mandzukic – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Para Alecsandro, “falso nove” é uma mentira. O que diz a história do jogo? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/12/para-alecsandro-falso-nove-e-uma-mentira-o-que-diz-a-historia-do-jogo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/12/para-alecsandro-falso-nove-e-uma-mentira-o-que-diz-a-historia-do-jogo/#respond Sat, 12 Jan 2019 08:08:58 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5748

– Camisa nove pra mim tem que fazer gol. Quem veste esse número é o cara mais próximo ao gol. Quando isso não acontece e o treinador arma o jogo para isso acontecer, vai dar errado. Está se usando falso nove, isso não existe. Ou cara é nove ou não é. Vou confessar uma coisa, os treinadores têm medo de dizer que estão sem centroavante, estão jogando com meia e falam que estão com falso nove. Os treinadores não falam para a imprensa não pegar no pé, tudo mentira. O camisa nove tá em falta, o falso tem um monte por aí.

Palavras de Alecsandro, centroavante de 37 anos, em sua primeira entrevista como jogador do São Bento. Filho de Lela, irmão de Richarlison, com passagem por Atlético Mineiro, Vasco, Internacional, Flamengo e Palmeiras. Talvez incomodado com a perda de espaço ao longo do tempo. Quem sabe embalado pelo senso comum – seguido por muita gente boa, boleiro ou não – que está até em música: “o centroavante é o mais importante”.

Foi tantas vezes, com Romário, Ronaldo, Careca, Van Basten, Gerd Muller, Hugo Sánchez e muitos outros que eternizaram a função, que Dadá Maravilha chamava de profissão junto com a do goleiro. Ainda decisivo no país. Desde Edmundo em 1997, o artilheiro do Brasileiro, ou um deles quando o posto de goleador máximo era dividido, jogava como centroavante: Romário, Adhemar, Guilherme, Viola, Magno Alves, Luís Fabiano, Dimba, Washington, Souza, Josiel, Keirrison, Kléber Pereira, Adriano, Diego Tardelli, Jonas, Borges, Fred, Éderson, Ricardo Oliveira, Jô, Henrique Dourado e Gabriel Barbosa. O próprio Edmundo jogou mais adiantado que Evair naquele Vasco.

Fundamental em vários momentos, mas não obrigatório como ele faz parecer. E a história do jogo mostra vários exemplos de jogadores que desequilibraram atuando como “falso nove”. Ou seja, no centro do ataque, mas com liberdade de movimentação, caindo pelos lados,  circulando entre a defesa e o meio-campo do adversário ou recuando e abrindo espaços para as infiltrações dos companheiros. Craques ou não que contribuíram significativamente para a evolução do esporte.

Desde Matthias Sindelar do Wunderteam da Áustria dos anos 1930, passando por Nandor Hidegkuti da Hungria de 1954, Alfredo Di Stéfano no Real Madrid multicampeão dos anos 1960, Johan Cruyff no Ajax, Barcelona e na seleção holandesa nos anos 1970. Saindo da posição mais adiantada sem a bola para circular por todo o campo. Armando, marcando, atacando o espaço certo. Pensando o jogo.

No Brasil, a segunda metade dos anos 1980 apresentou um exemplo clássico de adaptação para passagem de bastão. Roberto Dinamite, maior artilheiro da história do campeonato brasileiro com 190 gols, recuou no centro do ataque do Vasco comandado por Antonio Lopes para servir um jovem centroavante adaptado à ponta esquerda: Romário. O Baixinho, em início de carreira, aprimorou as infiltrações em diagonal que o consagrariam ao longo da carreira para receber os passes do camisa dez cruzmaltino.

Inspiração para Vanderlei Luxemburgo, que trabalhou como auxiliar de Lopes em outros clubes, na década seguinte adaptar Evair, que tinha Dinamite como grande ídolo, para atrair a marcação dos zagueiros e acionar Edmundo e Edilson, depois Rivaldo, infiltrando em diagonal no Palmeiras bicampeão paulista e brasileiro em 1993 e 1994.

Outro time ainda mais vencedor foi o São Paulo de Telê Santana. Bicampeão da Libertadores e Mundial. Quem era o centroavante num ataque com Cafu, Raí, Palhinha e Muller? Sem contar o Brasil de 1970, considerado o maior time de todos os tempos, com Tostão também adaptado ao centro do ataque. Aproveitando a experiência no Cruzeiro que atuava com dois pontas abertos e o “ponta de lança” revezando com Dirceu Lopes na chegada à área adversária. Na seleção de Zagallo, procurava o lado esquerdo deixando o centro para as infiltrações de Pelé ou as diagonais de Jairzinho partindo da ponta direita.

Chegar na área como elemento surpresa e não a referência do ataque, mas também dos defensores. Foi o que consagrou todos eles. Também o que fez o futebol de Messi explodir no Barcelona de Pep Guardiola, especialmente na temporada 2010/11. O gênio argentino trabalhava entre linhas, recuava para trabalhar com Busquets, Xavi e Iniesta – formando o que provavelmente foi o melhor “losango” de meio-campo em todos os tempos – e aparecia na área para finalizar ou servia os pontas Pedro e Villa. Time que só não repetiu a tríplice coroa de 2008/09 por causa de um gol do Real Madrid na prorrogação da final da Copa do Rei.

De Cristiano Ronaldo, outro que é referência técnica de qualquer ataque que faça parte, mas precisa de um parceiro mais fixo na área adversária para fazer o “trabalho sujo”. Na Juventus é Mandzukic que luta com os zagueiros e fica no centro para o português se desmarcar da ponta para dentro e finalizar. Mais um caso em que o centroavante não é a estrela.

Com linhas de marcação compactas, concentração defensiva e muita análise de desempenho em clubes e seleções, o jogador mais estático, o centroavante “raiz” tende a encontrar mais dificuldades. O time fica mais previsível e os companheiros induzidos a alimentar aquele que só aparece quando vai às redes. A função vai se transformando com Lewandowski, Diego Costa, Harry Kane, Luis Suárez e Edinson Cavani. Todos móveis e inseridos num trabalho mais coletivo.

Até Mohamed Salah vai se aprumando na função no Liverpool de Jurgen Klopp. Antes um atacante de lado, explora a velocidade, intensidade e capacidade de se deslocar e abrir espaços para que o ataque ganhe versatilidade e mais um elemento. Agora um quarteto que pode ter Shaqiri, Wijnaldum ou Keita junto com Mané e Firmino, que cresce quando recua como meia, mas também se destacava…como “falso nove”.

No Paulista que o “Alecgol” vai disputar, o atual campeão Corinthians encontrou o melhor encaixe no torneio e na temporada alternando Jadson e Rodriguinho na frente. Uma espécie de 4-2-4 sem referência ou o tipico homem-gol.

Alecsandro está na reta final da carreira como jogador. Se quiser se manter no meio do futebol é melhor abrir um pouco a mente e aceitar uma verdade inexorável deste esporte que tanto amamos: há várias formas de jogar e vencer. Muitas verdades e poucas mentiras. Sem dogmas, nem preconceitos.

 

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Cristiano Ronaldo está leve, mas terá que carregar a Juventus na Champions http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/02/cristiano-ronaldo-esta-leve-mas-tera-que-carregar-a-juventus-na-champions/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/02/cristiano-ronaldo-esta-leve-mas-tera-que-carregar-a-juventus-na-champions/#respond Wed, 02 Jan 2019 03:18:08 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5704

Foto: Oli Scarff

Observando algumas jogadas de Cristiano Ronaldo na Juventus é possível ter a impressão de que entramos em uma máquina do tempo e retornamos a 2007 ou 2008. Solto, partindo para cima, arriscando lances de efeito e abusando das pedaladas, o dono de cinco prêmios de melhor do mundo lembra a época do primeiro, ainda no Manchester United.

Se fora de campo o português tinha alguns motivos para deixar Madrid e segue com uma questão pessoal séria a resolver (e nada tem a ver com esta análise), dentro é nítido que a mudança de ares está fazendo muito bem ao atacante. Sem o peso de ser a estrela do Real Madrid e a obrigação de duelar com Messi nos números, Cristiano Ronaldo está mais focado em jogar bem do que fazer gols. Ainda que seja o artilheiro do Campeonato Italiano com 14.

É evidente que a notável superioridade da atual heptacampeã na liga colabora. O trabalho de Massimiliano Allegri está mais do que assimilado pela base da equipe e o novo camisa sete chegou para dar peso e ainda mais eficiência, sem contar o aumento exponencial da visibilidade mundial. A distância aumentou. Não por acaso a campanha invicta com 17 vitórias e dois empates. 93% de aproveitamento e nove pontos de vantagem sobre o Napoli, segundo colocado.

Allegri contribui para que Cristiano Ronaldo se sinta à vontade adaptando a ele a dinâmica ofensiva. O craque sempre deixou claro que prefere atuar em um trio ofensivo, partindo da esquerda para dentro, porém com liberdade para se movimentar. Mandzukic é o centroavante do “trabalho sujo”, como Benzema fazia no Real. Fica no centro do ataque, mas não é a referência. Dybala parte da direita, mas como articulador, se juntando ao trio de meio-campistas na criação.

Apesar da liderança na tabela de goleadores, ainda falta a Cristiano Ronaldo uma sintonia fina com os companheiros na preparação das jogadas para facilitar as conclusões do atual “gênio da grande área”. Ele usa sua inteligência rara para se desmarcar e facilitar o passe, mas os companheiros ainda não entendem os movimentos como compreendiam Benzema, Isco, Bale, Asensio, Modric, Kroos…Questão de tempo.

O grande desafio mesmo do renovado Cristiano Ronaldo é a Liga dos Campeões. Ainda que afirme que não está obcecado por prêmios individuais, ele sabe que fora do Real Madrid para voltar a concorrer por The Best e Bola de Ouro só vencendo e sendo protagonista no torneio continental.

A missão, porém, não é simples. A Juventus vem de duas derrotas em decisões contra Barcelona (2015) e Real Madrid (2017) e a atual geração, mesmo sobrando no próprio país, não consegue conquistar o título sonhado desde 1996, o segundo da história do clube. Tantos reveses seguidos nos últimos anos deixaram sequelas.

Cristiano Ronaldo viveu já na primeira fase uma experiência traumática. Sem consequências graves, já que não impediu a primeira colocação do Grupo H, mas sem dúvida uma prova de que a mentalidade vencedora nos jogos contra os rivais italianos tem suas oscilações nas disputas continentais.

Partida no Juventus Stadium pela quarta rodada. Uma atuação segura por 85 minutos, com direito a golaço de Cristiano Ronaldo, duas bolas nas traves do goleiro De Gea e 21 finalizações, que parecia construir vitória tranquila sobre o Manchester United de José Mourinho. Tudo ruiu em pouco mais de cinco minutos.

Aos 40, falta tola sobre Pogba, gol de Juan Mata. O suficiente para silenciar o estádio e descoordenar mentalmente um time que parecia ter como missão apenas administrar a vantagem diante de um oponente totalmente desorganizado, atacando na base do “abafa”. Outra jogada área, enrosco e gol contra de Alex Sandro. Um revés inacreditável.

Ser derrotado na fase de grupos da Champions não significa mau presságio para CR7. Pelo contrário. Na campanha do tri, o time merengue foi superado por Borussia Dortmund e Tottenham, mas se impôs no mata-mata, quando, de fato, vira outra competição. Mas na Juve teve um peso diferente. Ficou o alerta.

O sorteio não foi lá muito “generoso”. Ainda que carregue também seus traumas recentes no torneio, o Atlético de Madrid é forte mentalmente e igualmente organizado. Se construírem uma vantagem, mesmo mínima, no Metropolitano os comandados de Diego Simeone jogarão uma enorme pressão sobre a Juventus para a volta em Turim.

Cristiano Ronaldo precisará mostrar suas credenciais de “Sr. Champions” e também de “carrasco” do Atlético. Até lá terá tempo para se entrosar ainda mais com os novos companheiros e se colocar como um líder técnico. Alguém capaz de mudar o clube de patamar no continente. Mesmo com um discurso mais sereno e menos focado em recordes, eis a razão fundamental para o investimento da “Vecchia Signora”.

Com quase 34 anos, as metas do atacante seguem altas. Lembram as do jovem de dez anos atrás em Manchester. Voando, arriscando e sonhando alto. Mas mesmo leve, terá que carregar seu novo time na Liga dos Campeões. Não é pouco.

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Por que a transição de CR7 do Real Madrid para a Juventus não é tão simples http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/02/por-que-a-transicao-de-cr7-do-real-madrid-para-a-a-juventus-nao-e-tao-simples/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/02/por-que-a-transicao-de-cr7-do-real-madrid-para-a-a-juventus-nao-e-tao-simples/#respond Mon, 03 Sep 2018 02:26:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5153

Foto: Twitter/JuventusFC

Cristiano Ronaldo saiu da zona de conforto ao trocar o Real Madrid pela Juventus. Ou para fugir do desconforto de lidar com Florentino Pérez, uma torcida saturada de títulos e, por isso, exigente demais até com o maior artilheiro da história do clube. Ou só para escapar dos altos impostos mesmo.

Mas não deixa de ser um movimento interessante aos 33 anos. Até porque a fome continua a mesma, assim como a indignação nas derrotas – inclusive as individuais, como a perda do prêmio de melhor da Europa para Luka Modric que fez com que ele sequer comparecesse à cerimônia.

Só que não é uma transição fácil. Porque Cristiano Ronaldo estava totalmente inserido em uma mecânica de jogo desenvolvida e aprimorada em cinco anos, com um breve hiato sob o comando de Rafa Benítez entre Carlo Ancelotti e Zinedine Zidane.

O camisa sete se entendia no olhar com Benzema, Marcelo, Modric e Bale. Companheiros desde a primeira conquista da Liga dos Campeões em 2013/14. Praticamente a mesma formação no tricampeonato continental. Escalação igual nas duas últimas finais, algo inédito na história da competição.

Zidane acertou demais ao apostar na repetição, nos movimentos coordenados, no jogar “de memória”. Tudo moldado desde o início para Cristiano Ronaldo ser a estrela. Se ele prefere jogar em dupla na frente com liberdade de movimentação, ora infiltrando em diagonal, ora se posicionando como referência, era assim que o ataque funcionava.

Ele pode não ser o mais talentoso ou genial, mas certamente é o atacante mais inteligente do futebol atual. Posicionamento, desmarque, movimentação. Tudo para estar no lugar certo no momento exato e dar o toque decisivo. Funciona ainda melhor quando os companheiros conhecem os gestos nos detalhes.

É o que falta à equipe de Massimiliano Allegri. Adicione a ansiedade do craque para marcar e dos companheiros para serví-lo depois de três partidas, mesmo com 100% de aproveitamento nos resultados, e o time perde o mais importante para fazer tudo fluir: a naturalidade.

Por enquanto, Cristiano Ronaldo é um corpo estranho. Allegri tenta ajudar colocando Mandzukic, atacante de ofício com perfil parecido com o de Benzema: presente na área adversária, mas habituado ao papel de coadjuvante. Assim não deixa o CR7 isolado como referência na frente auxiliado por Dybala e Douglas Costa, como era o plano original.

Como sempre, ninguém pode acusá-lo de omissão. Corre, luta, contribui coletivamente e já demonstra sinais de liderança junto aos companheiros. Interesse em evoluir rápido também não é problema, já que deixou até a seleção portuguesa em segundo plano e ficou fora dos primeiros amistosos para se dedicar integralmente ao novo clube. Falta o que deve vir com o tempo: sintonia fina, adaptação ao futebol jogado na Itália e o primeiro gol. Cristiano já passou por “secas” no Real, mesmo com tudo a favor. Mas quando a bola começa a entrar…

Bom lembrar que a primeira temporada na Espanha (2009/10) não foi das mais bem sucedidas. Lesão, expulsão, apenas 35 jogos com 33 gols, sem títulos e eliminação nas oitavas de final da Liga dos Campeões para o Lyon. Agora, nove anos mais velho e com expectativas ainda mais altas, fica ainda mais complexo.

São poucas partidas oficiais e a Champions, especialidade do português, nem começou. A pressão é normal com os olhos do planeta voltados para o vencedor dos últimos dois prêmios de melhor do mundo e detentor de cinco no total, que pode virar seis em breve se a FIFA seguir a tendência dos últimos anos e não os critérios da UEFA.

Não é simples. Mas parece questão de tempo para o maior jogador europeu de todos os tempos começar a fazer história nos campos da Itália.

 

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Campanha campeã é maior que a bola jogada pela França pragmática http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/15/campanha-campea-e-maior-que-a-bola-jogada-pela-franca-pragmatica/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/15/campanha-campea-e-maior-que-a-bola-jogada-pela-franca-pragmatica/#respond Sun, 15 Jul 2018 17:43:48 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4940 Como esperado, o início de jogo em Luzhniki foi marcado pela tensão costumeira de uma final de Copa do Mundo e também pelo encaixe previsto dos desenhos táticos. França e Croácia marcando por zona, porém com duelos bem definidos. Especialmente no meio-campo: Kanté x Modric, Pogba x Rakitic e Griezmann x Brozovic. No 4-2-3-1 “torto” de Didier Deschamps, Matuidi esperava as descidas de Vrsaljko e auxiliava no combate a Modric. No 4-1-4-1 de Zlatko Dalic, Strinic até descia pela esquerda, mas tinha como maior preocupação a velocidade de Mbappé.

Mas os franceses encontravam dificuldade para acionar seu principal atacante. Recuavam as linhas, mas não encontravam espaços para acelerar. Muito pelos méritos do oponente. A Croácia adiantou as linhas, marcou e ocupou o campo de ataque e rodou a bola em busca de espaços.

Até Griezmann cavar uma falta inexistente. Na cobrança, Pogba, em posição legal, disputou com Mandzukic, que desviou marcando o primeiro gol contra em finais de Copa do Mundo. Os croatas teriam que subir a ladeira novamente. Mas a bola parada novamente ajudou na recuperação. Golaço de Perisic depois de limpar Kanté.

De novo a França recuou, novamente sofreu para encaixar um contragolpe. Outra vez foi salva pela bola parada. Pênalti de Perisic. Marcável como praticamente qualquer toque no braço segundo as novas e confusas orientações da FIFA para a arbitragem. O VAR entrou em cena e ajudou na interpretação de Nestor Pitana. Cobrança precisa de Griezmann.

A única finalização francesa em 45 minutos. Os croatas que tiveram 61% de posse tentaram sete vezes, só uma na direção da meta de Lloris. Nas redes. Primeiro tempo de superioridade croata.

Mas a França mais uma vez foi pragmática e letal. Coordenando melhor os contragolpes com o avanço e os sinais de desgaste físico e mental do adversário, acelerou pela direita com Mbappé, que serviu Pobga, meio-campista que iniciou a jogada com belo lançamento.

Depois a revelação da Copa, e também o craque para este que escreve, fez um gol de “ilusionista”. Mbappé posicionou o corpo para bater com efeito no ângulo esquerdo e acertou um chute rasteiro no canto direito de Subasic. Poderia ter fechado 4 a 1 como o Brasil de 1970 sobre a Itália. No entanto, Lloris vacilou e Mandzukic desviou para as redes. Mas certamente o atacante croata trocaria seus três gols pelo título mundial.

Que também é de Giroud. Virou titular por suas funções em campo: estatura nas disputas pelo alto na defesa e no ataque. Fundamental na Copa da bola parada. Também um pivô facilitando o trabalho de Mbappé e Griezmann. Forte e alto, empurra a defesa para trás e cria espaços às costas dos volantes para seus companheiros. Uma lição para quem parou no tempo e acha que o camisa nove só presta se fizer gol. Giroud não marcou nenhum e é o campeão.

A Croácia foi até o limite. Terminou com 61% de posse, 83% de efetividade nos passes contra apenas 74% dos fraceses. Finalizou 15 vezes contra oito – seis a três no alvo. Modric eleito melhor da Copa. Na decisão, porém, a Copa também foi da bola parada e da precisão técnica. Em disputas tão parelhas, o futebol não perdoa o “arame liso”.

França absoluta, mas com campanha melhor que o desempenho em campo. Maior que a bola jogada. Invencibilidade, vitórias em confrontos com os campeões Argentina e Uruguai. Superando a talentosa geração belga e goleando os croatas por 4 a 2. Sem prorrogação nem decisão por pênaltis.

Fica a impressão de que a obsessão pelo título depois da decepção em casa na Eurocopa em 2016 engessou um pouco a equipe. Pouca mobilidade ao atacar para garantir a organização na perda da bola, não desguarnecendo nenhum setor. Solidez defensiva para aumentar a competitividade.

Deu certo. E consagrou Deschamps, agora se juntando a Zagallo e Beckenbauer como os únicos campeões como jogador e treinador. Mesmo sem espetáculo, a missão foi cumprida.

(Estatisticas: FIFA)

 

 

 

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Prévia tática de França x Croácia: quem sairá do “encaixe perfeito”? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/13/previa-tatica-de-franca-x-croacia-quem-saira-do-encaixe-perfeito/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/13/previa-tatica-de-franca-x-croacia-quem-saira-do-encaixe-perfeito/#respond Fri, 13 Jul 2018 13:21:26 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4918 Pelo esforço absurdo de três prorrogações seguidas é impossível saber se Zlatko Dalic vai manter a formação titular da Croácia para a grande final. Mas também é improvável que algum jogador, a menos que esteja com uma lesão muscular grave por conta do esforço, queira ficar de fora do “filé” depois de roer o osso em 360 minutos, mais duas decisões por pênaltis.

Partindo do 4-1-4-1 da semifinal e da melhor atuação da seleção na Copa, os 3 a 0 sobre a Argentina, e do 4-2-3-1 da França que ganhou corpo desde a vitória sobre o Peru com Matuidi pela esquerda mais compondo o meio que formando o quarteto ofensivo, temos uma espécie de “encaixe perfeito” das equipes. Tanto no desenho tático quanto nas características dos atletas.

Ainda que Kanté e Brozovic tenham perseguido Messi em muitos momentos dos jogos, o volante do Chelsea tenha feito o mesmo com De Bruyne e Pogba sofrido com Fellaini na semifinal, França e Croácia marcam essencialmente por zona. Mas, de acordo com o posicionamento básico, os jogadores de cada setor acabam se encontrando e duelando ao longo da partida.

Ambas contam com laterais que não são brilhantes, mas equilibram bem as funções de ataque e defesa e se adequam caso precisem guardar posição ou descer pelo corredor. No embate de domingo é bem provável que Strinic fique mais atento à movimentação de Mbappé e Vrsaljko apoie mais, já que não há um atacante agudo pelo seu setor.

No meio-campo, os duelos mais prováveis são Kanté x Modric, Pogba x Rakitic e Griezmann x Brozovic. Pavard espera Perisic e Hernández faz o mesmo contra Rébic. Os zagueiros Lovren e Vida cuidam de Giroud e Varane e Umtiti ficam atentos aos movimentos de Mandzukic.

É óbvio que o futebol não acontece numa imagem estática como no campinho abaixo. Mas mesmo com o dinamismo da disputa, uma palavra será chave para desequilibrar o oponente: mobilidade.

Os franceses têm guardado mais o posicionamento, talvez pelo temor de serem pegos com as linhas desorganizadas na perda da bola. Um desperdício, já que este 4-2-3-1 “torto” tem como principal arma ofensiva o deslocamento de outros jogadores para o lado em que há um volante ou meia e não um ponteiro. Ou seja, o espaço deixado por Matuidi poderia ser melhor explorado por Griezmann, Giroud ou até mesmo Mbappé invertendo o flanco. Nos jogos apenas o lateral Hernández se projeta pela esquerda. Uma inversão entre Griezmann e Mbappé também pode ser interessante para deixar o jovem atacante do PSG mais solto para aproveitar na velocidade o trabalho de pivô de Giroud.

Já a Croácia na execução de seu modelo permite apenas como surpresa a inversão dos pontas Rébic e Perisic que buscam as diagonais aproveitando o espaço deixado pelo móvel Mandzukic, que sabe atuar como referência ou pelo lado. Modric e Rakitic também costumam trocar o posicionamento por dentro, de acordo com as características dos volantes adversários.

As estatísticas apontam a Croácia com maior posse de bola e efetividade nos passes, mas é a quarta que mais utiliza os cruzamentos, média de 26 por jogo – potencializada, logicamente, pelas prorrogações que disputou. Luka Modric é o meia que mais acerta passes e vai encontrar Kanté, o líder absoluto de desarmes e interceptações. Mbappé é o finalista que mais acerta dribles, Griezmann o que mais finaliza. Rakitic está no topo entre os que mais acertam inversões de jogo, fundamentais para desarticular sistemas defensivos organizados como o do oponente.

A França sofreu apenas quatro gols em 540 minutos – três da Argentina e um, de pênalti, da Austrália na estreia. A Croácia cinco em 630 – um de pênalti da Islândia (com time repleto de reservas), Dinamarca, em cobrança de lateral na área, e Inglaterra (falta), dois da Rússia, o de Mário Fernandes na típica jogada de bola parada que gerou tantos gols neste Mundial. A previsão, não o desejo, é de uma final com poucos gols, definida no detalhe, na precisão técnica. Talvez até mais uma prorrogação para os croatas.

A resistência física deve ser um fator preponderante. Didier Deschamps pode optar por uma proposta de maior intensidade na pressão pós perda da bola, velocidade na transição ofensiva para desgastar ainda mais o adversário, que tende a aproveitar seus talentosos meio-campistas para adicionar pausas ao ritmo do jogo que façam a equipe respirar e acelerar no momento certo.

O palpite do blog é vitória francesa. Em 120 minutos. Porque a Croácia mentalmente é dura de se curvar, mesmo com os músculos extenuados. Só que desta vez encontrará um rival que foi implacável até aqui com as fragilidades e oscilações de quem cruzou o seu caminho. Na Copa da força mental é um trunfo para definir quem leva a taça para casa.

França no 4-2-3-1 que deve ter mais mobilidade de Griezmann, Mbappé e Giroud aproveitando o espaço à esquerda deixado pelo recuo de Matuidi; Croácia no 4-1-4-1 com os ponteiros Rebic e Perisic invertendo o posicionamento e Modric e Rakitic tentando ditar o ritmo contra Kanté e Pogba. Nos sistemas que encaixam, a mobilidade pode fazer a diferença (Tactical Pad).

(Estatísticas: Footstats)

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Croácia prova que jogo eliminatório se decide com talento e força mental http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/11/croacia-prova-que-jogo-eliminatorio-se-decide-com-talento-e-forca-mental/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/11/croacia-prova-que-jogo-eliminatorio-se-decide-com-talento-e-forca-mental/#respond Wed, 11 Jul 2018 22:15:50 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4909 O golaço de falta de Trippier logo aos quatro minutos podia ter desmanchado de vez a Croácia que vinha de duas prorrogações e teria que subir a ladeira em Moscou. Numa semifinal de Copa do Mundo e diante de uma Inglaterra com mais tradição, descanso e que costuma desgastar o adversário com seu jogo físico e de velocidade.

A primeira etapa teve a equipe de Zlatko Dalic com 52% de posse e seis finalizações contra quatro. Mas controle da Inglaterra com bom posicionamento da última linha de defesa do 5-3-2 e a movimentação de Kane, recuando para deixar Sterling mais avançado para os contragolpes e alternando com os meias Lingard e Dele Alli.

A dinâmica criava uma indefinição em Brozovic, o volante entre as duas linhas de quatro na volta do 4-1-4-1 que dá mais liberdade a Rakitic e Modric. Com um estilo vertical, a Inglaterra de Gareth Southgate teve a bola do segundo gol com Kane entrando pela esquerda e acertando a trave depois de finalizar e Subasic defender.

A impressão era de que não faria tanta falta, já que com a passagem do tempo o desgaste pesaria para os croatas. Os ingleses controlavam os espaços e tentavam acelerar nos contragolpes. Mas com muitos erros técnicos que não criavam a chance clara para finalizar. A Croácia foi adiantando as linhas e rodando a bola. Mas também não havia ideias ou a jogada diferente.

Até Perisic começar a encontrar brechas entre Trippier e Walker, logo o lateral que foi para a zaga com o intuito de deixar o trio de zagueiros mais móvel e rápido na cobertura. Walker hesitou, Perisic se antecipou e empatou, completando centro de Rakitic.

Os ingleses acusaram o golpe, passaram a errar além da conta e perder agressividade na marcação. Fizeram a Croácia acreditar e colocar o talento no jogo. Modric e Rakitic tomaram conta do meio-campo. Dalic não fez nenhuma substituição nos 90 minutos.

Guardou tudo para a prorrogação. Quatro substituições e toda a alma e personalidade. Alimentada a cada erro inglês, mesmo com Rashford, Rose, Dier e, no desespero, Vardy na vaga de Walker. Porque a Croácia tinha virado com Mandzukic. Mesmo exausto e com câimbras, aproveitou mais um vacilo da defesa inglesa na cobertura. Com participação de Perisic.

Nos minutos finais, os croatas sobraram fisicamente. Com Corluka, Badelj, Pivaric e Kramaric em campo. Estratégia arriscada que podia ter falhado na segunda etapa do tempo normal, mas que teve a chance de render mais um gol se Kramaric tivesse visto o inesgotável Perisic livre no contragolpe final. Foram 22 finalizações, o dobro dos ingleses, que só finalizaram no alvo com o gol de Trippier. Muito pouco em 12o minutos.

A Croácia teve qualidade e fé inquebrantável de que era possível. Armas poderosas em uma partida eliminatória com tanto em jogo. Por isto fará uma final histórica, consagrando a melhor e maior geração do país, superando 1998. Com 90 minutos a mais de futebol e suor na Copa em relação à França. Mas como duvidar de quem parece crer que tudo pode?

A Inglaterra pode e deve seguir investindo em um trabalho que tem tudo para dar frutos. Com esta e as próximas gerações, campeãs mundial sub-17 e sub-20. Só que agora é hora de Modric, Rakitic, Perisic, Mandzukic, Subasic e uma nação inteira.

(Estatísticas: FIFA)

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Croácia sobra contra a loucura de Sampaoli. Messi desta vez foi vítima http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/21/croacia-sobra-contra-a-loucura-de-sampaoli-messi-desta-vez-foi-vitima/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/21/croacia-sobra-contra-a-loucura-de-sampaoli-messi-desta-vez-foi-vitima/#respond Thu, 21 Jun 2018 20:18:57 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4755 A chance da Argentina ser competitiva era, ou ainda é, o pragmatismo de Jorge Sampaoli emulando uma equipe aos moldes de Alejandro Sabella. Duas linhas de quatro compactas, organização, simplicidade e liberdade para Messi potencializar seu talento.

Mas o treinador, mesmo com pouco tempo de trabalho, muita instabilidade e um grupo, digamos, heterogêneo de jogadores, não abriu mão de suas convicções. Na estreia até tentou algo próximo da ideia de Sabella. Como não foi bem nem venceu, resolveu fazer do seu jeito.

E mandou a campo os três zagueiros adiantados, alas bem abertos e um trio ofensivo formado por Messi, Aguero e Meza. O 3-4-3 preferido pelo treinador, discípulo de Marcelo Bielsa, em seus outros trabalhos. Nunca sequer treinado com esta formação neste ciclo de um ano.

Logo contra a Croácia de Rakitic, Perisic, Modric e Mandzukic. Líder do grupo, sem tensão de estreia. Respeitando a camisa albiceleste e Messi. Por isso a escalação de Brozovic para ser o volante do 4-1-4-1 e negar os espaços entre defesa e meio-campo a Messi.

Saída rápida pelos flancos com toques rápidos buscando Mandzukic. Teve algum problema para adaptar o sistema à proposta argentina. Podia ter sucumbido no incrível gol perdido por Enzo Pérez, o meio-campista escalado com Mascherano para proteger a retaguarda cada vez mais exposta.

Mas controlou o jogo e esperou o erro. Veio do goleiro Caballero, titular por ser considerado pelo treinador o melhor a jogar com os pés. Mas vacilou na reposição após o recuo e entregou nos pés de Ante Rebic, que acertou linda finalização, ainda mais por não esperar o “presente”.

A Argentina desmoronou emocionalmente. Porque não há nenhuma segurança do que se pode fazer em campo. Um barco à deriva. Com espaços, Modric e Rakitic desfilaram a classe e os recursos técnicos que o planeta conhece. Dois belos gols para dimensionar a distância atual entre as equipes. 3 a o para garantir a classificação e dar moral aos croatas para as oitavas.

Moral. Confiança. Tudo que a Argentina não tem para jogar a sua história contra a Nigéria. Adversário sempre duro, que pode chegar ainda vivo. Que curiosamente estava no “grupo da morte” em 2002 que mandou os favoritos argentinos para casa. Também os nigerianos. Eliminados por dois europeus, Inglaterra e Suécia. Se a Islândia vencer amanhã a história pode se repetir.

Porque Sampaoli foi mais insano que “El Loco” Bielsa ao mudar sistema, modelo e plano de jogo dentro da Copa do Mundo sem nada para construir sua convicção. Por isto desta vez o contexto não permite condenar Messi. De novo passivo e desanimado depois de sofrer um gol. Mas a combinação do nível do adversário e da desorganização e mediocridade dos companheiros transforma o camisa dez em vítima. Mesmo considerando que é a última chance de vencer como protagonista por seu país.

Simplesmente não havia o que fazer. Haverá ainda algo para salvar a Argentina de um vexame histórico na Rússia?

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Brasil vence Croácia, mas e daí? Não justifica a montanha russa de opiniões http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/03/brasil-vence-croacia-mas-e-dai-nao-justifica-a-montanha-russa-de-opinioes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/03/brasil-vence-croacia-mas-e-dai-nao-justifica-a-montanha-russa-de-opinioes/#respond Sun, 03 Jun 2018 16:25:40 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4666 Minha primeira lembrança de seleção brasileira é a euforia que tomou conta do país quando rodou pela Europa em 1981 e venceu Inglaterra, França e Alemanha. Teve até fogos. A TV Globo, na época com Luciano do Vale, tratou como uma espécie de Copa das Confederações. Um exagero.

Por isso Dunga encarou com tanta seriedade os amistosos assim que assumiu em 2014 para “resgatar a autoestima” por causa dos 7 a 1. Chegou a administrar resultados e guardar três, quatro substituições para ganhar tempo nos últimos minutos e segurar a vitória.

Agora Tite fez praticamente o mesmo contra a Alemanha. Um tal de “fantasma”…Logo a atual campeã mundial, que junto com a Itália, nos melhores e piores momentos, sempre se caracterizaram por não darem a mínima para jogos que não valem pontos. Ou melhor, sempre deram o devido valor.

Amistoso é para observar, testar. Experimentar até o que parece não dar certo, só para ter certeza. Mas aqui a sanha resultadista impressiona. Todo jogo é de campeonato.

Mesmo tão próximo da Copa do Mundo, com todos os jogadores instintivamente segurando a intensidade com o mais que compreensível temor de uma lesão capaz de encerrar o sonho. Como a entrada irresponsável de Kramaric sobre Thiago Silva. Felizmente nada grave, ao que parece.

Mas houve quem se incomodasse no lance muito mais com a saída de bola no chão perto da própria área. “Dá um chutão! Ali não é lugar para brincar…” Claro que um erro em jogo eliminatório no Mundial pode ser fatal. Mas a ligação direta constante também é risco grande, pois entrega a bola e o volume constante do adversário também pode terminar em gol contra.

Outra visão curiosa pelo imediatismo e quase onipresença nas transmissões, debates e redes sociais foi a crítica à escalação do meio-campo com Casemiro, Fernandinho e Paulinho. “Três volantes”. Pronto, automaticamente o time perde criatividade. Independentemente da boa marcação da Croácia no primeiro tempo em Liverpool. Como se a seleção de Modric, Rakitic, Perisic, Kovacic e Manduzic fosse uma qualquer. Ou os jogadores brasileiros não estivessem travados, sem as costumeiras triangulações na execução do 4-1-4-1. Bem diferente da vitória sobre a Alemanha. Com os mesmos três no meio-campo…

Os novos debates serão a “volta da Neymardependência” e “Firmino ou Gabriel Jesus?” Por causa dos gols na vitória por 2 a 0. Como se depender do talento maior não fosse natural e tudo na avaliação do centroavante fosse ir às redes ou não.

O objetivo deste texto não é “cagar regra” sobre o que se deve ou não opinar, muito menos blindar Tite de críticas. Até porque, todos sabemos, ele será julgado pelo resultado e só. Como todos. Como sempre. Assim como não dá para se empolgar e dizer que o setor ofensivo tem que contar com Neymar e Firmino na estreia da Copa. Apenas ressaltar a curiosa montanha russa de emoções e opiniões sobre a seleção quando a Copa vai chegando. Ou em qualquer tempo.

Amistoso é jogo e jogo é guerra. Sempre foi assim e, pelo visto, sempre será.

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Juventus foi gigante, mas ninguém merece mais a semifinal que o CR7 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/11/juventus-foi-gigante-mas-ninguem-merece-mais-a-semifinal-que-o-cr7/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/11/juventus-foi-gigante-mas-ninguem-merece-mais-a-semifinal-que-o-cr7/#respond Wed, 11 Apr 2018 21:14:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4425 Quando Buffon afirmou depois do jogo em Turim que seu sonho de vencer a Liga dos Campeões era impedido pelo melhor, em referência a Cristiano Ronaldo, parecia que a Juventus tinha jogado a toalha e se concentraria na conquista do hexacampeonato italiano.

Mas um gigante da Europa não vai se curvar fácil. Massimiliano Allegri apelou para uma estratégia clara e simples, mas eficiente, para surpreender o bicampeão europeu: forçar o jogo pela direita no setor de Marcelo e cruzar a bola procurando Mandzukic na segunda trave para ganhar pelo alto de Carvajal. Além disso, o que se espera de uma equipe no futebol atual precisando reverter um 3 a 0 é adiantar marcação e pressionar o adversário com a bola.

Tudo perfeito na primeira etapa. Com gol logo aos dois minutos do croata e Higuaín perdendo chance clara aos seis. A produção italiana pela direita melhorou ainda mais com a entrada de Lichtsteiner no lugar do lateral De Sciglio. Centro do substituto, mais um de Mandzukic.

O clima de confiança, quase amistoso antes da partida, morreu de vez e o gol de Matuidi em falha grotesca de Navas no segundo tempo fez o sonho parecer possível. Zidane tinha arriscado tudo na volta do intervalo com Lucas Vázquez e Asensio nas vagas de Bale e Casemiro. A saída do brasileiro era bem questionável, principalmente pela ausência de um zagueiro no banco de reservas – Sergio Ramos, suspenso, foi substituído pelo hesitante Jesús Vallejo. Se houvesse qualquer problema o volante brasileiro poderia ser adaptado ali.

Mas o Real Madrid teve mais sorte que juízo. A desconcentração poderia ter custado caro. O desgaste e a possibilidade de uma prorrogação, porém, fizeram a Juventus recuar, transformando o 4-3-3 num 4-1-4-1. Os espaços às costas de Modric e Kroos deixaram de ser explorados e o time merengue ficou menos desconfortável na partida.

No ataque final, a bola esticada. Cristiano Ronaldo, obstinado e, mesmo numa noite pouco feliz, inesgotável na busca pelo gol, ajeitou de cabeça uma bola quase perdida na segunda trave e Benatia empurrou Vázquez dentro da área. Força muito desproporcional. Pênalti marcado. Qualquer jogador surtaria com a chance de uma classificação histórica escapando pelos dedos no último lance. Buffon acabou expulso.

Szczesny entrou com uma missão impossível. Mas a margem de erro do português em lances decisivos costuma ser zero. Cobrança forte no ângulo. Sem chance. Real Madrid na semifinal. Décimo primeiro jogo com gol do português no torneio continental.

No apito do atrapalhado árbitro Michael Oliver, a festa tímida de uma torcida assustada. Calada até Cristiano Ronaldo regê-la e pedir a devida comemoração para a vaga na semifinal. A oitava consecutiva. Ainda carregando favoritismo e certamente mais alerta, independentemente do adversário que será apontado pelo sorteio.

A Juventus foi gigante. Atuação para guardar na memória. Mas nos 80 minutos ninguém mereceu mais essa classificação do que o CR7. A saga pelo sexto prêmio de melhor do mundo e pelo tricampeonato europeu continua.

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A Juventus está pronta para tudo. Um timaço na acepção da palavra http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/05/09/a-juventus-esta-pronta-para-tudo-um-timaco-na-acepcao-da-palavra/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/05/09/a-juventus-esta-pronta-para-tudo-um-timaco-na-acepcao-da-palavra/#respond Tue, 09 May 2017 20:46:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2662 Foi difícil entender a opção de Leonardo Jardim por espelhar o sistema com três zagueiros da Juventus, deixando Fabinho e Lemar, pilares do meio-campo, no banco. O Monaco perdeu volume de jogo e presença ofensiva no primeiro tempo. Bernardo foi o mais prejudicado, isolado na articulação.

Melhor para o time italiano em sua arena, que novamente variou o desenho tático de acordo com os movimentos de Daniel Alves e Barzagli pela direita. Com a vantagem de dois gols, permitiu que o adversário tivesse a posse, mas controlou o jogo e criou as oportunidades mais claras.

Gol de Mandzukic em jogada bem trabalhada iniciada com um contragolpe. O centroavante típico de 30 anos que fecha o setor esquerdo na segunda linha, à frente de Alex Sandro e ainda infiltra em diagonal na velocidade para finalizar e se juntar a Higuaín.

Tão surreal quanto a fase de Daniel Alves. De novo foi lateral, meia e ponta. Colocou no bolso o ótimo Mendy, transformado em ala por Jardim. Passador na jogada do primeiro gol. Também finalizador preciso em um golaço no rebote que praticamente sacramentou a classificação para a final da Liga dos Campeões, contra Real Madrid ou Atlético de Madri.

Mesmo com o segundo tempo mais que digno do time francês. Com Fabinho e Lemar em campo. Com Mbappé, jovem candidato a gênio, tirando o lacre do sistema defensivo da Vecchia Signora no mata-mata. Mantendo superioridade na posse e aumentando o número de finalizações.

Mas não havia o que fazer. Porque a Juventus de Massimiliano Allegri tem um nível de concentração absurdo na execução de seu modelo de jogo complexo e completo, que sabe variar posse de bola e jogo em transição, na velocidade. De solidez impressionante, que sabe exatamente o que quer em todos os momentos.

Um timaço na acepção da palavra que irá a Cardiff no dia 3 de junho para buscar o título que não vem desde 1996. Venha quem vier. Coletivamente e na força mental, nunca pareceu tão pronto.

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