harrykane – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Qual José Mourinho volta ao futebol para suceder Pochettino no Tottenham? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/21/qual-jose-mourinho-volta-ao-futebol-para-suceder-pochettino-no-tottenham/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/21/qual-jose-mourinho-volta-ao-futebol-para-suceder-pochettino-no-tottenham/#respond Thu, 21 Nov 2019 11:59:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7597

Imagem: Reprodução / Sky Sports

O desgaste após cinco anos e meio empurrou Mauricio Pochettino para fora do Tottenham. O treinador argentino que já na temporada passada, mesmo chegando à final da Liga dos Campeões, já deixava transparecer a insatisfação por ser cobrado pela excelência do próprio trabalho, evoluindo jogadores como Harry Kane e Son, e não conseguir mudar de patamar com uma grande conquista.

Muito por conta da resistência da diretoria de ir ao mercado com mais agressividade, mesmo com o novo estádio já em funcionamento e não necessitando  dos investimentos que antes inviabilizavam mais contratações.

O péssimo início de temporada, com eliminação da Copa da Liga Inglesa para o Colchester United, time da quarta divisão, o aproveitamento ridículo na Premier League – 39% dos pontos e apenas a 14ª colocação – e a irregularidade na Champions, com direito a uma goleada histórica em casa para o Bayern de Munique por 7 a 2, custou caro e precipitou a saída.

Apesar da demissão, Pochettino tem mercado para permanecer na Europa, ainda mais depois de decidir a última Liga dos Campeões. A relação com o Espanyol e a cultura do Barcelona de não demitir treinador no meio da temporada devem impossibilitar um retorno a Catalunha neste momento.

Talvez Bayern de Munique, que demitiu Niko Kovac ou até o Manchester United, com Ole Solksjaer sempre parecendo balançar. Seleção argentina? Com a efetivação de Lionel Scaloni e a nítida evolução da albiceleste parece improvável no momento. Até porque quem chega ao alto nível da Europa não costuma se deixar seduzir por seleções.

Chega José Mourinho, quase um ano depois de ser demitido do Manchester United. Contrato até 2023. Uma recolocação no mercado como o português desejava, ainda dentro da Premier League. Por isso recusou a proposta do Lyon, mesmo revelando publicamente enorme incômodo por estar parado, longe da rotina de um clube.

A contratação deixa claro que os Spurs querem títulos e relevância. Inclusive midiática, com a presença de um técnico popstar e que atrai muitas atenções para si. Mesmo em passagem conturbada, Mourinho deixou os Red Devils com três conquistas: Liga Europa, Copa da Liga Inglesa e Supercopa da Inglaterra. Com a Copa da Inglaterra 2015/16 sob o comando de Van Gaal, as únicas depois da Era Alex Ferguson.

Mas qual Mourinho volta ao futebol? O que peca no mais alto nível pelo exagero na proposta defensiva e se desgasta até a exaustão na gestão de elenco? Ou um redivivo, que teve tempo para ver futebol, refletir, sofrer pela perda do protagonismo para Jurgen Klopp na rivalidade com Pep Guardiola e, inteligente, agora se propor a rever alguns pontos em suas ideias e seus métodos de jogo?

Se mantiver a versatilidade da equipe londrina – capaz de dominar pela posse, mas também protagonizar duelos intensos e alucinantes com os gigantes ingleses – e adicionar sem exageros a consistência defensiva que fez falta, por exemplo, na decisão da Champions contra o Liverpool em Madrid, Mourinho pode, de fato, mudar o Tottenham de patamar.

Com mentalidade vencedora, mas sem esmagar os comandados pela pressão sufocante que exerce, normalmente escolhendo uma estrela do elenco como alvo para manter a autoridade sobre o resto, estratégia que nunca funcionou. Com 56 anos é hora de mostrar maturidade nas relações humanas. O grupo do Tottenham, mesmo com a reformulação que deve começar já na janela de inverno, em janeiro,  precisa dos estímulos certos para buscar as conquistas que faltam para marcar um período de transformação.

Parece a última chance para o português se mostrar ao mundo ainda como um profissional capaz de contribuir para a evolução do jogo que cada vez é mais adaptável às demandas dentro de um modelo bem definido. Exigindo dos atletas, sim, porém na dose certa, sem sobrecargas. Também sem o “ônibus” na frente da área que, pela velocidade do jogo, não consegue mais fechar todos os caminhos dos principais concorrentes.

José Mourinho virou aposta e o Tottenham está pagando para ver se a parceria rende frutos e taças. Que ambos saiam melhores do que estão entrando agora. Pochettino também, no novo desafio que deve aparecer muito em breve. O futebol só tem a ganhar.

 

 

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Bayern atropela Tottenham sem precisar do brilho de Philippe Coutinho http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/01/bayern-atropela-tottenham-sem-precisar-do-brilho-de-philippe-coutinho/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/01/bayern-atropela-tottenham-sem-precisar-do-brilho-de-philippe-coutinho/#respond Tue, 01 Oct 2019 21:24:44 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7364 Golear o vice-campeão da última edição da Liga dos Campeões é uma indiscutível demonstração de força para o heptacampeão alemão que domina a Bundesliga, mas vem falhando no torneio continental. Embora nas últimas seis edições desde o título de 2012/13 o time bávaro tenha caído cinco vezes para o campeão e em 2015/16, última temporada de Pep Guardiola, foi eliminado na semifinal pelo vice Atlético de Madrid.

Os 7 a 2 em Londres carrega um simbolismo que pode transferir a confiança que vem faltando à equipe de Niko Kovac, embora a virada da fase de grupos para o mata-mata signifique uma mudança profunda competição. Uma atuação brilhante, com volume de jogo quando necessário, no ritmo de Kimmich, autor do primeiro gol, e Tolisso no meio-campo, depois Thiago Alcântara e Kimmich na lateral direita com a saída por lesão de Alaba – Pavard inverteu de lado na defesa. Terminou com 58% de posse e 84% de acerto nos passes.

Mas principalmente com a incrível velocidade nas transições ofensivas do trio formado por Coman, Lewandowski e Gnabry, este o grande destaque marcando quatro gols no segundo tempo, deitando e rolando nas infiltrações em diagonal. Mas Aurier e Alderweireld não acharam o atacante pela esquerda desde o primeiro minuto de um jogo aberto e eletrizante na maior parte do tempo, especialmente na primeira etapa.

Com Son abrindo o placar para os Spurs, aproveitando falha de Tolisso na saída de bola. Mas o time de Mauricio Pochettino foi perdendo intensidade e rapidez na transição defensiva. Nem pressão pós-perda, nem recomposição veloz. Com atuação catastrófica de Ndombélé, que colocou Eriksen no banco na função pela esquerda no trio do meio do 4-3-1-2 do time inglês. Erro só corrigido na segunda etapa, mas já era tarde para evitar o atropelamento.

Porque o Bayern sobrou e deu espetáculo. Finalizou 20 vezes, 11 no alvo. Mas só contou com participação mais efetiva de Philippe Coutinho no final, com o jogo decidido. Não pela omissão do meia brasileiro, mas porque na execução do 4-2-3-1 armado por Kovac a bola passou pouco pelo camisa dez. Circulação quase sempre dos defensores para os volantes com qualidade no passe e desses para os ponteiros ou diretamente para Lewandowski.

O quinto gol foi simbólico: lançamento primoroso de trinta metros de Thiago para Gnabry disparar e tocar na saída de Lloris.  Com espaços à vontade, Coutinho só apareceu em uma finalização e no passe para Lewandowski fazer o sexto. Atuação correta, não exatamente destoando dos demais. Mas inegavelmente sem brilho.

Um problema minúsculo perto da hecatombe no Tottenham. Apesar das 15 finalizações, oito no alvo, o segundo gol saiu em um pênalti bastante discutível de Coman em Rose que Harry Kane converteu. Fez Neuer trabalhar do outro lado, mas defensivamente não existiu. Com deficiências que vêm da temporada passada e foram compensadas pelo ataque. Erros individuais, setores espaçados e a última linha lenta e desorganizada.

Só podia dar muito errado diante de um Bayern inspirado, com qualidade em todos os setores e sem precisar do protagonismo da grande contratação da temporada para construir um placar histórico.

(Estatísticas: UEFA)

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Tottenham x Liverpool: descanso para abastecer a “loucura” na grande final http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/15/tottenham-x-liverpool-descanso-para-abastecer-a-loucura-na-grande-final/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/15/tottenham-x-liverpool-descanso-para-abastecer-a-loucura-na-grande-final/#respond Wed, 15 May 2019 11:01:46 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6523

Foto: AFP

O Barcelona de Pep Guardiola foi o melhor time que este que escreve viu em ação nas quase quatro décadas acompanhando futebol. Com a versão mais próxima da perfeição na temporada 2010/11, mesmo sem a tríplice coroa. Perdeu a Copa do Rei em abril para o Real Madrid, confirmou o título espanhol na penúltima rodada em 15 de maio de 2011 e decidiu a Liga dos Campeões no dia 28.

Treze dias com todos os jogadores disponíveis e a mente limpa para se preparar ajudaram muito a viabilizar a grande atuação de toda “Era Guardiola” nos 3 a 1 sobre o Manchester United em Wembley. Descansado, focado e no auge, o time de Messi, Xavi e Iniesta era mesmo imbatível.

Agora o calendário aponta 19 dias de descanso para Tottenham e Liverpool entre a rodada derradeira da Premier League e a final da edição 2018/19 no Wanda Metropolitano, em Madrid. Depois de uma sequência maluca de jogos decisivos, principalmente para os Reds que lutaram ponto a ponto pelo título nacional com o bicampeão Manchester City.

Tempo para recuperar lesionados, como Roberto Firmino no Liverpool e Harry Kane, lutando contra o tempo para ao menos ficar no banco no grande jogo da história do Tottenham após uma lesão nos ligamentos do tornozelo esquerdo. Também para Jurgen Klopp e Mauricio Pochettino estudarem ainda mais o oponente depois dos duelos pela liga, ambos vencidos por 2 a 1 pelos Reds. Treinadores com fome em busca do primeiro título em seus clubes.

Mas a pausa longa para os padrões do apertado calendário na Inglaterra aumenta mesmo é a expectativa por uma decisão de ritmo ainda mais alucinante, com intensidade máxima e ímpeto ofensivo das equipes. Ainda que a tensão natural em uma disputa com tanto em jogo tire um pouco da naturalidade, é difícil imaginar os times tão cuidadosos a ponto de negar os próprios instintos.

Coragem que construiu as duas grandes viradas das semifinais mandando Barcelona e Ajax para casa. Ampliando a lista de grandes remontadas desta edição do torneio continental. Consagrando herois improváveis como Origi, Wijnaldum e Lucas Moura. Emocionando ainda mais quem ama este esporte inigualável na imprevisibilidade.

Que Liverpool e Tottenham aproveitem cada minuto para abastecer a “loucura” típica da Premier League e protagonizar uma final histórica da Champions. Muito provavelmente sem o primor estético do Barça de Pep, mas com a fúria dos que buscam um grande título depois de anos sem conquistas. O primeiro dia de junho promete demais!

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Tottenham abre vantagem. City de Guardiola vai falhar de novo na Champions? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/09/tottenham-abre-vantagem-city-de-guardiola-vai-falhar-de-novo-na-champions/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/09/tottenham-abre-vantagem-city-de-guardiola-vai-falhar-de-novo-na-champions/#respond Tue, 09 Apr 2019 21:27:48 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6304 Mata-mata de Liga dos Campeões é sempre especial e fica ainda mais complexo quando afunila na rota da grande final. Era até previsível que no duelo de quartas-de-final os 16 pontos que separam Manchester City e Tottenham na Premier League não fizessem tanta diferença. Ainda mais na primeira partida dos Spurs em seu novo estádio pela Champions.

Mas a vitória do time londrino por 1 a 0 com gol de Son no segundo tempo reforça a impressão de que os citizens sentem os confrontos eliminatórios em alto nível e mudam em relação ao comportamento habitual na competição por pontos corridos.

Sim, o controle pela posse de bola estava lá: 60%. A postura ofensiva mesmo como visitante também, apesar da formação mais conservadora do meio-campo com Gundogan mais próximo de Fernandinho que do meia David Silva na maior parte do tempo em que estiveram juntos em campo.

Cuidado excessivo, um nítido desconforto além do pênalti que Kun Aguero cobrou no primeiro tempo e Lloris defendeu.  A equipe de Mauricio Pochettino também impôs dificuldades:  intensidade máxima e concentração na pressão na saída de bola e também no bloqueio das sempre perigosas inversões de bola procurando os ponteiros – desta vez Mahrez à direita e Sterling no lado oposto.

Variando do 4-3-2-1 para o 4-1-4-1, o Tottenham atacou com os laterais Trippier e Rose, organizou com Eriksen no meio e ameaçou com finalização perigosa de Harry Kane, que contava com a companhia de Dele Alli e Son. Mas no gol único da partida o centroavante inglês já não estava mais em campo. A quarta lesão no tornozelo em menos de três anos após pisão de Delphi.

Com Lucas Moura, o ataque ficou mais rápido nas transições e sem a referência, o que criou problemas para Otamendi e Laporte. Mas tirou um pouco de volume de jogo. Quando a disputa parecia mais parelha, Son persistiu depois de passe de Eriksen e infiltração pela direita. Lesionado, Ederson deixou passar o chute forte do sul-coreano. A mais bem sucedida entre as 13 finalizações do Tottenham, quatro no alvo.

Só a confiança no poder do atual campeão inglês em Manchester pode explicar a calma de Guardiola, que havia trocado Aguero por Jesus e só aos 41 minutos do segundo tempo colocou De Bruyne e Sané em campo. A maratona de jogos talvez ajude também a explicar a administração do elenco, mas foi difícil compreender a demora nas trocas. A conferir na volta semana que vem.

O City vai precisar mostrar a personalidade que sobra na Inglaterra mas tem faltado na Champions. Com Guardiola sucumbiu diante de Monaco e Liverpool. Será diferente desta vez?

(Estatísticas: UEFA)

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De Gea, Pogba, 6ª vitória. United de Solksjaer faz história “à brasileira” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/13/de-gea-pogba-6a-vitoria-united-de-solksjaer-faz-historia-a-brasileira/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/13/de-gea-pogba-6a-vitoria-united-de-solksjaer-faz-historia-a-brasileira/#respond Sun, 13 Jan 2019 19:11:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5761 O Brasil faz parte da história de Ole Gunnar Solksjaer como jogador. Duas vitórias sobre a seleção brasileira, a segunda na Copa do Mundo de 1998 por 2 a 1. Em 2006, voltou a vestir a camisa de seu país em novo confronto com o Brasil. Empate por 1 a 1 e manutenção da invencibilidade contra o futebol cinco vezes campeão do mundo em quatro confrontos na história.

Agora é treinador do Manchester United, sucedendo José Mourinho. Assumiu sem nenhum alarde, pompa ou circunstância. Mas ao seu jeito vai construindo um ótimo início de trabalho. Histórico, com 100% de aproveitamento nos seis primeiros jogos – cinco vitórias pela Premier League, outra na Copa da Inglaterra. Nem as lendas Alex Ferguson e Matt Busby conseguiram tal feito.

O triunfo em Wembley sobre o Tottenham é o maior e mais emblemático até aqui. Pelo jogaço, por ser o primeiro contra um grande e também pela afirmação de um estilo de comando que, pela urgência e considerando o contexto, acabou apresentando características de treinadores brasileiros.

A começar pela gestão de elenco. Mesmo com a ressalva de que qualquer coisa seria melhor que a terra arrasada de Mourinho, saindo de um clima insuportável pra algo mais leve. Partindo do resgate de Paul Pogba, maior contratação da história do clube e o grande talento do elenco, que vivia às turras com o treinador português e assistiu a algumas derrotas do banco de reservas.

O resultado: em seis partidas, são quatro gols e cinco assistências do meio-campista francês. A última em um lançamento primoroso para Rashford infiltrar em diagonal pela direita e bater cruzado para marcar o gol único da partida. Em um típico contragolpe dos Red Devils nos tempos de Mourinho, dentro de um primeiro tempo de apenas 40% de posse e cinco finalizações contra sete dos Spurs, mas acertando a direção da meta de Lloris por cinco vezes. Eficiência.

Também aproveitando a saída de Sissoko, lesionado ainda na primeira etapa. Lamela entrou e Mauricio Pochettino só conseguiu acertar o posicionamento do meio-campo na volta do intervalo, saindo do 4-3-1-2 para o 4-2-3-1 com o recuo de Eriksen e o meia argentino se juntando a Son e Dele Alli atrás de Harry Kane. E Solksjaer respondeu como um treinador brasileiro, reorganizando sua equipe em função do adversário.

De início saindo do 4-2-3-1 das últimas partidas e armando um 4-3-3 com Lingard centralizado e ajudando no combate a Winks, volante que inicia a construção das jogadas do Tottenham. Tudo para dar liberdade a Pogba, que mesmo com espírito renovado continua pouco intenso sem a bola. Também explorando com Rashford e Martial as costas dos ofensivos laterais Trippier e Davies.

Na segunda etapa, a equipe retornou ao sistema original, voltando a posicionar Rashford na frente, soltar Pogba, que quase ampliou em jogada pessoal e Lingard e Martial voltando pelos flancos formando com Matic e Herrera a segunda linha de quatro. De novo uma estratégia “à brasileira”: encaixar a marcação, definir duelos individuais e fazer perseguições longas, porém com muita entrega e concentração.

Mas com falhas e também méritos do Tottenham, que trabalhava a bola, invertia da esquerda para Trippier e chegava à área do United com muita gente. Rondou a área e finalizou muito! Foram 16 no segundo tempo, onze no alvo. Todas defendidas por De Gea. Outra atuação individual espetacular. Disparado o melhor em campo para garantir o resultado que faz o maior campeão inglês voltar a sonhar com a quarta vaga na Liga dos Campeões.

É bem provável que Solksjaer não conheça os métodos brasileiros de comando técnico no futebol, mas vai se estabelecendo como “fato novo” – olha o Brasil de novo! Mobiliza o grupo, tira o melhor de seus talentos, arma o time em função de suas individualidades e usa os resultados para ganhar moral. Competência ou sorte? O tempo vai mostrar, especialmente quando chegar fevereiro e o duelo com o PSG pela Liga dos Campeões.

(Estatísticas: BBC)

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Valverde enfim se rende à lógica e o Barcelona de Messi voa em Wembley http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/03/valverde-enfim-se-rende-a-logica-e-o-barcelona-de-messi-voa-em-wembley/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/03/valverde-enfim-se-rende-a-logica-e-o-barcelona-de-messi-voa-em-wembley/#respond Wed, 03 Oct 2018 21:50:13 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5309 Muitas vezes se confunde o simples com o tosco, simplório. Mesmo caótico e apaixonante, o futebol tem alguma lógica e é tarefa do treinador tentar reduzir ao máximo a aleatoriedade do jogo a favor do seu time.

Ernesto Valverde vinha congestionando o lado esquerdo do Barcelona ao deslocar Dembelé para aquele setor, se juntando a Philippe Coutinho e Jordi Alba. Tudo para deixar o lado direito para Messi receber numa zona de menor pressão e partir em diagonal conduzindo a bola.

Na prática, porém, o treinador desequilibrou o time, tirou a fluência ofensiva e deixou o lateral direito entregue à própria sorte na defesa. Foi preciso sofrer em La Liga com empates contra Girona e Athletic Bilbao, além da derrota para o Leganés, mesmo sem perder a liderança, para o treinador enfim se render ao óbvio.

Messi precisa de liberdade, Alba do corredor para voar pela esquerda e a defesa de maior proteção. Bastou trocar Dembelé por Arthur e o Barça ganhou liga. No 4-4-2, com Coutinho voltando pela esquerda e Arthur, eventualmente Rakitic abrindo pela direita para auxiliar Semedo, que também ganhou o corredor para apoiar.

É claro que o gol de Coutinho no primeiro minuto, completando assistência de Alba na primeira disparada pela esquerda recebendo de Messi, condicionou o jogo em Wembley. Obrigou o Tottenham a adiantar as linhas e ceder espaços. Mesmo criando problemas com a movimentação do trio Lucas-Kane-Son, o Barça controlou o jogo com relativa tranquilidade através da posse de bola e setores mais compactos. Mais uma jogada pela esquerda, Coutinho errou a finalização, mas acertou o passe para um chute espetacular de Rakitic. O gol mais bonito da partida.

A segunda etapa começou com eletricidade. Messi acertou a trave esquerda de Lloris em duas arrancadas por dentro no início da segunda etapa e, na sequência, Kane marcou trazendo os Spurs de volta para o jogo. Mas bastou acionar novamente Alba pela esquerda para sair a assistência para o camisa dez, com direito a finta de Suárez.

Quando Mauricio Pochettino trocou Wanyama e Son por Dier e Sissoko o Tottenham passou a fazer um jogo mais físico e intenso. Diminuiu com Lamela e buscou uma pressão final com Fernando Llorente no ataque ao lado de Kane. Muitos cruzamentos, domínio dos rebotes. A vitória que parecia tranquila correu algum risco.

Valverde demorou a trocar e em alguns momentos o Barça sofreu sem um escape para os contragolpes. É neste momento que Dembelé faz falta. O ponta francês pode ser titular ou uma peça utilizada com frequência, mas pela direita. Garantindo amplitude e profundidade nos dois flancos.

Com Rafinha e Vidal nas vagas de Coutinho e Arthur, Messi resolveu em nova jogada que nasceu pela esquerda. Chega a cinco na Champions em dois jogos. Poderia ter marcado mais. Se o adversário não está na primeira prateleira do futebol europeu, o contexto era de jogo grande e o gênio argentino sobrou.

Assim como o time catalão, que teve a posse de bola quase durante todo o tempo acima dos 60% – terminou com 58% – e acertou 85% dos passes. Finalizou o dobro do adversário: 12 a seis, sete a cinco no alvo. Um desempenho consistente e animador.

Um ótimo sinal para Valverde. Basta não interromper o fluxo natural de sua equipe. Às vezes a melhor “assinatura” é não interferir no que funciona.

(Estatísticas: UEFA)

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Croácia prova que jogo eliminatório se decide com talento e força mental http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/11/croacia-prova-que-jogo-eliminatorio-se-decide-com-talento-e-forca-mental/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/11/croacia-prova-que-jogo-eliminatorio-se-decide-com-talento-e-forca-mental/#respond Wed, 11 Jul 2018 22:15:50 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4909 O golaço de falta de Trippier logo aos quatro minutos podia ter desmanchado de vez a Croácia que vinha de duas prorrogações e teria que subir a ladeira em Moscou. Numa semifinal de Copa do Mundo e diante de uma Inglaterra com mais tradição, descanso e que costuma desgastar o adversário com seu jogo físico e de velocidade.

A primeira etapa teve a equipe de Zlatko Dalic com 52% de posse e seis finalizações contra quatro. Mas controle da Inglaterra com bom posicionamento da última linha de defesa do 5-3-2 e a movimentação de Kane, recuando para deixar Sterling mais avançado para os contragolpes e alternando com os meias Lingard e Dele Alli.

A dinâmica criava uma indefinição em Brozovic, o volante entre as duas linhas de quatro na volta do 4-1-4-1 que dá mais liberdade a Rakitic e Modric. Com um estilo vertical, a Inglaterra de Gareth Southgate teve a bola do segundo gol com Kane entrando pela esquerda e acertando a trave depois de finalizar e Subasic defender.

A impressão era de que não faria tanta falta, já que com a passagem do tempo o desgaste pesaria para os croatas. Os ingleses controlavam os espaços e tentavam acelerar nos contragolpes. Mas com muitos erros técnicos que não criavam a chance clara para finalizar. A Croácia foi adiantando as linhas e rodando a bola. Mas também não havia ideias ou a jogada diferente.

Até Perisic começar a encontrar brechas entre Trippier e Walker, logo o lateral que foi para a zaga com o intuito de deixar o trio de zagueiros mais móvel e rápido na cobertura. Walker hesitou, Perisic se antecipou e empatou, completando centro de Rakitic.

Os ingleses acusaram o golpe, passaram a errar além da conta e perder agressividade na marcação. Fizeram a Croácia acreditar e colocar o talento no jogo. Modric e Rakitic tomaram conta do meio-campo. Dalic não fez nenhuma substituição nos 90 minutos.

Guardou tudo para a prorrogação. Quatro substituições e toda a alma e personalidade. Alimentada a cada erro inglês, mesmo com Rashford, Rose, Dier e, no desespero, Vardy na vaga de Walker. Porque a Croácia tinha virado com Mandzukic. Mesmo exausto e com câimbras, aproveitou mais um vacilo da defesa inglesa na cobertura. Com participação de Perisic.

Nos minutos finais, os croatas sobraram fisicamente. Com Corluka, Badelj, Pivaric e Kramaric em campo. Estratégia arriscada que podia ter falhado na segunda etapa do tempo normal, mas que teve a chance de render mais um gol se Kramaric tivesse visto o inesgotável Perisic livre no contragolpe final. Foram 22 finalizações, o dobro dos ingleses, que só finalizaram no alvo com o gol de Trippier. Muito pouco em 12o minutos.

A Croácia teve qualidade e fé inquebrantável de que era possível. Armas poderosas em uma partida eliminatória com tanto em jogo. Por isto fará uma final histórica, consagrando a melhor e maior geração do país, superando 1998. Com 90 minutos a mais de futebol e suor na Copa em relação à França. Mas como duvidar de quem parece crer que tudo pode?

A Inglaterra pode e deve seguir investindo em um trabalho que tem tudo para dar frutos. Com esta e as próximas gerações, campeãs mundial sub-17 e sub-20. Só que agora é hora de Modric, Rakitic, Perisic, Mandzukic, Subasic e uma nação inteira.

(Estatísticas: FIFA)

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Difícil avaliar a força da Inglaterra, mas há pontos positivos além de Kane http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/24/dificil-avaliar-a-forca-da-inglaterra-mas-ha-pontos-positivos-alem-de-kane/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/24/dificil-avaliar-a-forca-da-inglaterra-mas-ha-pontos-positivos-alem-de-kane/#respond Sun, 24 Jun 2018 14:03:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4772 Não é fácil fazer avaliações mais profundas sobre o Grupo G pela disparidade de Inglaterra e Bélgica em relação a Panamá e Tunísia. Esperada e confirmada no campo, apesar de algumas dificuldades na estreia – a Inglaterra por abrir o placar cedo e se acomodar e a Bélgica ao sofrer para superar o forte bloqueio do Panamá.

Na segunda rodada, mais relaxados, construíram duas das três maiores goleadas do Mundial até aqui. A Inglaterra enfiou 6 a 1 no Panamá e confirmou algumas boas impressões, apesar da obrigação de relativizar pelas muitas fragilidades do adversário.

A começar pelo jogo vertical do trio de defensores. Walker, Stones e Maguire se juntam a Henderson na articulação de trás com bons passes. Acionam diretamente os alas Trippier e Ashley Young ou o trio ofensivo formado por Sterling e Lingard circulando em torno do artilheiro Harry Kane.

Uma vantagem em relação à Bélgica, que não construía a partir dos zagueiros e facilitava a concentração de panamenhos guardando a própria área. Óbvio que o gol de Stones logo aos oito minutos muda toda a percepção. Ainda mais porque desta vez os ingleses mantiveram a intensidade.

Muita força no jogo aéreo ao enviar Stones e Maguire se juntando a Kane na área adversária. Walker, Henderson e Loftus-Cheek, a única mudança de Gareth Southgate no seu 3-5-2, sacando Eric Dier, também possuem boa estatura. Na Copa dos gols de bola parada é arma que pode resolver ou descomplicar jogo. Ainda mais pela precisão de Trippier nos cruzamentos.

Kane se destaca pela presença de área e também precisão que já o coloca na artilharia com cinco gols. É centroavante dinâmico, que chama lançamento e sabe fazer pivô. Garante mobilidade ao lado de Sterling e a aproximação de Lingard, que cresceu demais na seleção pela evolução nas mãos de José Mourinho no Manchester United.

Os espaços cedidos, principalmente às costas dos alas, que proporcionaram oito finalizações, duas no alvo e o gol de Felipe Baloy, são questão de ajuste. Até porque contra grandes seleções a solidez defensiva se fez presente – como o muro em Wembley que despertou Tite para as dificuldades da seleção brasileira para furar a linha de cinco na defesa?

Na frente, foram 12 finalizações. Sete no alvo, seis nas redes. Eficiência sem precisar de controle absoluto da posse de bola (58%). Chamou atenção a efetividade nos passes: 91%. Mais um item que merece desconto pelos muitos espaços cedidos por um adversário que se descoordenou com o gol sofrido nos primeiros minutos. De qualquer forma, a Inglaterra cumpriu sua obrigação.

Falta o teste mais forte. Virá na última rodada contra a Bélgica, mas ambas parecem mais preocupadas em rodar o grupo e poupar pendurados e desgastados do que com a primeira vaga. Até porque não fará tanta diferença os adversários que virão do Grupo H que não conta com um favorito ou seleção temida pelo desempenho, ao menos até aqui.

(Estatísticas: FIFA)

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Camisa pesa, sim! É o clichê do qual não podemos fugir http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/08/camisa-pesa-sim-e-o-cliche-do-qual-nao-podemos-fugir/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/08/camisa-pesa-sim-e-o-cliche-do-qual-nao-podemos-fugir/#respond Thu, 08 Mar 2018 09:38:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4239

Este que escreve aprendeu com os mestres amigos e os da sala de aula que no texto jornalístico devemos fugir dos clichês. O senso comum evitado ao máximo na afirmação de um estilo de escrita ou comunicação.

Mas com o tempo de ofício uma pergunta sempre ronda essa busca: se narramos ou analisamos acontecimentos sobre pessoas e estas costumam se agarrar a clichês, crendices e superstições como podemos desprezar a existência destes?

A história do futebol apresenta questões subjetivas, baseadas em acontecimentos eventuais, mas tratadas como regras não escritas. Capazes de interferir na disputa e ajudar na definição de vencedores e vencidos.

O “peso da camisa” é um exemplo clássico. Longe de garantir resultado, mas que no campo pode pesar se o contexto favorecer. Uma ideia que resume eventos importantes dentro de uma partida.

Como a vivência de um clube em jogos grandes, o histórico de momentos em que se agigantou e subverteu a lógica, a capacidade de no primeiro sinal de reação instalar medo no rival com menos tradição ou o respeito que impõe só pelo que representa.  Até mesmo diante da arbitragem. Afinal, na dúvida qual clube terá mais poder de prejudicar o apitador e sua equipe em caso de erro?

É óbvio que esses fatores têm mais relevância se os desempenhos são equivalentes ou não há uma disparidade na verdade do campo. Como nos 180 minutos entre Real Madrid e PSG. Valeu mais a qualidade e a maturidade da equipe bicampeã da Europa.

Na prática, porém, podem influir, sim, na força mental dos times. Porque jogadores e torcedores, em geral, acreditam nesta espécie de “força estranha” que se mistura com toda a loucura e falta de lógica do jogo.

Como na virada da Juventus em Wembley sobre o Tottenham por 2 a 1 pelas oitavas de final da Liga dos Campeões. Primeiro tempo dominado e controlado pelo time londrino com o gol do sul-coreano Son e outras oportunidades. Organização e volume ofensivo mantendo a torcida quente no estádio.

Mas bastou a equipe italiana mostrar solidez para o Tottenham nitidamente ter sua confiança abalada, dentro e fora de campo. As jogadas de Eriksen e Dele Alli passaram a não acontecer com frequência, Harry Kane ficou isolado e o time de Mauricio Pochettino nitidamente se abateu com a pressão de um jogo deste tamanho. A torcida virou plateia. Silenciosa.

Empate com Higuaín. Com o golpe final três minutos depois, no contragolpe letal construído pelo pivô de Higuaín que encontrou Dybala livre, restou ao Tottenham o desespero. Que podia até ter acabado no empate que levaria à prorrogação na bola na trave de Buffon já nos acréscimos. Talvez a história contada fosse outra.

É óbvio que Massimiliano Allegri foi feliz nas substituições, especialmente a entrada de Lichtsteiner no lugar de Benatia e Barzagli sendo deslocado para fazer dupla com Chiellini na zaga. Com o lateral, o time ganhou um escape pela direita e companhia para Douglas Costa na execução do 4-4-1-1 que não havia até então. Ainda assim, o brasileiro, que cumpriu boa atuação, sofreu pênalti claro ignorado pela arbitragem na primeira etapa.

Com o melhor rendimento, o gigante italiano se impôs especialmente pela tradição na Liga dos Campeões. Ainda que com apenas duas conquistas em nove finais, a história é muito maior que a do Tottenham, cuja melhor campanha na competição foi o terceiro lugar em 1962, bem anterior à fase Champions. Mais ainda da geração da Velha Senhora que vem de duas decisões em três temporadas. A trajetória dos Spurs de Kane é de “pato novo”. Faz diferença. Fez.

Por maior que seja a resistência à ideia, a camisa pesou. Entortou varal, como se costuma dizer. Acontece. E não dá para fugir deste clichê. Porque os grandes agentes do esporte se permitem afetar por isto. Para o bem e para o mal.

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