jeanlucas – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Corinthians de Carille reforça a imagem de time para jogo grande http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/11/corinthians-de-carille-reforca-a-imagem-de-time-de-jogo-grande/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/11/corinthians-de-carille-reforca-a-imagem-de-time-de-jogo-grande/#respond Mon, 11 Mar 2019 08:06:11 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6104 Antes do clássico entre Corinthians e Santos em Itaquera, o clichê “confronto entre estilos opostos” envolvendo Jorge Sampaoli e Fabio Carille correu solto pelo noticiário. De fato fazia algum sentido, apesar do exagero de colar no treinador campeão brasileiro de 2017 e bi paulista o rótulo de “retranqueiro”.

Visão que foi pulverizada assim que a bola rolou. O Corinthians adiantou e pressionou a marcação para sufocar a saída “lavolpiana” do rival com Alison como terceiro zagueiro pela direita ajudando Gustavo Henrique e Aguilar. Também fechava o lado forte do Santos, o direito com Victor Ferraz e Carlos Sánchez, agrupando Clayson, Sornoza e Danilo Avelar, mais a cobertura do zagueiro Henrique. Sem marcação individual, é claro.

Induziam o passe para Jean Lucas, a novidade na escalação, para dar o bote. O jovem meio-campista ex-Flamengo, de porte elegante, mas frágil no jogo físico, lento e com dificuldades nos passes longos, perdia  a bola e viabilizava os contragolpes do time da casa.

Isto acabava forçando Diego Pituca a inverter o jogo procurando o setor esquerdo de Felipe Jonatan, Jean Mota e Derlis, bem vigiados por Pedrinho, Júnior Urso e Fagner com a cobertura de Manoel. Bola roubada, aceleração pelos flancos e cruzamentos procurando Boselli, a referência na frente do 4-1-4-1 de Carille. Assim o Corinthians dominou o primeiro tempo.

Por consequência, obrigou Sampaoli a mudar. Sem Jean Lucas e Alison e com Cueva e Rodrygo, o Santos adiantou as linhas, melhorou a troca de passes e foi ligeiramente superior na segunda etapa. Teve a bola do jogo na saída errada de Cássio com os pés que Cueva não aproveitou.

O Corinthians só cresceu quando Love entrou na vaga de Pedrinho e criou problemas com infiltrações em diagonal. Uma disputa interessante que merecia gols para dar sentido, emoção e ainda mais possibilidades de variações ao longo da partida.

De novo o Corinthians de Carille foi superior ao oponente mesmo com posse de bola inferior: 40%. Finalizou 12 vezes contra nove, duas para cada lado no alvo. Deixou o time de Sampaoli desconfortável, como o próprio técnico argentino admitiu na entrevista. O Santos rebateu 42 bolas e apelou 50 vezes para o lançamento. Demais para quem valoriza a posse e o trabalho com passes curtos.

A rigor foi o sétimo jogo relevante do Corinthians na temporada. Vitórias nos clássicos sobre Palmeiras e São Paulo nesta primeira fase meramente protocolar do estadual, os jogos eliminatórios na Copa do Brasil, contra Ferroviário e Avenida, e os dois na Copa Sul-Americana diante do Racing. Não saiu derrotado em nenhum e contra o Avenida, mesmo com um desempenho ruim, mostrou poder de reação para virar um 0 a 2 tenso em casa com quatro gols e evitar uma tragédia.

Em sua Arena cumpriu sua melhor atuação coletiva no último dos quatro jogos que não venceu. Os três pontos seriam importantes na tabela e também para aumentar a confiança. Talvez tenha faltado o toque final de Gustavo. Mas valeu pela consistência. A força mental e a capacidade de competir em bom nível. Foi a marca da equipe vencedora nos últimos anos com Carille.

Na coletiva pós-jogo, o técnico ressaltou a necessidade de rever o calendário pelo excesso de jogos e falta de tempo para treinar. Discussão antiga, mas que é sempre importante fazer eco e exigir mudanças. Com pré-temporada mais longa e menos partidas o nível tende a subir. Em técnica, tática e intensidade. Só não vê quem não quer ou tem interesses escusos.

Em campo, o Corinthians de novo responde bem quando testado de fato. Reforça a imagem de time para jogo grande. Não está pronto, mas parece no caminho. É o que vale, ao menos por enquanto.

(Estatísticas: Footstats)

 

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Flamengo volta da Flórida com título, mas também uma ameaça silenciosa http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/13/flamengo-volta-da-florida-com-titulo-mas-tambem-uma-ameaca-silenciosa/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/13/flamengo-volta-da-florida-com-titulo-mas-tambem-uma-ameaca-silenciosa/#respond Sun, 13 Jan 2019 03:59:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5756 A celebração de Abel Braga no apito final da vitória do Flamengo por 1 a 0 sobre o Eintracht Frankfurt era nitidamente de alívio. Na nossa cultura resultadista, a conquista, mesmo meramente simbólica de um torneio de pré-temporada, era importante para não ressuscitar o “cheirinho” e baixar a moral de um grupo abatido por reveses seguidos.

Valeu pelo intercâmbio, pela chance de jogar em igualdade contra equipes europeias em meio de temporada. Mas não há dúvida de que a preparação em si ficou prejudicada e, mesmo com a obsessão por títulos em curtíssimo prazo da nova diretoria do clube, ao menos este início de Carioca deve ser tratado como continuação do período de testes e treinamentos.

Abel Braga repetiu praticamente o time titular que encerrou 2018 com Dorival Júnior e gostou mais do que viu no empate em 2 a 2 com o Ajax que no triunfo sobre o time alemão. Na segunda partida, muitos contragolpes desperdiçados (ainda o “arame liso”), erros técnicos típicos de início de temporada e alguns momentos de displicência diante de um oponente com dez homens em toda segunda etapa. Os reservas pecaram pelo desentrosamento, mas compensaram com a vontade natural de quem busca seguir no elenco com chances de entrar em campo nas partidas oficiais.

Gabigol e Arrascaeta estão no Rio de Janeiro treinando. A direção ainda busca zagueiro e lateral. Fica a impressão de que é preciso buscar um líder para dar identidade à equipe e orientar os companheiros em campo, numa espécie de “eco” para os gritos de Abel. Por isso o interesse em Dedé, Kannemann, Miranda e Rafinha.

Mas há uma função em campo que parece relegada a segundo plano e não é considerada uma carência do elenco: o volante ofensivo, de infiltração. Objetivamente só há Willian Arão. Na expectativa de contar com Bruno Henrique, do Santos, Abel projeta uma equipe no 4-1-4-1 com dois pontas rápidos e Everton Ribeiro e Arrascaeta por dentro e à frente de Cuéllar.

E se não funcionar e faltar intensidade na dupla de meias? Qual o plano B? Apenas Arão, sem um substituto do mesmo nível ou até um jogador mais técnico e eficiente para ganhar a posição? Abel deu chances a Ronaldo e Jean Lucas, atuando mais à frente de Piris da Motta entre os reservas. Os garotos até atuaram bem, um mais organizador e o outro aparecendo na área para finalizar mal, mas tirar a bola da direção do goleiro adversário no gol da vitória.

Mas hoje nenhum dos três se apresenta como uma opção confiável no mais alto nível do futebol jogado no Brasil e no continente. Certamente Abel Braga traz do seu último trabalho, no Fluminense, a experiência de dar oportunidades a muitos jovens, por conta das dificuldades financeiras do tricolor. Saudável, até para equilibrar a média de idade do elenco. Mas especificamente para a função que se convencionou chamar de “segundo volante”, o Flamengo está carente.

Se Everton Ribeiro – ou até Diego Ribas, caso renove o contrato – não funcionar como o meia ao lado de Arrascaeta, o time pode não atingir o nível esperado. É bom lembrar que com Dorival a equipe rendeu mais no 4-2-3-1, desfazendo o 4-1-4-1 dos tempos de Mauricio Barbieri.

Algo a se pensar já na viagem de volta. O perigo é Abel, olhando só o resultado inicial e as novas aquisições, achar que está tudo bem. Não parece. Eis a ameaça silenciosa no Flamengo para as primeiras disputas de 2019.

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Flamengo ainda mais líder e seguro até para abrigar os “renegados” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/10/flamengo-ainda-mais-lider-e-seguro-ate-para-abrigar-os-renegados/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/10/flamengo-ainda-mais-lider-e-seguro-ate-para-abrigar-os-renegados/#respond Mon, 11 Jun 2018 01:04:19 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4690 Aos 19 minutos do segundo tempo, com 1 a 0 no placar e o Paraná de Rogerio Micale saindo mais para o ataque e rondando a área do Flamengo, Mauricio Barbieri colocou em campo Willian Arão no lugar de Jean Lucas. O jovem da base cumpriu boa atuação por dentro da linha de meias do 4-1-4-1 rubro-negro, embora não seja reposição para o talento de Lucas Paquetá na articulação.

Uma substituição controversa pela qual a torcida demonstrou contrariedade, ainda que um tanto contida pelo placar favorável e a ótima fase do time. Para compensar, a saudada entrada de Filipe Vizeu no lugar de Henrique Dourado – lutador mais uma vez, porém novamente destoando dos companheiros no desempenho.

Mas o líder do campeonato vive fase de tanta confiança e segurança que até os “renegados” são abrigados e respondem com boas jogadas. Como a infiltração de Arão, lembrando os tempos de Botafogo e até os melhores no próprio Fla, para servir Vizeu em sua despedida do Maracanã antes de partir para a Udinese. Segundo gol e jogo resolvido aos 20 minutos. Seis minutos depois, Diego saiu para a entrada de Marlos Moreno, outro que tem seu desempenho muito questionado. Mas quem se importou?

O Paraná baixou a guarda e o Fla, basicamente, jogou para que Vinícius Júnior fosse às redes no seu provável último jogo no Maracanã com a camisa do clube que o revelou e rendeu uma negociação com o Real Madrid. Mas o jovem parecia ansioso, emocionado. E não rendeu. Perdeu uma chance clara ao demorar a finalizar e só apareceu no final, em belo passe por elevação para o voleio de Everton Ribeiro que o goleiro Thiago Rodrigues salvou.

A última das nove finalizações do Fla, quatro no alvo. Contra sete do Paraná, mas nenhuma na direção da meta de Diego Alves. Muito por mais uma atuação correta do sistema defensivo rubro-negro. Com a última linha bem posicionada, mesmo com as constantes mudanças no miolo da zaga, e muita concentração de todos para pressionar logo após a perda da bola. Além disso, jogadores como Cuéllar e Renê têm sido precisos em desarmes e na tarefa de cercar o adversário e impedir o contragolpe rápido.

Um time bem distribuído em campo e que sabe o que fazer. Mesmo sem tanta criatividade, soube rodar a bola com paciência – teve 62%  de posse no primeiro tempo e terminou com 57%. Diego desta vez não foi tão objetivo na armação. Outro a sentir falta de Paquetá. Compensou com luta e sofrendo e cobrando a falta que desviou na barreira e saiu do alcance do goleiro. Para descomplicar o jogo.

Em outros tempos poderia ser uma partida perigosa pelo “oba oba” ou por uma certa acomodação pela boa vantagem na liderança, agora de seis pontos sobre Atlético-MG e São Paulo. Mas o Flamengo de Barbieri vem jogando com seriedade e consistência. Na última rodada antes da parada para a Copa do Mundo, um teste importante para confirmar a força coletiva contra o Palmeiras em São Paulo.

Ainda que em julho comece outro campeonato. Por isso a importância para o Fla de tentar até aumentar a vantagem para administrá-la especialmente no decisivo mês de agosto, com jogos seguidos contra Cruzeiro e Grêmio, incluindo Copa do Brasil e Libertadores. Sem Vizeu e, provavelmente, Vinicius Júnior. E o time de melhor campanha no Brasileiro ainda pode ser alvo de mais assédio durante o Mundial – quem sabe o futuro de Paquetá?

Como será o amanhã do Flamengo? Se é impossível prever o futuro, a torcida curte a fase iluminada, na qual até Willian Arão ressurge para ser decisivo.

(Estatísticas: Footstats)

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