copasulamericana – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Trabalho de Abel no Vasco é fraco e já preocupa para o Brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/08/trabalho-de-abel-no-vasco-e-fraco-e-ja-preocupa-para-o-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/08/trabalho-de-abel-no-vasco-e-fraco-e-ja-preocupa-para-o-brasileiro/#respond Sun, 08 Mar 2020 21:00:39 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8112 O Vasco passou pelo ABC e está na terceira fase da Copa do Brasil. Também superou o Oriente Petrolero, garantindo classificação para a segunda etapa da Copa Sul-Americana. Resultados até banais para um clube com três títulos continentais e cinco nacionais.

Mas para a realidade cruzmaltina em 2020 são ótimas notícias. Ainda mais considerando que, pela mesma Sul-Americana, o Fluminense, por exemplo, já foi eliminado. Possibilidades de receita para minimizar os muitos problemas financeiros e administrativos e confiança em um início complicado de temporada, especialmente no Carioca. Com o empate sem gols contra o Volta Redonda no Raulino de Oliveira, a classificação para a semifinal da Taça Rio parece mais distante.

Porque o desempenho da equipe de Abel Braga não alcança uma evolução consistente, mesmo considerando que ainda estamos no segundo mês de atividade. Ainda que agora exista uma base na formação que o treinador vem insistindo, mas já sofrendo com desfalques importantes por lesões: Talles Magno, Guarín e o meia argentino Martín Benítez, contratado ao Independiente e que ainda nem estreou.

Não foi possível escalar o melhor Vasco possível, mas, mesmo assim, os problemas coletivos chamam atenção e não parecem encontrar soluções com a sequência dos jogos. Principalmente os espaços entre os setores e a demora na reação logo após a perda da bola para pressionar, que acabam deixando a defesa exposta aos contragolpes adversários. Contra o ABC a retaguarda foi salva por um inacreditável gol perdido por Paulo Sérgio.

Outra dificuldade é a falta de criatividade para criar espaços em sistemas defensivos fechados. A equipe tenta as triangulações pelos flancos com Pikachu, Raul e Vinicius pela direita e Henrique, Marcos Júnior/Juninho e Marrony, porém falta o passe diferente que fura as linhas do oponente. A esperança é que o time completo e o consequente acréscimo de qualidade tornem o cenário menos dramático. Só dá para contar com as individualidades mesmo.

Em meio a tantas dúvidas, uma certeza: é preciso evoluir pensando no Brasileiro. São mais dois meses de trabalho para que o início da Série A não aumente a preocupação. Mas a temporada já cobra agora: na quinta-feira tem a ida do confronto com o Goiás pelo mata-mata nacional, em São Januário.

Será preciso apelar para os gols salvadores de German Cano, das vitórias que mantêm o Vasco respirando em 2020. Já são cinco. A boa notícia junto com os garotos Vinicius e Juninho. Sem um time mais ajustado, porém, não será o suficiente para honrar a Cruz de Malta. Porque o trabalho, no geral, é fraco. Sem rodeios e eufemismos.

]]>
0
Fortaleza paga pela inexperiência, mas tem do que se orgulhar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/28/fortaleza-paga-pela-inexperiencia-mas-tem-do-que-se-orgulhar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/28/fortaleza-paga-pela-inexperiencia-mas-tem-do-que-se-orgulhar/#respond Fri, 28 Feb 2020 04:21:03 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8052 Encarar o Independiente “Rei de Copas” em disputa eliminatória na primeira experiência internacional nunca será fácil, mesmo com o time argentino afundado em séria crise.

O Fortaleza de Rogério Ceni foi superior nos 180 minutos de jogo na Sul-americana. Foi organizado e intenso nas duas partidas e conseguiu o mais difícil no Castelão: furar o 5-4-1 sem bola montado pelo contestado Lucas Pusineri.

Voando pela esquerda com o inesgotável Osvaldo para cima de Bustos. Com mobilidade de Romarinho, Mariano Vasquez e David. Mais o suporte de Juninho por dentro e dos laterais Gabriel Dias e Bruno Melo.

Em um “batismo de fogo”, porém, a concentração precisa ser redobrada, sem vacilos. E o Fortaleza desperdiçou chances cristalinas nos dois jogos. Pagou pela inexperiência.

Na estreia e fora de casa foi até compreensivel. Jogando a vida diante de 52 mil apaixonados, não pode controlar a partida com 59% de posse, 82% de efetividade nos passes e 17 finalizações. Mas sofrer para ir às redes além do pênalti sobre Osvaldo convertido por Juninho e do  chute preciso do herói improvável Marlon, que entrara na vaga de Romarinho. David não pode perder duas chances claras.

Muito menos Bruno Melo precisava dar um carrinho maluco na origem da jogada que terminou no gol salvador de Bustos. O mesmo que levou um baile de Osvaldo e se aventurou no ataque na reta final da partida. Por necessidade e pela saída do ponteiro, que deu lugar a Wellington Paulista.

O time argentino de camisa pesadíssima segue adiante. O Fortaleza carrega pesar e aprendizado, mas também o orgulho. De quem parecia ancorado na Série C e decolou com Ceni para o grande momento de sua história, com títulos – Série B, estadual e Copa do Nordeste – e, principalmente, o trabalho sério que desperta respeito e admiração. Já é referência, inclusive para muitos times grandes que se apequenam a cada ano.

Agora é seguir a rota de novas disputas continentais para não pecar pela falta de hábito.

(Estatisticas: SofaScore)

]]>
0
Com Tiago Nunes, Corinthians pode atualizar versão 2015 de Tite http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/06/com-tiago-nunes-corinthians-pode-atualizar-versao-2015-de-tite/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/06/com-tiago-nunes-corinthians-pode-atualizar-versao-2015-de-tite/#respond Wed, 06 Nov 2019 09:26:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7525

Foto: Alexandre Schneider / Getty Images

Quando se fala na “Identidade Corinthians”, tão citada neste blog,  é por uma questão didática e de reforçar a imagem de uma sequência de trabalho, com alguns hiatos, que foi vencedora e teve apenas três profissionais envolvidos em quase dez anos: Mano Menezes, Tite e Fabio Carille.

Mas uma injustiça é cometida com a segunda passagem de Tite pelo clube, justamente o trabalho que o credenciou definitivamente para assumir a seleção brasileira: em 2014, o treinador resolveu ter uma “ano sabático” para repensar a carreira e estudar. Foi para a Europa, observou, consolidou conceitos e voltou com a proposta de adicionar à solidez defensiva, marca do seu trabalho mais vitorioso, mais mobilidade e criatividade.

Depois de passar boa parte da temporada de 2015 burilando o novo modelo com oscilações naturais, a reta final do Brasileiro encontrou sua melhor versão: um Corinthians no 4-1-4-1 com Renato Augusto organizando, Elias infiltrando, Jadson saindo da direita para dentro como ponta articulador e Malcom entrando em diagonal e se juntando a Vagner Love.

Campeão indiscutível, com atuação mais marcante nos 3 a 0 no Independência sobre o Atlético Mineiro, então o concorrente ao título que seria o vice. Novamente a defesa menos vazada, porém com o ataque mais positivo e um estilo envolvente, leve e agressivo. Ainda acreditando na segurança, mas agora investindo em triangulações e organização para atacar e criar espaços, obviamente sem abrir mão das rápidas transições ofensivas.

A segunda experiência de Fabio Carille – auxiliar de Mano e Tite alçado à condição de treinador que acabou campeão brasileiro em 2017 com uma espécie de “elo perdido” entre o Corinthians de 2011/12, mais pragmático, e o de 2015, com momentos de um jogo mais solto – foi traumática por não trazer nenhuma evolução e ainda revelar a dificuldade de enfrentar as limitações em um elenco menos talentoso e uma equipe que não encontrou o encaixe imediato como há dois anos. Assim como em 2018, o trabalho rendeu um título paulista e não passou disso.

A contratação de Tiago Nunes – ainda não anunciada oficialmente e o treinador só deve assumir em 2020, com Coelho comandando o time nos jogos que restam do Brasileiro – parece ser o rompimento definitivo com essa maneira de jogar. Mas na prática pode se transformar em uma retomada, com a devida atualização, dessa linha adotada por Tite há quatro anos.

Porque o jovem profissional efetivado no Athletico e que conquistou a Copa Sul-Americana e a Copa do Brasil em um ano e meio de trabalho é da escola gaúcha e acredita em organização defensiva. Mas adiciona ímpeto ofensivo, pressão logo após a perda da bola, intensidade e uma proposta que se adapta ao que pede o jogo: pode valorizar mais a posse ou apelar para um estilo mais direto, acrescentando a forte bola parada ofensiva com jogadas ensaiadas.

Tiago alcançou essa excelência em Curitiba sem recursos para grandes contratações e pinçando jovens, já que o trabalho que o credenciou a assumir a equipe principal foi com a equipe sub-23 que foi campeã paranaense e levou Léo Pereira, Renan Lodi e Bruno Guimarães para o time de cima. Fundamental para um Corinthians com problemas financeiros.

O novo treinador do time de maior torcida de São Paulo escolheu a visibilidade imediata em vez de consolidar e amadurecer o trabalho no Athletico. Talvez por perceber que os títulos conquistados sejam o teto para o clube no atual contexto do futebol brasileiro e sul-americano. Vencer nos pontos corridos ou se impor na Libertadores hoje parecem sonhos impossíveis.

Melhor se arriscar em um gigante e marcar território nessa sinalização de mudança no futebol jogado no Brasil liderada pelo Flamengo de Jorge Jesus. Justamente o time que goleou o “velho” Corinthians e parece ter encerrado um período vitorioso, mas cuja fórmula ficou obsoleta. Agora é pegar a melhor fotografia, restaurá-la, mas com o toque pessoal do novo comandante. De Tite a Tiago, um projeto que pode ser novamente vencedor.

]]>
0
Cinco anos depois do auge, Cruzeiro e Atlético flertam com o fundo do poço http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/27/cinco-anos-depois-do-auge-cruzeiro-e-atletico-flertam-com-o-fundo-do-poco/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/27/cinco-anos-depois-do-auge-cruzeiro-e-atletico-flertam-com-o-fundo-do-poco/#respond Fri, 27 Sep 2019 10:05:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7336

Foto: Rodney Costa / Eleven

Em novembro, a conquista da Copa do Brasil pelo Atlético Mineiro completa cinco anos. Vencendo sob o comando de Levir Culpi a única final mineira em competição nacional. Superando o Cruzeiro de Marcelo Oliveira que seria bicampeão brasileiro em 2014. No ano anterior, o Galo conquistara a Libertadores com Cuca e Ronaldinho Gaúcho. Ou seja, Minas Gerais dominava o futebol brasileiro como nunca. O auge, ao menos neste século.

A lembrança torna ainda mais chocante a realidade atual. A dupla convive com sérias dificuldades financeiras, problemas para quitar as folhas de pagamento, erros graves de gestão e, principalmente, péssimos resultados esportivos. O Cruzeiro ocupa a 17ª colocação da tabela no Brasileiro e demite Rogério Ceni, apenas um mês e meio depois da contratação, por não conseguir melhorar o desempenho médio em relação ao antecessor Mano Menezes. Mas principalmente pelos atritos com jogadores veteranos ao tentar implantar um modelo de jogo com pressão, intensidade e movimentação.

Thiago Neves –  amigo do vice de futebol Itair Machado, a quem dedicou um gol contra o São Paulo no auge da crise envolvendo o dirigente no clube – primeiro acusou Ceni de colocar em campo uma formação na volta da semifinal da Copa do Brasil contra o Internacional improvisada e sem treinar. Depois foi sacado no intervalo da derrota por 2 a 1 para o Flamengo no Mineirão e não saiu do banco de reservas no empate sem gols com o Ceará no Castelão. Dedé reclamou da ausência do meia, Ceni não aceitou e o próprio Itair “sugeriu” que o treinador se demitisse.

O blog apurou que Dorival Júnior foi sondado, mas tem uma cirurgia marcada para o dia 1º de outubro e não teria como assumir. Olhando para o cenário criado, apenas dois profissionais disponíveis no país teriam “casca” e respaldo total para administrar os conflitos, conciliar as lideranças e controlar o vestiário: Abel Braga e Luiz Felipe Scolari. Mas qual é a chance de um deles aceitar assumir um time no Z-4, sem tempo para trabalhar com dois jogos por semana e garantia de salários pagos para poder cobrar?

Já o Atlético não vive o mesmo drama na tabela com a décima colocação, mas vem de seis derrotas seguidas desde a vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense na 14ª rodada. Muito por priorizar a Copa Sul-Americana, a chance de título em 2019. E internacional, garantindo vaga direta na Libertadores. Em vão. Derrota fora e vitória em casa sobre o Colón, 17º na liga argentina com 24 clubes, por 2 a 1 e revés nos pênaltis, dentro do Mineirão, por 4 a 3 com Rever e Cazares desperdiçando as cobranças.

Elenco que é um “frankenstein” com veteranos em declínio, jovens buscando espaço em meio ao caos e estrangeiros que oscilam demais o desempenho, embora salvem muitas vezes o time – como os gols de Chará e Di Santo sobre o Colón. O time não dá liga e Rodrigo Santana, treinador promissor, parece sem estofo e vivência para administrar a crise que agora virá mais forte sem a esperança de conquista. Só resta se recuperar no Brasileiro para fechar o ano sem grandes sustos.

A má notícia é que hoje os oitos pontos que separam a equipe do São Paulo, último do G-6, são os mesmos que a distanciam do rival Cruzeiro na zona de rebaixamento. Com um jogo a menos, exatamente o adiado contra o Vasco no Independência para o time definir a semifinal continental. Se não interromper a série de derrotas em casa contra o Ceará no domingo a coisa pode se complicar de vez.

Uma queda surreal para quem há cinco anos se vangloriava, com razão, da estrutura e solidez dos grandes de Minas Gerais. Rivalidade que atraiu os olhos do país, quase sempre voltados para São Paulo e Rio de Janeiro. Agora lamentando o flerte com o fundo do poço. Triste retrato de quem acreditou em fórmula mágica ou receita de bolo, não atualizou as práticas nem planejou a longo prazo. A conta chegou.

]]>
0
Corinthians de Fábio Carille é mesmo adepto do “saber sofrer” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/30/corinthians-de-fabio-carille-e-mesmo-adepto-do-saber-sofrer/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/30/corinthians-de-fabio-carille-e-mesmo-adepto-do-saber-sofrer/#respond Fri, 30 Aug 2019 03:22:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7143

Foto: Nayra Halm/FotoArena/Estadão Conteúdo

O Corinthians finalizou treze vezes em Itaquera e dezesseis no Maracanã com mais de 57 mil presentes. Cinco no alvo em cada partida pelas quartas da Sul-Americana contra o Fluminense que teve o interino Marcão em São Paulo e a estreia de Oswaldo de Oliveira, o sucessor de Fernando Diniz no comando técnico.

Por conta do mando de campo, a equipe de Fábio Carille tentou ocupar mais o campo de ataque em casa e reagir como visitante à iniciativa do adversário. Das duas maneiras dominou as partidas e poderia ter definido a classificação para a semifinal com mais tranquilidade.

Mas o time paulista parece mesmo ser adepto do “saber sofrer”. Jargão para times reativos que agrupam os setores no próprio campo, não se incomodam com a maior posse de bola do oponente e tenta controlar o jogo negando espaços para as infiltrações. É atacado seguidamente, mas não abre mão de sua estratégia.

Mesmo quando criam mais, as equipes parecem atraídas pelo perigo e desprezam o conforto de sobrar em campo e no placar. O Corinthians vai encontrando um bom caminho na execução do 4-1-4-1 com os ponteiros Pedrinho e Clayson cortando para dentro com pés “trocados”, Vagner Love se movimentando e dando profundidade aos ataques e os meio-campistas por dentro Júnior Urso e Mateus Vital se aproximando e aparecendo na área adversária para finalizar. Sem contar as jogadas de Fagner pela direita, grande válvula de escape do trabalho coletivo.

Bom volume de jogo, chute no travessão de Love completando lindo passe de Pedrinho. Pressão no campo de ataque e quase gol de Vital em falha de Muriel na saída de bola. O Corinthians dependia menos de Fagner e aproveitava o Flu no meio do caminho entre o estilo personalíssimo de Diniz e o que Oswaldo pretende, adicionando um pouco mais de solidez defensiva e pragmatismo.

O time carioca sofreu com a velocidade de Clayson e faltou sorte na bola desviada em Igor Julião que caiu no pé esquerdo de Pedrinho para abrir o placar. Ofensivamente viveu das bolas paradas e dos chutes de longe de Nenê, novamente escalado como “falso nove” e tentando trabalhar no espaço entre Gabriel e a dupla de zaga formada por Manoel e Gil.

No abafa conseguiu o empate com Pablo Dyego, assistência de Nenê em cobrança de falta pela direita, e a reta final, com nove minutos de acréscimo, foi de um sufoco desnecessário para o Corinthians que não abdicou do ataque e teve até gol (bem) anulado de Matheus Jesus. Mas a vaga para enfrentar o Independiente del Valle não precisava vir no gol “qualificado” com o 1 a 1 fora de casa.

O Corinthians jogou para vencer as duas partidas, mas só foi às redes uma única vez. A identidade corintiana com Fabio Carille parece afeita ao dito popular que se ouve de onze entre dez torcedores do clube: “se não for sofrido não é Corinthians”. Valeu a sobrevivência, apesar de todos os riscos.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
Corinthians depende demais de Fagner e Flu pragmático volta com bom empate http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/22/corinthians-depende-demais-de-fagner-e-flu-pragmatico-volta-com-bom-empate/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/22/corinthians-depende-demais-de-fagner-e-flu-pragmatico-volta-com-bom-empate/#respond Fri, 23 Aug 2019 02:59:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7099 Doze cruzamentos, quatro certos. Dois desarmes corretos, quatro dribles, 50 passes certos e sete errados. Os números de Fagner no empate sem gols com o Fluminense pela Copa Sul-Americana ressaltam a importância cada vez maior do lateral do Corinthians e da seleção brasileira no melhor momento da equipe de Fabio Carille na temporada.

Na execução do 4-1-4-1, as triangulações com Junior Urso e Pedrinho pela direita são a melhor solução ofensiva para criar espaços. O meio-campista vira o jogo para o lado mais forte, o ponta canhoto abre o corredor e o lateral passa com timing, velocidade e técnica. Fundamental diante de um sistema defensivo que nega espaços.

Sim, o time visitante, liderado por Marcão, interino e auxiliar permanente do clube, enquanto Oswaldo de Oliveira não assume o comando técnico, teve mais cuidados defensivos. Também no 4-1-4-1, inicialmente com Nenê pela direita, Marcos Paulo do lado oposto e Yony González na frente.

Mas justamente pelo sofrimento na marcação do jovem atacante tricolor contra Fagner, Yony González recuou pela esquerda, Marcos Paulo trocou de lado e Nenê foi fazer uma espécie de “falso nove”. Para tentar ditar o ritmo com Ganso por dentro. Ainda com a marca de Fernando Diniz, mas apelando para a ligação direta quando muito pressionado e não se incomodando com momentos de maior posse de bola do oponente.

O Corinthians rodou a bola, mas faltou criatividade e também profundidade, já que Clayson não conseguia levar vantagem contra Igor Julião e Vagner Love era contido pelo jogo simples dos zagueiros Nino e Frazan. A ponto de Carille apelar na reta final para um 4-4-2 com Boselli e Gustavo no centro do ataque e Jadson e Clayson abertos. Toque de um lado para o outro e bola levantada na área – 43 no total!

Na melhor chance, já nos acréscimos, cruzamento de Fagner, sempre ele, e cabeçada de Gustavo no travessão. A finalização mais perigosa das 13, cinco no alvo. Posse de bola dividida e nada menos que 35 rebatidas do Flu. Pragmático por necessidade, para seguir vivo na competição continental. Cinco conclusões, só a de Nenê no alvo ainda no primeiro tempo.

Pouco perto do que produzia antes, mas o suficiente para igualar o duelo, não sofrer gols depois de nove partidas e levar a decisão das quartas-de-final para o Maracanã. Vai precisar da torcida e de um pouco mais de coragem, já com Oswaldo à beira do campo. Usando na dose certa a vocação ofensiva dos tempos de Diniz.

O Corinthians deve ter mais espaços para Carille não depender tanto de Fagner. O destaque solitário do time da casa na noite fria em Itaquera.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0
Santos tem calendário “limpo” como trunfo para duelar com Palmeiras e Fla http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/15/santos-tem-calendario-limpo-como-trunfo-para-duelar-com-palmeiras-e-fla/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/15/santos-tem-calendario-limpo-como-trunfo-para-duelar-com-palmeiras-e-fla/#respond Mon, 15 Jul 2019 10:52:52 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6873

É óbvio que todos no Santos preferiam ainda estar envolvidos com Copa do Brasil e Sul-Americana. Principalmente pelo aspecto financeiro, com premiações para ajustar melhor as contas e reforçar o elenco. Mas o cenário atual de só ter o Brasileiro para disputar até dezembro pode ser um trunfo para o alvinegro praiano.

Já que não tem elenco com tanta fartura quanto Palmeiras e Flamengo, os principais concorrentes, o treinador Jorge Sampaoli pode pensar jogo a jogo e sempre com o melhor time possível, sem passar o fim de semana já planejando partidas decisivas pelas competições de mata-mata.

Para um técnico com conteúdo e repertório é realidade interessante. Mais ainda depois de quase um mês trabalhando para consolidar de vez as ideias com seu elenco. Afinando as variações táticas para jogar com linha de quatro na defesa ou com três zagueiros.

Como na importante vitória sobre o Bahia no sábado em Pituaçu. Já fazendo a primeira vítima que entra no jogo da competição por pontos corridos pensando em Copa do Brasil. Não que a equipe de Roger Machado tenha deixado de  entregar intensidade e concentração na disputa, mas em um campeonato de jogos tão parelhos quase sempre, a dedicação pode fazer a diferença.

Mesmo contra o tricolor com apenas um atacante (Fernandão, depois Gilberto), Sampaoli escalou novamente uma trinca de defensores: Lucas Veríssimo, Aguilar e Gustavo Henrique, que saiu para a entrada de Luiz Felipe para não mudar o desenho tático. Incoerente dentro da visão “bielsista” do argentino de que só se escala três zagueiros se for para garantir um homem a mais na retaguarda ao enfrentar uma dupla de ataque.

Só que o Bahia, na execução do seu quase invariável 4-1-4-1, vem se mostrando a equipe que melhor consegue agrupar todos os jogadores no próprio campo sem bola e encontrar soluções para sair da pressão pós-perda do adversário e acelerar a transição ofensiva. Com Elber ou Arthur Caike e, principalmente, Artur pelas pontas. Era preciso mesmo ter cuidados defensivos.

Mas o Santos novamente impôs sem estilo. Com 66% de posse, 460 passes certos – mais que o dobro dos 212 dos baianos – e 15 finalizações contra 11, sete a dois no alvo. No 3-4-3 com Eduardo Sasha e Soteldo pelas pontas e os alas Victor Ferraz e Jorge atacando também por dentro, engrossando a articulação com Carlos Sánchez e Diego Pituca. Mesmo com Uribe ainda fora de sintonia como o centroavante que Sampaoli sentia tanta falta como referência na frente, é um time forte.

No final, Sánchez sofreu pênalti de Guerra, bateu e marcou no rebote do goleiro Douglas Friedrich. Para subir o aproveitamento para 77%, tirar dois pontos e diminuir para três a vantagem do Palmeiras no topo da tabela. Também manter os três na frente do Flamengo. E talvez secretamente guardar uma torcida para que os concorrentes se deem muito bem no meio da semana contra Internacional e Athletico na Copa do Brasil. Mais à frente pela Libertadores diante de Godoy Cruz e Emelec. Quanto mais longe melhor.

Porque o calendário “limpo” do Santos é consequência de fracassos que não podem ser esquecidos, mas agora vira aliado para lutar contra os abastados. Um Davi descansado e concentrado que pode derrubar Golias extenuados e distraídos. Difícil, mas nada impossível.

(Estatísticas: Footstats)

 

]]>
0
Botafogo volta ao Brasileiro entre os Moreira Salles e o abismo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/12/botafogo-volta-ao-brasileiro-entre-os-moreira-salles-e-o-abismo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/12/botafogo-volta-ao-brasileiro-entre-os-moreira-salles-e-o-abismo/#respond Fri, 12 Jul 2019 11:25:19 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6857

Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

O cerco financeiro vai se fechando: maior devedor do futebol brasileiro (730 milhões de reais, segundo estudo da “Sports Value), opções limitadas de receitas por conta de adiantamentos de cotas de TV, uma sangria de penhoras e dívidas trabalhistas e com a União. Sem patrocínio master depois da saída da Caixa e em transição de fornecedor de material esportivo, além de um racha político que isola o presidente Nelson Mufarrej e complica ainda mais o cenário. O Botafogo não tem mais o que raspar no fundo do pote.

O clube vai sobrevivendo de empréstimos com direitos econômicos de jovens da base como garantia, negociações de atletas (inteiras ou “fatiadas”) e ajuda de botafoguenses mais abastados. Ainda assim, já são dois meses de salários atrasados, fora premiações e direitos de imagem. É preciso negociar jogadores para respirar. Ezequiel, emprestado ao Sport e destaque na Série B, é monitorado por Palmeiras e Athletico-PR. Gatito Fernández e Alex Santana têm mercado e são outras possibilidades de fazer entrar dinheiro a curto prazo. Muito pouco.

A saída é adiar mês a mês a agonia. Ou esperar pelo milagre que hoje atende pelo nome Moreira Salles. A auditoria encomendada à Ernst & Young pelos irmãos apaixonados pelo clube e com fortuna avaliada em 77 bilhões de reais terminou em julho. Agora é aguardar que João e Walter alinhem a possivel parceria que teria sentimento envolvido, mas não filantropia. Eles não vão comprar o Botafogo, só querem viabilizar a gestão do futebol profissional independente do clube social.

Hoje parece a única solução viável em um clube cuja torcida tem dificuldades de renovação, com cada vez mais meninos e meninas preferindo os grandes times europeus. Sem contar a visibilidade cada vez menor em um Rio de Janeiro em crise profunda e com domínio financeiro e midiático quase absoluto do rival Flamengo. Quando aparece uma notícia de bastidores quase sempre é negativa, como a de que o clube só tinha R$33,28 na conta corrente – informação que constava no despacho de um juiz para desbloqueio de penhora.

O trabalho de Eduardo Barroca até aqui diminuiu o impacto da penúria financeira. A meta de ocupar a primeira página na tabela do Brasileiro antes da pausa para a Copa América foi cumprida: é o sétimo colocado, com 15 pontos. O time também segue vivo na Copa Sul-Americana, enfrenta o Atlético Mineiro pelas oitavas de final.  A boa notícia para o técnico é que Biro-Biro e Victor Rangel chegam para reforçar o ataque que precisa de mais contundência.

Mas é difícil, quase impossível, fazer os jogadores manterem o foco sem salários e sequer uma previsão de acerto. A situação já chegou ao ponto de os atletas com melhores condições financeiras ajudarem os que ganham menos. Nesta semana começou uma espécie de greve de silêncio que prejudica o clube pela menor exposição dos patrocinadores que restaram em entrevistas coletivas e exclusivas ou ações de marketing. E ainda há o risco de uma paralisação do elenco caso não haja ao menos uma satisfação da diretoria.

O treinador e o gerente de futebol Anderson Barros tentam administrar o dia a dia levando ilustres botafoguenses ou figuras como Sebastião Lazaroni, pai do auxiliar técnico Bruno, às sessões de treinamentos para criar um clima positivo, de incentivo em nome de uma instituição que merece respeito e zelo à história gloriosa e de protagonismo em grandes conquistas da seleção brasileira.

A volta a campo é domingo no Mineirão contra o redivivo Cruzeiro. A torcida é para que o foco no mata-mata faça Mano Menezes poupar titulares e equilibrar mais as forças no confronto. Porque não há como fazer futebol profissional em alto nível sem dinheiro. Como Barroca e sua comissão técnica vão cobrar intensidade e concentração sem respaldo financeiro, com o jogador pensando nas contas para quitar? Como trabalhar sem o básico?

O Botafogo está à beira do abismo. Ou se salva com os Moreira Salles ou mergulha na escuridão.

 

]]>
0
João Pedro, mais um menino a brincar tão rápido no nosso playground http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/24/joao-pedro-mais-um-menino-a-brincar-tao-rapido-no-nosso-playground/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/24/joao-pedro-mais-um-menino-a-brincar-tao-rapido-no-nosso-playground/#respond Fri, 24 May 2019 10:19:49 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6585

Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

João Pedro tem 17 anos, é da base de Xerém e já está vendido pelo Fluminense, afundado em dívidas e crise política. O Watford pagou cerca de 45 milhões de reais.

Uma bagatela a julgar pelo que o menino fez até agora. Sete gols em dez jogos no profissional. Mais que Ronaldo Fenômeno e Neymar. Nove finalizações, todas certas, em 216 minutos em campo. Mais duas assistências. Salvou o time na Copa do Brasil contra o Cruzeiro que sofreu no Brasileiro com dois gols do atacante rápido, inteligente e de incrível destreza nas finalizações.

O Atlético Nacional de Barcos e comandado por Paulo Autuori penou ainda mais. Na estreia como titular, João Pedro teve 11 minutos de Romário: dois gols, um de cabeça aproveitando os 1,86 m de quem esticou rápido e outro tocando por cima do goleiro, mais o cruzamento preciso da esquerda para Luciano testar para as redes. Eficiência máxima. Um primeiro tempo fenomenal com mais uma bola na rede, fechando os 4 a 1 no Maracanã. Na segunda etapa ainda teve mais uma chance em jogada individual. Cinco finalizações, três gols. Espetáculo que deixa o Flu mais próximo das oitavas da Copa Sul-Americana.

Playground do menino que brinca, dança e se diverte. Mas já vai embora. Em 2020, com 18 anos, já estará na Premier League. Como Gabriel Jesus pelo Manchester City e Richarlison no Everton. Ou Vinícius Júnior em “La Liga” com a camisa do Real Madrid. E tantos outros que já foram ou ainda vão. Nossa dura sina é curti-los tão pouco por aqui e depois só na TV. Ou raramente em um estádio brasileiro com a camisa verde e amarela.

Faz parte do jogo. Do direito de trabalhar onde quiser, de garantir a família e a si mesmo em carreira tão curta e incerta. De fazer o time que o revelou ganhar mais 10% de uma venda futura com valor bem acima do pago pelo clube inglês, que terminou esta edição do campeonato nacional em 11º lugar. Nem precisa ser gigante para tomar o doce da nossa boca.

Que o Flu e sua torcida usufruam do jovem que tornou mais contundente o ataque do time de Fernando Diniz que antes ficava com a bola e sofria para traduzir o domínio no placar. Que todos aproveitem para olhar bem de perto um talento tipicamente nosso. Cada vez mais cedo tipo exportação.

Nas Laranjeiras, forma com Marcos Paulo, outro jovem talento, uma dupla tratada como “Casal 20”. Lembrando Washington e Assis, protagonistas no tricampeonato carioca de 1983 a 1985 e no título brasileiro de 1984. Atacantes que não foram formados no clube, mas atuaram com a camisa tricolor por anos – Assis de 1983 a 1987 e Washington, que chegou junto com o parceiro do Atlético Paranaense e ficou até 1989.

Marcos Paulo e João Pedro não devem durar duas temporadas no profissional do Flu. Vão brincar em áreas de lazer mais sofisticadas. Para o mundo aplaudir. Sinal dos tempos.

]]>
0
Eduardo Barroca, exclusivo: “Protagonismo no jogo não é só posse de bola” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/24/eduardo-barroca-exclusivo-protagonismo-no-jogo-nao-e-so-posse-de-bola/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/24/eduardo-barroca-exclusivo-protagonismo-no-jogo-nao-e-so-posse-de-bola/#respond Wed, 24 Apr 2019 03:53:05 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6359

Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo

No final de 2017, a vez no Botafogo para assumir o comando técnico do futebol profissional depois da saída de Jair Ventura parecia ser de Eduardo Barroca, pelos bons resultados e estilo personalíssimo treinando o sub-20. A diretoria preferiu Felipe Conceição, o “Tigrão”, bem sucedido também, mas no sub-17. Foi anunciado em dezembro e caiu em fevereiro.

Barroca foi para o sub-20 do Corinthians em abril e, um ano depois, volta ao Botafogo sucedendo Zé Ricardo no cargo que desejava e fez por merecer com desempenho e resultados. Com consciência da responsabilidade, mas com metas ambiciosas. Em entrevista exclusiva ao blog a três dias de abrir o Brasileirão contra o São Paulo no Morumbi, o técnico relata suas primeiras impressões em sete dias de trabalho e explica sua visão de futebol, fugindo dos rótulos e das mistificações.

BLOG – Que Botafogo você reencontrou, mas agora nos profissionais e com jogadores trabalhados por você nas divisões de base?

EDUARDO BARROCA – Estou muito feliz com a oportunidade e considero o Botafogo o clube ideal para viver essa experiência que vinha buscando. Encontrei um grupo interessado e inconformado com o que viveu até agora na temporada. Eu não estava aqui, então só posso falar do que estou vendo e é consenso que os resultados não são condizentes com o bom nível do grupo. A convivência tem sido ótima, com a base, que considero a “locomotiva” do clube, e também os que estão aqui há mais tempo, como Gatito Fernández, Joel Carli, Rodrigo Pimpão, João Paulo…

BLOG – Nas entrevistas desde que assumiu o time você vem falando em protagonismo e coragem. Como trabalhar a autoestima de um grupo com resultados muito aquém do que se planejava?

EDUARDO BARROCA – Esses jogadores passaram por vários processos seletivos na vida para chegarem a um clube de Série A. Eles estão no topo da pirâmide do futebol jogado no Brasil e gostam de protagonismo. Eles vêm reagindo bem, a receptividade aos trabalhos tem sido a melhor possível. Nós teremos jogos difíceis e vamos buscar um crescimento rápido no rendimento para que as vitórias venham como consequência.

BLOG – Essa ideia de protagonismo que normalmente se traduz em campo com linhas adiantadas, posse de bola e coragem para atacar não pode encontrar resistências no elenco? Por exemplo, o Joel Carli não é exatamente um zagueiro rápido para jogar com muito campo às suas costas. Ele não pode se sentir desprotegido?

EDUARDO BARROCA – Até aqui não encontrei nenhuma resistência e peço licença para discordar da sua observação sobre o Carli. Velocidade de um zagueiro depende de muitas variáveis, como posicionamento, antevisão do movimento de corpo do atacante e outras. Eu estou no sétimo dia de trabalho e nenhum jogador deixou um treinamento por causa da intensidade ou tive que diminuir o tempo de alguma atividade.

BLOG – Você no momento tem na lateral direita o Marcinho, que já foi elogiado até pelo Tite, mas costuma ser alvo da ira da torcida nos momentos ruins, e Fernando, revelado no clube que acabou de chegar do futebol francês e é uma incógnita. A ideia é seguir com eles ou buscar mais um para a posição no mercado?

EDUARDO BARROCA – A nossa administração é de dentro para fora. Conheço os dois atletas e estou trabalhando com estímulos, confiança e as devidas correções, tanto individual quanto coletivamente. O ciclo é de intensidade, cobrança e ajuste. Isonomia no treinamento e trabalhar internamente para, se for o caso, olhar para fora, para o mercado.

BLOG – Por conta da dificuldade de utilizar o Diego Souza na estreia no Brasileiro contra o São Paulo – o clube teria que pagar uma multa de 400 mil reais para utilizar o jogador emprestado pelo tricolor – você tem trabalhado com o Erik na frente e ainda tem o garoto Igor Cássio como opção depois da saída do Kieza para o Fortaleza. A ideia é ter uma referência no centro do ataque ou uma formação mais móvel?

EDUARDO BARROCA – Antes gostaria de desmistificar essa questão dos “garotos” do Botafogo. O Igor Cássio tem 21 anos e mais de 150 jogos com a camisa do clube. Não é mais um garoto. Tem atleta de 23 anos aqui que já é pai de família. São homens. Sobre a questão em si ainda não tenho uma resposta, não trabalhei com o Diego Souza por causa dessa impossibilidade de escalá-lo. Os treinos e jogos vão definir. Posso usar o Erik por dentro ou por fora. É preciso cuidado porque goleiro e centroavante são funções especiais. Se for preciso a gente vai olhar o mercado também, dentro das possibilidades financeiras do clube.

BLOG – Você tem treinado a equipe num 4-1-4-1. Já tem uma formação na cabeça?

EDUARDO BARROCA – Sim, mas até quarta-feira eu vou trabalhar todos com isonomia. Só a partir de quinta eu vou definir o que quero para o jogo contra o São Paulo. Eu tenho treinado comportamentos com os 25 jogadores de linha e mais os três goleiros. Conto com todos.

BLOG – Inclusive com o Léo Valencia, ainda com futuro indefinido?

EDUARDO BARROCA – Claro, se ficar certamente será muito útil à equipe.

BLOG – Em todas as sessões de treinamentos você trabalha finalizações com todos os jogadores de linha. É uma preocupação de fazer o time protagonista ser eficiente nas conclusões e sofrer menos contra defesas bem fechadas?

EDUARDO BARROCA – Há quatro formas no futebol de fazer gols: bola parada, cruzamento, chute de fora da área e infiltração atacando a última linha de defesa do adversário. Então eu tento neste período em que estamos com tempo trabalhar ao menos uma dessas maneiras para criar um repertório amplo e refinado.

Sobre essa questão do protagonismo no jogo eu gostaria de desmistificar algumas ideias que surgem em função do meu passado na base. Não é só posse de bola. Eu posso ter protagonismo pela superioridade no número de finalizações. Eu posso controlar o jogo no campo do adversário pressionando a marcação, mesmo sem a bola. É circunstancial, depende do contexto. Eu estou me adaptando à realidade do Botafogo.

BLOG – As principais equipes do país, com exceção do Grêmio, se sentem mais confortáveis reagindo ao adversário, com menos posse de bola e um jogo mais direto. Como fugir das “armadilhas” de Felipão, Mano, Carille, Abel e Cuca no Brasileiro tendo um elenco com orçamento mais modesto e a vontade de propor o jogo?

EDUARDO BARROCA – Acho que estão criando expectativas erradas em cima do meu trabalho (risos). Me considero inteligente o suficiente para entender que o time precisa de bons resultados no curto prazo. É claro que o cenário ideal é jogar muito bem e vencer. Mas estou trabalhando os jogadores para encontrar soluções para os problemas que os jogos apresentarem.

BLOG – Misturar idealismo e pragmatismo?

EDUARDO BARROCA – Tudo que eu falar antes do time entrar em campo será pouco profundo. O que é idealismo e pragmatismo no futebol? Eu posso ser dominado, por exemplo, pelo São Paulo do Cuca mesmo com 80% de posse de bola. Ou dominar o Palmeiras do Felipão com pressão e velocidade na transição. E o problema pode nem ser o adversário, mas algo que a equipe esteja executando errado ou eu que tenha me equivocado no plano de jogo.

BLOG – O que tem chamado sua atenção no futebol jogado no Brasil e no mundo?

EDUARDO BARROCA – Estou encantado com o sub-20 do São Paulo. O trabalho na base me proporcionou participar de grandes jogos como, por exemplo, a semifinal da Copinha deste ano contra o Vasco. No profissional fui a São Paulo ver a final do Paulista e achei o jogo bom. Aprecio muito o Grêmio do Renato Gaúcho também, principalmente a maneira com que ele escolhe seus jogadores pelo que podem produzir tecnicamente. Lá fora gosto de City, Liverpool, Tottenham, Barcelona, as equipes do Maurizio Sarri…Me identifico com quem procura colocar os melhor em campo e encontrar soluções para que eles produzam um futebol de alto nível.

BLOG – Para terminar, como o Botafogo vai administrar o calendário com Brasileiro e Sul-Americana e qual é a meta hoje pensando no fim do ano?

EDUARDO BARROCA – A ideia é começar da melhor forma possível para ganhar pontos e confiança. Até a pausa para a Copa América teremos seis partidas no Rio de Janeiro das nove que vamos disputar. Três das quatro primeiras (Bahia e Fortaleza no Estádio Nilton Santos e Fluminense no Maracanã). Queremos render o máximo possível e depois adequar os objetivos conforme a evolução da equipe. Obviamente dividindo atenções com a Sul-Americana, que só entra na segunda fase em maio. A meta do Botafogo hoje é largar bem no Brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

]]>
0