copadobrasil – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 De Ronaldo a Adriano, 2009 foi o ano “The Last Dance” no futebol brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/05/de-ronaldo-a-adriano-2009-foi-o-ano-the-last-dance-no-futebol-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/05/de-ronaldo-a-adriano-2009-foi-o-ano-the-last-dance-no-futebol-brasileiro/#respond Fri, 05 Jun 2020 13:38:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8601

Foto: Folha Imagem

“The Last Dance” (“Arremesso Final” no Brasil) é a série da Netflix que apresenta com incríveis registros de bastidores a trajetória do Chicago Bulls de Michael Jordan  na conquista de seis títulos da NBA em oito anos. A “última dança” é a temporada 1997/98, definida em lendária cesta de Jordan contra o Utah Jazz. O brilho final de um mito dos esportes em todos os tempos.

Difícil encontrar história semelhante no esporte nacional, até por nuances como a pausa de Jordan para jogar beisebol em 1994, depois da morte do pai, e o anúncio do manager Jerry Krause, antes da última temporada começar, de que o treinador Phil Jacskon não seguiria na franquia. Sem contar a aposentadoria da estrela maior até a aventura no Washington Wizard de 2001 a 2003.

Mas o futebol brasileiro teve um ano especial que consagrou em seus campos pela última vez grandes estrelas do esporte. Cada um dentro de sua escala de grandeza.

2009 começou com Ronaldo Fenômeno voltando ao Brasil para liderar o Corinthians na sua volta à Série A e marcando um processo de reconstrução que levaria o time mais popular de São Paulo às maiores conquistas de sua história.

Mesmo com problemas físicos por conta das sérias lesões nos joelhos e a dificuldade de manter o peso ideal, Ronaldo foi protagonista nas conquistas do Paulista, este de forma invicta, e Copa do Brasil. Os últimos títulos da carreira de um dos maiores atacantes da história do futebol mundial. Com direito a gol antológico encobrindo Fabio Costa contra o Santos na Vila Belmiro pela decisão estadual.

Se o primeiro semestre foi do Corinthians do Fenômeno, o segundo reservou uma grande surpresa: o Flamengo campeão brasileiro depois de 17 anos, comandado por Adriano Imperador, que deixou a Internazionale para jogar pelo time de coração. Bem assessorado por Petkovic, de volta ao clube aos 36 anos para receber uma dívida ainda da primeira passagem, entre 2000 e 2002.

Apesar da gestão caótica, com direito à efetivação do interino Andrade depois da demissão de Cuca, o time conseguiu uma impressionante arrancada no returno que aproveitou as oscilações de São Paulo e Internacional para alcançar o título. O derradeiro protagonismo da dupla improvável e também o único do ídolo que virou treinador.

O ano do futebol no Brasil ainda teve o Mineirão como palco da última conquista de Libertadores do tetracampeão Estudiantes de La Plata. Vencendo o Cruzeiro por 2 a 1 depois de um empate sem gols na Argentina.

Liderado por Juan Sebastián Verón. Ou “La Brujita”, por ser filho de “La Bruja”, o também ídolo Juan Ramón Verón, tricampeão continental de 1968 a 1970. Aos 34 anos comandou o meio-campo na virada histórica com gol de Mauro Boselli. A última grande conquista de uma carreira com indas e vindas, assim como a de Jordan – sem comparações, é claro.

2009 foi o ano “The Last Dance” no futebol brasileiro.  Se não efetivamente da despedida dos campos de Ronaldo, Adriano, Petkovic ou Verón, marcaram os últimos momentos memoráveis de suas carreiras. De contribuições decisivas em conquistas relevantes. Para cada um, a “última dança” inesquecível.

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Palmeiras-1996 e Santos-2010, os “meteoros” de 100 gols e futebol mágico http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/03/palmeiras-1996-e-santos-2010-os-meteoros-de-100-gols-e-futebol-magico/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/03/palmeiras-1996-e-santos-2010-os-meteoros-de-100-gols-e-futebol-magico/#respond Wed, 03 Jun 2020 14:39:20 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8584

Foto: Ricardo Saibun / Santos

Em 2014, Djalminha foi o convidado do “Bola da Vez” na ESPN Brasil e respondeu a este blogueiro sobre a montagem do Palmeiras de 1996. Segundo o próprio meia, o melhor time pelo qual atuou se encaixou muito rápido: “Foi mágica. No primeiro treino a gente já se olhava rindo, sem acreditar. Começamos goleando times amadores em jogos-treinos, mas quando começou o Paulista continuamos passando por cima de todo mundo”.

O entrevistado esqueceu de mencionar os 6 a 1 em Fortaleza sobre o Borussia Dortmund, campeão alemão de 1994/95 e que venceria a Liga dos Campeões de 1996/1997. Era janeiro e o Palmeiras já conquistava a Copa Euro-América.

Um “click”. Por mais que se cobre, com toda razão, que clubes e seleções respeitem processos e valorizem trabalhos a longo prazo, às vezes acontece de um time se encaixar muito rapidamente e jogar futebol encantador. A história mostra que o “efeito colateral” é durar pouco também.

Chega e vai logo embora. Um “meteoro”. Assim foi o Palmeiras comandado por Vanderlei Luxemburgo. O time de Cafu e Júnior voando pelas laterais, Djalminha organizando, Rivaldo infiltrando no espaço deixado pelo “pivô” Muller e Luizão na área para finalizar. Volúpia ofensiva compensada por Amaral e Flávio Conceição, os protetores dos zagueiros Sandro e Cléber. Velloso na meta.

Palmeiras de Luxemburgo no 4-2-2-2 típico dos anos 1990, mas com volúpia ofensiva incomum (Tactical Pad).

Combinação perfeita de características que fez tudo fluir no Paulista e até a decisão da Copa do Brasil. Foram 102 gols em 30 partidas no Paulista, mais 24 na Copa do Brasil. 27 vitórias, dois empates e apenas uma derrota no estadual. 83 pontos em 90 possíveis, 28 a mais que o vice São Paulo. Goleadas marcantes como os 7 a 1 sobre o Novorizontino, 8 a 0 no Botafogo, 6 a 0 no Santos. Apenas 19 gols sofridos. Estética e eficiência. Um time que fez o blogueiro faltar algumas aulas e também deixar de ver o time de coração.

No mata-mata nacional, 8 a 0 no Sergipe, 8 a 1 no agregado sobre o Atlético Mineiro nas oitavas, 5 a 1 no Paraná nas quartas. 100% de aproveitamento até cruzar com o Grêmio de Luiz Felipe Scolari, campeão da Libertadores no ano anterior e que venceria o Brasileiro naquele mesmo 1996. Vitória por 3 a 1 em São Paulo e revés por 2 a 1 em Porto Alegre. Na decisão contra o Cruzeiro, empate em Minas por 1 a 1 que fez do Palmeiras o favorito absoluto para a volta no Parque Antárctica.

A ausência de Muller, porém, diminuiu consideravelmente a fluência ofensiva. O “garçom” do ataque preferiu voltar ao São Paulo e foi desfalque sentido. Mesmo assim, o ataque palmeirense fez de Dida o melhor da final vencida pelo time mineiro comandado por Levir Culpi. De virada por 2 a 1. Foi o que faltou ao Palmeiras para tornar mais marcante aquele primeiro semestre espetacular.

O Santos teve melhor sorte, 14 anos depois. Mais um “raio” que caiu na Vila Belmiro. Novamente o clube sem capacidade para investir em grandes contratações resolveu investir nos jovens formados no clube. Paulo Henrique Ganso, com 20 anos, mas desde os 18 atuando no profissional, e Neymar, com dezoito completos em fevereiro, eram as esperanças da equipe comandada por Dorival Júnior, contratado no final de 2009.

De novo o “click”, o engate quase imediato. Em entrevista ao Uol Esporte, o treinador revelou uma conversa com o elenco antes do primeiro treinamento: “Reuni os jogadores embaixo de uma mangueira que temos lá no centro de treinamento do Santos e falei: ‘Quero falar uma coisa para vocês aqui, hoje, no nosso primeiro dia de trabalho. Esse time pode marcar a história do Santos Futebol Clube’.”

Com Robinho, emprestado pelo Manchester City, fazendo um papel parecido com o de Muller no Palmeiras em 1996. Um facilitador para os companheiros. Alternando com Neymar pelas pontas, se aproximando de Ganso para tabelas e contribuindo para um volume de jogo sufocante. André se mexia também, embora ficasse mais na área adversária para finalizar.

Pará e Alex Sandro nas laterais, Arouca um pouco mais fixo na proteção a Edu Dracena e Durval e Wesley se juntando ao quarteto ofensivo. Mas até o camisa cinco aparecia na frente. Dorival tentava fazer o time reagir rápido sem bola pressionando para recuperar logo a posse e voltar a atacar. Quando encaixava era arrebatador. E bonito de ver.

O Santos voltado para o ataque comandado por Dorival Júnior. No 4-2-3-1 que tinha Ganso na articulação e Robinho como um facilitador, alternando nos flancos com Neymar (Tactical Pad).

No Paulista, 15 vitórias, dois empates e duas derrotas na primeira fase. 61 gols marcados, média superior a três por jogo. Dez pontos na frente do Santo André, que seria o vice-campeão em uma final mais equilibrada que o previsto, até pelo “sapeca” santista sobre o São Paulo na semifinal: 6 a 2 no agregado. Na decisão, uma vitória por 3 a 2 para cada lado, título santista pela melhor campanha geral. No total, foram 72 gols marcados e 31 sofridos.

Na Copa do Brasil, os 10 a 0 sobre o Naviraiense foram o destaque logo na primeira fase, mas o time passou por Remo (4 a 0 sem necessidade de volta), Guarani – com destaque para os 8 a 1 na ida – e Atlético Mineiro antes da final contra o Vitória. Assim como na semifinal contra o Grêmio, derrota como visitante e vitória em casa, se impondo no saldo de gols. Um time instável, mas bem sucedido naquele período.

Também superando os 100 gols. Foram 105 nas duas competições. E, mais importante, levando as taças para a Baixada Santista. Ciclo encerrado com a demissão de Dorival depois de briga pública com Neymar. Mas consolidado como time histórico com Muricy Ramalho, ganhando pragmatismo e solidez defensiva que equilibrou o talento na frente. Já sem Robinho, mas com um Neymar mais maduro para decidir a Libertadores de 2011. O Palmeiras seguiu caminho parecido a partir de 1997 com Luiz Felipe Scolari, mas só alcançou a consagração no continente em 1999.

O encantamento, porém, ficou com os “meteoros”. Times que atraíam os olhares até de torcedores de outros clubes. Pelo arrojo, por atacar como se não houvesse amanhã. Sem administrar resultado, com ímpeto incomum. Por isso tão difícil de esquecer.

 

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Trabalho de Abel no Vasco é fraco e já preocupa para o Brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/08/trabalho-de-abel-no-vasco-e-fraco-e-ja-preocupa-para-o-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/08/trabalho-de-abel-no-vasco-e-fraco-e-ja-preocupa-para-o-brasileiro/#respond Sun, 08 Mar 2020 21:00:39 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8112 O Vasco passou pelo ABC e está na terceira fase da Copa do Brasil. Também superou o Oriente Petrolero, garantindo classificação para a segunda etapa da Copa Sul-Americana. Resultados até banais para um clube com três títulos continentais e cinco nacionais.

Mas para a realidade cruzmaltina em 2020 são ótimas notícias. Ainda mais considerando que, pela mesma Sul-Americana, o Fluminense, por exemplo, já foi eliminado. Possibilidades de receita para minimizar os muitos problemas financeiros e administrativos e confiança em um início complicado de temporada, especialmente no Carioca. Com o empate sem gols contra o Volta Redonda no Raulino de Oliveira, a classificação para a semifinal da Taça Rio parece mais distante.

Porque o desempenho da equipe de Abel Braga não alcança uma evolução consistente, mesmo considerando que ainda estamos no segundo mês de atividade. Ainda que agora exista uma base na formação que o treinador vem insistindo, mas já sofrendo com desfalques importantes por lesões: Talles Magno, Guarín e o meia argentino Martín Benítez, contratado ao Independiente e que ainda nem estreou.

Não foi possível escalar o melhor Vasco possível, mas, mesmo assim, os problemas coletivos chamam atenção e não parecem encontrar soluções com a sequência dos jogos. Principalmente os espaços entre os setores e a demora na reação logo após a perda da bola para pressionar, que acabam deixando a defesa exposta aos contragolpes adversários. Contra o ABC a retaguarda foi salva por um inacreditável gol perdido por Paulo Sérgio.

Outra dificuldade é a falta de criatividade para criar espaços em sistemas defensivos fechados. A equipe tenta as triangulações pelos flancos com Pikachu, Raul e Vinicius pela direita e Henrique, Marcos Júnior/Juninho e Marrony, porém falta o passe diferente que fura as linhas do oponente. A esperança é que o time completo e o consequente acréscimo de qualidade tornem o cenário menos dramático. Só dá para contar com as individualidades mesmo.

Em meio a tantas dúvidas, uma certeza: é preciso evoluir pensando no Brasileiro. São mais dois meses de trabalho para que o início da Série A não aumente a preocupação. Mas a temporada já cobra agora: na quinta-feira tem a ida do confronto com o Goiás pelo mata-mata nacional, em São Januário.

Será preciso apelar para os gols salvadores de German Cano, das vitórias que mantêm o Vasco respirando em 2020. Já são cinco. A boa notícia junto com os garotos Vinicius e Juninho. Sem um time mais ajustado, porém, não será o suficiente para honrar a Cruz de Malta. Porque o trabalho, no geral, é fraco. Sem rodeios e eufemismos.

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Demissões no Galo podem não ser justas, mas eram necessárias. Somos latinos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/27/demissoes-no-galo-podem-nao-ser-justas-mas-eram-necessarias-somos-latinos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/27/demissoes-no-galo-podem-nao-ser-justas-mas-eram-necessarias-somos-latinos/#respond Thu, 27 Feb 2020 16:33:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8043

Foto: Bruno Cantini / Atlético-MG

O Brasil não é um país europeu. Por mais que se admire o profissionalismo e a racionalidade para tomar decisões de muitos clubes do Velho Continente, é necessário entender de uma vez por todas a essência da nossa cultura.

Somos latinos, passionais. O entorno interfere demais, assim como questões periféricas, aleatórias. E há os estigmas. Marcas indeléveis que impossibilitam que um ciclo e seus processos sigam adiante. Não adianta no frescor do ar condicionado e com as nossas referências culturais pregar o que se deve fazer no “bafo” do cotidiano dos boleiros no clube. Na pressão diária.

A derrota nos pênaltis para o Afogados do goleiro Wallef, que usa boné até em jogo noturno, é o maior vexame da história do Atlético Mineiro. Por mais que se entenda que o futebol está mais equilibrado e, por isso, o time pernambucano mereça respeito, é inadmissível. Uma mancha irremovível. Piada pronta que deve durar anos, décadas.

E o cenário fica ainda mais vexatório com a eliminação precoce também na Sul-Americana, para o Unión Santa Fé. No final de fevereiro, o Galo só tem o estadual e o Brasileiro para disputar até o final do ano. Não dava para manter Rafael Dudamel no comando técnico.

Muitos dirão que Jorge Sampaoli viveu contexto parecido no ano passado e resistiu no Santos. Verdade. Talvez a grife do treinador argentino tenha pesado, mas o desempenho oscilante do time, quando na alta, justificava a insistência. O Atlético de Dudamel, porém, nunca deu a impressão de que havia uma margem de evolução aceitável.

Muitos problemas na transição defensiva e na criação que fizeram o técnico venezuelano experimentar uma linha de cinco na defesa e “esvaziar” o meio-campo deixando a construção para Allan e Jair, com Guga e Guilherme Arana nas alas. Faltou confiança para encaixar e fluir.

Eis o ponto. São dois meses de trabalho, apenas dez partidas. Quatro vitórias, três empates e três derrotas. 50% de aproveitamento. Os números poderiam sugerir continuidade, até pelo contrato de dois anos e a qualidade do elenco, que não é nenhuma maravilha. Mas ser eliminado pelo Afogados precisa ser o limite. Mesmo em jogo único, nada justifica. E marca.

O vestiário não seria o mesmo. A naturalização de uma vergonha desse tamanho faria mal ao clube. Sem contar a paciência cada vez menor da torcida atleticana com a gestão do futebol. Por isso caem Dudamel e sua comissão, mais o diretor Rui Costa e também o gerente Marques.

O problema dessas transições no futebol brasileiro é que não se sabe muito bem para onde ir. O que fazer depois das mudanças após um vexame? Contrata-se sem convicção e entendimento de processos. No caso, pela empolgação com treinadores estrangeiros, a “moda” da vez. Isso, sim, precisa mudar.

É o ônus das decisões emocionais, no calor de momento. Mas inevitáveis em algumas circunstâncias. O Galo só não podia seguir adiante como se nada tivesse acontecido. As demissões podem não ser justas, dependendo dos critérios da avaliação, mas eram necessárias.

Não adianta criar uma bolha de mundo ideal. A realidade é bem mais complexa e carrega impressões e emoções. Porque somos assim.

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Alberto Valentim e o mito de que manter treinador é sempre o melhor a fazer http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/10/alberto-valentim-e-o-mito-de-que-manter-treinador-e-sempre-o-melhor-a-fazer/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/10/alberto-valentim-e-o-mito-de-que-manter-treinador-e-sempre-o-melhor-a-fazer/#respond Mon, 10 Feb 2020 10:00:47 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7947

Foto: Agência Estado

Nas conversas que este que escreve já teve com dirigentes de clubes, mais de uma vez ouvi que trocar de treinador na virada do ano era a pior opção, quase sempre.

O argumento comum era algo como “técnico novo chega cheio de gás, de idéias. Quer trazer seus ‘bruxos’, vem com lista de reforços. O mantido já é mais calmo, conhece o elenco, a situação financeira do clube…”

Dependendo do contexto pode mesmo haver razão nesse discurso avesso às mudanças. Não só para campeões, mas times em evolução nítida, viés de alta.

Mas, como sempre, é preciso avaliar caso a caso. Principalmente aquele em que o treinador chega como “bombeiro”, com missão a curto prazo de salvar de rebaixamento. Consegue e, por “gratidão”, é mantido para o ano seguinte.

Funções bem diferentes: um precisa fazer o melhor com o que tem e rapidamente; outro necessita planejar, ter feeling e conhecimento para avalizar dispensas e contratações.

Alberto Valentim conseguiu às duras penas e muitas críticas da torcida manter o Botafogo na Série A do Brasileiro. Em pouquíssimos momentos conseguiu extrair da equipe alvinegra um desempenho entre razoável e bom.

O treinador, que se mostrou promissor em 2017 ao sair do posto de auxiliar para suceder Cuca no Palmeiras, até agora não deu o salto de qualidade na carreira. Parece perdido entre conceitos atuais de jogo colocados em prática sem consistência, o nosso resultadismo de todo dia e um pouco de marketing pessoal, investindo na imagem de “galã”.

Nem mesmo em um raro momento de euforia, na festa da chegada de Keisuke Honda, a torcida alvinegra deu uma trégua nos protestos. Mas a diretoria manteve até um limite bem conhecido: derrota inquestionável em clássico.

Os 3 a 0 impostos pelo Fluminense no Maracanã com facilidade não tiveram nem a relativização do desânimo pela eliminação antecipada da Taça Guanabara. Campanha, aliás, prejudicada por uma pré-temporada prolongada no Espírito Santo que acrescentou quase nada em rendimento e ainda custou a vaga nas semifinais do primeiro turno por conta de duas derrotas no início com equipe “alternativa”.

Quase encerrou também a participação do Botafogo na Copa do Brasil. O Caxias foi superior e teve dois pênaltis que as novas orientações da FIFA tornam obrigatórios. O 1 a 1 e o regulamento esdrúxulo e excludente do mata-mata nacional, que diminuiu ainda mais as chances dos pequenos, salvaram Valentim e sua equipe.

Não livraram, porém, o técnico da demissão. Mesmo com a multa rescisória de um milhão de reais que deve sangrar ainda mais os cofres do clube. O aproveitamento, porém, justifica o ato: 42,5%, com sete vitórias, dois empates e nove derrotas em 18 partidas.

A rigor, não era motivo nem para a permanência. Ou a contratação em outubro. Mas o mito de que manter treinador é o melhor a fazer falou mais alto. Ou a preguiça mental dos gestores. Vai saber…

 

 

 

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Por que é quase impossível um time construir hegemonia no Brasil http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/27/por-que-e-quase-impossivel-um-time-construir-hegemonia-no-brasil/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/27/por-que-e-quase-impossivel-um-time-construir-hegemonia-no-brasil/#respond Wed, 27 Nov 2019 10:04:28 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7634

Foto: Agencia Lance

2017 foi o ano em que Palmeiras e Flamengo aumentaram o nível investimento em contratações. Borja e Guerra, campeões da Libertadores pelo Atlético Nacional, foram os grandes símbolos da virada alviverde; Diego Alves e Everton Ribeiro, no segundo semestre, os reforços rubro-negros de peso naquele ano.

Especialmente no caso do time paulista, campeão brasileiro no ano anterior, começou a ecoar aqui e ali um tema recorrente no futebol nacional: a possibilidade de construção de uma hegemonia ou dinastia. Um clube dominante vencendo os principais títulos durante muitos anos.

Veio Fabio Carille resgatando a “identidade Corinthians” depois da saída de Tite para a seleção brasileira e, mesmo com dificuldades financeiras, vencendo Paulista e Brasileiro. E o Grêmio, longe de ter o maior orçamento do país, faturou a Libertadores e foi ao Mundial enfrentar o Real Madrid. Palmeirenses e rubro-negros viram pela TV.

É apenas o exemplo mais recente de que essa expectativa quase sempre é frustrada. Se buscarmos na história veremos outros que, de formas mais ou menos aleatórias, ajudaram a destruir essa tese que é difícil de ser sustentada no Brasil.

No final de 1994, o Palmeiras era bicampeão paulista e brasileiro. Com o patrocínio forte da Parmalat, sinalizava um domínio regional e nacional. Mas no ano seguinte, Vanderlei Luxemburgo e Edmundo foram seduzidos pelo projeto megalomaníaco de Kléber Leite no Flamengo que repatriou Romário e o Yokohama Flugels, time japonês “emergente” que seria extinto em 1998, levou César Sampaio, Zinho e Evair. Desmanche que custou um ano sem conquistas.

O campeão brasileiro foi o Botafogo de Túlio Maravilha, que convivia com salários atrasados, e o Grêmio levou a Libertadores com um time forte montado por Luiz Felipe Scolari, porém sem grandes investimentos. Equipes que deram liga e, no caso dos gaúchos, deram sequência a uma série de conquistas até a Copa do Brasil de 1997.

Pulando no tempo para o tricampeonato brasileiro do São Paulo. O Soberano, que não tinha a maior receita de TV, mas era o clube mais organizado e estruturado do país. Planejou virar o “Lyon brasileiro” em 2008 e até teve a pretensão de equiparar em poucos anos o número de torcedores com Flamengo e Corinthians dentro de um projeto nacional.

Com o domínio no país, a Libertadores era a obsessão. Mas depois do título em 2005 e do vice no ano seguinte, o time do Morumbi viu o Grêmio em 2007, dois anos depois de disputar a Série B, chegar à final continental com o Boca Juniors. Em 2008, o Fluminense, com o investimento da Unimed em jogadores e não na estrutura, eliminou o próprio São Paulo, que repatriara Adriano Imperador, e também foi vice da Libertadores para a LDU.

Em 2009 foi a vez do Cruzeiro, sem nenhum grande aporte financeiro, também despachar o São Paulo e ser derrotado na decisão sul-americana pelo Estudiantes.  No final do ano, o Flamengo caótico administrativamente, que contratou Petkovic para quitar dívidas trabalhistas com o próprio jogador e realizou o sonho de retorno do Adriano ao time de coração, tomou a liderança do São Paulo na penúltima rodada do Brasileiro e evitou o tetracampeonato.

Domínio financeiro no Brasil é ilusão por conta da fragilidade da moeda. Assim como o mercado japonês fez a limpa no Palmeiras em 1995, agora, por exemplo, a China e o “mundo árabe” podem levar peças importantes do Flamengo, o clube da vez que alimenta essa ideia de hegemonia.

O time rubro-negro ficou seis anos sem conquistas relevantes desde a Copa do Brasil de 2013. Tudo poderia ter dado muito errado em função de uma escolha no início do ano, mesmo com as contratações certeiras de Rodrigo Caio, De Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa. Com Abel Braga no comando técnico, o Flamengo ficou a um gol do Peñarol para ser eliminado novamente na fase de grupos da Libertadores. E deixou pontos importantes pelo caminho na competição nacional por pontos corridos ao escalar reservas, seguindo a estratégia de Felipão no Palmeiras em 2018, porém sem o mesmo equilíbrio no elenco. Abel quis poupar contra o Fortaleza e começou o desgaste que terminaria com o pedido de demissão.

A chegada de Jorge Jesus combinada com as contratações de Rafinha, Pablo Marí, Filipe Luís e Gerson poderia não alcançar encaixe imediato. Uma infelicidade na disputa de pênaltis contra o Emelec impediria, por exemplo, a participação de Filipe Luís no torneio continental. Acabou dando tudo certo. Um “click”. As peças deram liga e o time virou um “meteoro” que varreu Libertadores e Brasileiro.

Mas tudo pode mudar em 2020. Não faltam rumores sobre propostas para Jorge Jesus e outros jogadores podem se deixar seduzir pelo dinheiro fácil de centros alternativos. Ou decidirem retornar ao mercado europeu. Ou ainda simplesmente o “click” se dar em outro clube, menos rico. Quem sabe o próprio Athletico, campeão da Copa do Brasil e segundo melhor time da temporada, sem contar com um dos maiores orçamentos do país. A crença está no longo prazo. Mas pode dar muito certo em seis meses.

No final de 2014, Alexandre Kalil, então presidente do Atlético Mineiro e hoje prefeito de Belo Horizonte, disse em um programa de TV: “Se arrumar o Flamengo, acabou o futebol brasileiro”. É uma esperança que alimenta os apaixonados pelo time de maior torcida do país e desespera os rivais, locais e nacionais. De fato, o clube se estruturou, conseguindo hoje ter na grande receita de TV apenas 33% de seu orçamento. Dívidas equacionadas, CT cada vez mais equipado, fama de bom pagador e até ampliando a capacidade de mobilização de uma torcida gigantesca através de redes sociais e ações de marketing.

Mas se conseguir será um cenário inédito. Porque o equilíbrio no futebol brasileiro sempre se deu pelo caos. E mesmo com investimentos dos grandes cada vez maior em inteligência e tecnologia para diminuir as aleatoriedades é difícil vislumbrar um time acertando sempre mais que os outros. Sem se acomodar ou simplesmente ser infeliz nas escolhas da reposição constante nessa janela de mercado que nunca se fecha.

A nossa cultura quase impossibilita uma ascendência como a do Bayern de Munique na Alemanha, a ponto de fazer a grande maioria dos concorrentes na Bundesliga, talvez com exceção do Dortmund e, a médio prazo, do projeto da Red Bull, estipularem outras metas na temporada, sem contar com o título nacional. Aqui sempre haverá um grande clube disposto a uma loucura de curtíssimo prazo para tentar beliscar uma taça. E conseguindo.

Não é só dinheiro, nunca foi e dificilmente será. Aqui o “pra sempre” acaba mais cedo.

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Athletico supera perda de Tiago Nunes e se afirma como segundo da temporada http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/25/athletico-supera-perda-de-tiago-nunes-e-se-afirma-como-segundo-da-temporada/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/25/athletico-supera-perda-de-tiago-nunes-e-se-afirma-como-segundo-da-temporada/#respond Mon, 25 Nov 2019 09:44:28 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7620

Foto: Divulgação / Athletico

Um time que não está entre os maiores orçamentos do país, sem tanta visibilidade midiática e pressão, que perdesse seu treinador na reta final da temporada e já estivesse com a missão mais que cumprida, com título relevante conquistado e a vaga na fase de grupos da Libertadores garantida, provavelmente “fecharia para balanço” e já começaria a planejar o ano seguinte.

O Athletico até pensa em 2020, mas mantendo o nível competitivo. A “despedida” de Tiago Nunes antes de partir para o Corinthians foi com vitória em casa sobre o CSA por 1 a 0. Com o desmanche da comissão técnica, já que Tiago levou auxiliares, preparador físico e até analista de desempenho, Eduardo Barros assumiu.

Diretor das divisões de base e ex-auxiliar de Rafael Guanaes no time sub-23. campeão paranaense, o interino não tinha muito a fazer, senão manter as características da equipe: intensidade e versatilidade para se adaptar ao que pede o jogo, sabendo trabalhar com posse ou apelando mais para o jogo direto.  Também iniciar a transição para a próxima temporada.

Dando oportunidades a jovens como Vitinho, Erick, Khellven e Abner Vinicius, aproveitando o melhor de Thonny Anderson, que deve voltar ao Grêmio depois do empréstimo para ganhar rodagem, e resgatando Camacho após um gancho de seis meses por doping. Superando a perda de Renan Lodi para o Atlético de Madrid e tentando segurar Rony, Bruno Guimarães e o goleiro Santos, os destaques da temporada.

Com elenco reoxigenado dosando juventude e experiência, o Athletico aproveitou o “vácuo” deixado pela irregularidade de Corinthians, São Paulo, Internacional e Bahia e subiu para a quinta colocação, com 56 pontos. Desde a chegada de Barros, o time empatou sem gols com o Cruzeiro na estreia de Barros e venceu por 1 a 0 São Paulo e Atlético Mineiro fora e Botafogo na Arena da Baixada. A equipe não sofre gols desde o empate com o Internacional por 1 a 1 no Beira-Rio, na 29ª rodada.

A série invicta já acumula nove partidas, desde a derrota em casa por 2 a 0 para o campeão Flamengo. Justamente o único time que supera na temporada o Athetico, que foi campeão da Copa do Brasil impondo o único revés até aqui do time de Jorge Jesus, vencendo a disputa de pênaltis nas quartas de final depois de empates por 1 a 1.

Ainda com título estadual e campanha sólida no Brasileiro, que deve transformar o G-6 em G-8 com o título do Fla também na Libertadores, o time paranaense se firma como o segundo melhor do país. Ou com os resultados mais expressivos, só abaixo do “meteoro” rubro-negro do Rio de Janeiro.

Superando perdas e se reinventando sem abandonar a filosofia. Longe dos holofotes e das grandes receitas. Não é pouco e merece muito respeito.

 

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Com Tiago Nunes, Corinthians pode atualizar versão 2015 de Tite http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/06/com-tiago-nunes-corinthians-pode-atualizar-versao-2015-de-tite/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/06/com-tiago-nunes-corinthians-pode-atualizar-versao-2015-de-tite/#respond Wed, 06 Nov 2019 09:26:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7525

Foto: Alexandre Schneider / Getty Images

Quando se fala na “Identidade Corinthians”, tão citada neste blog,  é por uma questão didática e de reforçar a imagem de uma sequência de trabalho, com alguns hiatos, que foi vencedora e teve apenas três profissionais envolvidos em quase dez anos: Mano Menezes, Tite e Fabio Carille.

Mas uma injustiça é cometida com a segunda passagem de Tite pelo clube, justamente o trabalho que o credenciou definitivamente para assumir a seleção brasileira: em 2014, o treinador resolveu ter uma “ano sabático” para repensar a carreira e estudar. Foi para a Europa, observou, consolidou conceitos e voltou com a proposta de adicionar à solidez defensiva, marca do seu trabalho mais vitorioso, mais mobilidade e criatividade.

Depois de passar boa parte da temporada de 2015 burilando o novo modelo com oscilações naturais, a reta final do Brasileiro encontrou sua melhor versão: um Corinthians no 4-1-4-1 com Renato Augusto organizando, Elias infiltrando, Jadson saindo da direita para dentro como ponta articulador e Malcom entrando em diagonal e se juntando a Vagner Love.

Campeão indiscutível, com atuação mais marcante nos 3 a 0 no Independência sobre o Atlético Mineiro, então o concorrente ao título que seria o vice. Novamente a defesa menos vazada, porém com o ataque mais positivo e um estilo envolvente, leve e agressivo. Ainda acreditando na segurança, mas agora investindo em triangulações e organização para atacar e criar espaços, obviamente sem abrir mão das rápidas transições ofensivas.

A segunda experiência de Fabio Carille – auxiliar de Mano e Tite alçado à condição de treinador que acabou campeão brasileiro em 2017 com uma espécie de “elo perdido” entre o Corinthians de 2011/12, mais pragmático, e o de 2015, com momentos de um jogo mais solto – foi traumática por não trazer nenhuma evolução e ainda revelar a dificuldade de enfrentar as limitações em um elenco menos talentoso e uma equipe que não encontrou o encaixe imediato como há dois anos. Assim como em 2018, o trabalho rendeu um título paulista e não passou disso.

A contratação de Tiago Nunes – ainda não anunciada oficialmente e o treinador só deve assumir em 2020, com Coelho comandando o time nos jogos que restam do Brasileiro – parece ser o rompimento definitivo com essa maneira de jogar. Mas na prática pode se transformar em uma retomada, com a devida atualização, dessa linha adotada por Tite há quatro anos.

Porque o jovem profissional efetivado no Athletico e que conquistou a Copa Sul-Americana e a Copa do Brasil em um ano e meio de trabalho é da escola gaúcha e acredita em organização defensiva. Mas adiciona ímpeto ofensivo, pressão logo após a perda da bola, intensidade e uma proposta que se adapta ao que pede o jogo: pode valorizar mais a posse ou apelar para um estilo mais direto, acrescentando a forte bola parada ofensiva com jogadas ensaiadas.

Tiago alcançou essa excelência em Curitiba sem recursos para grandes contratações e pinçando jovens, já que o trabalho que o credenciou a assumir a equipe principal foi com a equipe sub-23 que foi campeã paranaense e levou Léo Pereira, Renan Lodi e Bruno Guimarães para o time de cima. Fundamental para um Corinthians com problemas financeiros.

O novo treinador do time de maior torcida de São Paulo escolheu a visibilidade imediata em vez de consolidar e amadurecer o trabalho no Athletico. Talvez por perceber que os títulos conquistados sejam o teto para o clube no atual contexto do futebol brasileiro e sul-americano. Vencer nos pontos corridos ou se impor na Libertadores hoje parecem sonhos impossíveis.

Melhor se arriscar em um gigante e marcar território nessa sinalização de mudança no futebol jogado no Brasil liderada pelo Flamengo de Jorge Jesus. Justamente o time que goleou o “velho” Corinthians e parece ter encerrado um período vitorioso, mas cuja fórmula ficou obsoleta. Agora é pegar a melhor fotografia, restaurá-la, mas com o toque pessoal do novo comandante. De Tite a Tiago, um projeto que pode ser novamente vencedor.

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Grêmio focado só engrandece o Brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/22/gremio-focado-so-engrandece-o-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/22/gremio-focado-so-engrandece-o-brasileiro/#respond Sun, 22 Sep 2019 10:50:49 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7308

Foto: Lucas Uebel / Grêmio

O Grêmio é tão “viciado” em mata-mata que já chegou a poupar titulares na fase de grupos da Libertadores, disputada por pontos corridos, para jogar uma etapa eliminatória do estadual. Questão de cultura do clube “copero y peleador”. Maior ídolo do tricolor gaúcho, Renato Gaúcho assume esse perfil sem maiores traumas e a torcida apoia incondicionalmente.

Mas com as semifinais da Libertadores apenas em outubro, a eliminação traumática da Copa do Brasil nos pênaltis para o Athletico depois de abrir 2 a 0 em casa e perdendo a chance de fazer uma final histórica com o rival Internacional, Renato sabe que precisa dar atenção ao Brasileiro. Também para enfrentar com moral no torneio continental o Flamengo, líder do campeonato nacional e empilhando sete vitórias seguidas.

O Grêmio emendou três desde o duro revés na Arena da Baixada: 4 a 1 no Cruzeiro no Independência, 3 a 0 no Goiás em casa e sobre o Santos, na Vila Belmiro. Dez gols marcados, um sofrido e desempenho para resgatar a questão: que time joga o melhor futebol do país? O estelar rubro-negro que conseguiu encaixe rápido com Jorge Jesus ou o do trabalho longo, assimilado, que troca peças e mantém a ideia de ter a bola e atacar dentro ou fora de casa?

Em Belo Horizonte e na casa do alvinegro praiano, o time gaúcho também mostrou versatilidade para atrair os times de Rogerio Ceni e Jorge Sampaoli, não controlar a posse de bola e finalizar menos, mas ser letal em rápidas transições ofensivas. Sofrendo um pouco na defesa sem Leonardo Gomes e, principalmente, Pedro Geromel, ambos lesionados. Mas desequilibrando na frente com Everton Cebolinha.

Contando novamente com Luan para tentar repor outra ausência importante, também por contusão: Jean Pyerre, que rearrumou com Matheus Henrique o meio-campo órfão de Arthur. Mais uma mudança no ataque, mas esta por opção de Renato: sai André, entra Diego Tardelli. Com mobilidade e inteligência para abrir espaços e tornar o ataque menos previsível. Potencializando Everton, mas também Alisson, o ponta pela direita que circula e também busca as infiltrações em diagonal no imutável 4-2-3-1 gremista.

Mudam as peças e até a proposta de jogo, mas não a impressão de que o Grêmio pode vencer qualquer time em qualquer estádio do país. Contanto que tenha foco. A atenção dada aos pontos corridos deve durar mais uma rodada: na quinta enfrenta o Avaí na Arena em Porto Alegre. Contra o Fluminense, domingo no Maracanã, Renato deve colocar os reservas já pensando no primeiro duelo com o Flamengo no dia 2. Depois é incógnita, porque serão dois jogos por semana no Brasileiro até a volta, dia 23 no Maracanã.

A única certeza é de que quando o Grêmio se volta para os pontos corridos, mesmo de “rabo de olho”, o nível sobe muito. Só engrandece a Série A. Desfrutemos, então.

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Copa do Brasil é o grande título do Athletico que acerta mais que os outros http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/19/copa-do-brasil-e-o-grande-titulo-do-athletico-que-acerta-mais-que-os-outros/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/19/copa-do-brasil-e-o-grande-titulo-do-athletico-que-acerta-mais-que-os-outros/#respond Thu, 19 Sep 2019 03:24:13 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7282

A semente dos títulos históricos do Athletico desde 2018 foi o Paranaense do ano passado. Campeão utilizando uma equipe sub-23 e poupando os titulares então comandados por Fernando Diniz. Depois entregando à equipe principal o treinador Tiago Nunes e mais Léo Pereira, Bruno Guimarães e Renan Lodi. Este último foi destaque na conquista da Copa Sul-Americana e se tornou a maior venda da história do clube ao se transferir para o Atlético de Madrid por cerca de 20 milhões de euros.

Os outros três foram protagonistas também no inédito título da Copa do Brasil, com duas vitórias sobre o Internacional na decisão. Depois de eliminar Flamengo e Grêmio, os semifinalistas do país na Libertadores. A grande conquista do período para consagrar a fórmula de quem vem acertando mais que os outros.

Dando ao estadual o peso que merece na temporada, não cedendo fácil nas negociações por direitos de transmissão e investindo dentro do orçamento. Permitindo que Paulo André tenha a influência positiva no futebol brasileiro que foi negada ao esvaziarem o Bom Senso F.C. Gestão inteligente e responsável.

Especialmente dentro do campo. Mesmo com a tensão natural em uma decisão dentro do Beira-Rio lotado. O símbolo do nervosismo foi Bruno Guimarães, com atuação bem abaixo e erros que não são naturais em um meio-campista de tanta qualidade. Sobrecarregando Wellington na proteção da defesa e dependendo de Léo Cittadini nas ações ofensivas. Só se acalmou na reta final do jogo, com a entrada de Lucho González.

Os destaques da final foram Robson Bambu, absoluto na zaga contra Paolo Guerrero, e Rony, a referência de velocidade nas transições ofensivas. Iniciando a jogada do primeiro gol que passou por Marco Rúben e encontrou Cittadini, o meia mais adiantado do 4-2-3-1 que tinha Nikão cumprindo papel mais tático, voltando pela direita acompanhando Uendel.

O camisa sete marcaria o gol do título completando o histórico lampejo de Marcelo Cirino, que entrou no lugar de Ruben para tornar os contragolpes mais rápidos. Pela esquerda, o drible humilhante em Edenilson, o símbolo maior das escolhas infelizes de Odair Hellmann. Toda a trajetória da equipe com o camisa oito e Patrick como os pilares da execução do 4-1-4-1 quase imutável e, na decisão, tirou Patrick para a entrada de Rafael Sóbis e improvisou Edenilson na lateral direita por conta do problema físico de Bruno – Nonato entrou no meio.

O Inter teve posse de bola sempre rondando os 60% (terminou em 57%) e finalizou 15 vezes, seis no alvo. Mas faltaram ideias. Um D’Alessandro para diminuir a tensão e variar o ritmo quando necessário. A equipe gaúcha foi só pressa e abafa. O gol de Nico López no bate-rebate que empatou o jogo ainda no primeiro tempo foi emblemático. Foram 49 lançamentos e 33 cruzamentos de um time em pânico com a responsabilidade de virar a página da Série B com um título. Apostou alto demais na força em casa.

Mas a vez era do Athletico, que entra definitivamente no grupo de grandes do futebol brasileiro. Com futebol atual e apagando de vez o asterisco que insistem em colocar ao justificar o sucesso do time paranaense com a grama sintética na Arena da Baixada. Mesmo eliminando o Flamengo no Maracanã. Agora não há mais desculpa.

Fica só o reconhecimento ao trabalho de Tiago Nunes. Preparado no estadual para herdar o comando técnico e fazer história. O maior dos acertos do grande campeão.

(Estatísticas: Footstats)

 

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