diego – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Empate em Quito é o mundo real que queriam esconder do Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/20/empate-em-quito-e-o-mundo-real-que-queriam-esconder-do-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/20/empate-em-quito-e-o-mundo-real-que-queriam-esconder-do-flamengo/#respond Thu, 20 Feb 2020 10:33:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8015

Foto: José Jácome / EFE

A noite do Flamengo no Estádio Atahualpa em Quito não foi das mais felizes.

Começando pelo impacto físico e anímico da altitude de 2.850 metros, passando pela escolha infeliz de Jorge Jesus para substituir o suspenso Gabriel Barbosa: Diego Ribas jogou como meia central no 4-2-3-1, atrás de um Bruno Henrique empurrado para a referência no ataque. Sacrificou os dois e tirou velocidade na transição ofensiva.

Para complicar ainda mais, a qualidade do Independiente Dei Valle, campeão da Copa Sul-Americana. Do jovem e ótimo treinador espanhol Miguel Angel Ramirez. Armado em um 4-3-3/4-1-4-1 que encontrava espaços às costas de Willian Arão e Gerson com Franco e Faravelli e, principalmente, no setor de Filipe Luís com a dupla Jhon Sánchez e Guerrero. Principalmente pela baixa intensidade do Flamengo na pressão no campo de ataque.

Assim a equipe mandante terminou com 53% de posse de bola e 16 finalizações – quatro no alvo. Um time organizado, que dominou boa parte do jogo e nunca esmoreceu.

Bem diferente do mundo de faz de conta que se criou para o Flamengo nos últimos dias. Adversários entregues, superioridade incontestável e tudo dando certo o tempo todo em campo. “Outro patamar” full time, em qualquer contexto.

Mas na prática a teoria é outra. Inclusive por conta da típica arbitragem “caseira” da América do Sul. Do uruguaio Leodan González Cabrera ao VAR bastante inconclusivo em um impedimento de Bruno Henrique no primeiro tempo. O camisa 27 pareceu partir do próprio campo até driblar o goleiro Pinos e ir às redes.

Pior ainda na marcação absurda do pênalti de Rafinha sobre Murillo – autor do primeiro gol em cobrança de falta que Diego Alves deixou passar no primeiro tempo. A cobrança precisa de Pellerano decretou os 2 a 2.

Sem contar uma certa permissividade com as entradas mais duras do time equatoriano. Inclusive do próprio Pinos sobre Bruno Henrique no primeiro gol rubro-negro que tirou o atacante do jogo e o colocou numa ambulância. Nem cartão amarelo levou.

O banco de reservas salvou Jorge Jesus. Primeiro com Vitinho no lugar de Diego, que sempre perde desempenho quando joga mais adiantado por prender demais a bola. Arrascaeta centralizou e Filipe Luís ganhou um apoio pela esquerda na segunda etapa.

Depois Pedro, que deveria ter sido o substituto natural de Gabriel, até porque foi contratado para isso. Mas o treinador português insiste em dar mais oportunidades neste início a quem já faz parte do trabalho desde o ano passado.

O centroavante, porém, mais uma vez correspondeu. Sem a explosão de Bruno Henrique, mas dando sequência às jogadas, pressionando a última linha do Del Valle e com presença de área para completar linda jogada de Everton Ribeiro pela direita no segundo gol do campeão brasileiro e da Libertadores.

Favorito também à conquista da Recopa Sul-Americana na volta, no Maracanã. Sem fratura constatada em exames, Bruno Henrique provavelmente estará em campo junto com Gabriel no ataque. Outra dúvida é Rodrigo Caio, que sentiu a coxa e saiu para a entrada de Thuler.

Com qualquer escalação, não deve ser um jogo fácil. Vale taça continental. Difícil entender esse cenário ideal que pintaram para o Flamengo. No esporte mais imprevisível, em um continente tão complicado e instável para se construir hegemonia. O mundo que tentaram esconder dos rubro-negros. Por ingenuidade ou a má intenção de colocar em um pedestal esperando desabar para transformar a queda em vexame.

O jogo real é bem mais duro.

(Estatisticas: SofaScore)

 

 

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Flamengo vira no talento à prova de “zebra” e está na final do Mundial http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/17/flamengo-vira-no-talento-a-prova-de-zebra-e-esta-na-final-do-mundial/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/17/flamengo-vira-no-talento-a-prova-de-zebra-e-esta-na-final-do-mundial/#respond Tue, 17 Dec 2019 19:55:28 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7746 O primeiro tempo em Doha mostrou que o menosprezo de muitos ao Al-Hilal por conta do jogo do time misto no sábado contra o Esperánce era por pura arrogância e também desconhecimento. Não bastaram as quatro eliminações dos sul-americanos nas últimas dez semifinais do Mundial de Clubes para aprenderem a respeitar mais o futebol jogado em um mundo cada vez mais conectado, com informações circulando e conceitos atuais disponíveis para quem quiser aprender.

A equipe árabe de Razvan Lucescu, armada no 4-2-3-1, tentou emular a estratégia do River Plate contra o Flamengo na final da Libertadores: pressão no homem da bola liderada por Cuéllar, velocidade nas transições ofensivas e força pela direita com Carillo e o lateral Al-Burayk passando no corredor contra Filipe Luís, nem sempre auxiliado sem bola por De Arrascaeta.

Do lado oposto, força também com Al-Shahrani apoiando bem aberto e Al-Dawsari circulando por dentro e procurando Giovinco e Gomis nas costas de Willian Arão e Gerson. Muita intensidade e presença ofensiva.

E o gol muito semelhante ao marcado pelo River em Lima: chegada ao fundo pela direita, passe para trás e finalização no espaço entre defesa e meio. De Al-Dawsari, que havia desperdiçado chance à frente de Diego Alves e Gomis perdendo gol feito no rebote.

Para aumentar a tensão que sempre afeta os sul-americanos, pelo contexto da competição: uma estreia, contra o adversário leve por já ter jogado e tranquilo pela condição de “zebra”. Componente emocional que pesou até o final do primeiro tempo.

No entanto, assim como o River, o Al-Hilal não aproveitou o período de domínio e controle para definir a partida. O Flamengo voltou vivo do intervalo e foi crescendo. Bruno Henrique saiu da esquerda, invertendo com Arrascaeta no 4-1-3-2 habitual e foi jogar com Gabriel Barbosa na frente. Marcação adiantada, concentração e circulação de bola mais rápida, principalmente depois da entrada de Diego Ribas na vaga de Gerson, novamente abaixo do rendimento normal e sentindo a marcação de Carlos Eduardo.

E a descoberta do lado direito como o principal escape para chegar à área mais rapidamente. Bola que passou por Rafinha, chegou a Gabriel, que girou e atraiu a atenção da defesa que deixou espaços às costas para Bruno Henrique infiltrar e servir Arrascaeta livre. Enfim o talento floresceu e tudo funciona melhor no time rubro-negro quando esses três se aproximam.

O empate castigou mentalmente o time árabe que já vinha sentindo o desgaste do esforço nos primeiros 45 minutos. E tome bola no Rafinha! O inesgotável lateral de 34 anos disparou para colocar na cabeça de Bruno Henrique, o artilheiro dos jogos grandes. O destaque do futebol brasileiro em 2019 ainda encontrou espaço pela esquerda para receber de Diego e cruzar para Al-Bulayhi marcar contra. O craque do jogo.

Carillo perdeu a cabeça em falta sobre Arrascaeta e foi expulso. A exceção em um time que tentou jogar durante os 90 minutos. Com 43% de posse, finalizou 11 vezes contra nove – cinco a três no alvo. E pressionou no final, mesmo jogando com inferioridade numérica. Para cair de pé e reforçar a nossa necessidade de olhar para outros centros futebolísticos com mais respeito.

Jorge Jesus sabia da força do adversário e não faltou seriedade. Mas sobrou, além do condicionamento físico, a qualidade do campeão brasileiro e da Libertadores para despachar a chance de uma surpresa desagradável e, agora sim, poder pensar na final do Mundial. Amanhã o roteiro esperado depende do Liverpool contra o Monterrey.

(Estatísticas: Footstats)

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A noite infeliz de Jorge Jesus em Guayaquil http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/24/a-noite-infeliz-de-jorge-jesus-em-guayaquil/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/24/a-noite-infeliz-de-jorge-jesus-em-guayaquil/#respond Thu, 25 Jul 2019 02:36:05 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6935 Talvez a emoção pelo aniversário e a estreia na Libertadores tenham mexido com a cabeça de Jorge Jesus. É claro que o início de trabalho e desfalques importantes como Everton Ribeiro e De Arrascaeta são atenuantes que devem ser consideradas.

Mas que noite infeliz do treinador português em Guayaquil. Primeiro inventou Rafinha pela direita na linha de meias do 4-1-3-2 e posicionou Rodinei na lateral direita, mesmo já ciente dos claros problemas defensivos do camisa dois. Um dos que falharam no primeiro gol do Emelec. Renê permitiu a passagem de Cabezas às suas costas. Inversão de bola para Guerrero, marcação à distância de Rodinei e cruzamento para Godoy entre Leo Duarte e Rafinha mal posicionados.

As atuações de Rafinha, que há três anos não atuava no meio-campo, e Willian Arão, de novo escalado como único volante, foram catastróficas nos primeiros 45 minutos. Diego foi novamente o responsável pela organização das jogadas e por bolas paradas, mas com índice baixo de acertos. Camisa dez que poderia ter perdido espaço depois da cobrança ridícula de pênalti na decisão contra o Athletico pela Copa do Brasil, mas foi salvo pelas lesões de Everton Ribeiro e Arrascaeta.

Só Gabriel Barbosa se destacava, com garra e finalizações. O time equatoriano nem era tão compacto na execução do 4-1-4-1 do treinador Ismael Recalvo, que também assumiu o comando técnico recentemente. Mas controlou bem o jogo até a expulsão do zagueiro Vega no início da segunda etapa.

E aí Jorge Jesus pecou novamente. Na ansiedade de empurrar o time para frente, trocou Cuéllar e Lucas Silva por Arão e Gerson. Já havia substituído Rodinei por Lincoln assim que ficou com um homem a mais. Ou seja, queimou as três trocas. Com a séria lesão de Diego no tornozelo, o Fla perdeu a vantagem numérica.

Pagou caro com o gol de Caicedo, em falha de Léo Duarte e de novo no setor de Renê, que tocou na bola antes de entrar na meta de Diego Alves. O lateral esquerdo foi o  “mapa da mina” do Emelec, que com os 2 a 0 abre enorme vantagem. Contra um Flamengo que provavelmente não contará com seus três meias criativos. Mais uma vez o Flamengo sofrendo na Libertadores e pagando por seus próprios erros.

É preciso olhar com carinho para o planejamento do clube na temporada. Mesmo compreendendo que para contratar jogadores que atuam na Europa as melhores oportunidades são na janela de verão, a principal, o contexto é complexo. Rafinha disputou sua terceira partida. Gerson a segunda. Filipe Luís pode nem jogar no torneio continental. Sem contar o treinador estrangeiro que precisaria de um “intensivão” de Flamengo e futebol brasileiro, mas já disputa partidas decisivas.

Jorge Jesus errou. Feio. E o time pode pagar com nova eliminação no torneio sul-americano, a prioridade na temporada. Os personagens mudam, mas o roteiro segue dramático.

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Empate salva Flamengo “arame liso” novamente e pune recuo do Corinthians http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/21/empate-salva-flamengo-arame-liso-novamente-e-pune-recuo-do-corinthians/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/21/empate-salva-flamengo-arame-liso-novamente-e-pune-recuo-do-corinthians/#respond Sun, 21 Jul 2019 21:22:12 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6910 Mesmo em Itaquera, o Corinthians encontrou o cenário mais confortável para si contra um Flamengo desfalcado, mas tentando ser protagonista. Nenhum incômodo do time de Fabio Carille por não controlar a posse de bola, mas dominando a partida por ocupar melhor os espaços.

No 4-1-4-1, com Gabriel no lugar de Ralf entre as linhas, Vagner Love na frente, a equipe mandante forçava o jogo pela esquerda com Danilo Avelar, Clayson e Sornoza, porém sendo mais eficiente pela direita com Pedrinho e, principalmente Fagner.

O lateral direito levou ampla vantagem sobre Gerson, contratação mais recente do Flamengo. Outro que chega ao clube no meio do ano, já entrando à forceps na equipe que teve 20 dias para treinamentos com Jorge Jesus, mas sem o novo meio-campista. Totalmente fora de sintonia, foi um elo fraco em jogo importante.

Sem Everton Ribeiro, o Fla dependeu inicialmente da articulação de Willian Arão, meia central do 4-1-3-2 de Jesus que posicionou Diego Ribas como uma espécie de segundo atacante próximo de Gabriel Barbosa. Vitinho novamente improdutivo, desta vez pela direita, saiu lesionado para a entrada de Berrío na volta do intervalo. Depois Bruno Henrique e Lincoln substituíram Cuéllar e Gerson, já no desespero atrás do empate.

Porque na arrancada de Fagner que ninguém acompanhou, a bola chegou a Love que foi tocado pelo afobado Berrío. Pênalti que Clayson converteu. O primeiro assinalado a favor do Corinthians na competição. Premiando naquele momento o time mais organizado e objetivo – foram 13 finalizações contra apenas cinco, mas três no alvo para cada lado.

A duas últimas do Fla, e únicas na segunda etapa, de Arão e Gabriel Barbosa já no final do jogo. No rebote de Cássio na cabeçada do volante, o gol do camisa nove rubro-negro, artilheiro do Brasileiro com oito gols. Depois de muita demora de Vuaden e equipe do VAR para confirmar a posição legal do atacante. Salvando um time novamente “arame liso”, com posse que sempre rondou os 60% e terminou com 56%, porém finalizando muito pouco e repetindo erros do passado.

O Corinthians concluiu apenas cinco vezes no segundo tempo, no alvo apenas a cobrança precisa de Clayson. O time de Carille sempre deixa a impressão de que confia demais no sistema defensivo para administrar a vantagem mínima. Sempre um risco, ainda mais com um oponente superior individualmente. Mais dois pontos ficaram pelo caminho, assim como a chance de encostar no pelotão da frente em um rodada que seria favorável.

(Estatísticas: Footstats)

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Eliminação sinaliza que maior trabalho de Jesus no Flamengo será mental http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/18/eliminacao-sinaliza-que-maior-trabalho-de-jesus-no-flamengo-sera-mental/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/18/eliminacao-sinaliza-que-maior-trabalho-de-jesus-no-flamengo-sera-mental/#respond Thu, 18 Jul 2019 04:17:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6889 Desfalque de Bruno Henrique pouco antes do jogo no Maracanã. Depois a lesão de Arrascaeta que esfriou a pressão sufocante dos primeiros 20 minutos. Principalmente a qualidade e a força mental de um Athletico com o trabalho de Tiago Nunes consolidado e a confiança de títulos recentes, incluindo a Sul-Americana.

O Flamengo tinha muitos obstáculos para encarar na volta das quartas de final da Copa do Brasil. Tudo teria se descomplicado se Arrascaeta e Lincoln, o substituto de Bruno Henrique na manutenção do 4-1-3-2 de Jorge Jesus, tivessem aproveitado as três oportunidades no período de domínio. Não aconteceu e o time paranaense foi se aprumando no jogo, adiantando a marcação e acelerando os contragolpes com a velocidade do quarteto ofensivo formado por Marcelo Cirino, Nikão, Rony e Marco Ruben, alimentados pelo toque inteligente de Bruno Guimarães.

A liderança e a energia do novo treinador à beira do campo ajudaram a manter o time ligado e atacando, mas era nítida a queda de confiança, com Vitinho aberto pela esquerda com intensidade abaixo dos companheiros e sobrecarregando Diego e Everton Ribeiro na articulação. Até o ponteiro enfim desequilibrar no segundo tempo driblando Jonathan e cruzando. Aí valeu a proposta ofensiva, com muitos jogadores entrando na área adversária: Everton Ribeiro ajeitou e Gabriel Barbosa se antecipou a Robson Bambu.

Além da dupla protagonista no gol, Berrío também estava na área atleticana. O ponteiro entrou no lugar de Lincoln, mas mantendo a dupla de ataque. E preservando as linhas adiantadas que cobraram um preço alto: Rony ganhou de Rafinha na intermediária, disparou e entrou nas costas da defesa para empatar. Levar gol em contragolpe com vantagem no placar é um risco inerente ao modelo de jogo de Jorge Jesus. Ainda mais quando o treinador encara um jogo decisivo com menos de um mês de trabalho e apenas duas partidas oficiais.

O empate trouxe o abatimento de um grupo que vem sofrendo reveses seguidos nas principais competições. Com a queda mental, o desgaste físico bateu no final. A senha para derreter psicologicamente nos pênaltis. A começar por Diego, que cumpriu boa atuação nos 90 minutos, mas não tem retrospecto positivo nas cobranças. Para complicar, o árbitro demorou a autorizar e minou ainda mais a confiança. O chute foi ridículo, até bizarro.

O golpe final no emocional que foi para o espaço no chute por cima de Vitinho e depois Everton Ribeiro também “atrasando” para o goleiro Santos. Diego Alves fez o que pôde, pegando a cobrança de Bruno Nazário e só sendo deslocado no por Bruno Guimarães, mas não evitou a eliminação. Dentro de um confronto equilibrado, em Curitiba e no Rio de Janeiro, qualquer detalhe faz diferença.

O Athletico foi mais sereno e seguro e está na semifinal. Ficou claro para Jorge Jesus que suas ideias podem dar muito certo com tempo e respaldo, mas no Flamengo o maior trabalho, ao menos neste início, será no aspecto mental. É muita pressão para transformar o investimento em conquistas. Para voltar a vencer em nível nacional e internacional, antes de tudo, é preciso ter calma. Sem a montanha-russa do “oba oba” de domingo e a depressão na quarta-feira.

Não há mágica, nem milagre. Só o trabalho consistente que o treinador português é capaz de entregar.

 

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Flamengo classificado em jogaço! Corinthians ofensivo só valorizou clássico http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/04/flamengo-classificado-em-jogaco-corinthians-ofensivo-so-valorizou-classico/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/06/04/flamengo-classificado-em-jogaco-corinthians-ofensivo-so-valorizou-classico/#respond Wed, 05 Jun 2019 02:45:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6647 A necessidade de reverter a desvantagem de um gol fez o Corinthians valorizar demais a vitória por 1 a 0 e a classificação do Flamengo para as quartas de final da Copa do Brasil.

Mesmo sem Fagner, lesionado e já integrado à seleção,foi a melhor atuação coletiva do time de Fabio Carille em 2019, só faltando a eficiência nas finalizações, belas defesas de Diego Alves à parte.

Porque o time rubro-negro sentiu demais a falta da dinâmica de Cuéllar no meio-campo e do passe diferente de Arrascaeta na articulação – ambos já servindo aos seus países na preparação para a Copa América.

Piris da Motta errou muito no primeiro tempo, mas se aprumou na volta do intervalo com um auxílio mais efetivo de Willian Arão, depois Ronaldo, na execução do 4-2-3-1 armado pelo interino Marcelo Salles. Diego lutou muito e liderou os companheiros, mas novamente atrapalhou o time em alguns ataques por reter demais a bola.

Ainda assim, foi um jogaço. O Corinthians ameaçando pela esquerda com Clayson e Danilo Avelar para cima de Pará. Mais o volume construído pelo meio-campo formado por Ralf, Junior Urso e Sornoza. O meia equatoriano responsável pelas bolas paradas que atormentaram o Fla no primeiro tempo e o volante mais fixo do 4-1-4-1 de Carille explodindo o travessão de Diego Alves em um chute espetacular.

O Flamengo equilibrou no final da primeira etapa com marcação mais ajustada e Gabriel Barbosa e Everton Ribeiro enfim fazendo Cássio trabalhar. A disputa seguiu parelha na segunda etapa, mas com Vagner Love complicando a vida de Léo Duarte e Rodrigo Caio nas viradas de pivô para a finalização. Mais um chute que fez Diego Alves trabalhar. Foram nove conclusões do time paulista, quatro no alvo. Sete do Fla, três na direção da meta de Cássio.

A mais precisa de Rodrigo Caio, que confirmou a classificação. Assistência de Everton Ribeiro, o grande destaque do setor ofensivo do Fla. Para tornar tudo ainda mais eletrizante, o assistente marcou impedimento inexistente e Leandro Vuaden precisou da ajuda do VAR para confirmar o gol único da partida. Minutos de ansiedade até a explosão rubro-negra no Maracanã. Também de Rodrigo Caio, execrado no São Paulo por uma questão ética em jogo contra o Corinthians e se redimindo a cada grande atuação no Fla. Com garra e liderança.

O time paulista, porém, não se rendeu e Boselli quase marcou do meio do campo na saída de bola. O argentino se juntou a Gustavo e Love na formação ultraofensiva que arriscou tudo em busca do gol salvador. Sem sucesso.

O Flamengo cumpre a meta principal à espera de Jorge Jesus. Com mais fibra que bola, porém superior na análise geral do confronto. Ponto positivo a questão anímica em um time que falhou tantas vezes em jogos grandes. Resta ao Corinthians o alento de uma grande evolução no desempenho que deve ser referência para Carille, especialmente em jogos fora de casa. É possível atacar mais.

Fica para o Brasileiro e a Sul-Americana. Porque é o Flamengo que segue vivo no mata-mata nacional.

(Estatísticas: Footstats)

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Flamengo de Abel cresce com espaços e Corinthians foi generoso em Itaquera http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/16/flamengo-de-abel-cresce-com-espacos-e-corinthians-foi-generoso-em-itaquera/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/16/flamengo-de-abel-cresce-com-espacos-e-corinthians-foi-generoso-em-itaquera/#respond Thu, 16 May 2019 04:43:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6533 O Flamengo de Abel Braga enfrentou Peñarol pela Libertadores e Corinthians na Copa do Brasil dentro de contextos favoráveis, mesmo fora de casa: o empate bastava em Montevidéu e não seria um mau resultado em Itaquera com o fim do gol “qualificado” como visitante no mata-mata nacional.

Porque o time rubro-negro depende dos espaços cedidos pelo adversário para acelerar e fazer a bola chegar aos seus talentos na frente. Com possibilidades ainda maiores de sucesso quando Abel simplifica o posicionamento inicial de seu quarteto ofensivo: Everton Ribeiro como o ponta articulador pela direita, Bruno Henrique do lado oposto, mas com liberdade para circular e infiltrar. De Arrascaeta circulando do meio para a esquerda e Gabriel Barbosa na frente para atacar a última linha da defesa do oponente.

Por necessidade, o Corinthians cedeu as brechas. Com generosidade surpreendente para a identidade de solidez defensiva do tricampeão paulista. Inicialmente com Love mais próximo de Boselli, quase num 4-4-2 que tinha Mateus Vital e Clayson abertos e Ralf e Sornoza por dentro. Não funcionou pelo vazio no meio-campo e fez Fabio Carille retornar a um 4-2-3-1 mais nítido com Pedrinho pela direita, Jadson como meia central e Love avançado na referência. Sempre tentando adiantar e pressionar a marcação para dificultar a saída de bola “limpa” do Fla.

Mas enfrentando Rodrigo Caio e Cuéllar em outra noite de excelência, com e sem a bola, ficou bem mais difícil. O Flamengo superava a pressão inicial, trabalhava a bola e chegava rapidamente ao ataque. Terminou com 57% de posse, chegou a ter mais de 60%. Cresceu ainda mais quando Diego, descansado e com espaços pelo avanço gradativo do Corinthians, entrou e produziu mais que Arrascaeta. Belo passe do camisa dez para finalização de Bruno Henrique. depois um toque simples para o mesmo atacante colocar a bola na cabeça de Willian Arão. Gol único do clássico nacional em São Paulo.

A mais bem sucedida entre as quatro conclusões no alvo, em um total de dez, do time visitante que ainda precisa ser mais contundente. Contra o Peñarol foi ainda mais alarmante. Porque os espaços cedidos foram generosos. Quando é preciso criá-los a dificuldade fica ainda maior. Só que o Corinthians precisará ser ofensivo no Maracanã para reverter a desvantagem.  Considerando as sete conclusões, só duas na direção da meta de Diego Alves, a necessidade de progressos na produção ofensiva é urgente.

Já o time de Abel mostra evolução e o segundo jogo seguido sem sofrer gols com os titulares é ótima notícia. Sinal de que a proposta de jogo está menos aleatória e dependente apenas da qualidade individual. Com espaços tudo fica ainda mais claro para o Flamengo.

(Estatísticas: Footstats)

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Peso da estreia e altitude são “álibis” do Flamengo. E depois? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/06/peso-da-estreia-e-altitude-sao-alibis-do-flamengo-e-depois/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/06/peso-da-estreia-e-altitude-sao-alibis-do-flamengo-e-depois/#respond Wed, 06 Mar 2019 03:30:55 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6065 O triunfo do Flamengo em Oruro tem o simbolismo da primeira estreia do clube na Libertadores com vitória fora de casa. Também uma mudança de postura e o fato de, apesar de tudo, não ter sofrido gol pela segunda vez na temporada. Mas Diego Alves trabalhou demais e o time ficou com a bola de menos na altitude. Preocupante.

Com espaços para acelerar, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa fazem diferença no futebol jogado no Brasil e no continente. Ainda mais com o entrosamento adquirido no Santos. Passe do ponteiro, gol do centroavante infiltrando em velocidade. Cada um tem quatro gols, metade com assistência do companheiro de ataque no 4-1-4-1 que, pelas características de meia do ponteiro do outro lado, Everton Ribeiro ou De Arrascaeta, acaba virando na prática um 4-4-2.

No entanto, Diego continua desperdiçando contragolpes por não levantar a cabeça e observar os “sprints” dos companheiros mais rápidos. Um giro, um toque a mais, a cabeça baixa e, neste jogo, a ideia de cadenciar o jogo. Mas na hora errada, quando a chance de atacar com vantagem numérica era real. Continua faltando um articulador.

Defensivamente, as brechas cedidas entre os setores e o sofrimento dos laterais Pará e Renê contra Jair Torrico e Segovia, respectivamente, foram problemas sérios. O centroavante Saucedo teve grande chance, mesmo contra a eficiência de Léo Duarte e Rodrigo Caio na zaga. Diego Alves salvou esta e outras cinco oportunidades do San José. Demais para o fraco nível técnico do time boliviano, que só tinha os 3.735 metros acima do nível do mar como trunfo.

De Arrascaeta pela direita continua sendo um desperdício. Difícil entender o altíssimo investimento no jogador se Abel não vê espaço para o uruguaio nas funções em que rende mais – pela esquerda ou centralizado. Quando inverte de lado a confiança já muito abalada prejudica o desempenho. Everton Ribeiro entrou e mostrou que neste contexto tem que ser titular.

Para o torcedor rubro-negro sofrido com tantas decepções na Libertadores, os três pontos são um alento. Mais ainda a entrega e a força mental que vinham faltando. É onde entra o mérito de Abel Braga, que sempre foi mais vestiário e menos campo. A garra e o talento individual foram suficientes na Bolívia, mas e depois?

Coletivamente a equipe piorou bastante. Ainda que antes a posse de bola fosse inócua em muitas partidas e o time “arame liso” perdesse pontos em partidas dominadas, a troca por um estilo mais direto e “sanguíneo” foi radical demais. Devastou o que existia e poderia ser uma vantagem em termos de entrosamento. A base é a mesma, porém a capacidade de jogar com volume e intensidade ficou pelo caminho. Hoje vive de espasmos.

O desempenho decepciona pela expectativa gerada. Desta vez o resultado veio, o peso da estreia e a altitude funcionam como “álibis”, mas o futuro parece bem duvidoso para o Flamengo de grandes ambições na temporada.

Foi a resposta rápida de Abel Braga na coletiva pós-jogo da vitória por 3 a 1 sobre a Portuguesa em Volta Redonda. Ficou claro que a referência é apenas a estreia na Libertadores contra o San José na Bolívia e a altitude de 3.735 metros obviamente condiciona a análise.

Mas pensando no momento da temporada e o patamar de preparação do Flamengo, mesmo considerando o Grupo D – com Peñarol e LDU, além dos bolivianos – mais acessível, ao menos em tese, do que os dos últimos anos, fica a dúvida quanto ao real potencial da equipe.

Porque o time carioca dá a impressão de que trocou um pouco da estrutura que tinha no modelo de jogo que passou por Zé Ricardo, Rueda, Carpegiani, Barbieri e Dorival por mais “sangue nos olhos”, uma renovação anímica com o estilo mais paternal do novo treinador. Menos campo, mais vestiário.

Pode dar certo, mas é preocupante que em um Carioca de baixo nível técnico o Flamengo apresente problemas graves, ainda que a temporada ainda esteja no início, na saída de bola e dependa tanto de jogadas aéreas e ações individuais dos atletas no ataque. Sem contar os gols sofridos em praticamente todos os jogos.

Muitas vezes o time parece dividido em dois grandes blocos: os quatro da linha de defesa e mais Cuéllar e os quatro da linha de meias e o atacante de referência – antes Uribe, agora Gabriel Barbosa. Willian Arão é volante infiltrador, não um meio-campista de organização. Diego ainda conduz demais a bola e muitas vezes perde o tempo de um passe mais objetivo, que acelere a transição ofensiva ou a troca de lado quando a equipe está no ataque.

Difícil também entender a opção de escalar De Arrascaeta pela direita depois de Abel ressaltar a dificuldade de encaixe da maior contratação da história do clube no meio porque, segundo o técnico, ele renderia melhor no setor esquerdo. Em duas bolas perdidas bem longe do flanco canhoto, o meia foi a origem de gols de Fluminense e Portuguesa e, até pelo valor investido, já vira alvo da parte mais impaciente da torcida. Culpa dele, do posicionamento em campo ou da estrutura coletiva?

Abel tem algumas atenuantes, como o clima ainda conturbado pelos desdobramentos do incêndio no CT e agora a impossibilidade de treinar no Ninho do Urubu, o que sempre é prejudicial. Mas coletivamente o Fla apresenta mais deficiências que o previsto para um time que tem, no máximo, quatro alterações em relação ao ano passado: Rodrigo Caio na zaga e o trio de ataque quando Everton Ribeiro e Vitinho não são escalados.

O treinador rubro-negro não está errado ao concentrar as atenções na estreia do torneio continental. Aliás, Abel foi o primeiro treinador no Brasil, ainda em 2012, a dar ênfase no “foco jogo a jogo” que virou discurso geral nos últimos anos. Mas pensando na temporada, o time que investiu tanto para buscar grandes títulos ainda está devendo desempenho. Na Taça Guanabara interferiu no resultado final. Como será na Libertadores?

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Torcida não merece esse Flamengo. Atlético-PR merece título histórico http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/01/torcida-nao-merece-esse-flamengo-atletico-pr-merece-titulo-historico/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/01/torcida-nao-merece-esse-flamengo-atletico-pr-merece-titulo-historico/#respond Sat, 01 Dec 2018 23:20:26 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5607 Mais de 60 mil pessoas no Maracanã em uma partida que nada valia e marcava despedida de uma temporada sem conquistas. Para terminar o Brasileiro com a melhor média de público como mandante, acima dos 50 mil pagantes.

Por mais que Dorival Junior, em entrevista a este blog, tenha exaltado a recuperação e a força do elenco, não há como confiar na força mental desse Flamengo. Depois de um primeiro tempo com alguma intensidade no embalo do apoio da massa e o gol de Rhodolfo na cobrança de escanteio de Diego, a desconcentração total na segunda etapa que permitiu a virada.

Na última partida com a camisa do clube que o formou, Lucas Paquetá nada produziu de útil atuando pela esquerda, deixando Vitinho no banco. Mas o símbolo de mais uma derrota foi Willian Arão. Até criou algumas situações pela direita com Pará e Everton Ribeiro e arriscou um chute perigoso no segundo tempo. Para logo em seguida acabar expulso por duas faltas bobas com reclamações da arbitragem. Desconcentrado sem a bola, sobrecarregou Piris da Motta, que não tem o mesmo nível de desempenho nem o entrosamento com os companheiros de Cuéllar.

Derrota emblemática no final da gestão Bandeira de Mello. Transformadora nas finanças, porém incompetente e paternalista na condução do futebol. A torcida não merece esse Flamengo.

Já o Atlético Paranaense consolida uma maneira de jogar agora com a confiança por afastar de vez a imagem de que só rende na Arena da Baixada. Volta do Rio de Janeiro com duas vitórias utilizando praticamente todo o elenco. Ainda que tenha precisado de Pablo e Lucho González saindo do banco para construir a virada no segundo tempo. O centroavante na vaga de Cirino e o argentino para qualificar o toque no meio e surgir como elemento surpresa na construção dos dois gols.

Saída com bola no chão, inteligência para acelerar ou cadenciar o jogo quando necessário e golaços de Matheus Rossetto e Rony. O primeiro pela jogada coletiva e o derradeiro em chute espetacular. O atacante acabou expulso na confusão depois do vermelho para Arão. Rigor da arbitragem para fazer média e tirar um de cada lado. Nada que impedisse o grande triunfo da equipe paranaense.

Pela maneira como se reconstruiu na temporada, efetivando Tiago Nunes que aprimorou e complementou os ideais de Fernando Diniz adicionando mais rapidez e contundência no ataque, o Atlético faz por merecer o título da Copa Sul-Americana. Decide contra o Junior Barranquilla uma taça histórica.

Se vencer servirá como bom exemplo de que não se deve recomeçar trabalhos praticamente do zero, descartando tudo do antecessor como acontece rotineiramente no futebol brasileiro. Mas principalmente para provar que é possível por estas bandas combinar  a competitividade e um jogo que agrada as retinas. No Maracanã fez bonito e não perdoou um time que sempre parece pronto para o fracasso.

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