dudu – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Palmeiras e Flamengo sofrem com anticlímax e irresponsabilidade http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/14/palmeiras-e-flamengo-sofrem-com-anticlimax-e-irresponsabilidade/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/14/palmeiras-e-flamengo-sofrem-com-anticlimax-e-irresponsabilidade/#respond Sat, 14 Mar 2020 23:36:01 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8162 A pandemia de coronavirus parou o futebol nos principais centros do mundo e deveria ter interrompido a temporada também por aqui, diante dos riscos de contágio no Brasil que ainda não sofre com milhares de casos como a Itália, por exemplo.

Mas o calendário nacional segue, só parando as competições da Conmebol. Justamente a prioridade dos que disputam a Libertadores, como Flamengo e Palmeiras. De repente, só restou o estadual para jogar no curto prazo. Ou nem isso, se as federações tomarem providências baseadas no bom senso e parar tudo.

Natural desconcentrar, até desanimar, apesar do profissionalismo. Como será daqui por diante? Quanto tempo até solucionar o problema e não colocar vidas em risco? Haverá sequência do torneio continental?

O Palmeiras foi a Limeira, certamente com todas essas questões em mente. Estádio com público e jogadores e os treinadores Vanderlei Luxemburgo e Elano se cumprimentando antes da bola rolar. Uma irresponsabilidade.

Não faltou transpiração ao time alviverde. Novamente no 4-2-3-1 com Dudu livre para circular e se juntar a Willian, Luiz Adriano e Rony. Mais uma vez com dificuldades para circular a bola, tanto que Luxemburgo trocou Ramires e Bruno Henrique por Patrick de Paula e Zé Rafael. Ainda Luiz Adriano por Lucas Lima. Ou seja, refez o meio-campo para tentar criar.

Sofreu ainda mais depois que Airton foi expulso aos oito do segundo tempo e a equipe de Limeira se trancou de vez. Precisou das defesas de Rafael Pin, mas se virou bem. Faltou efetividade ao Palmeiras no “abafa”. 70% de posse, 15 finalizações a seis – seis a dois no alvo. Chute na trave de Dudu, de novo o destaque palmeirense, no primeiro tempo. Mas não foi às redes.

Sina que parecia a do Flamengo no Maracanã. Em um clima ainda mais fúnebre pelo estádio vazio e por estar em disputa apenas a Taça Rio. Segundo turno do Carioca que era objetivo para abreviar o torneio e se preparar para os grandes objetivos da temporada. Agora a pressa perdeu o sentido. Para piorar, o risco por conta do teste positivo do vice Mauricio Gomes de Mattos, que esteve com jogadores e comissão, que também se submeteram à verificação, mas o resultado só sairia depois da partida! Uma insanidade.

Tudo isso entrou em campo contra a Portuguesa fechada com linha de cinco atrás e time compacto em trinta metros guardando a meta de Milton Raphael. Sem Diego Alves, Gustavo Henrique, Filipe Luís, Gerson, Thiago Maia e Gabriel Barbosa, o time de Jorge Jesus foi preguiçoso na maior parte do tempo.

Nem com o gol do lateral esquerdo Maicon Douglas, em chute que desviou em Rafinha e saiu do alcance de César, a equipe saiu da letargia na construção das jogadas. Pouca mobilidade e intensidade apenas na pressão logo após a perda da bola, mas sem a “fome” de outros momentos. Deve mesmo ser difícil se acostumar com o ambiente do Maracanã cheio todo jogo e se deparar com arquibancadas vazias.

A virada veio no final, no cansaço do adversário de menor investimento. Desorganizado, com Michael e Vitinho abertos, Bruno Henrique e Lincoln por dentro e apenas Everton Ribeiro e De Arrascaeta no meio.  O time correu ao menos, pela invencibilidade de Jorge Jesus no estádio que parecia escorrer em um revés improvável.

O esforço foi suficiente para empatar com Vitinho, em chute que desviou no zagueiro Marcão. A virada veio em jogada exigida por Jesus e que pouco aconteceu no jogo: o passe entrelinhas. Antes a Portuguesa negava espaços e não havia esforço. Com o time da Ilha do Governador exausto, apareceu a brecha para Renê achar Arrascaeta e o chute no canto fechar os 2 a 1 já nos acréscimos.

Difícil vislumbrar algo mais à frente com o futuro tão incerto. Palmeiras e Flamengo, concentrados na Libertadores e candidatos a campanhas 100% na fase de grupos, viveram um sábado de anticlímax no futebol brasileiro. Melhor seguir o que foi feito em quase todo mundo e preservar a saúde de todos.

(Estatísticas: SofaScore)

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Palmeiras de Luxa não “foge” de Felipão/Mano. Ainda lembra Marcelo Oliveira http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/02/palmeiras-de-luxa-nao-foge-de-felipao-mano-ainda-lembra-marcelo-oliveira/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/02/palmeiras-de-luxa-nao-foge-de-felipao-mano-ainda-lembra-marcelo-oliveira/#respond Mon, 02 Mar 2020 09:02:54 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8072

Foto: Cesar Greco / Foto Arena / Estadão Conteúdo

Vanderlei Luxemburgo voltou ao Palmeiras depois de 10 anos prometendo resgatar o futebol ofensivo de seus tempos áureos nos anos 1990. Mais posse de bola, pressão no campo de ataque e presença no campo adversário.

Não foi a tônica dos últimos trabalhos do treinador veterano, mas o elenco mais forte e o propósito do clube depois do ano passado com Luiz Felipe Scolari e Mano Menezes pareciam forçar o treinador a uma mudança na prática.

Ao menos até aqui, nos confrontos contra as equipes de Série A – São Paulo, Red Bull Bragantino e Santos -, Luxemburgo e Palmeiras seguem com melhor desempenho quando encontram espaços para as transições ofensivas em velocidade.

Sim, o time é mais voltado para o ataque, não se entrincheira na defesa. Mas não “foge” muito de 2019 quando encontra dificuldades na circulação da bola com o adversário em fase defensiva, a saída de bola muitas vezes é confusa, embora com menos ligações diretas que a de Felipão, e as ações de ataque ainda ficam muito por conta das individualidades. Especialmente com Dudu.

O craque palmeirense começou o clássico com o Santos no Pacaembu alternando pelos flancos com Willian e Luiz Adriano no centro do ataque. Mas o problema era o espaço entre os setores bem aproveitado pelo Santos, mesmo mais lento e menos intenso com Jesualdo Ferreira.

Os últimos minutos do clássico foram malucos, com um buraco entre as intermediárias, erros técnicos que geravam contragolpes seguidos das equipes. Divertido, mas uma “pelada” considerando que estavam em campo o segundo e o terceiro colocados do último Brasileiro.

Em um cenário caótico, a consequência natural de trocar Raphael Veiga e Luiz Adriano por Gabriel Veron e o estreante Rony foi puxar Dudu para dentro, com liberdade e participando mais do jogo. O camisa sete encontrou alguns bons passes e preencheu o vácuo entre volantes e quarteto ofensivo.

O Palmeiras da parte final do clássico contra o Santos: um 4-2-4 com Dudu centralizado, participando mais do jogo e tentando preencher o buraco no meio-campo. Lembrou o time de 2015 com Marcelo Oliveira (Tactical Pad).

Lembrando o Palmeiras campeão da Copa do Brasil de 2015, comandado por Marcelo Oliveira. Mas aquele ainda tinha Robinho como uma espécie de ponta armador pela direita como contraponto, se juntando aos meio-campistas. Do lado oposto, o menino Gabriel Jesus partia da esquerda em diagonal.

Desta vez foram dois ponteiros agudos e um atacante móvel partindo do centro. No modo “briga de rua”, de um jogo mais direto e vertical, pode funcionar. Mas dentro de um modelo mais propositivo, de controle do jogo pela posse, parece um contrasenso. Ou coerente com o Luxemburgo atual.

Na coletiva depois do clássico, o técnico disse que a atuação foi normal e o trabalho está no caminho certo. Ainda é início de temporada, mas os primeiros testes em jogos grandes não foram muito promissores. Vejamos na estreia da Libertadores.

Com Dudu aberto ou por dentro? Veremos na Argentina, contra o Tigre na quarta-feira.

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Sem gols, Palmeiras e São Paulo pagam por clássico “prematuro” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/26/sem-gols-palmeiras-e-sao-paulo-pagam-por-classico-prematuro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/26/sem-gols-palmeiras-e-sao-paulo-pagam-por-classico-prematuro/#respond Sun, 26 Jan 2020 21:25:25 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7866 O São Paulo controlou o “Choque-Rei” no início do primeiro tempo pela posse de bola. Em um 4-1-4-1 compacto, trazia o canhoto Helinho pela direita e o destro Vitor Bueno à esquerda cortando para dentro e procurando os meias Daniel Alves e Hernanes, criando superioridade numérica no meio. Com Tche Tche auxiliando Arboleda e Bruno Alves na saída de bola.

O Palmeiras sofria com setores espaçados e pouca mobilidade em um 4-2-3-1 que deixava Lucas Lima mais próximo de Luiz Adriano e fazia Dudu se sacrificar voltando pela esquerda, a mesma função de Gabriel Veron do lado oposto. Mudou depois da parada técnica, com mais dinâmica: Dudu e Lucas Lima alternando por dentro e aberto, revezando o posicionamento com Veron. Mais participação ofensiva dos meio-campistas por dentro também – Gabriel Menino e Ramires.

A equipe de Vanderlei Luxemburgo criou as melhores oportunidades, com Dudu recebendo de Lucas Lima e batendo em cima de Tiago Volpi e Ramires aparecendo para bater na trave. Nítida superioridade nos vinte minutos finais. Apesar dos 54% de posse do time de Fernando Diniz, além das dez finalizações a seis – três a um no alvo.

Vanderlei Luxemburgo desfez o 4-3-3 palmeirense da estreia, mas no 4-2-3-1 a equipe alviverde só cresceu quando fez Dudu, Lucas Lima e Veron circularem. São Paulo começou bem criando superioridade numérica no meio, dentro da execução do 4-1-4-1, mas faltou intensidade e profundidade (Tactical Pad).

Insatisfeito, Diniz trocou Helinho, que nada produziu pela direita nem auxiliou Juanfran na recomposição, por Liziero na volta do intervalo. Daniel Alves foi para a direita, mas com liberdade para circular. A ponto de aparecer na frente de Weverton numa reposição perfeita de Volpi e perder a melhor chance tricolor no jogo.

Vanderlei respondeu trocando Veron por Willian e depois os volantes: Ramires por Zé Rafael e Patrick de Paula. O calor na Arena Luminosa, em Araraquara, pesou no desgaste das equipes em um início de temporada. Mas novamente foi do Palmeiras a chance mais cristalina, na cabeçada de Luiz Adriano no travessão, completando cruzamento preciso de Marcos Rocha.

Diniz tentou aumentar a profundidade e o poder de fogo com Everton e Alexandre Pato nas vagas de Hernanes e Pablo, com Dani Alves voltando ao meio-campo e Vitor Bueno circulando mais por dentro. Mas de novo ficou a impressão de um time com intensidade baixa para um clássico. Morno, sem “punch”.

Mesmo com as substituições, times não mudaram suas estruturas táticas e foram cansando ao longo do tempo. São Paulo seguiu sem “punch”. Palmeiras teve a melhor chance com Luiz Adriano, mas segue dependendo demais de Dudu. Destaque para a boa movimentação de Lucas Lima (Tactical Pad).

Números equilibrados: São Paulo com 51% de posse, 17 finalizações para cada lado, 5 a 4 no alvo a favor do Tricolor. Mais uma chance desperdiçada de vencer o rival – são 11 anos de jejum no Paulistão. Para o Palmeiras, o incômodo de não ter conseguido se impor, mesmo com mando de campo e sendo ligeiramente superior. Precisa depender menos de Dudu, mas o desempenho de Lucas Lima novamente foi animador.

Problemas naturais em um início de temporada. Pagaram com apenas um ponto para cada lado. Janeiro não deveria ser mês de clássico. Faltou o gol no duelo “prematuro”.

(Estatísticas: SofaScore.com)

 

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Bom segundo tempo na estreia aponta caminhos para o Palmeiras http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/22/bom-segundo-tempo-na-estreia-aponta-caminhos-para-o-palmeiras/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/22/bom-segundo-tempo-na-estreia-aponta-caminhos-para-o-palmeiras/#respond Thu, 23 Jan 2020 00:04:32 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7852 Os dois primeiros gols do Palmeiras que encaminharam a goleada por 4 a 0 surgiram em falhas do Ituano. Da “assistência” de Marcos Serrato para Marcos Rocha no primeiro e do volante Baralhas entregando no pé de Dudu, que serviu Lucas Lima. Chutes cruzados do lado direito no canto do goleiro Pegorari.

Mas o segundo tempo da estreia oficial na temporada mostrou uma boa possibilidade: dois pontas agudos e Luiz Adriano, depois Willian Bigode, com uma referência mais móvel, recuando, passando e deixando espaços para as diagonais dos companheiros mais abertos. Willian ainda apareceria para fechar o placar em bela jogada coletiva.

Depois de uma primeira etapa sem mobilidade e ainda muito dependente de Dudu, a equipe cresceu na volta do intervalo com um 4-3-3 mais desenhado, com Gabriel Veron na vaga de Raphael Veiga, alternando pelos flancos com Dudu. Lucas Lima cresceu alinhado com Ramires, depois Zé Rafael, que marcou um belo gol, completando outra jogada pela direita. Ambos à frente do jovem e moderno meio-campista Gabriel Menino, uma boa novidade na temporada.

O Ituano fez um primeiro tempo organizado no 4-1-4-1, mas faltou velocidade nas transições ofensivas com Minho pelos flancos e Gui Mendes na referência. Na segunda etapa, os dois gols em erros individuais nos primeiros 15 minutos pesaram, assim como a qualidade de um Palmeiras que vai buscando uma versão mais ofensiva e conectada com ideias mais atuais, como a pressão pós-perda.

Foram 60% de posse e 17 finalizações contra dez – sete a dois no alvo. Uma boa atuação nos 45 minutos finais para a estreia oficial fora de casa diante de um oponente que muitas vezes complica nos duelos com os grandes. Com Veron, Zé Rafael e Willian, o segundo tempo do time de Vanderlei Luxemburgo foi promissor e aponta caminhos.

Talvez já para o clássico “precoce” contra o São Paulo no domingo.

(Estatísticas: SofaScore)

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Liberdade total para Dudu é a primeira novidade no Palmeiras de Luxemburgo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/16/liberdade-total-para-dudu-e-primeira-novidade-no-palmeiras-de-luxemburgo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/16/liberdade-total-para-dudu-e-primeira-novidade-no-palmeiras-de-luxemburgo/#respond Thu, 16 Jan 2020 04:01:21 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7833 Entrar em campo com uma semana de pré-temporada, ainda mais em um torneio internacional, é sempre um risco. Ao mesmo tempo, significa a total falta de parâmetros para análise. Na prática, um treino com camisa oficial.

Por isso é injusto e prematuro fazer qualquer avaliação do desempenho dos titulares do Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo em 45 minutos contra o Atlético Nacional de Medellín pela Florida Cup.

O que se pode afirmar é o óbvio, no futebol e na vida: mudar nunca é fácil. E o time alviverde desenvolveu uma cultura de jogo nos últimos anos – de Marcelo Oliveira a Mano Menezes, com hiatos nas curtas passagens de Eduardo Baptista e Roger Machado – que foi possível notar “ecos”, mesmo com a proposta de transformação com a chegada de Luxemburgo.

O recuo de Felipe Melo para a zaga e de Bruno Henrique para a função de volante mais fixo não ajudou na saída de bola com mais elaboração nos passes. Porque o hábito, a “memória” é de uma saída mais direta, com lançamentos. Mano tentou mudar e houve oscilações. No primeiro esboço de 2020, natural encontrar dificuldades.

Também a maior produção ofensiva nas transições rápidas. O ataque que precisa de espaços para acelerar teve uma mudança nítida. A primeira novidade do Alviverde: Dudu joga com liberdade total. Algo também ensaiado por Mano, mas não tão nítido. Sem a bola, o 4-2-3-1 se transformava em um 4-4-2 “torto”, com o camisa sete mais adiantado pela direita, alinhado a Luiz Adriano e o jovem volante Patrick de Paula dava suporte a Marcos Rocha no flanco e Lucas Lima recuava para preencher o meio-campo, deixando Raphael Veiga mais à esquerda.

Dudu, para variar, foi o ponto de desequilíbrio. O mais criativo. A dependência permanece e é natural. Mas a liberdade criou um efeito colateral, bem aproveitado em alguns momentos pelo time colombiano: a inversão rápida de bola para Vladimir Hernández, ex-Santos, no mano contra Marcos Rocha. A pressão na saída de bola também dificultou bastante a equipe brasileira.

Tudo muito compreensível, natural. Até porque Luxemburgo perdeu Matheus Fernandes, vendido ao Barcelona, e Gustavo Scarpa, em negociação com o Almería. Valeu a observação no segundo tempo dos reservas, especialmente Gabriel Menino, Wesley e da joia Gabriel Veron no ataque. Na mudança de rota que terá um maior aproveitamento dos jogadores revelados nas divisões de base.

Ah, sim! O resultado. Empate sem gols e vitória nos pênaltis por 10 a 9. Mas é o menos importante, neste caso. Valeu pelas observações, ainda que o Palmeiras, a rigor, tenha mostrado mais do mesmo. Tudo dentro do esperado, apesar das enormes expectativas.

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Chegou a hora do Palmeiras quebrar paradigmas voltando às origens http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/03/chegou-a-hora-do-palmeiras-quebrar-paradigmas-voltando-as-origens/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/03/chegou-a-hora-do-palmeiras-quebrar-paradigmas-voltando-as-origens/#respond Tue, 03 Dec 2019 10:06:49 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7673

Imagem: Reprodução / TV Globo

O último momento em que o Palmeiras conseguiu unir futebol empolgante e resultados foi o turno do Brasileiro de 2016. Era o time intenso e envolvente de Cuca com Roger Guedes e Gabriel Jesus voando.

Depois que a disputa pelo título polarizou com o Flamengo e virou questão de honra por conta do “fator cheirinho”, e Gabriel Jesus ficou mais ausente por causa das convocações para a seleção, a equipe virou do avesso. Pragmática, concentrada defensivamente, forte na bola parada e dependente dos lampejos de Dudu, confirmou a conquista nacional depois de 22 anos.

Eduardo Baptista e Roger Machado foram tentativas de mudar o estilo, com mais posse e uma proposta de jogo condizente com o protagonismo natural de um time montado com altos investimentos. Sem sucesso, assim como o retorno de Cuca em 2017. Ao recorrer à volta de Luiz Felipe Scolari no ano seguinte e vencer o Brasileiro, ainda que a prioridade fosse o mata-mata, o Alviverde reafirmou uma cultura de jogo.

Mantida por Mano Menezes, ainda que os métodos fossem diferentes para aplicar ideias semelhantes. Conectando Cuca, Felipão e Mano, que tinha como grande desvantagem a identificação com o Corinthians, como o primeiro arquiteto da identidade que fez o rival conquistar, com Tite, os grandes títulos de sua história. Era mesmo difícil perdoar o treinador.

2019 chegou com os mesmos reveses do ano anterior: Paulista, Copa do Brasil, Libertadores. E a esperança no Brasileiro se esvaiu com o surgimento do “meteoro” Flamengo de Jorge Jesus. Um pulverizador de certezas no então campeão. Rodar elenco, poupar oito ou nove titulares? Para que, se já há suspensões, lesões e convocações no país que não respeita as datas FIFA?

A fórmula “fechar casinha-unir o grupo-toca no talentoso-bola parada” também já não era mais suficiente diante de um time com ideias atuais, reunindo talentos e fazendo jogar com alta intensidade e muita movimentação na frente. Os 3 a 0 no turno custaram o emprego a Felipão. Os 3 a 1 com o título dos rubro-negros já confirmado, na casa palmeirense, encerraram o ciclo de Mano e, na carona, de Alexandre Mattos. Mesmo com aproveitamento de campeão em algumas edições por pontos corridos com 20 clubes.

Chegou a hora de repensar quase tudo. Utilizar a base quem vem rendendo frutos, mas era trocada por contratações de qualidade duvidosa, com baixo retorno no campo. Principalmente, trocar o modelo de jogo. Não necessariamente imitando o campeão brasileiro e sul-americano. Quem sabe voltando às origens, mas com uma versão atualizada?

O Palmeiras quase sempre foi sinônimo de bom futebol. Nos tempos de “Academia” rivalizando com o Santos de Pelé, simbolizado pela liderança técnica de Ademir da Guia. Depois nos anos 1990, com a parceria da Parmalat e Vanderlei Luxemburgo montando a máquina bicampeã paulista e brasileira em 1993/1994 e depois o “meteoro” dos 102 gols em 1996. Até o time de Felipão campeão da Libertadores em 1999, mesmo pragmático, contava com a classe de Alex e Zinho no meio-campo.

Com Jorge Sampaoli ou outro treinador, o Palmeiras precisa suprir a carência do torcedor que fica cada vez mais evidente: vencer encantando, entregando prazer além do resultado. Criar uma marca que não seja esquecida depois de levar a taça para casa.  Fazer história pela bola jogada. A falsa dicotomia vencer feio x perder bonito que vigorava há anos no Brasil também fica no passado com o 2019 mágico do Flamengo.

Não sobrou nenhum dogma. Só o paradoxo de quebrar paradigmas sendo fiel à própria escola de futebol. O Palmeiras pode e a necessidade já é existencial. Tem camisa, dinheiro e torcida para pensar muito grande. Agora precisa de um norte. Respeitando a história e mirando o futuro. Como deve ser.

 

 

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Flamengo de Jesus tira 27 pontos do Palmeiras. Na F-1 seria abrir uma volta http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/01/flamengo-de-jesus-tira-27-pontos-do-palmeiras-na-f-1-seria-abrir-uma-volta/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/01/flamengo-de-jesus-tira-27-pontos-do-palmeiras-na-f-1-seria-abrir-uma-volta/#respond Sun, 01 Dec 2019 20:57:27 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7662 O Allianz Parque não comprou o discurso de Mano Menezes, que tratou o jogo contra o Flamengo em casa como uma espécie de decisão. Nem o próprio time de Jorge Jesus, que liberou Pablo Marí para ir a Espanha resolver problema de visto de trabalho e deixou o capitão Everton Ribeiro no Rio de Janeiro tratando uma dor no joelho.

Com estádio morno e longe de estar lotado, tornando ainda mais ridícula a decisão de MP e PM de SP de sugerir torcida única, a superioridade rubro-negra ficou clara no contragolpe do primeiro gol. Que precisou do VAR para confirmar a posição legal de Arrascaeta no momento do passe de Bruno Henrique. Assistência de Gabriel Barbosa, 12º gol do uruguaio no Brasileiro. Com quatro  minutos de jogo.

Mesmo com a torcida alviverde inconformada com Mano e equipe, cantando “time sem vergonha” em boa parte do jogo, o árbitro Ricardo Marques Ribeiro conseguiu complicar o seu trabalho. Não marcou pênalti claro de Rhodolfo sobre Dudu. Pior: assinalou um impedimento ridículo do camisa sete. Também aliviou Rafinha, que exagerou na marcação sobre Dudu e fez por merecer o segundo amarelo e o vermelho, especialmente no pisão sobre o adversário no finalzinho do primeiro tempo.

Mas nada que torne contestável o passeio do campeão brasileiro e da América do Sul. Nos últimos minutos antes do intervalo e logo na volta para a segunda etapa definiu o jogo com dois de Gabriel Barbosa. O primeiro em bela jogada que teve inversão de Rafinha para assistência de cinema de Arrascaeta. Depois a pressão de Gerson que fez a bola chegar ao artilheiro, agora com 24 gols, à frente do goleiro Jailson.

Daí para o final, a tônica do jogo foi o Palmeiras tentando mostrar ao menos honra. Bruno Henrique e Willian carimbaram as traves de Diego Alves. O “Bigode” ainda marcou gol bem anulado por impedimento no início da jogada e Matheus Fernandes foi às redes e diminuiu para 3 a 1.

Jesus trocou Bruno Henrique por Diego no intervalo, depois preservou Rafinha colocando Rodinei e Vitinho saiu por problemas físicos para a entrada de Piris da Motta. E reduziu ainda mais o ritmo, apelando para alguns lances de efeito. Gerson e Gabriel sentiram e ficaram em campo fazendo número. E novamente Ricardo Marques Ribeiro errou em lance de Rhodolfo com Dudu. Outra falta clara do zagueiro sobre o ponteiro, mas desta vez fora da área.

O jogo foi o retrato do campeonato: quando o Flamengo se organizou e acertou a formação titular – justamente contra o Palmeiras, os 3 a 0 no Maracanã que custaram o emprego a Luiz Felipe Scolari – não houve competição. Enquanto o melhor time jogou minimamente sério, o concorrente não teve chances.

A matemática explica: Jorge Jesus estreou na décima rodada. Com o Fla oito pontos atrás do Palmeiras. O triunfo na 36ª rodada fez o campeão abrir 19 pontos. Ou seja, tirou 27 pontos no mesmo número de jogos. Um por rodada. Se fosse F-1 seria como abrir uma volta sobre o terceiro colocado. Simbólico.

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Palmeiras treina por uma semana para quase nada. Boa campanha, pouca bola http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/17/palmeiras-treina-por-uma-semana-para-quase-nada-boa-campanha-pouca-bola/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/17/palmeiras-treina-por-uma-semana-para-quase-nada-boa-campanha-pouca-bola/#respond Sun, 17 Nov 2019 21:29:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7578 O Palmeiras tinha um cenário favorável na rodada para retomar a disputa pelo título. Uma semana de preparação, o líder Flamengo empatando jogo antecipado e escalando muitos reservas em Porto Alegre contra o Grêmio por conta da final da Libertadores. Sem contar o Bahia em má fase, seis rodadas sem vencer – quatro derrotas, dois empates.

E o que se viu na Fonte Nova foi mais do mesmo. Uma equipe pragmática e persistente, que não se entrega e busca a vitória durante os noventa minutos, porém com repertório limitado demais. Basicamente bola no Dudu, especialmente nos minutos finais. Mérito do ponteiro alviverde, melhor do último Brasileiro, um atleta que se cuida muito para jogar sempre.

Mas é muito pouco para tamanho investimento. Ainda que a ausência de Felipe Melo, com desconforto muscular, sempre pese na saída de bola – apesar da atuação até correta de Thiago Santos. A equipe toca, inverte o lado, tenta as combinações pelos flancos, movimenta o trio de meias do 4-2-3-1 habitual: Dudu, Gustavo Scarpa e Zé Rafael, Lucas Lima e Willian entraram no segundo tempo. Mano Menezes também trocou Deyverson por Borja.

Até consegue as oportunidades para ir às redes, mas a chance cristalina na jogada bem construída é muito rara. Mesmo com 54% de posse e 21 finalizações, seis no alvo. O Bahia nem foi compacto no 4-1-4-1 de Roger Machado, nem intenso na pressão sobre o adversário com a bola e nas transições ofensiva e defensiva. A confiança está lá embaixo e não há muito mais por que lutar na competição.

Achou um gol no primeiro tempo com a falta de Arthur Caike mal cobrada, porém furando a barreira para sair do alcance de Weverton. Gilberto segue no jejum que chega a 12 partidas, Fernandão entrou e pouco acrescentou no ataque. E mesmo com o estádio morno como o jogo, o Palmeiras não arrancou o gol da vitória depois de empatar com Borja.

Por mais que a informação do gol de Gabriel Barbosa sobre o Grêmio fosse desanimadora, havia muito tempo para reviravoltas nas partidas. O Palmeiras parece consciente que não há consistência para a arrancada espetacular em busca do “milagre”. O aproveitamento de quase 69% daria título em outras temporadas, sim. Mas no contexto de 2019 está claro que é insuficiente. Boa campanha, mas pouca bola. Uma semana de treinamentos para quase nada.

A temporada deve terminar sem conquistas. Direção e Mano Menezes têm muito a refletir e planejar para fazer diferente em 2020. O sarrafo subiu e é preciso evoluir. As soluções dos últimos anos não resolvem mais.

(Estatísticas: Footstats)

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Golaço de Dudu no empate frustrante é para o palmeirense refletir http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/07/golaco-de-dudu-no-empate-frustrante-e-para-o-palmeirense-refletir/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/07/golaco-de-dudu-no-empate-frustrante-e-para-o-palmeirense-refletir/#respond Mon, 07 Oct 2019 09:22:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7388

Foto: Bruno Ulivieri / AGIF

Mano Menezes não é um defensor convicto do jogo mais físico, direto e pragmático como Luiz Felipe Scolari. Nem da intensidade máxima de Cuca. Na essência, apesar da origem na escola gaúcha, prefere um jogo com mais pausas e organização. Em 2011, ainda comandando a seleção brasileira, elegeu em entrevista a Mauro Beting para o livro “1981”, em coautoria com este blogueiro, o Flamengo de Zico nos anos 1980 como a melhor equipe que viu jogar. A grande referência de seus tempos de apenas fã de futebol.

Mas desde 2015 abraçou uma ideia de jogo mais defensiva e reativa. Talvez para se colocar no Cruzeiro como contraponto ao repaginado Tite com proposta mais criativa e agressiva no Corinthians campeão brasileiro e depois na seleção. Ou apenas por conta do contexto do Cruzeiro, especialmente no mata-mata com os títulos da Copa do Brasil de 2017 e 2018.

Agora no Palmeiras sucedendo Felipão, Mano tenta voltar um pouco às origens, fazendo o atual campeão brasileiro adicionar controle  do jogo pela posse de bola quando necessário e também a marcação por zona, evitando os encaixes e as perseguições mais longas. Um estilo mais impositivo e dominante.

Funcionou relativamente bem em casa contra Fluminense, Cruzeiro e CSA, equipes que lutam para fugir do Z-4. Nem tanto fora contra o Fortaleza, já apelando para as ligações diretas em alguns momentos, sentindo muito a falta de Dudu e vencendo na bola parada com gol de Willian.

Mas bastou enfrentar times mais tradicionais e competitivos como Internacional e Atlético Mineiro para o Palmeiras sofrer e, intuitivamente, retornar aos “vícios” dos últimos anos: em Porto Alegre a proposta mais cautelosa até sofrer o gol de Patrick e no Allianz Parque um estilo muito direto, até apressado. Com cobranças de lateral na área adversária e nada menos que 52 cruzamentos.

Dois empates por 1 a 1 que fazem o Flamengo abrir cinco pontos de vantagem no topo da tabela. Na próxima rodada, pedreira contra o Santos na Vila Belmiro. Uma combinação de derrota no clássico paulista com nova vitória do líder sobre o próprio Galo no Maracanã e as chances do bicampeonato ficam bem mais remotas. Mas o momento de frustração pode servir também para uma boa reflexão.

Partindo do gol de empate contra o Galo, depois de Nathan abrir o placar no primeiro tempo de superioridade do time visitante. Bela tabela pela esquerda entre Dudu e Gustavo Scarpa, que saiu do banco para substituir Borja, e a finalização quase sem ângulo do craque do time. Um lance de arte para furar as linhas compactas do 5-4-1 atleticano. Jogada trabalhada com calma, técnica e criatividade.

Não poderia acontecer mais vezes, inclusive no próprio jogo depois da igualdade no placar? Mas o Palmeiras preferiu o jogo apressado, as bolas levantadas na área. A força do hábito simbolizada na troca de Lucas Lima por Deyverson. Para complicar, sim, a formação com três zagueiros do adversário, mas obviamente também para apelar ao jogo aéreo procurando os dois centroavantes. Durou pouco, logo entrou Scarpa.

Os cruzamentos são um recurso legítimo, até porque o estilo funcionou em duas das últimas três edições do Brasileiro. Mas tem que ser só isso quase sempre, ou quando necessário?

Com Felipão era claro que a prioridade era o mata-mata. Não funcionou em duas edições de Copa do Brasil e Libertadores. Nos pontos corridos deu certo meio ao acaso, com o time cheio de reservas e só assumindo a responsabilidade de decidir o campeonato confirmando a liderança depois das eliminações nas outras competições. Conquista inquestionável, com todos os méritos. Mas soou como uma espécie de prêmio de consolação.

Apesar da defesa do estilo entre torcedores, jogadores e diretoria, o incômodo é nítido. Até porque a escola do Palmeiras não é essa, mas a do futebol mais ofensivo e de toque refinado. Dos tempos da Academia nos anos 1960/70 ou do início da Era Parmalat com Vanderlei Luxemburgo no bicampeonato brasileiro 1993/94 e na máquina de 102 gols no Paulista de 1996.

O time do jogo direto, das bolas paradas – ou escanteios e faltas laterais de Jorginho e Eder procurando a cabeça do zagueiro Vagner Bacharel – sempre esteve mais associado à “década perdida”, a de 1980 sem conquistas. Da derrota para a Internacional de Limeira no Paulista de 1986. O time de Felipão campeão da Copa do Brasil de 1998 e da Libertadores no ano seguinte era vertical, porém talentoso e combinava os cruzamentos de Arce com a arte de Alex.

O estilo atual merece ser respeitado e dá resultado quando bem executado. No caso deste Palmeiras, porém, com a enorme capacidade de investimento, sempre parece contraproducente. Subaproveita a capacidade do elenco, que não é fantástica, mas pode entregar muito mais. Talvez com tempo para Mano trabalhar esse “fundamentalismo” e acrescentar novos elementos.

Para que a obra-prima de Dudu e Scarpa não seja a exceção, ou apenas uma breve amostragem do que esse time pode fazer e não realiza por opção. Um tremendo desperdício.

(Estatísticas: Footstats)

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Agora é a excelência do Flamengo contra o “know-how” dos grandes rivais http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/20/agora-e-a-excelencia-do-flamengo-contra-o-know-how-dos-grandes-rivais/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/20/agora-e-a-excelencia-do-flamengo-contra-o-know-how-dos-grandes-rivais/#respond Fri, 20 Sep 2019 11:41:01 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7290

Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

O primeiro turno do Brasileiro terminou com o Flamengo sobrando mais no desempenho do que na tabela de classificação. Especialmente nas últimas seis rodadas com 100% de aproveitamento, bom futebol e a maturidade apresentada na vitória por 1 a 0 sobre o Santos no Maracanã que confirmou o “título”. Mas objetivamente são três pontos de vantagem sobre o Palmeiras e cinco sobre os santistas.

O segundo turno será uma maratona de 19 rodadas em 78 dias. Desgaste absurdo adicionando aos jogos seguidos as longas viagens em um país de dimensões continentais. Uma enorme prova de resistência, colocando em xeque não só a qualidade dos elencos, mas também o condicionamento físico e a capacidade mental. É outro campeonato.

Com o Fla de Jorge Jesus como favorito, mas um grande concorrente: o Palmeiras que desenvolveu uma cultura de vitória nos pontos corridos. Paradoxal para um clube que nas últimas temporadas priorizou os torneios de mata-mata. Atual campeão brasileiro, vencedor também em 2016 e vice em 2017, atrás apenas do rival Corinthians. Com Dudu como maior símbolo desse período, falhando em jogos eliminatórios decisivos, mas fazendo a diferença na liga.

Tem elenco, estrutura e um pouco menos de pressão que os rubro-negros pelo título. Ainda o foco total na competição nacional, a última possibilidade de conquista em 2019, e o confronto direto em São Paulo. No início e no final de outubro, duas semanas “cheias” de trabalho por conta das pausas para as semifinais da Libertadores.

Justamente a outra frente do Flamengo. Pela primeira vez no formato de mata-mata, já que em 1984 a fórmula de disputa era diferente, com dois grupos de três times e os vencedores fazendo a decisão. Agora enfrentando o Grêmio de Renato Gaúcho. Campeão em 2017 e semifinalista no ano passado, eliminado no gol “qualificado” pelo River Plate. Um clube de forte espírito copeiro e que não tem vergonha de virar as costas para o Brasileiro, fazendo campanhas bem abaixo do potencial da equipe.

Mas muito madura para ser outro grande obstáculo para o “intruso” Flamengo, que, ainda que passe pelo tricolor gaúcho, terá pela frente na grande final sul-americana nada menos que o vencedor de Boca x River. Pela primeira vez em jogo único, marcado para o dia 23 de novembro, em Santiago (Chile).

Os argentinos somam dez títulos de Libertadores e muita vivência na competição. A decisão sem ida e volta será novidade, mas, ao menos em tese,  o vencedor, que já chegará com muita moral por ter superado um dos maiores clássicos do mundo, levará uma grande vantagem psicológica nesse tipo de disputa com o Flamengo.

Mesmo considerando a experiência em competições de alto nível de jogadores como Diego Alves, Rafinha e Filipe Luís e do próprio Jorge Jesus, que disputaram Liga dos Campeões e jogos grandes contra os principais técnicos e jogadores da Europa e do planeta, é um enorme desafio para o Flamengo.

Com um agravante que tem passado batido nas análises sobre o time carioca. O elenco perdeu opções com a lesão de Diego Ribas, a saída de Cuéllar e a tentativa frustrada de contratar um centroavante típico, peça solicitada por Jesus. No sábado passado, diante do Santos de Jorge Sampaoli em jogo muito intenso, o treinador português só foi fazer a primeira substituição aos 37 do segundo tempo, trocando o desgastado Arrascaeta por Berrío. Aos 44 tirou Filipe Luís e colocou Renê e nem houve tempo para entrar Piris da Motta, que já estava à beira do campo.

Faltou confiança no elenco pelo tamanho do jogo? Colocar Piris contra o Ceará e Reinier diante do Avaí é menos complicado. Na volta das quartas contra o Inter foi preciso apelar para Cuéllar, já de saída do clube, substituir o suspenso Willian Arão. Agora o clube corre atrás do colombiano Fredy Guarín para o meio-campo, porque a carência é evidente. Ainda mais nesse cenário de jogos a cada três dias até o início de dezembro e ainda as datas FIFA de outubro e novembro que vão desfalcar o time.

Não será fácil. E aí é preciso entrar em um território pantanoso na análise sobre futebol no Brasil: o reconhecimento do mérito dos adversários. Por aqui quem perde é sempre um fracassado e vilões são criados para descarregar a “culpa”. Mas o Flamengo pode manter um bom nível de atuações, mesmo com oscilações naturais pelo contexto, e ainda assim ficar sem o título relevante tão sonhado desde 2013, quando começou a recuperação administrativa e financeira, aumentando a cada ano a capacidade de investimento.

Pela qualidade dos concorrentes. Palmeiras nos pontos corridos, Grêmio e os argentinos na Libertadores. Nenhuma vergonha ser superado por eles, mesmo para um time milionário e que vem conseguindo transformar dinheiro em bom futebol. Com os gols de Gabriel Barbosa, a velocidade de Bruno Henrique, a qualidade no meio-campo e a defesa que cresceu demais com as contratações. Hoje um time sem pontos falhos, no entanto pode sucumbir.

Será uma disputa emocionante entre a excelência do Flamengo e o “know-how” dos grandes rivais, no país e no continente. Quem levará a melhor?

 

 

 

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