JUventus – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pênaltis e CR7 salvam Juventus, mas Atalanta dá prova de força que faltava http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/11/penaltis-e-cr7-salvam-juventus-mas-atalanta-da-prova-de-forca-que-faltava/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/11/penaltis-e-cr7-salvam-juventus-mas-atalanta-da-prova-de-forca-que-faltava/#respond Sat, 11 Jul 2020 22:02:33 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8757 Não é fácil vencer a Juventus em Turim pela Série A italiana. Camisa pesada, cultura de vitória de um octacampeonato. Força que intimida também arbitragens em lances duvidosos, com margem nas regras cada vez menos claras do jogo, especialmente nos toques com mãos e braços dos defensores dentro da área.

E também Cristiano Ronaldo, que mesmo bem vigiado por Rafael Tolói na linha de três zagueiros da Atalanta fez o goleiro Gollini trabalhar e converteu os dois pênaltis que garantiram o empate por 2 a 2 e levaram o português a 28 gols na liga, um atrás de Immobile, da Lazio.

Mas a Atalanta chegou bem perto e deu a demonstração de força que faltava, mesmo encerrando a série de 11 vitórias consecutivas. Um recital no primeiro tempo, com sete finalizações a três, 56% de posse de bola na casa do time dominante na Itália, agora ainda mais perto do nono título consecutivo.

No ritmo de Papu Gómez, novamente o organizador do 3-4-2-1 que desta vez teve Ilicic de início e Pasalic entrando no segundo tempo. Na frente, Zapata deixou o jovem holandês De Ligt zonzo com a combinação de força física e mobilidade.

Deslocamento, finalização precisa do colombiano e justa vantagem para a equipe de Gasperini nos primeiros 45 minutos. Levando ampla vantagem também pelos flancos, fazendo sofrer Cuadrado e Danilo, os elos fracos da retaguarda de Maurizio Sarri.

No segundo tempo, porém, a intensidade na execução do modelo de jogo cobrou o preço pela sequência de jogos sempre no limite. E o peso do oponente também contou nos cuidados defensivos e momentos de posse de controle, tirando a velocidade.

A Juve cresceu com Alex Sandro e Douglas Costa, além da entrada de Higuaín dando mais presença física na área adversária. Cristiano Ronaldo ganhou companhia e teve a chance da virada em bela finalização, depois de converter o primeiro pênalti.

Mas a Atalanta mostrou também contar com elenco heterogêneo. Além de Pasalic, entraram também Muriel, Tameze, Caldara e Malinovskyi. E foi o ucraniano, substituto de Papu Gómez, que fez o ataque recuperar ritmo, circulação de bola e também presença ofensiva. Assim marcou o segundo gol que parecia o da vitória. Triunfo que seria justo pela manutenção da superioridade em posse  (51%) e finalizações (13 a 9).

Mas o toque de Muriel em lance com Higuaín deu a chance do empate que provavelmente não aconteceria em outras condições, contra outro adversário, outra camisa. Mas era a Juventus, que encaminha mais uma conquista nacional.

E a Atalanta soma um ponto que não deixa de ser importante na disputa pela vaga na próxima Champions. Torneio continental que parece cada vez mais um sonho possível de chegar bem longe. O PSG de Neymar que se cuide. Até por não ostentar no cenário europeu o tamanho que a Juve tem na Itália.

(Estatísticas: Whoscored.com)

]]>
0
Caminho do PSG na Champions será bem mais complicado do que parece http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/10/caminho-do-psg-na-champions-sera-bem-mais-complicado-do-que-parece/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/10/caminho-do-psg-na-champions-sera-bem-mais-complicado-do-que-parece/#respond Fri, 10 Jul 2020 13:18:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8750

Foto: Harold Cunningham / UEFA / AFP

Tão logo saiu os cruzamentos no sorteio das quartas de final da Champions, ainda que faltando três dos oito classificados, a primeira impressão foi de que o Paris Saint-Germain seria o grande “vitorioso”.

Afinal, o time de Neymar saiu da reta das grandes camisas e dos campeões dos últimos anos – excetuando o atual, Liverpool. Sem Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique no caminho até a grande final. “Fugindo” também  do Manchester City de Guardiola e da Juventus de Cristiano Ronaldo, que ainda enfrenta o Lyon pelas oitavas.

Primeiro a Atalanta. Se passar, o vencedor de Leipzig e Atlético de Madrid. Sem dúvida, se olharmos a história do torneio continental, é uma trilha teoricamente menos pesada. E desse enrosco pode sair um finalista inédito – só o Atlético já esteve em uma final.

Só que não estamos dentro de uma normalidade. Longe disso. E são justamente essas mudanças no cenário que tornam o caminho do PSG bem mais complicado do que parece.

Acima de tudo pela inatividade do time francês, que é sem precedentes em uma fase tão avançada da competição. Entre março e agosto, a previsão de apenas duas partidas oficiais: as decisão das copas nacionais – Saint-Etienne na Copa da França no dia 24 e Lyon na Copa da Liga Francesa no dia 31. Mais quatro amistosos contra adversários bem abaixo do nível de enfrentamento que espera o time de Paris.

Com a Ligue 1 encerrada, a equipe de Thomas Tuchel terá o benefício do menor risco de lesões e desgaste, mas o enorme déficit em um aspecto fundamental no futebol atual: intensidade. Por mais que os treinos hoje reproduzam o ritmo e a velocidade na tomada de decisão do jogo, a falta do nível alto de competição pode prejudicar bastante. Principalmente pela disparidade de forças na França que já prejudicou o PSG no sonho de ganhar a Champions em outras temporadas.

E a Atalanta de Gian Piero Gasperini não é um time qualquer. Longe disso. Mostra personalidade, com volume de jogo sufocante e capaz também de surpreender jogando em rápidas transições ofensivas. Atropelou o Valencia nas oitavas e vem de onze vitórias consecutivas. É o melhor entretenimento do futebol atual.

É preciso pesar que essa disputa da Champions acontecerá em um ambiente mais “puro”, sem a “contaminação” da atmosfera. Campo neutro, em Lisboa, e sem torcida. Nem a vantagem do conhecimento e da vivência no próprio estádio será possível. Fatores que costumam estabelecer essa coisa metafísica e difícil de descrever que é a “camisa pesada”.

Todo esse contexto definindo a vida em 90, 120 minutos ou nos pênaltis. Para ficar ainda mais imprevisível. E o PSG ainda carregará a tensão do favoritismo, já que para o time de Bergamo a simples presença nas quartas já é histórica e digna de celebração na cidade, se houvesse a possibilidade de aglomeração de pessoas.

Se conseguir chegar às semifinais, as dificuldades serão praticamente as mesmas. Só um pouco mais nivelado na intensidade pelo jogo forte das quartas. Caso o adversário seja o Leipzig, a missão será encarar um “novato” ainda mais motivado a fazer história e que também joga em ritmo fortíssimo. Ainda assim, talvez seja melhor para Neymar e companhia, já que o time alemão também sofrerá um pouco agora com a falta de jogos oficiais por conta do fim da Bundesliga 2019/20.

Encarando o Atlético de Madrid, o estilo do time de Simeone pode expor as fragilidades defensivas que o PSG costuma apresentar em jogos grandes. E mesmo sem a força do mando, a “casca” construída pelo clube espanhol nos últimos anos em fases avançadas da competição pode fazer diferença.

Não será tão simples ou menos complicado. E o projeto PSG nunca mostrou consistência para se impor em qualquer cenário na Europa. O desafio continua enorme, mesmo sem gigantes pelo caminho.

[Sobre o outro lado do chaveamento:

Juventus tende a se aproveitar da inatividade do Lyon e tirar a desvantagem em Turim. O Manchester City deve confirmar contra o Real Madrid, embora sem torcida o mando tenha perdido força. Se passar, a equipe de Guardiola é ligeiramente favorita contra o time de Cristiano Ronaldo para seguir em busca do título inédito.

Barcelona já deve ter problemas contra o Napoli. Jogo contra o time de Genaro Gattuso não será tranquilo, mesmo no Camp Nou. Se passar, a menos que o Bayern de Munique tenha uma queda brusca por conta da inatividade, o risco de ser surrado pelo octampeão alemão como em 2013 é considerável. Só o “fator Messi” pode mudar o destino do time catalão.]

 

 

 

]]>
0
Volta do futebol na Europa escancara drama do PSG e de Neymar na Champions http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/15/volta-do-futebol-na-europa-escancara-drama-do-psg-e-de-neymar-na-champions/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/15/volta-do-futebol-na-europa-escancara-drama-do-psg-e-de-neymar-na-champions/#respond Mon, 15 Jun 2020 13:50:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8652

Foto: Reuters

O Manchester City entra em campo na quarta, dia 17, para enfrentar o Arsenal em jogo adiado da 28ª rodada da Premier League. Exatos 99 dias depois da última partida antes da pandemia: derrota para o rival United por 2 a 0 no dia 8 de março. Serão nove rodadas que devem confirmar o título do Liverpool, mais a Copa da Inglaterra que retorna nas quartas-de-final e tem a decisão marcada para 1º de agosto. O time de Guardiola já faturou a Copa da Liga Inglesa.

A Juventus voltou na sexta-feira empatando sem gols com o Milan e se classificando para a decisão da Copa da Itália contra o Napoli. Final na quarta, em Roma, e retomada da liga no dia 22, para mais 12 rodadas até o início de agosto. O time de Cristiano Ronaldo, para variar, lidera o campeonato, mas apenas um ponto à frente da Lazio.

Times com realidades opostas. O City praticamente cumpre tabela na liga e vai se dedicar à copa nacional até a volta da Champions, definindo a vaga nas quartas contra o Real Madrid depois de vencer na ida por 2 a 1. A Juventus define logo o mata-mata e depois parte para um guerra buscando manter a hegemonia no país. Ambas competindo forte até agosto, ou bem próximo disso.

O Paris Saint-Germain disputou a última partida no dia 11 de março, quando eliminou o Borussia Dortmund e conseguiu ultrapassar a barreira das oitavas da Liga dos Campeões na “Era Neymar/Mbappé”. Foi declarado campeão francês quando as autoridades francesas proibiram atividades esportivas até setembro.

Com o retorno das principais ligas, o PSG – e também o Lyon, o outro francês que disputa o torneio continental e venceu a Juventus na ida por 1 a 0 – se depara com o maior obstáculo, no momento, para o sonho de disputar com chances reais o maior título de clubes do planeta: a inatividade.

Com a possibilidade de disputa das quartas e semifinais em jogos únicos em sede fixa (provavelmente Lisboa), o time francês estaria objetivamente a três partidas da grande obsessão do clube. Mas como ser competitivo com quase seis meses sem jogos oficiais?

O clube busca uma flexibilização, com a possibilidade de realização de amistosos e da decisão da Copa da França, contra o próprio Lyon, no dia primeiro de agosto. Ainda assim, a distância do nível de competição seria gigantesca. Não só em relação aos exemplos citados, de City e Juventus.

O próprio Bayern de Munique, outro grande favorito ao título europeu pelo desempenho mesmo antes da parada, decide a Copa da Alemanha no dia 4 de julho contra o Bayer Leverkusen. Antes disso deve confirmar o octacampeonato da Bundesliga que, com apenas 18 clubes, termina no dia 27. Só uma partida em julho, mas ainda com grande vantagem sobre o PSG.

É claro que, por exemplo, uma lesão grave de um Cristiano Ronaldo ou Lewandowski neste processo pode relativizar e muito a vantagem dos times que estão jogando. Mas o contexto do gigante francês hoje é único. Nenhum time ficou tanto tempo sem jogar oficialmente.

Para piorar, a insatisfação com a direção do futebol, especialmente Leonardo, por conta do anúncio das saídas de Thiago Silva e Cavani. Clima tenso e sem partidas para dividir atenções e tornar as pautas sobre o clube menos negativas.

Como estarão Neymar, Mbappé e companhia quando entrarem em campo para o jogo mais importante da história recente do Paris Saint-Germain? Eis a maior incógnita do futebol desde a Segunda Guerra Mundial. E a resposta ainda vai demorar.

]]>
0
CR7 perde pênalti na volta, mas nem assim domínio da Juventus é ameaçado http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/12/cr7-perde-penalti-na-volta-mas-nem-assim-dominio-da-juventus-e-ameacado/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/12/cr7-perde-penalti-na-volta-mas-nem-assim-dominio-da-juventus-e-ameacado/#respond Fri, 12 Jun 2020 21:27:47 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8642

Cristiano Ronaldo salvou a Juventus no jogo de ida da semifinal da Copa da Itália no San Siro. Cobrando pênalti aos 45 minutos do segundo tempo. No longínquo 13 de fevereiro, empate por 1 a 1 com o Milan, que abriu o placar com Rebic. Time rossonero que ficou com um a menos a partir dos 27 minutos da segunda etapa com a expulsão de Theo Hernández.

Noventa e cinco dias de inatividade depois, o retorno do futebol italiano após o pico da pandemia. Na Allianz Arena, estádio que desde a inauguração em 2011 não viu uma vitória do Milan sobre os donos da casa. A última em todas as competições aconteceu em 2016.

O Milan não é mais o mesmo e a Juventus domina o futebol do país com um octacampeonato da liga e quatro conquistas nas últimas cinco edições da Copa nacional. O duelo seria desigual, mas o contexto tornou tudo um pouco mais equilibrado.

E o “milagre” pareceu mais possível quando o fenômeno Donnarumma tocou levemente na bola que bateu na trave direita em cobrança de pênalti de Cristiano Ronaldo aos 15 minutos de jogo. Mas pouco depois, Rebic, atacante único no 4-2-3-1 armado por Stefano Pioli, foi expulso por entrada tresloucada em Danilo. O “heroi” da ida prejudicando o Milan na volta.

A Juventus já dominava, no 4-3-3 habitual de Maurizio Sarri. Com Dybala mais fixo pela direita buscando as incursões da ponta para dentro e Cristiano Ronaldo alternando mais com Douglas Costa no meio e à esquerda. Bem apoiados no meio por Pjanic, Bentancur e Matuidi, que concluiu dentro da pequena área na melhor oportunidade criada com bola rolando em um primeiro tempo de 67% de posse da Juventus e 13 finalizações contra apenas uma. No alvo, porém, foram poucas: três da Juventus, nenhuma do Milan.

Pioli repaginou sua equipe em um básico 4-4-1 adiantando Bonaventura como referência, mas voltando para fechar espaços no próprio campo. A saída era buscar as inversões de Çalhanoglu pela esquerda e Lucas Paquetá à direita. Mas a transição ofensiva era lenta e não melhorou na segunda etapa com o jovem Rafael Leão na frente, substituindo Bonaventura.

A Juventus temeu pelo desgaste por conta da longa inatividade e procurou administrar fôlego e a vantagem pelo gol marcado fora. Seguiu rondando a área adversária, Sarri arriscou quatro substituições – Bernardesci, Khedira, Rabiot e Cuadrado, escancarando a diferença de qualidade do elenco diante de qualquer outro rival na Itália – e a melhora nos minutos finais possibilitou a repetição das 13 finalizações na segunda etapa, com quatro no alvo. Nenhuma do Milan na direção da meta de Buffon, mas ao menos tentou cinco vezes. Subiu a posse para 37% e buscou o ataque. Pura necessidade.

Não foi o suficiente para surpreender a “Vecchia Signora” que se impõe mesmo em noite infeliz de Cristiano Ronaldo. Com o empate sem gols, vai à final contra Napoli ou Internazionale para retomar o domínio depois do título da Lazio na temporada passada. Ou para confirmar uma supremacia que já se aproxima de uma década. Mesmo quando não joga bem. Em qualquer cenário.

(Estatísticas: Whoscored.com)

]]>
0
Champions volta com CR7 voando e ameaça norueguesa ao brilho de Neymar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/18/champions-volta-com-cr7-voando-e-ameaca-norueguesa-ao-brilho-de-neymar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/18/champions-volta-com-cr7-voando-e-ameaca-norueguesa-ao-brilho-de-neymar/#respond Tue, 18 Feb 2020 11:46:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7998

Foto: Marco Bertorello / AFP

A Liga dos Campeões volta para o mata-mata com um favorito óbvio: o Liverpool avassalador na Inglaterra e que, com 25 pontos de vantagem sobre o Manchester City (um jogo a mais), pode administrar os pontos corridos e dividir atenções com a busca do bicampeonato europeu. Já a partir do duelo contra o hesitante Atlético de Madrid, de Diego Simeone.

Difícil vislumbrar neste momento um concorrente ao título no jogo coletivo, mas individualmente há talentos que podem desequilibrar.

Neste momento um deles se destaca: Cristiano Ronaldo. O “Mr. Champions”, maior artilheiro da história do torneio e cinco vezes campeão. Na oscilante Juventus de Maurizio Sarri. Líder da Série A italiana, como de costume nos últimos anos, mas desta vez com forte concorrência de Lazio e Internazionale.

Talvez pela necessidade, o português voa como há tempos não se via. Aos 35 anos recém completados. Não só pelos 20 gols no mesmo número de jogos pela liga, mas por conta da movimentação que muitas vezes lembra mais o atacante dinâmico, habilidoso e criativo dos tempos de Manchester United do que o finalizador implacável que fez história no Real Madrid.

Alternando a parceria no ataque com Dybala e Higuain, outras vezes formando um trio com os argentinos. Sempre procurando os flancos para infiltrar em diagonal e chutar – é quem mais finaliza no campeonato nacional – ou buscar o fundo para servir um companheiro.

É o trunfo da “Vecchia Signora”, favorita destacada no confronto com o Lyon pelas oitavas do torneio continental. O sorteio foi generoso e, com a estrela máxima em ótima forma, é possível sonhar alto.

Como o PSG de Neymar e Mbappe almeja o fim do “tabu” das oitavas desde que o projeto do clube deu um salto nos investimentos, buscando protagonismo na maior competição de clubes do planeta.

Agora com o craque brasileiro disponível, sem as lesões que o tiraram de combate em outros momentos. Como meia pela esquerda na espécie de 4-2-2-2 armado por Thomas Tuchel. A dúvida é se o desenho tático escolhido para abrigar as estrelas será mantido. Porque há uma séria ameaça já neste primeiro duelo contra o Borussia em Dortmund: Erling Haaland.

O norueguês de 19 anos é vice-artilheiro da Champions pelos oito gols que marcou na fase de grupos pelo Red Bull Salzburg em seis partidas, duas saindo do banco de reservas.

Contratado pelo Dortmund na janela de inverno, Haaland pode disputar a Champions por conta da flexibilização do regulamento que permite a inscrição para o mata-mata de três novos jogadores, sem restrições.

Na Bundesliga mantém os números impressionantes já neste início. Nenhum problema de adaptação ao novo clube e oito gols em cinco jogos, dois também saindo do banco. O centroavante tem 1,94 m e 87 kg, mas não é lento. Faz o pivô usando o corpo, mas também sabe jogar em rápidas transições ofensivas. Impressiona pelo posicionamento na área e eficiência nas conclusões.

É o grande trunfo do time alemão para tentar fazer jogos “malucos” com a equipe francesa. Ambos frágeis defensivamente. Intensidade máxima, “trocação” de golpes e muitos gols.

Entretenimento puro para matar a saudade e divertir os fãs da Champions. Enfim a bola volta a rolar!

(Estatisticas: Whoscored.com)

 

 

]]>
0
Muito além da Juventus: futebol italiano vive melhor momento na década http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/16/muito-alem-da-juventus-futebol-italiano-vive-melhor-momento-na-decada/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/16/muito-alem-da-juventus-futebol-italiano-vive-melhor-momento-na-decada/#respond Mon, 16 Dec 2019 10:42:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7734

Foto: Sergei Supinsky / AFP

O choro de Gianluigi Buffon em novembro de 2017 com a eliminação da Itália na repescagem para a Copa do Mundo na Rússia era comovente, devastador. Mas também passava uma imagem de terra arrasada no futebol quatro vezes campeão do mundo.

Apesar da Juventus, uma ilha de excelência com estádio próprio, trabalho sério e profissional e time forte, uma verdadeira seleção transnacional. Mas mesmo o domínio absoluto da então hexacampeã, hoje octa, era um sinal de fracasso geral. Também atrapalhou, de certa forma, a “Vecchia Signora” em suas duas tentativas de vencer a Liga dos Campeões. Sem competição em bom nível no país, como duelar com os gigantes Barcelona (2014/15) e Real Madrid (2016/17)? A impressão era de que o teto havia chegado. Consequência também do fundo do poço da Azzurra.

A transformação começou a acontecer com a chegada de Cristiano Ronaldo à Juve para a jornada 2018/19. Pelo simbolismo de contar com um dos dois grandes protagonistas do futebol mundial na década, rivalizando com Messi. Depois com a reconstrução da seleção com Roberto Mancini, tentando tirar proveito do esforço de renovação e de se jogar um futebol mais atual no país, algo eclipsado pela superioridade da Juventus.

2019 vai se encerrando com o melhor momento do futebol italiano na década. O vice-campeonato da Eurocopa em 2012 foi muito mais um espasmo, com a emblemática vitória sobre a Alemanha, que seria campeã mundial dois anos depois no Brasil, construída muito mais com lampejos de Pirlo e Balotelli e na tradição em confrontos com o grande rival europeu do que pela consistência. Tanto que cairia na primeira fase na Copa de 2014.

Agora a liga ganha equilíbrio, apesar da queda do Napoli – sem Carlo Ancelotti, demitido mesmo não perdendo para o dominante Liverpool na fase de grupos da Champions e agora sucedido por Genaro Gattuso, uma escolha para lá de questionável. A Internazionale é que tenta tirar o protagonismo da Juventus, agora comandada por Maurizio Sarri, e disputa ponto a ponto pela liderança do campeonato nacional.

O time de Antonio Conte, Romelu Lukaku e Lautaro Martínez é forte, com capacidade para se tornar mais competitivo a médio/longo prazo. Apesar da decepcionante eliminação na fase de grupos da Liga dos Campeões. Como atenuante, a falta de sorte ao cair com Barcelona e Borussia Dortmund. Sim, o time alemão que teve seu último grande momento no continente em 2013, comandado por Jurgen Klopp, com o vice-campeonato para o rival Bayern de Munique, mas que em 2016/17 superou o Real Madrid e na temporada passada ficou acima do Atlético de Madrid em seus grupos. Os nerazzurri não foram superados por qualquer um.

A Inter vai para a Liga Europa, se juntando à Roma. Ao contrário da surpreendente Atalanta, que conseguiu a segunda vaga no grupo do Manchester City, atropelando fora de casa o Shakhtar Donetsk por 3 a 0 e ultrapassando na última rodada o time ucraniano e o Dinamo Zagreb. Acompanhando Juventus e Napoli no mata-mata. Mais um sintoma da evolução do futebol no país. Sem tanto pragmatismo e dosando a cultura defensiva com mais posse e ocupação do campo de ataque.

Crescimento que se reflete na seleção. Ainda sem uma clara demonstração de força, mas muita esperança por conta da ótima campanha nas eliminatórias da Eurocopa. Nenhum adversário entre as principais forças do continente: Finlândia, Grécia, Bosnia, Armênia e Liechtenstein. Mas não é todo dia que se consegue 100% de aproveitamento em dez jogos, marcando 37 gols e sofrendo apenas quatro.

A equipe de Roberto Mancini tem vocação ofensiva e busca jogar com posse de bola, no ritmo do “regista” Jorginho, brasileiro naturalizado que atua no Chelsea, e de Verratti, que organiza o meio-campo no trabalho entre as intermediárias. Mas também sabe explorar transições rápidas,  com solidez defensiva e acionando na frente jogadores como o jovem Zaniolo, revelação da Roma, e mais Immobile, Insigne e Belotti. Um 4-3-3 que ainda precisa de um grande teste, mas renova esperanças.

Principalmente pelo crescimento do nível geral. Ainda que o gigante Milan derrape na sua tentativa de retomada e a Juventus tenha decepcionado ao cair na última edição da Champions para a sensação Ajax, os sinais são claros. A rodada no meio da semana encerra o ano na Itália que parece respirar novos ares, ao menos no esporte.  Um ensaio de redenção que faz bem ao futebol mundial.

 

]]>
0
Sarri aposta no “diamante” e a joia Dybala brilha na virada da Juventus http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/22/sarri-aposta-no-diamante-e-a-joia-dybala-brilha-na-virada-da-juventus/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/22/sarri-aposta-no-diamante-e-a-joia-dybala-brilha-na-virada-da-juventus/#respond Tue, 22 Oct 2019 22:16:41 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7466 A gênese da Juventus dominante na Itália tem a assinatura de Antonio Conte e sequência com o longo trabalho de Massimiliano Allegri, com a marca de uma equipe “mutante”, que conseguia se impor na Série A jogando no ataque, com posse de bola, ou apostando em rápidas transições ofensivas. Sem contar as variações táticas, mudando o sistema para dois ou três zagueiros, muitas vezes sem alterar a escalação – ora Barzagli era lateral-zagueiro pela direita, ora Chiellini fazia a mesma função à esquerda.

Maurizio Sarri foi o grande contraponto da “Vecchia Signora” comandando o Napoli, mas sem conseguir traduzir em conquistas a proposta ofensiva e cativante. Precisou partir para a Inglaterra e ganhar a Liga Europa pelo Chelsea para voltar à Itália com moral para suceder Allegri. Na busca do sonho da Champions que fez o clube abrir os cofres por Cristiano Ronaldo, mas também procurando uma mudança na maneira de jogar para vencer além das próprias fronteiras.

Só que a cultura de futebol da Juve, mesmo nos tempos dos esquadrões de Platini e Boniek  nos anos 1980 e Zidane e Del Piero no final dos anos 1990, é de um estilo mais direto, com um “trequartista”, o típico camisa dez, fazendo a bola chegar rapidamente aos atacantes. As ideias de Sarri propõem uma revolução na Juve.

E o elenco da octacampeã italiana também promoveu uma transformação em Sarri neste início de trabalho, ao menos no desenho tático. Desfazendo o 4-3-3/4-2-4 de cabeceira do treinador para chegar a um 4-3-1-2 capaz de não perder a função de “regista” – meio-campista fixo à frente da defesa que comanda a saída de bola e o início da construção das jogadas – que era de Jorginho no Napoli e no Chelsea e agora pertence a Pjanic. E ainda agradar Cristiano Ronaldo, que gosta de formar uma dupla de ataque. Nem ponta, nem centroavante.

E agora o “trequartista” não é mais a grande estrela – primeiro Bernardeschi, Bentancur entrando como titular na terceira rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

Contra o Lokomotiv trancado em um 5-3-2 compacto que acelerava os contragolpes com Eder, autor do gol do título da Eurocopa de Portugal em 2016, o compatriota João Mário e o russo Miranchuk, autor do gol que abriu o placar no Allianz Stadium. O time russo negava espaços e oportunidades cristalinas ao adversário, fechando muito bem o funil e vigiando Cristiano Ronaldo de perto.

Até Sarri mexer no time sem alterar a estrutura do “diamante” – a outra nomenclatura para o mais popular “4-4-2 em losango” – e trocar Khedira por Higuaín, que foi fazer dupla com o astro português, porém mais na referência. Já Dybala recuou como “trequartista”.

E desequilibrou. Dois gols em três minutos. O primeiro em bela finalização, característica do argentino, e outra no rebote do goleiro brasileiro Guilherme. Para sair dois minutos depois para a entrada de Bernardeschi, retomando um 4-3-1-2 mais clássico, com Rabiot que entrara na vaga de Matuidi pela esquerda. Porque Sarri é ousado e carrega suas convicções, mas sabe fazer concessões se moldando às demandas.

A Juventus, porém, se manteve no ataque até o final. Consolidando o domínio que teve 68% de posse, com 84% de acerto nos passes, e 27 finalizações contra três. Para manter a disputa com o Atlético de Madrid pela liderança do Grupo D que terá a decisão no confronto direto em Turim pela quinta e penúltima rodada.

Provavelmente com a equipe de Sarri utilizando novamente o losango no meio-campo. A dúvida é saber em que função a joia Dybala rende mais. Contra os russos ele brilhou e honrou a função que já foi de Platini, Zidane e Del Piero.

(Estatísticas: UEFA)

]]>
0
Por que é injusto desprezar gols em amistosos de Pelé na disputa com Messi http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/09/por-que-e-injusto-desprezar-gols-em-amistosos-de-pele-na-disputa-com-messi/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/09/por-que-e-injusto-desprezar-gols-em-amistosos-de-pele-na-disputa-com-messi/#respond Wed, 09 Oct 2019 10:08:35 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7402

Foto: FIFA.com

O grande equívoco de comparar passado e presente é usar os parâmetros da atualidade para analisar o todo. Por isso a contextualização histórica é tão importante e necessária.

Pelé jogou no Brasil, do final dos anos 1950 até a primeira metade da década de 1970. O calendário do Santos tinha como competição mais longa o Paulista. A principal pelo regionalismo natural em uma época sem internet, TV por assinatura e deslocamentos mais rápidos e fáceis dentro de um país com dimensões continentais. O Rio-São Paulo, a Taça Brasil e a Libertadores eram torneios mais curtos. O Mundial de Clubes com duas ou três partidas. Havia espaço para encaixar amistosos.

E é preciso considerar que justamente as excursões eram tratadas como prioridade pelo alvinegro praiano para conseguir manter seu elenco e, principalmente, a estrela máxima. Vale lembrar: não havia cotas de TV nem programas de sócio-torcedor e patrocínios milionários para rechear os cofres dos clubes. O Santos vivia essencialmente de bilheteria, clube social e as receitas com amistosos, “aditivadas” pela presença do camisa dez. Sem ele o valor caía consideravelmente.

Outra situação difícil de ser entendida por quem conhece apenas o contexto atual: o Santos era considerado o melhor time do mundo, então quando pisava em território europeu os principais clubes tratavam os confrontos, mesmo sem valer pontos, como verdadeiras decisões. Não eram simples joguinhos de pré-temporada, ou apenas compromissos protocolares, como acontece hoje com o Barcelona enfiando oito no próprio Santos ou cinco na Chapecoense.

Por isso não parece justo considerar “apenas” os 643 gols de Pelé pelo clube paulista nas partidas que são consideradas oficiais hoje. Assim como os números do grande atleta do século 20, no outro extremo, são insuflados de forma bizarra com gols pelas Forças Armadas em 1959 ou o que marcou, por exemplo, no jogo entre os times dos sindicatos dos atletas do Rio de Janeiro e de São Paulo em 1961.

É preciso ter bom senso para se debruçar sobre os números e a história para fazer um rigoroso pente fino e buscar ao menos os jogos mais relevantes. Eram frequentes partidas contra Internazionale, Barcelona, Benfica, Real Madrid, Juventus. Em 1959, por exemplo, o Santos enfiou 6 a 0, um gol de Pelé, no Hamburgo que seria campeão alemão naquela temporada.

Este blogueiro evita o saudosismo e não é muito chegado às visões romantizadas de que Pelé deve estar sempre em um pedestal, intocável e incomparável. Várias modalidades hoje contam com os melhores de todos os tempos em atividade. Porque tudo evolui, inclusive os esportes. Por que não o futebol? Só que o olhar para o passado precisa ser responsável e não cometer injustiças.

Messi tem muitos méritos pelos 604 que marcou pelo Barça e por estar a quarenta de ultrapassar o brasileiro. Algo que para o padrão do argentino deve ser alcançado no máximo na temporada 2020/21. Mas hoje tem à sua disposição todo ano trinta e oito jogos pela liga espanhola, mais Copa do Rei e, no mínimo, seis partidas pela Liga dos Campeões. É a sua realidade. E é claro que os gols em amistosos pelo time catalão também deveriam ser levados em conta se o mesmo ocorresse com Pelé.

O “Rei” não pode entrar em uma máquina do tempo e ser testado hoje. Assim como não sabemos como seria a carreira de Messi tendo que jogar quase todo dia, mesmo considerando todas as diferenças na prática do esporte, principalmente a intensidade. Então cabe respeitar as particularidades de cada época. Inclusive os gols de Pelé em jogos que não valiam pontos, mas eram encarados pelos adversários como oportunidades de enfrentar o maior e melhor do seu tempo. Não era pouco, nem deve ser esquecido.

]]>
0
Por que Daniel Alves no São Paulo precisa ser um “oito” com a camisa dez http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/02/por-que-daniel-alves-no-sao-paulo-precisa-ser-um-oito-com-a-camisa-dez/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/02/por-que-daniel-alves-no-sao-paulo-precisa-ser-um-oito-com-a-camisa-dez/#respond Fri, 02 Aug 2019 10:41:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6983

Imagem: Divulgação

Daniel Alves é a maior contratação do futebol brasileiro em 2019 pelo que representa. A carreira vencedora na Europa não só pelo protagonismo em um Barcelona histórico, mas também por boas passagens por Juventus e PSG, sem contar o início bem sucedido no Sevilla. Ainda tinha mercado no exterior, mas aceitou voltar ao Brasil.

Retorna para o desafio de voltar a fazer o time de coração vencedor. Assim como encarou a missão na Juventus e PSG de conquistar a Liga dos Campeões. Falhou, mas a mentalidade vencedora pode contribuir muito no nosso futebol, mesmo aos 36 anos. E voltar a uma equipe disputando apenas o Brasileiro pode ser positivo por não estar no olho do furacão, com dois jogos por semana e já envolvido em disputas eliminatórias com enorme pressão e urgência na readaptação ao nosso jogo.

Parece claro, porém, que o melhor aproveitamento em campo no Brasil é no meio-campo. Pela inteligência, leitura de jogo e de espaços e técnica apurada nos passes. Recebe a camisa dez, mas pode ser um “oito” diferente à disposição de Cuca. Como foi no PSG em alguns momentos da temporada, até pela carência no elenco desequilibrado do abastado clube francês.

É óbvio que também pode contribuir na lateral, como fez recentemente na seleção brasileira durante a Copa América e foi o melhor jogador do torneio. É um dos melhores e maiores da história na posição. Ainda que tenha formação de ala e eventualmente falhe em suas atribuições defensivas, Daniel Alves pode compor uma linha de quatro com bom posicionamento e qualificando a saída de bola. Até pela carência do São Paulo na posição desde a partida de Éder Militão para o Porto.

Mas seria um enorme desperdício. Daniel Alves no Brasil é jogador para arrumar time, mudar de patamar. Também resgatar uma tradição do clube com grandes armadores: Gerson, Pedro Rocha, Pita, Toninho Cerezo… Precisa ocupar uma zona do campo em que participe mais e toque na bola com frequência. Ditando o ritmo, inclusive. Na intensidade proposta por Cuca é uma solução até para os momentos em que uma pausa é necessária. Ou seja, pode cumprir a função que Hernanes não vem conseguindo.

Dani Alves pode contribuir também com a evolução do jovem Igor Vinicius na lateral direita. Com orientações, passando experiência e confiança em campo, procurando o setor para dar apoio e opção de passes mais simples para, na sequência, aproveitar a explosão que o veterano já não tem mais para explorar o corredor.

Se Cuca for ousado pode testar a nova contratação em uma função de “regista”: à frente da defesa como o armador da equipe mais recuado. Com passes curtos, longos e inversões de lado. Também mais espaço em uma zona menos pressionada. Questão de acertar a colaboração de Tche Tche e dos companheiros sem a bola.

O certo é que o espírito e o otimismo de Dani podem ajudar muito o clube que vem pecando nas últimas temporadas pela postura um tanto morna, às vezes até conformada com o status atual de coadjuvante no futebol paulista e brasileiro. Agora será obrigado a pensar grande com o jogador mais vencedor da história: 40 títulos, em clubes e na seleção. Dezoito desde o último são-paulino, a Copa Sul-Americana de 2012.

Um currículo invejável de novo em nossos campos. Ótima notícia. Agora é conferir se haverá a química que o São Paulo precisa para voltar a vencer. Com Daniel Alves, de preferência no meio-campo, as chances aumentam consideravelmente.

 

]]>
0
Como o Santos de Sampaoli pode dominar “à europeia” o Brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/29/como-o-santos-de-sampaoli-pode-dominar-a-europeia-o-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/29/como-o-santos-de-sampaoli-pode-dominar-a-europeia-o-brasileiro/#respond Mon, 29 Jul 2019 11:04:21 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6959

Desde o Corinthians de 2015, com Tite se reinventando como treinador em busca de uma proposta mais ofensiva e criativa dentro de suas convicções inspiradas na escola gaúcha, os campeões brasileiros vêm adotando um estilo mais reativo: Palmeiras de Cuca e Felipão, o Corinthians comandado por Fabio Carille. A velha máxima de que defesas ganham campeonatos impera por aqui na competição por pontos corridos.

Na Europa também, mas nem tanto. É claro que a questão financeira, com orçamentos quase infinitos de alguns clubes, pesa bastante. Porém, a ideia de ser dominante e impor sua maneira de jogar dentro ou fora de casa, que é também consequência da maior capacidade de investimento, é mais eficiente nos pontos corridos.

O Barcelona e os times de Guardiola, Bayern de Munique e Manchester City, são os maiores símbolos deste contexto. Considerando que as copas nacionais não têm o mesmo valor para eles em relação aos times brasileiros com o nosso mata-mata, a liga só fica atrás da Liga dos Campeões em relevância. Com um jogo de posição que tem como premissa básica se instalar no campo de ataque e trabalhar coletivamente criando espaços na defesa adversária, as equipes vencem como mandante e visitante, normalmente com ataque mais eficiente e defesa menos vazada. Porque a pressão logo após a perda da bola afasta os oponentes da própria área.

Assim também acontece com Juventus, PSG e o próprio time bávaro, mesmo sob o comando de Carlo Ancelotti, Jupp Heynckes e Niko Kovac. A cultura de vitória por conquistas seguidas também ajuda a intimidar os rivais. E quando alguém incomoda, como o Monaco na França em 2016/17, lá vão os abastados tirar as estrelas emergentes, fortalecendo seu elenco e praticamente destruindo a concorrência.

No mata-mata, especialmente no equilíbrio da Champions, valem mais a força mental e a estratégia pensando em 180 minutos. Os times adeptos do jogo de posição vêm sucumbindo às propostas mais reativas e/ou de um jogo mais físico, baseado nas jogadas aéreas com bola parada ou rolando. Ou ao “vendaval” do Liverpool, com pressão e muita velocidade dentro de um modelo voltado para o ataque.

No Brasil, o novo líder do Brasileiro não tem o maior orçamento. Longe disso. Mas na retomada da temporada depois da pausa para a Copa América vem se impondo pelo calendário mais folgado por conta das eliminações precoces na Sul-Americana e na Copa do Brasil, mas principalmente pelo modelo de jogo consolidado na intertemporada e ajustado a cada semana cheia para treinamentos.

O Santos de Jorge Sampaoli faturou os nove pontos disputados, enquanto o outrora líder absoluto Palmeiras deixou sete pelo caminho. Com futebol ofensivo dentro e fora de casa. Mesmo variando o desenho tático a ideia é ter a bola e empurrar o adversário para trás. Sempre com triangulações e apostando em posse, amplitude (“abrir” o campo) e profundidade.

Na vitória por 3 a 1 sobre o Avaí na Vila Belmiro, o 4-3-3 que na prática vira 2-3-5 com os laterais Victor Ferraz e Jorge atacando por dentro, Derlis González e Soteldo abertos, Diego Pituca mais organizador e Carlos Sánchez entrando na área adversária para se juntar a Eduardo Sasha. Uma avalanche que encurrala o adversário, mas corre riscos. Depois de abrir o placar com Derlis, o erro de posicionamento de Ferraz, muito por dentro, que abriu o corredor para João Paulo empatar para o time catarinense.

A insistência com Soteldo pela esquerda e a assistência para o gol de Sánchez, na área como centroavante. Aliás, o centro do ataque continua sem a solução desejada por Sampaoli. Sasha tem cinco gols, mas não é o artilheiro para fazer o ataque superar os de Palmeiras, Flamengo, Atlético-MG e Athletico. Perdeu gol incrível no segundo tempo, mas, ainda assim, contribui mais coletivamente que Uribe, contratação para resolver o problema na frente que foi parar no banco.

Da reserva saiu o destaque da segunda etapa na Vila: Felipe Jonatan, que substituiu o pendurado Alisson e deixou ainda mais claro o 2-3-5: Pituca recuou pelo centro da linha de três “médios” com Ferraz e Jorge e Jonatan foi jogar pela meia esquerda. O setor ganhou ainda mais fluência, com triangulações constantes. Até o belo gol de Jonatan que definiu a vitória e confirmou a chegada ao topo da tabela.

Com 57% de posse, 19 finalizações (11 no alvo) e nada menos que 28 desarmes, mais da metade no campo de ataque. Junto com o Flamengo é a equipe que mais rouba bolas na competição. Lidera sozinha na posse e também nas finalizações, alcançando a combinação ideal no ataque.

É óbvio que a liderança com 12 rodadas não é garantia de título. O clichê é verdadeiro: mais difícil do que chegar à primeira colocação e se manter nela. O Santos terá virtudes e defeitos mais estudados, os adversários entrarão mais concentrados e motivados. E o elenco não entrega tantas opções a Sampaoli em caso de necessidade.

O tempo livre será fundamental. Por isso vale o pensamento positivo para Palmeiras e Flamengo seguirem na Libertadores e, consequentemente, priorizando o torneio continental. Desgastando peças enquanto o alvinegro praiano treina e descansa. Para tentar subverter a lógica brasileira e impor um domínio “à europeia”. Sem os milhões de euros, mas com ideias arrojadas e arejadas para se impor rodada a rodada. Com algo próximo do que estávamos acostumados a apreciar apenas pela TV.

E um treinador argentino que tem competência para estar no Velho Continente, mas as circunstâncias o levaram para a baixada santista. Sampaoli anda de bicicleta, interage com a população, se diverte na praia e nos fins de semana faz seu time competir e entreter. Cenário inédito para o futebol de um país que anda mesmo precisando de boas novas.

(Estatísticas: Footstats)

]]>
0