Maicon – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Flamengo está pronto para o “mundo desconhecido” na quarta-feira http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/21/flamengo-esta-pronto-para-o-mundo-desconhecido-na-quarta-feira/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/21/flamengo-esta-pronto-para-o-mundo-desconhecido-na-quarta-feira/#respond Mon, 21 Oct 2019 11:03:19 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7459

Foto: Marcelo Cortes / Flamengo

Dez pontos de vantagem sobre o Palmeiras faltando onze rodadas no Brasileiro. Com a tabela apontando confrontos com CSA, Ceará e Avaí, times lutando para não cair, no Rio de Janeiro. Nove pontos mais que acessíveis que se somariam aos atuais 64 e totalizariam 73. Se considerarmos que até hoje nenhum vice superou os 72 pontos…

É hipocrisia, ou apenas um discurso político de cautela, não afirmar que o Flamengo é o virtual campeão nacional. Porque só uma hecatombe seria capaz de fazer despencar o desempenho com consequências trágicas nos resultados a ponto de fazer a equipe de Jorge Jesus chegar nos confrontos fora de casa com Palmeiras e Santos nas últimas três rodadas com a conquista ameaçada.

Até pelas duas vantagens que terá a partir de agora: o desânimo dos principais concorrentes, iniciando discretamente um discurso já com o planejamento de 2020 e também o fortalecimento do elenco disponível, com Diego e Lincoln retornando e, em breve, Rafinha, De Arrascaeta e Berrío. Sejamos sinceros: só algo muito fora da curva para mudar a tendência atual. Como aconteceu com o Palmeiras de Muricy Ramalho em 2009 que acabou beneficiando o próprio Flamengo. Uma exceção que confirma a regra: quem domina os pontos corridos na maioria das rodadas termina com a taça. Justamente porque a intenção é premiar o mais regular.

Nem mesmo a Libertadores parece uma variável tão poderosa nesta equação. Jesus criou uma mentalidade forte que não prioriza competições. E a tabela reserva o CSA em casa para a rodada do fim de semana. Ainda que tudo dê muito errado na quarta-feira, a chance de retomar o caminho para o título nacional, mesmo considerando  a campanha de recuperação do time alagoano com Argel Fucks, é enorme.

Por isso a volta da semifinal continental contra o Grêmio no Maracanã carrega apenas o seu peso natural. E o discurso vigente no clube é de que a partida é só mais uma na temporada, mas com características diferentes. Na verdade é um cenário bem particular para este Flamengo.

Desta vez não é a missão que parecia impossível contra o Emelec nas oitavas, que exigia superação de desfalques e um 2 a 0 contra em Guayaquil. Nem a decisão encaminhada no Rio pelos 2 a 0 a favor e definida no empate em Porto Alegre por 1 a 1 contra o Internacional. Agora o time rubro-negro começa o jogo classificado com o empate sem gols, mas sabendo que há muitos riscos pelo caminho.

O maior deles o próprio Grêmio. Time “cascudo”, copeiro, acostumado a decisões desse tipo. Campeão sul-americano em 2017, semifinalista no ano passado. Que ao contrário da semifinal da Copa do Brasil diante do Athletico não chegará ao território do adversário como favorito por uma boa vantagem construída em casa. Pelo contrário, o confronto em sua Arena foi sofrido, com domínio do rival em dois terços do jogo e o empate, pelo contexto, tratado como lucro.

Mas a equipe de Renato Gaúcho já mostrou força em situações semelhantes. Nas quartas contra o Palmeiras no Pacaembu e até na semifinal da edição passada, já que venceu o poderoso River Plate em Buenos Aires por 1 a 0 e acabou eliminado em casa. Também demonstrou em sua Arena, no 1 a 1 há 19 dias, que tem capacidade para punir qualquer oscilação do oponente. Ainda mais com os retornos de Geromel na zaga e Maicon, agora desde o início, no meio-campo.

O Flamengo, porém, parece pronto para qualquer desafio. Mesmo que o técnico português não esteja preparando uma de suas “surpresas” e Rafinha e Arrascaeta fiquem mesmo de fora, substituídos provavelmente por Rodinei e Vitinho. O duelo do lateral direito reserva contra Everton Cebolinha pode ser muito perigoso, mas administrável na concentração extra que uma decisão requer. E Rodinei cumpriu uma boa atuação, para os próprios padrões, nos 2 a 0 sobre o Fluminense. No ano passado, em duelo semelhante com os gaúchos pelas quartas da Copa do Brasil, o lateral e o Fla levaram vantagem.

É um jogo especial na temporada e que ganhou tratamento “vip” na mídia e entre as torcidas por conta das três semanas que o separam. Apimentado por declarações quentes dos treinadores que até arrefeceram nos últimos dias. Para o Grêmio vale a vida em 2019, mas não é novidade. Já para o Flamengo é uma espécie de “mundo desconhecido”.

Historicamente não dá para comparar nem com a disputa com o Peñarol pela vaga na decisão da Libertadores de 1982. Porque era um grupo com o River Plate, o Flamengo entrou direto nesta fase semifinal, privilégio do campeão do ano anterior. Era um período de “ressaca” depois de tantas conquistas do clube, mais a sofrida derrota de Leandro, Júnior e Zico na Copa do Mundo que deixou o segundo semestre um tanto cinzento. E daquela vez o time carioca tinha a obrigação de vencer a equipe uruguaia, que levou um sufoco mas saiu do Maracanã com o triunfo por 1 a 0, gol de falta do meia brasileiro Jair.

Agora o Fla vive momento mágico, mas em 90 minutos pode sofrer. Inclusive a eliminação na inédita semifinal de Libertadores em mata-mata mesmo sem derrota, caso empate a partir de 2 a 2. Ou cair nos pênaltis se repetir o 1 a 1 da ida. Tudo muito incerto para quem joga correndo riscos. Adiantando marcação, pressionando até o goleiro adversário e avançando a última linha de defesa até o limite, sem vantagem numérica contra os atacantes.

Tem dado muito certo. Desde a derrota por 3 a 0 para o Bahia em quatro de agosto, o Flamengo disputou 17 partidas. Venceu todas, só empatando com São Paulo pelo Brasileiro e diante Internacional e Grêmio pela Libertadores. Apenas dois pontos desperdiçados no Maracanã. Números que refletem um rendimento em altíssimo nível, como há tempos não se vê no Brasil.

Por isso é favorito natural para quarta. Mas apenas isso, porque tudo parece mais possível em um jogo deste tamanho. Inclusive dar a lógica.

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Vitória em jogaço traz a resposta para o Palmeiras: faltava confiança http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/07/vitoria-em-jogaco-traz-a-resposta-para-o-palmeiras-faltava-confianca/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/07/vitoria-em-jogaco-traz-a-resposta-para-o-palmeiras-faltava-confianca/#respond Thu, 07 Jun 2018 11:44:28 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4677 Foi o melhor jogo do Brasileirão 2018 até aqui. Mesmo com a queda de qualidade na segunda etapa com a saída de Maicon. O Grêmio, que vem sofrendo sem Ramiro, perdeu ainda mais força no meio-campo. E Arthur também deixou o campo, restando ao time de Renato Gaúcho partir para o “abafa” nos minutos finais.

Nada que tire o mérito da vitória do Palmeiras por 2 a 0, no reencontro de Roger Machado com a Arena do tricolor. Com sua equipe em nenhum momento se limitando a defender. Apostando nos movimentos de Hyoran e Dudu cortando da ponta para dentro e Willian se movimentando e finalizando muito. Além dos dois gols, duas finalizações nas traves de Marcelo Grohe no primeiro tempo. Agora tem seis e é artilheiro da competição junto com Roger Guedes.

O grande destaque da segunda vitória seguida do alviverde, depois da virada por 3 a 1 sobre o São Paulo. Trazendo a resposta para a dúvida que persistia. Time mal treinado ou falta de confiança? A pressão sobre Maicon e Arthur prejudicando a fluência gremista e a velocidade nas ações ofensivas, desde os passes no meio com Felipe Melo e Bruno Henrique, mostraram claramente a estratégia para o duelo. Ainda que 29 faltas, nove sobre Luan, tenha sido um exagero. O desempenho coletivo, porém, foi consistente.

Foram oito finalizações, mas cinco no alvo. Posse dividida e acertou apenas vinte passes a menos que o adversário. Desarmou, interceptou e driblou mais. Jogando de igual para igual contra uma equipe que mesmo desfalcada seguia intimidando em seus domínios.

Resgatando a força mental para se impor e encerrar uma sequência de 15 partidas sem derrotas em casa do campeão da Libertadores. Também se recolocar matematicamente na condição natural de um dos favoritos ao título. E, o mais importante, ganhar confiança e créditos para o momento de pressão absurda que vem a cada derrota. Algo desproporcional, sem propósito e que pouco ajuda na evolução do desempenho. Ainda mais no Brasileirão do perde-ganha. Que sirva de aprendizado para a sequência da temporada.

(Estatísticas: Footstats)

[Em tempo: SIM, o Palmeiras também tinha desfalques – Antonio Carlos, Edu Dracena, Diogo Barbosa, Keno, Borja… É importante deixar claro, ainda que o texto seja só elogios à atuação palmeirense e a menção às ausências gremistas tenha um contexto dentro da frase. Afinal, no Brasil do pensamento binário para muitos torcedores o que não é elogio só pode ser perseguição ou coisa de “anti”.]

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É o melhor Grêmio que vi jogar, mesmo que não se torne o maior da história http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/06/e-o-melhor-gremio-que-vi-jogar-mesmo-que-nao-se-torne-o-maior-da-historia/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/06/e-o-melhor-gremio-que-vi-jogar-mesmo-que-nao-se-torne-o-maior-da-historia/#respond Mon, 07 May 2018 00:01:36 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4539 Renato Gaúcho costuma dizer que o Grêmio em que jogou nos anos 1980 era melhor que o atual porque na época havia mais craques. Opinião que merece respeito. Afinal, ele atuou em um e dirige o outro. Mas este que escreve viu, inclusive em estádio, jogar a equipe campeã da Libertadores em 1983, finalista do torneio continental do ano seguinte e do Brasileiro em 1982.

Podia ser competitiva, guerreira, eficiente. Mas na bola jogada a equipe atual sobra. Inclusive em comparação com outras, com a também campeã da América em 1995. Começando pelo meio-campo, com Maicon, Arthur e Luan. Jogadores muito melhores que China, Bonamigo, Osvaldo, Vilson Tadei, Tita…Também Dinho, Emerson, Arilson, Luis Carlos Goiano, Carlos Miguel…

É bonito ver o atual campeão sul-americano jogar. E que bom quando Renato Gaúcho coloca os titulares também no Brasileiro. Infelicidade do Santos, que saiu da Arena em Porto Alegre com um 5 a 1, fora o baile.

Não que a equipe de Jair Ventura tenha se entregado desde o início. Procurou fechar bem os espaços, com duas linhas de quatro compactas e deixando Gabigol e a joia Rodrygo mais adiantados. Conseguiu relativamente bem, apesar da dificuldade para sair jogando diante da pressão do time da casa.

Até Maicon colocar no ângulo de Vanderlei em chute de fora da área, mais um recurso de uma equipe cada vez mais completa. Infelicidade no gol de Jean Motta logo na sequência, em chute que desviou em Kannemann. Mas tranquilidade e confiança para seguir jogando e construir a goleada na segunda etapa.

Everton, outra vez Maicon em cobrança de falta, André e Arthur. Jogando ao natural. Tocando, girando, dando opção para o jogador que está com a bola. Execução do 4-2-3-1 cada vez mais ajustada. Acelerando e desacelerando quando preciso. 61% de posse, 18 finalizações – metade na direção da meta de Vanderlei. 574 passes, com 93% de acertos.

O Grêmio gosta da bola e o futebol agradece. Se renderá mais taças o futuro dirá. Mas é o melhor Grêmio que vi jogar, mesmo que não se torne o maior da história.

(Estatísticas: Footstats)

 

 

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Palmeiras e Grêmio começam a sobrar no país e tudo parte do meio-campo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/05/palmeiras-e-gremio-comecam-a-sobrar-no-pais-e-tudo-parte-do-meio-campo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/05/palmeiras-e-gremio-comecam-a-sobrar-no-pais-e-tudo-parte-do-meio-campo/#respond Thu, 05 Apr 2018 03:51:05 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4400 Independentemente do que acontecer nas decisões estaduais em São Paulo e no Rio Grande do Sul e também das campanhas invictas até aqui na Libertadores, a análise de desempenho, com mais ênfase nas atuações recentes, sinalizam que Palmeiras e Grêmio começam a se desgarrar dos demais como os melhores times do país.

Equipes que alternam posse de bola para controle do jogo e intensidade nas transições ofensivas e defensivas e na pressão logo após a perda da bola. Times inteligentes. Consciência que parte do meio-campo.

Reunir Arthur, Maicon e Luan de um lado e Felipe Melo, Bruno Henrique ou Moisés e Lucas Lima do outro, para o nível do futebol jogado no Brasil, é garantir eficácia nos passes desde o início da construção das jogadas e variação de ritmos de acordo com a necessidade.

O entrosamento e a combinação de características fazem o trio do Grêmio render mais e protagonizar belos lances. Sem contar a confiança pelos títulos recentes e o trabalho de Renato Gaúcho já bem assimilado. Roger Machado ainda está no início de seu trabalho e, por consequência, está um passo atrás.

Aliás, curioso observar que os treinadores acabaram influenciando um no trabalho do outro, direta ou indiretamente. Renato recebeu o Grêmio de Roger, manteve a ideia e o modelo de jogo a partir da posse de bola e das triangulações e efetuou ajustes tornando o time mais rápido e contundente na frente, intenso no trabalho defensivo e atento nas bolas paradas.

Exatamente o que Roger vem alterando em seu repertório, agora no Palmeiras. Até pela urgência de resultados para se estabilizar no comando do time mais pressionado do país em 2018. Na impossibilidade de contar com tempo para fazer com que a marcação por zona não seja passiva como aconteceu especialmente diante do Corinthians na fase de grupos do Paulista, o comandante agora estimula os encaixes e algumas perseguições individuais mais longas para garantir a concentração dos atletas.

Um pouco de Renato, outro tanto de Cuca, último técnico campeão no alviverde. Para evitar problemas como os que Alberto Valentim passou. Basicamente, adiantar a última linha de defesa, mas sem fazer pressão no adversário sem a bola e fechar as linhas de passe.

Com a posse, o Palmeiras roda a bola , concentra jogadores de um lado, preferencialmente o esquerdo, até a bola chegar a Felipe Melo ou Lucas Lima quando este recua e acontece a inversão rapidamente buscando o ponteiro do lado oposto. Normalmente Dudu, que vem crescendo de produção no setor direito. Com mais volume de jogo e ações de ataque com profundidade, Borja também cresce como o artilheiro do time no ano.

Assim como Jael, substituto de Lucas Barrios e a mudança mais significativa na virada do ano, aproveita o momento positivo para arriscar cobranças de falta, assistências de letra. Mais os gols, completando as jogadas bem articuladas. O entrosamento com Everton, que infiltra em diagonal para se juntar ao centroavante, só torna os ataques mais fluidos e com momentos de beleza. Coisa rara por aqui.

É óbvio que há ainda muita margem de evolução e alguns jogos pelo estadual – no caso do Grêmio, mesmo na final – não servem como parâmetro seguro para avaliações mais profundas. Ainda assim, a proposta e a execução parecem mais alinhadas, potencializando o talento através do trabalho coletivo. Com o toque diferente no meio-campo.

Domingo ambos podem levantar taças. Para o Grêmio significaria o fim de um período de oito anos sem conquistas na competição. Já o Palmeiras ganharia mais confiança para seguir a sua saga na temporada em que todos não aceitam menos que o máximo em conquistas.

O que se espera é que se algo der errado em termos de resultado o trabalho até aqui não seja descartado. Seria um desperdício. Mais um na terra do futebol de resultados.

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São Paulo é mais um brasileiro a pagar por sentir mais e pensar menos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/07/07/sao-paulo-e-mais-um-brasileiro-a-pagar-por-sentir-mais-e-pensar-menos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2016/07/07/sao-paulo-e-mais-um-brasileiro-a-pagar-por-sentir-mais-e-pensar-menos/#respond Thu, 07 Jul 2016 10:32:02 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=1141 “O futebol não se traduz em termos técnicos e táticos, mas puramente emocionais”. A frase é de Nélson Rodrigues e já foi tema de comercial antes da Copa do Mundo de 2014. Pensamento que norteou as crônicas de um dos gênios da nossa dramaturgia. Mas também influenciou gerações de jornalistas, que modelaram a opinião pública no Brasil cinco vezes campeão mundial.

Até porque para o torcedor brasileiro, latino e passional, o discurso conforta como um cobertor quentinho. O grito do torcedor inflama o time, que se entrega mais, transpira mais, sente mais. E vence apenas pela alma. Discurso tão enraizado que até hoje acreditam que basta invadir a sede do clube e, até na porrada, exigir fibra dos que representam suas cores. Apenas isso é suficiente.

Desculpe…mas te enganaram. E seguem iludindo.

Porque a vontade de vencer é obrigação. Em qualquer área. Ainda mais em carreira tão curta e bem remunerada para a minoria que alcança o mais alto nível. Em alguns momentos correr mais pode, sim, separar vencedores e vencidos. Há também o golpe de sorte, o imponderável, o que parecia impossível. Não é por acaso que falamos tanto do esporte mais apaixonante que existe.

Mas o futebol tem que ser pensado.

O São Paulo, sem Paulo Henrique Ganso, achou que resolveria na garra e no grito dos mais de sessenta mil no Morumbi. Serviu para construir quinze minutos de pressão em busca do gol para criar uma atmosfera favorável. Só conseguiu rondar a área e incomodar em finalizações de Michel Bastos e Thiago Mendes.

Porque sem o articulador o plano foi óbvio demais: jogar pelos flancos. Trocar passes, abrir para o apoio dos laterais Bruno e Mena e cruzar na área do Atlético Nacional para Calleri e Ytalo. No primeiro tempo foram 19 centros, apenas três corretos. Também pelo bom posicionamento da defesa colombiana.

A ideia do técnico Reinaldo Rueda era controlar fora de casa. Sem a bola, variando entre o 4-2-3-1 e o 4-1-4-1 de acordo com o posicionamento do volante Mejía à frente da retaguarda e de Macnelly Torres, ora mais adiantado na articulação, ora alinhado a Sebastián Pérez. Moreno e Ibargüen pelas pontas e na frente Miguel Borja.

Camisa 23, vinte e três anos. Artilheiro do Colombiano pelo Cortuluá, contratado para compensar as ausências dos negociados Ibarbo e Copete. Inteligente e maduro para aproveitar o destempero de Maicon. Camisa 27, quatro anos mais velho que Borja. O capitão que confundiu com imprudência a garra e a liderança que fizeram o São Paulo investir seis milhões de euros, mais 50% dos jovens Lucão e Inácio – um negócio feito na emoção, na urgência do próximo jogo?

Um defensor experiente não pode correr o risco em jogo tão decisivo de uma mão no rosto virar cartão vermelho e desmontar de vez sua equipe, que foi perdendo a calma, abandonando o jogo apoiado, de aproximação. Novamente um time brasileiro espaçou setores e abandonou gradativamente a ideia inicial pelo desequilíbrio emocional.

Com calma, brechas generosas numa defesa com Mena na zaga e Michel Bastos na lateral esquerda e qualidade o Nacional trabalhou a bola e matou o jogo e, muito provavelmente, o confronto na semifinal com os dois gols de Borja. O grande personagem no Morumbi tenso após o jogo. Pancadaria, bombas. O novo ídolo já execrado por conta da expulsão. Outros jogaram na conta da arbitragem. Tudo pela emoção descontrolada.

Também a nossa habitual arrogância. Como se tivesse perdido para ninguém. Por isso também a cobrança por raça, como se só ela resolvesse, já que há no imaginário popular a certeza de que somos melhores. Nem sempre. Por isso o nervosismo desmanchou o tricolor paulista. Mais um brasileiro a pagar por sentir mais e pensar menos.

Nelson Rodrigues, mil perdões. Mas sem querer você atrapalhou de novo.

(Estatísticas: Conmebol)

 

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