado.

Marcelo merece todo respeito e este texto não tem viés pejorativo, nem oportunista. A ideia não é sugerir que ele nunca foi tudo isso, muito menos usar uma atuação ruim para afirmar que ele está acabado. Apenas um contraponto aos muitos elogios que recebe pela habilidade e técnica raríssimas. Só que no futebol atual não são o suficiente para um defensor de uma equipe de ponta. Muito menos jogando numa retaguarda tão adiantada.

O Sevilla soube explorar e saiu com uma vitória inquestionável, construída ainda no primeiro tempo. Fica a lição.

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Casemiro, o insubstituível. No Real Madrid e na seleção brasileira http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/16/casemiro-o-insubstituivel-no-real-madrid-e-na-selecao-brasileira/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/16/casemiro-o-insubstituivel-no-real-madrid-e-na-selecao-brasileira/#respond Thu, 16 Aug 2018 15:38:27 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5077

31 minutos do segundo tempo da decisão em jogo único da Supercopa da Europa em Tallinn, Estônia. Mais um clássico de Madri valendo taça. O placar aponta 2 a 1 para o Real Madrid, com atuação relativamente segura do tricampeão da Liga dos Campeões. Até que a placa de substituição sinaliza que Casemiro, exausto e sentindo problemas musculares pelo esforço depois de um curto período de treinos na volta das férias, deixará o campo para a entrada de Daniel Ceballos.

Dois minutos depois, Marcelo tenta um lençol para trás na linha lateral (!), o Atlético recupera a bola, Sergio Ramos tenta cobrir o setor, mas sai a jogada que termina no empate com Diego Costa. Para em seguida o time de Diego Simeone, comandado pelo auxiliar Germán Burgos à beira do campo, tomar conta do clássico e voar na prorrogação para  fazer 4 a 2 e garantir o título. Com muito volume no meio-campo e gols de Koke e Saúl Níguez.

O primeiro triunfo dos colchoneros na “Era Simeone” sobre o time meregue numa decisão ou confronto de mata-mata continental gerou repercussão imediata. Primeiro exaltando a capacidade de competir do Atlético, com trabalho mais que consolidado e agora um elenco equilibrado e homogêneo para brigar em todas as frentes.

Mas principalmente sugerindo que o revés seria o primeiro símbolo do declínio depois das saídas de Zinedine Zidane do comando técnico, substituído por Julien Lopetegui, e de Cristiano Ronaldo. O treinador mais vencedor, na média de taças e anos no comando, e o maior artilheiro da história do clube mais vencedor do planeta.

Óbvio que é um baque para qualquer equipe e fica difícil vislumbrar o que será do Real nesta temporada. Mas ao menos a história do primeiro jogo oficia poderia ter sido bem diferente se Casemiro tivesse condições para seguir em campo.

Porque o volante brasileiro é o grande pilar de sustentação do trabalho defensivo. Principalmente para fazer o balanço, se defendendo dos contragolpes. Pela esquerda, Marcelo desce com tranquilidade porque sabe que Sergio Ramos sairá na cobertura e Casemiro vai recuar e fechar a zona de conclusão do adversário na própria área.

Eis a maior virtude de Casemiro: o senso de colocação e a imposição física para estar sempre no lugar certo e bloquear a finalização ou o passe decisivo do oponente. Simplesmente estar com seu corpo no espaço exato para impedir ou inibir a ação mais contundente.

Não é por acaso que a mudança de Zidane ao efetivar Casemiro à frente da defesa adiantando Luka Modric e Toni Kroos tenha dado tão certo e se mantido ao longo de toda a trajetória vencedora. Carlo Ancelotti e Rafa Benítez tentaram firmar a dupla Kroos-Modric à frente da defesa para ter controle de jogo através da posse de bola. Mas a retaguarda sofria demais.

A troca equilibrou o time. Ainda que seja preciso haver compensações, principalmente na saida de bola. Um dos meias recua para qualificar o passe e Casemiro se adianta. Na prática, muito mais para não atrapalhar do que para contribuir. Não que seja fraco no fundamento mais importante para um meio-campista. Mas como é mais alto e forte não tem a mesma agilidade e precisão de seus companheiros de setor para sair da pressão. E também pode contribuir mais à frente, se juntando ao quarteto ofensivo e até aparecendo na zona de conclusão.

Com a saída de Mateo Kovacic para o Chelsea, o Real Madrid ficou sem um substituto com características ao menos parecidas. Na derrota para o Atlético, mesmo com Modric entrando apenas na segunda etapa, o meio-campo fez água sem a bola e deu espaços demais ao rival. É mais um problema para a temporada. E dos grandes. Casemiro é simplesmente insubstituível.

No clube e também na seleção brasileira. Na Copa do Mundo, o volante foi fundamental para cobrir os espaços deixados por Paulinho e Phillipe Coutinho no meio-campo. Também fechava o meio da área quando Miranda saía na cobertura de Marcelo. Suspenso contra a Bélgica, viu Fernandinho entrar e cumprir uma atuação desastrosa depois do gol contra que marcou. Impossível não imaginar como teria sido o duelo pelas quartas-de-final com o camisa cinco em campo.

O novo ciclo de Tite deve partir da presença de Casemiro entre os convocados. Ainda que a renovação no setor seja inevitável, com Arthur, Paquetá, Fred e outros nomes que possam surgir. É dever também estudar uma reposição que não prejudique tanto o desempenho coletivo.

Porque Casemiro é único. Pode não ser o melhor volante do mundo, mas suas características atendem precisamente as necessidades de Real Madrid e seleção brasileira na função que executa. Outros podem ser as estrelas e chamar para si todas as atenções. Mas quando sua presença discreta se transforma em ausência tudo parece ruir.  Aconteceu de novo na Estônia. Melhor para o Atlético.

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Gol contra e “pane” de Fernandinho pesaram mais que a mudança de Martínez http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/08/gol-contra-e-pane-de-fernandinho-pesaram-mais-que-a-mudanca-de-martinez/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/08/gol-contra-e-pane-de-fernandinho-pesaram-mais-que-a-mudanca-de-martinez/#respond Sun, 08 Jul 2018 05:00:56 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4869 Tostão costuma dizer em suas colunas que o futebol muitas vezes é mais simples e tem seus desdobramentos movidos muito mais por aleatoriedades e acasos do que propriamente por algo planejado ou pela estratégia dos treinadores.

Este blogueiro já desconfiou mais desta tese, mas quanto mais vê o jogo acontecer mais passa a crer nesta visão de quem esteve lá dentro e tem inteligência e sensibilidade para perceber os detalhes que muitas vezes escapam aos nossos olhos.

Em todo mundo pululam análises da vitória da Bélgica sobre o Brasil que carregam como elemento central o fator surpresa da formação de Roberto Martínez num 4-3-3 com Lukaku pela direita, De Bruyne como “falso nove” e Hazard à esquerda. Um tridente ofensivo que não voltava na recomposição e ficava pronto para as saídas em velocidade. Sem dúvida algo incômodo e inesperado para Tite e seus comandados. Mas será que foi tão decisivo assim?

A dúvida ao rever a partida com mais serenidade e distanciamento nasce pelo fato de que até os 13 minutos de jogo em Kazan o que se via eram duas equipes tensas e ainda se adequando ao novo cenário. O Brasil saía do plano inicial, mas a Bélgica também tinha adaptações a fazer, como voltar a se defender com quatro homens atrás depois de vários jogos com linha de cinco. Mas principalmente se fechar apenas com sete jogadores e tendo Fellaini e Chadli como elementos novos e com funções diferentes das executadas na virada sobre o Japão.

O problema era o lado direito, com Meunier contando com o apoio de Fellaini e a cobertura de Alderweireld contra Marcelo, Philippe Coutinho e Neymar. Pouco. Por ali a seleção brasileira criou espaços e conseguiu o escanteio cobrado por Neymar aos oito minutos. Desvio de Miranda e Thiago Silva, meio no susto, acertando a trave direita de Courtois.

Até os 13, a Bélgica encontrou, sim, espaços às costas do meio-campo brasileiro que também tentava se ajeitar com a entrada de Fernandinho na vaga de Casemiro. Plantado à frente da defesa no 4-1-4-1 habitual de Tite. Desta maneira que saiu o escanteio. Passe do De Bruyne, chute de Fellaini.

Assim como ficou claro em outros momentos do jogo, Martínez trabalhou a cobrança na primeira trave. Sabia das fragilidades da retaguarda adversária na bola aérea. Mas Kompany não conseguiu desviar o centro de Chadli. O gol contra foi de Fernandinho.

Logo ele. Personagem central da sequência de gols alemães no 7 a 1 do Mineirão. Foi nítido o efeito devastador na força mental do volante. A concentração tão exigida por Tite havia caído por terra. Não só do jogador do Manchester City, mas da defesa que ficou desguarnecida. Que já tinha um ponto sensível com Fagner no mano a mano com Hazard. Neste cenário, a ausência de Casemiro se fez mais impactante. E a presença de Marcelo, retornando depois de duas partidas com Filipe Luís como titular, mais desnecessária pelos espaços que deixava às suas costas. O sistema de cobertura com Miranda saindo e o volante fechando a área se perdeu.

Abalado também por ficar em desvantagem pela primeira vez no torneio, o time verde e amarelo sofreu contragolpes seguidos, mas o do segundo gol, curiosamente, não teve Lukaku à direita e De Bruyne centralizado. O centroavante buscou a bola no centro e arrancou deixando Paulinho para trás. Sem confiança e força física para a disputa, Fernandinho ficou pelo caminho. Marcelo optou por fechar o “funil” e deixou todo o lado direito para Meunier e De Bruyne, que acertou um petardo na bochecha da rede.

O resto é história, inclusive a pressão brasileira que poderia ter resultado no empate ou até na virada. Com a Bélgica mantendo a estratégia e sofrendo demais para sustentar a vantagem. A equipe de Tite corrigiu o setor defensivo, Miranda ganhou todas de Lukaku e ofensivamente teve volume e espaços para criar e finalizar. Os europeus se reduziram à luta e às defesas de Courtois. A mais espetacular em chute com efeito de Neymar. Renato Augusto e Coutinho perderam chances com liberdade e de frente para o gol. Acabou sendo a diferença no placar das quartas de final.

Nada que tire os méritos da Bélgica semifinalista. Aproveitar as instabilidades do oponente também é virtude e decide jogos. Ainda mais os eliminatórios, tantas vezes definidos pelas individualidades e pelo componente emocional.

Por isso a dúvida que ficará para sempre. O que matou o Brasil: o gol contra de Fernandinho que tirou confiança do volante e escancarou a defesa ou a surpreendente mudança de Martínez? Pelo visto, a história das Copas do Mundo já escolheu a versão mais sedutora: o inesperado. Ou o “nó tático”.

Este que escreve, mesmo valorizando a tática e a estratégia, tende a seguir a lógica de Tostão desta vez, ainda que o campeão mundial em 1970 tenha colocado os dois fatores na balança em sua análise e dado ênfase à ausência de um talento como De Bruyne no meio-campo brasileiro, o que também é uma visão mais que respeitável.

É díficil, porém, não colocar a bola que bateu em Thiago Silva e não entrou e a que Fernandinho jogou contra a meta do companheiro Alisson como os verdadeiros momentos chaves de mais uma eliminação brasileira em Mundiais.

 

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A maior ameaça da Bélgica é não saber o que esperar dela http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/05/a-maior-ameaca-da-belgica-e-nao-saber-o-que-esperar-dela/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/05/a-maior-ameaca-da-belgica-e-nao-saber-o-que-esperar-dela/#respond Thu, 05 Jul 2018 11:00:03 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4848 Pegue tudo que a Bélgica fez até aqui na Copa do Mundo e descarte. Sim, jogue fora! Panamá, Tunísia, reservas contra a Inglaterra no jogo do “tanto faz” e Japão. Todos os gols, estatísticas, desempenhos…

Nada valem como parâmetro para avaliar suas possibilidades em duelo de quartas de final contra o Brasil. Jogo único, experiência inédita. A rigor, tudo que a seleção fez sob o comando de Roberto Martínez desde 2016 tem pouco ou nenhum peso para a grande partida da história desta talentosa geração até aqui.

Sim, maior que o confronto com a Argentina de Lionel Messi no Mané Garrincha em 2014, também pelas quartas. Primeiro porque a albiceleste não carregava o status de favorita ao título mundial que o Brasil ostenta na Rússia depois de quatro jogos e Alemanha, Espanha, Messi e Cristiano Ronaldo eliminados. Depois porque os belgas ganharam maturidade. Não só por aquela eliminação, com 11 convocados dos 14 que entraram em campo em Brasília há quatro anos, mas também pela decepção na Eurocopa contra País de Gales. Também nas quartas. Ainda sob o comando de Marc Wilmots.

O sucessor no comando técnico é espanhol. Fã de Johan Cruyff. Mas radicado na Inglaterra desde 1995, ainda como jogador. Valoriza a posse de bola, mas também adapta facilmente suas convicções a um jogo mais físico e direto.

Versatilidade também é a marca de muitos de seus jogadores. Vertonghen pode ser zagueiro ou lateral esquerda. No mesmo lado, Carrasco é ala, mas também pode ser meia ou ponteiro. Hazard sabe jogar aberto ou por dentro, como um atacante atrás do centroavante. De Bruyne tem atuado na seleção e no Manchester City como o meia mais próximo do volante à frente da defesa, porém sabe jogar adiantado, centralizado ou no flanco em uma linha de meias. Fellaini é meio-campista, mas pela estatura não é raro vê-lo na área fazendo dupla com Lukaku. Chadli, heroi contra o Japão, entrou na vaga de Carrasco na ala e também sabe fazer todo o corredor esquerdo.

É simplesmente impossível tentar vislumbrar o que a Bélgica fará em campo. Nas eliminatórias europeias sobrou contra adversários frágeis e os amistosos, mesmo contra seleções grandes como Espanha, Portugal e Inglaterra, não podem ser tratados como uma referência segura.

O 3-4-3 com proposta ofensiva pode ser mantido, sim. Arrojado, com muita pressão no campo de ataque e volume de jogo empurrando o Brasil para a defesa, mas também deixando espaços atrás e entre os setores. Há qualidade e coragem para tal ousadia. Com os alas Meunier e Carrasco bem abertos e preocupando os laterais Filipe Luís ou Marcelo e Fagner e os ponteiros Mertens e Hazard dois passos para dentro, perto de Lukaku e criando instabilidade na proteção da área brasileira que terá mudança: Fernandinho na vaga do suspenso Casemiro.

O 3-4-3 da Bélgica em sua versão mais agressiva, com alas Meunier e Carrasco abrindo o campo e os ponteiros Mertens e Hazard se aproximando de Lukaku, com o suporte do meia De Bruyne na articulação (Tactical Pad).

Mas Martínez também pode mudar tudo sem mexer na formação. Armando um 5-4-1 bastante cuidadoso guardando sua própria área. Em um jogo deste tamanho, que jogador se recusaria a uma função tática de maior sacrifício no trabalho defensivo e a humildade sem bola para buscar a vitória nos contragolpes? Basta reforçar a linha de cinco que já costuma ser formada com o recuo dos alas Meunier e Vertonghen alinhando De Bruyne a Witsel e os ponteiros Mertens e Hazard voltarem para esperar os laterais brasileiros. Compactação para evitar espaços entre os setores.

A linha de cinco na defesa belga quando os alas voltam como laterais e se juntam ao trio de defensores. Contra o Brasil, a missão é reduzir os espaços entre os setores, como os cedidos contra o Japão nas oitavas de final (Reprodução TV Globo).

Se quiser surpreender, novamente sem fazer alterações, o treinador espanhol ainda pode reagrupar o time em duas linhas de quatro: Vertonghen de lateral esquerdo, Carrasco adiantado como meia aberto, Mertens recuando à direita e Hazard mais solto para buscar espaços às costas dos volantes brasileiros mais próximo de Lukaku.

Uma possível surpresa de Martínez sem mexer na formação titular: duas linhas de quatro com Vertonghen na lateral, Carrasco adiantado como meia e Hazard no ataque com Lukaku (Tactical Pad).

Fellaini ou Dembele podem entrar para reforçar o meio-campo e dar liberdade a De Bruyne, Chadli ganhar a vaga de Carrasco para executar as mesmas funções pela esquerda. Martínez ainda conta com as opções de Januzaj, autor do golaço da vitória sobre a Inglaterra, Tielemans e Batshuayi.

Um vasto cardápio oferecido pelo grupo de jogadores mais homogêneo em termos de qualidade técnica deste Mundial. Mas uma incógnita também na força mental. Pode entrar na Arena Kazan sem nada a perder e arriscar tudo, com a confiança renovada depois de reverter uma desvantagem de dois gols contra o Japão em jogo eliminatório.  Para ultrapassar a barreira recente das quartas de final e repetir a geração semifinalista de 1986, só parando em uma tarde inspirada de Diego Maradona.

Mas também não é improvável temer a camisa cinco vezes campeã mundial e a equipe de Tite com sua solidez nos números e no desempenho. Ainda que todos se conheçam bem nos clubes – Fernandinho, Danilo e Gabriel Jesus jogam com Kompany e De Bruyne no Manchester City, Paulinho e Coutinho são companheiros de Vermaelen, Thiago Silva, Marquinhos e Neymar atuam ao lado de Meunier no PSG, Filipe Luís jogou com Carrasco no Atlético de Madri e Willian trabalha diariamente com Courtois e Hazard. O universo de seleções, porém, costuma carregar outra lógica e uma mística diferente.

Tudo isto torna a Bélgica um grande ponto de interrogação. A maior ameaça é justamente não saber o que esperar dela.

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A fortaleza mental pode levar o Brasil de Tite ao hexa http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/02/a-fortaleza-mental-pode-levar-o-brasil-de-tite-ao-hexa/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/02/a-fortaleza-mental-pode-levar-o-brasil-de-tite-ao-hexa/#respond Mon, 02 Jul 2018 16:24:59 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4821 Mais uma vez a seleção brasileira sofreu no primeiro tempo. Muito pela intensidade máxima do México de Juan Carlos Osório, com Rafa Márquez como surpresa à frente da defesa dando volume ao meio-campo e Lozano e Carlos Vela alternando pelos flancos para cima de Fagner e Filipe Luís.

Mas sofreu com organização no 4-1-4-1 e, principalmente, uma força mental sem oscilações. Com a trinca Thiago Silva, Miranda e Casemiro minimizando erros, consertando falhas. Na saída de bola e na recomposição. Principalmente de Phillipe Coutinho, apertado por Herrera e só crescendo quando se aproximava de Neymar.

Concentrado defensivamente como todos. Paciente em busca dos espaços. Surgiram na segunda etapa quando Osorio arriscou Layún no lugar de Rafa Márquez. Mas sem voltar ao 4-2-3-1 da vitória sobre a Alemanha. Layún entrou na lateral, com Álvarez, já com amarelo, saindo do duelo com Neymar, indo para o meio e mantendo o tridente Lozano-Chicharito-Vela. Diminuiu a pressão na saída brasileira e descompactou as linhas mexicanas.

O calor em Samara foi minando as forças do time de Osorio. O crescimento de Willian e um Neymar focado apenas em jogar, mesmo apanhando demais, fizeram o serviço. Calcanhar do camisa dez, jogada de Willian pela esquerda e gol de centroavante de Neymar. Camisa dez que passou a jogar mais adiantado para poupar esforços e fugir das pancadas.

Gabriel Jesus, sem gols mas com imensa dedicação tática, foi ser o ponta esquerda. Tanto que Roberto Firmino entrou na vaga de Coutinho, que também melhorou na segunda etapa. Para jogar de meia, na função de Coutinho. E aproveitar o rebote de Ochoa na arrancada de Neymar e marcar seu primeiro gol na Copa. E garantir o Brasil nas quartas.

Sem Casemiro. Desfalque importante e preocupante contra Bélgica ou Japão. Mas Fernandinho entrou bem no lugar de Paulinho e deve manter a concentração. Basta lembrar dos 3 a 0 sobre a Argentina no Mineirão pela Eliminatória. É possível manter o desempenho.

Impressiona o equilíbrio da equipe de Tite. Terminou com 46% de posse, mas duelou pelo controle da bola na maior parte do jogo. Finalizou 21 vezes, 10 no alvo. Fez de Ochoa um dos melhores em campo. O México concluiu 13 vezes, mas apenas uma na direção da meta de Alisson. Nenhuma chance cristalina.

Segurança, solidez. O talento resolvendo na frente, como o “molho” do trabalho coletivo. Com Neymar só pensando em futebol. Em desequilibrar e ser o craque de cada jogo e do Mundial. Como deve ser. A fortaleza mental pode levar o Brasil ao hexa.

(Estatísticas: FIFA)

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Brasil vence Croácia, mas e daí? Não justifica a montanha russa de opiniões http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/03/brasil-vence-croacia-mas-e-dai-nao-justifica-a-montanha-russa-de-opinioes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/03/brasil-vence-croacia-mas-e-dai-nao-justifica-a-montanha-russa-de-opinioes/#respond Sun, 03 Jun 2018 16:25:40 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4666 Minha primeira lembrança de seleção brasileira é a euforia que tomou conta do país quando rodou pela Europa em 1981 e venceu Inglaterra, França e Alemanha. Teve até fogos. A TV Globo, na época com Luciano do Vale, tratou como uma espécie de Copa das Confederações. Um exagero.

Por isso Dunga encarou com tanta seriedade os amistosos assim que assumiu em 2014 para “resgatar a autoestima” por causa dos 7 a 1. Chegou a administrar resultados e guardar três, quatro substituições para ganhar tempo nos últimos minutos e segurar a vitória.

Agora Tite fez praticamente o mesmo contra a Alemanha. Um tal de “fantasma”…Logo a atual campeã mundial, que junto com a Itália, nos melhores e piores momentos, sempre se caracterizaram por não darem a mínima para jogos que não valem pontos. Ou melhor, sempre deram o devido valor.

Amistoso é para observar, testar. Experimentar até o que parece não dar certo, só para ter certeza. Mas aqui a sanha resultadista impressiona. Todo jogo é de campeonato.

Mesmo tão próximo da Copa do Mundo, com todos os jogadores instintivamente segurando a intensidade com o mais que compreensível temor de uma lesão capaz de encerrar o sonho. Como a entrada irresponsável de Kramaric sobre Thiago Silva. Felizmente nada grave, ao que parece.

Mas houve quem se incomodasse no lance muito mais com a saída de bola no chão perto da própria área. “Dá um chutão! Ali não é lugar para brincar…” Claro que um erro em jogo eliminatório no Mundial pode ser fatal. Mas a ligação direta constante também é risco grande, pois entrega a bola e o volume constante do adversário também pode terminar em gol contra.

Outra visão curiosa pelo imediatismo e quase onipresença nas transmissões, debates e redes sociais foi a crítica à escalação do meio-campo com Casemiro, Fernandinho e Paulinho. “Três volantes”. Pronto, automaticamente o time perde criatividade. Independentemente da boa marcação da Croácia no primeiro tempo em Liverpool. Como se a seleção de Modric, Rakitic, Perisic, Kovacic e Manduzic fosse uma qualquer. Ou os jogadores brasileiros não estivessem travados, sem as costumeiras triangulações na execução do 4-1-4-1. Bem diferente da vitória sobre a Alemanha. Com os mesmos três no meio-campo…

Os novos debates serão a “volta da Neymardependência” e “Firmino ou Gabriel Jesus?” Por causa dos gols na vitória por 2 a 0. Como se depender do talento maior não fosse natural e tudo na avaliação do centroavante fosse ir às redes ou não.

O objetivo deste texto não é “cagar regra” sobre o que se deve ou não opinar, muito menos blindar Tite de críticas. Até porque, todos sabemos, ele será julgado pelo resultado e só. Como todos. Como sempre. Assim como não dá para se empolgar e dizer que o setor ofensivo tem que contar com Neymar e Firmino na estreia da Copa. Apenas ressaltar a curiosa montanha russa de emoções e opiniões sobre a seleção quando a Copa vai chegando. Ou em qualquer tempo.

Amistoso é jogo e jogo é guerra. Sempre foi assim e, pelo visto, sempre será.

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