marcelo – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Recital sem gols de Benzema é destaque da volta do Real Madrid em “La Liga” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/14/recital-sem-gols-de-benzema-e-destaque-da-volta-do-real-madrid-em-la-liga/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/14/recital-sem-gols-de-benzema-e-destaque-da-volta-do-real-madrid-em-la-liga/#respond Sun, 14 Jun 2020 19:33:12 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8648 Quando Gabriel Jesus terminou a Copa do Mundo de 2018 sem gols o mundo caiu sobre o camisa nove brasileiro. No país de Romário e Ronaldo nos dois últimos títulos é inadmissível o centroavante não ir às redes.

Mas o torneio de seleções disputado na Rússia terminou com a França campeã e Giroud, o camisa nove, também sem marcar gols. Mas com intensa participação coletiva e usando a estatura e a força física para empurrar a última linha defensiva do adversário e abrir espaços para que o talento de Mbappé, Griezmann e Pogba prevalecesse no bicampeonato dos “Bleus”.

França que abriu mão da qualidade de outro centroavante por questões extra-campo, de gestão de vestiário. Mas que também teria muito a contribuir para a seleção, como costuma ser fundamental no clube.

Karim Benzema entrou para a história do Real Madrid como o grande assistente de Cristiano Ronaldo. Um facilitador pela mobilidade e inteligência para dar sequência aos ataques e permitir que a estrela desequilibrasse. Por isso o francês é tão subestimado. Onde já se viu o nove não ser o goleador máximo?

Com a saída do português, a responsabilidade de ser protagonista em uma transição complicada. Depois de um tricampeonato de Liga dos Campeões e o desgaste físico e anímico de uma geração vencedora que aos poucos é renovada. Em muitos jogos desde então faltou o craque decisivo.

Mas na volta do time merengue em “La Liga”, Benzema protagonizou um recital no primeiro tempo que encaminhou a vitória ao abrir 3 a 0 sobre o Eibar no Estádio Alfredo Di Stéfano, casa do Real durante a reforma no Santiago Bernabéu.

No 4-3-3 armado por Zidane, contando com Rodrygo e Hazard pelos flancos, porém com muita movimentação na frente. Benzema caiu pela esquerda e arquitetou a ação ofensiva que encontrou Kroos para um chute no ângulo do alemão.

Com espaços cedidos pelo 4-1-4-1 do Eibar que contava com Álvarez entre as linhas de quatro e Kike García na frente, os contragolpes ficaram mais frequentes. Faltava a qualidade na saída rápida. Rodrygo tentou pela direita e falhou. Hazard também errou do lado oposto.

Mas quando caiu nos pés de Benzema pela esquerda o passe saiu redondo para Hazard, deslocado pela direita. Do camisa sete para Sergio Ramos, que iniciou tudo com um desarme no campo do Real. Em seguida, um passe do camisa nove que clareou tudo novamente para Hazard à direita. O chute e o gol de Marcelo no rebote. Na comemoração, o brasileiro homeganeou George Floyd, vítima fatal de racismo nos Estados Unidos.

A boa vantagem foi a senha para a acomodação e o clima de treino, apesar da “torcida virtual” no estádio. O Eibar incomodou mais do que o recomendável no segundo tempo. Terminou com nove finalizações, cinco no alvo. Fez Courtois trabalhar, carimbou a trave e diminuiu para 3 a 1 com Bigas.

Falha de Ferland Mendy, que entrou na vaga de Carvajal e, canhoto, ficou todo torto pela direita e ainda deu condições para o adversário finalizar e contar com a falha de Courtois. Uma das mudanças de Zidane, que mandou a campo também Gareth Bale, Vinicius Júnior, Valverde – a surpresa na reserva por estar voando antes da parada pela pandemia – e Militão.

Cinco mudanças que afetaram diretamente o desempenho do time merengue, que pode ser relativizado pela longa inatividade. Apenas três finalizações em 45 minutos, uma no alvo. Benzema caiu de rendimento com a equipe, mas ainda apareceu para acionar Vinicius Júnior, porém o brasileiro errou na tomada de decisão e desperdiçou o contragolpe. A necessidade de evolução na leitura de jogo permanece.

Assim como a importância de Benzema na luta do Real pelo título espanhol. Com a eliminação na Copa do Rei e a derrota em casa para o Manchester City pela Liga dos Campeões é a chance de conquista do gigante espanhol na conturbada temporada 2019/20. Faltam dez rodadas com dois pontos atrás do líder Barcelona.

O retorno valeu pelos três pontos. Também pelo senso coletivo de seu camisa nove. Para os puristas pode parecer pouco, mas Benzema ajudou, e muito, a definir a primeira partida da “nova realidade”.

 

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Renan Lodi nas mãos de Simeone pode ser a evolução do estilo de Marcelo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/08/renan-lodi-nas-maos-de-simeone-pode-ser-a-evolucao-do-estilo-de-marcelo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/08/renan-lodi-nas-maos-de-simeone-pode-ser-a-evolucao-do-estilo-de-marcelo/#respond Mon, 08 Jul 2019 18:21:58 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6830

Imagem: Divulgação/Atletico de Madrid

Renan Lodi foi anunciado oficialmente pelo Atlético de Madrid. Já se apresenta ao novo clube para um contrato de seis anos e será desfalque importante para Tiago Nunes na sequência da temporada do Athletico. Com 21 anos é mais um que deixa o futebol brasileiro bem cedo.

Mas o futuro é promissor já pensando em seleção. Lodi é um daqueles típicos laterais com pé canhoto de meia que a nossa base revela com alguma frequência. Desde Felipe, ex-Vasco, a Marcelo, em fase final da carreira no Real Madrid. Técnica, habilidade, visão de jogo, vocação ofensiva.

Nas mãos de Diego Simeone é possível vislumbrar uma sensível melhora no trabalho defensivo, problema comum na formação de jogadores da posição no país. Compondo a última linha com posicionamento correto e concentração máxima sem a bola. Tanto no confronto direto com o atacante quanto nas diagonais de cobertura dentro de uma marcação por zona. Sem contar os movimentos coletivos de pressão no campo de ataque. Na frente, mais intensidade e objetividade pelo flanco esquerdo.

Filipe Luís fez sua história no time colchonero evoluindo defensivamente sem perder a consistência no ataque, mesmo com características diferentes das de Lodi. Aliás, a chegada do jovem lateral como sucessor do atual titular da seleção brasileira é parte do processo de contar com melhores soluções de ataque que o treinador argentino pretende implementar em sua equipe.

Se evoluir e amadurecer como se espera, Lodi é lateral para, no mínimo, dois ciclos de Copa do Mundo com a camisa verde e amarela. Por enquanto é apenas um projeto dentro da imprevisibilidade do esporte e da vida. Mas já vale um olhar de Tite pensando em 2022. Pode ser a evolução natural do estilo de Marcelo no futebol brasileiro.

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Por que a ascensão de Vinicius Júnior prejudica Marcelo no Real Madrid http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/24/por-que-a-ascensao-de-vinicius-junior-prejudica-marcelo-no-real-madrid/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/24/por-que-a-ascensao-de-vinicius-junior-prejudica-marcelo-no-real-madrid/#respond Sun, 24 Feb 2019 04:30:42 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6004

Foto: Reprodução/Instagram

Quando Zidane e Cristiano Ronaldo deixaram o Real Madrid após o tricampeonato da Liga dos Campeões, imaginava-se que Florentino Pérez promoveria uma reformulação radical no elenco merengue, movimentando o mercado de verão para a temporada 2018/19.

Amigo muito próximo do craque português, Marcelo era um dos nomes especulados para seguir o mesmo caminho e jogar pela Juventus. Não aconteceu, assim como a ida às compras do clube espanhol foi tímida. O Real seguiria com Julen Lopetegui a linha de trabalho que investia em continuidade e aproveitamento de jovens, formados no clube ou não.

A mudança para um estilo mais alinhado ao rival Barcelona combinada com a natural estagnação de um grupo saturado de conquistas recentes minou o trabalho do treinador que já chegou com a imagem desgastada pelo processo que levou à demissão da seleção espanhola. Não deu liga.

O Real resolveu apostar novamente em uma solução caseira: Santiago Solari. Com ideias mais próximas das de Carlo Ancelotti e Zinedine Zidane, fazendo a equipe se adaptar aos contextos das partidas e menos preocupada com imposição de estilo, as oscilações diminuíram e o time voltou a ser competitivo no Espanhol e segue vivo na Copa do Rei e na Liga dos Campeões. Sem contar o título mundial em dezembro.

Com a lesão de Gareth Bale, Vinicius Júnior ganhou mais oportunidades no time principal. Atuando bem aberto pela esquerda e, por conta de sua adaptação tática ao futebol europeu e não estar ainda fisicamente pronto para jogar no mais alto nível, com menos atribuições defensivas. A forte personalidade em campo, mesmo com apenas 18 anos, fez com que passasse a centralizar as jogadas, apesar da afobação e muitos erros técnicos no acabamento das ações de ataque.

Na prática, mudou o eixo ofensivo da equipe. O Real que fez história tinha Cristiano Ronaldo partindo da esquerda para infiltrar em diagonal. Quando necessário diante de retaguardas mais fechadas, Marcelo, Isco ou Asensio abria para dar amplitude, esgarçar as linhas de defesa. Sempre com o suporte de Toni Kroos e cobertura de Sergio Ramos.

Na recomposição, Cristiano quase sempre ficava com Benzema na frente e duas linhas de quatro bloqueavam os ataques dos rivais, com Isco, Asensio ou até Kroos fechando o setor esquerdo e ajudando Marcelo.

Com Vinicius entre os titulares surgiu a necessidade de maior sustentação defensiva do lateral e dinâmica na ida e volta. Porque a passagem pelo flanco ou por dentro desafoga o ponteiro brasileiro. O jovem Sergio Reguilón, de 22 anos, tem entregado mais desempenho e ganhado mais chances de Solari. Nos últimos 14 jogos da liga espanhola foi titular em nove e ficou de fora de três partidas por lesão. Titular na vitória sobre o Ajax pela Champions, deixando Marcelo no banco.

Segundo o site Whoscored.com, Reguilón supera Marcelo em desarmes, interceptações e nas disputas pelo alto na defesa. Já o brasileiro é melhor que o espanhol nas virtudes que o transformaram no melhor lateral do mundo nos últimos anos: dribles, finalizações, passes e cruzamentos certos. O rendimento, porém, não tem sido bom no geral.

Marcelo, que vai completar 31 anos em maio, vem enfrentando os problemas naturais da passagem do tempo e também por suas características. O posicionamento e a concentração da transição defensiva nunca foram pontos fortes do lateral. Na Copa do Mundo, as dificuldades ficaram bem nítidas quando Casemiro ficou de fora por suspensão contra a Bélgica e ele retornou à seleção. Um dos pecados de Tite na eliminação brasileira.

Talvez as dúvidas quanto a um novo ciclo de Copa do Mundo e o clima de fim de festa em Madri, apesar do contrato até 2022, tenham acelerado e acentuado a queda de desempenho de Marcelo, inclusive no aspecto físico. É bem possível que o ciclo tenha passado do ponto. Por isso a irritação com a reserva e as críticas quando não vai bem, o que tem sido uma constante nas últimas partidas, e a volta das especulações de uma saída para a Juventus no final da temporada.

Pode ser a melhor solução. Porque Vinícius Júnior vai evoluindo e encontrando em Reguilón um ótimo parceiro pela esquerda. O futuro do Real Madrid. A lamentar que a ascensão de um brasileiro represente a queda de outro que está na história do maior clube do mundo, mas precisa de mudanças, talvez até de posição, para retomar a carreira mais que vencedora.

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Cabeça erguida é a grande vantagem de Neymar sobre Vinícius Jr. e Malcom http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/08/cabeca-erguida-e-a-grande-vantagem-de-neymar-sobre-vinicius-jr-e-malcom/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/08/cabeca-erguida-e-a-grande-vantagem-de-neymar-sobre-vinicius-jr-e-malcom/#respond Fri, 08 Feb 2019 03:51:48 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5877

Foto: Pau Barrena/AFP

Os grandes destaques de Barcelona x Real Madrid pela semifinal da Copa do Rei foram brasileiros: Vinicius Júnior deu belo passe para Benzema servir Lucas Vázquez no gol merengue e Malcom foi às redes empatando e salvando o time catalão. Ofuscaram a todos, inclusive Messi, que entrou no segundo tempo e pecou pelo individualismo na maioria dos lances, e Philippe Coutinho, novamente com desempenho abaixo de suas capacidades.

Não só pelos lances capitais. Participaram colocando velocidade e criando problemas para o português Semedo e também para Marcelo em duelos bem definidos com as equipes atuando no 4-3-3. Em times com forte trabalho coletivo, os jovens ponteiros eram os escapes, as referências de aceleração e também de uma mudança na rotação do jogo. Dribles para fora buscando o fundo ou para dentro batendo com o pé trocado. O destro Vinícius pela esquerda e o canhoto Malcom à direita.

Impossível não lembrar de Pep Guardiola elogiando Douglas Costa no Bayern de Munique, mas deixando claro que sua função seria basicamente a mesma que o alemão Leroy Sané executa hoje no Manchester City: o ponteiro que aguarda a bola no jogo de posição, normalmente em inversões, para interferir em dois toques: um “tapa” para fora e em seguida o cruzamento ou finalização.

Não é por acaso que os treinadores dos principais centros costumem optar pelos pontas brasileiros para missões bastante específicas. Explosão, mudança de direção e rapidez para dar profundidade aos ataques. Mas sem tanta participação coletiva. Porque os demais normalmente levam vantagem na leitura completa do jogo.

Vinícius Júnior e Malcom poderiam ter se destacado ainda mais no maior clássico espanhol e do planeta se não tomassem as decisões sem olhar o todo, erguer a cabeça. Ambos desperdiçaram bons contragolpes com opções limpas de passe para a conclusão. No gol de Malcom, a bola resvalou em Carvajal e entrou, mas podia ter saído. Quando Vinícius foi menos afobado encontrou Benzema às costas de Jordi Alba e seu time foi às redes.

Podem evoluir com o tempo, obviamente. Não só pelos três anos a menos, mas Vinícius, com 18 anos, parece ter mais lastro e também ser capaz de mais lances espetaculares. Ambos, porém, carecem de refinamento no acabamento das jogadas. Tomar a melhor decisão e executá-la com precisão. De todas as promessas brasileiras, a que parece ter mais técnica e inteligência é Rodrygo, ainda que seja menos desequilibrante nas jogadas individuais.

Acima de todos ainda está Neymar. Aos 18 ou aos 21 já sabia antever os movimentos e levantar a cabeça para mirar o gol ou um companheiro melhor colocado. Óbvio que a primeira temporada no Barcelona em 2013 não foi fácil pela necessidade de se adaptar ao modelo de jogo do clube, num período complicado sob o comando de Tata Martino. Mesmo com visão de jogo não era fácil pensar coletivamente quando desde sempre foi ensinado a partir para cima e resolver sozinho.

Aos 27, Neymar é mais armador, pensa melhor as jogadas. Na seleção ainda peca por achar que precisa definir todas. Uma espécie de retorno ao nosso futebol tantas vezes visto como tênis ou qualquer esporte individual. Mas mesmo quando dribla ele percebe o entorno. É o que falta a Vinicius e Malcom. Talvez desenvolvam com o tempo e construam carreiras até mais gloriosas, mas provavelmente faltará a chama do craque genial. Do diferente. Do que faz sem conseguir explicar. Simplesmente sabe. Neymar sabe, mesmo sem compreender outras tantas coisas fora de campo. Imagine se entendesse…

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O Real Madrid protocolar e burocrático é suficiente no Mundial de Clubes http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/19/o-real-madrid-protocolar-e-burocratico-e-suficiente-no-mundial-de-clubes/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/12/19/o-real-madrid-protocolar-e-burocratico-e-suficiente-no-mundial-de-clubes/#respond Wed, 19 Dec 2018 18:23:51 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5681 Quando Cristiano Ronaldo e Zinedine Zidane deixaram o Real Madrid logo depois do tricampeonato da Liga dos Campeões a impressão era de que Florentino Pérez incendiaria o mercado renovando o elenco com as contratações necessárias e usando jogadores multicampeões, mas com ciclo aparentemente encerrado no clube, como moedas de troca milionárias.

Mas a constatação de que a continuidade ajudou o clube a construir a sequência de títulos fez com que a movimentação fosse tímida. Florentino foi atrás de Julen Lopetegui na seleção, e criou uma crise enorme pouco antes da Copa do Mundo, e efetivou Gareth Bale como parceiro de Benzema no ataque merengue. Na meta, a grife de Courtois no lugar de Keylor Navas.

A rigor, mais do mesmo. Tanto na formação em campo como na questão anímica. Como extrair novamente o melhor de um time que já entregou e ganhou tudo, sem o comandante que mobilizou o grupo e a máquina de gols, recordes e motivação?

Eis o calvário do Real Madrid na temporada. Ainda com muita qualidade, mas sem chama, brilho nos olhos. Um clichê que no caso dos merengues é claro demais. Por isso a campanha cheia de oscilações e derrotas vergonhosas como os 3 a 0 para CSKA e Eibar e os históricos 5 a 1 impostos pelo Barcelona. Lopetegui caiu e a escolha foi por nova solução caseira: Santiago Solari. Nada impactante.

Se no mais alto nível o Real parece estagnado, um tanto sonolento, no Mundial de Clubes o futebol protocolar é mais que suficiente para se impor. Pelo menos na semifinal contra o Kashima Antlers o time sobrou jogando em ritmo de treino.

A equipe japonesa tentou impor alguma resistência com duas linhas de quatro bem coordenadas e arriscando em contragolpes e jogadas aéreas com bola parada ou rolando. Mas desta vez não havia Shibasaki, estrela da edição do torneio em 2016 que marcou dois gols na final contra o mesmo Real e hoje atua no Getafe.

Os campeões asiáticos conseguiram um mínimo de equilíbrio até a tabela entre Marcelo e Bale concluída com precisão pelo galês, que atuou pela esquerda na variação de 4-3-3 para as duas linhas de quatro que tinha Lucas Vázquez fazendo todo o corredor pela direita.

No segundo tempo, desconcentração total dos japoneses. Duas falhas grotescas dos defensores do Kashima no mesmo lance deram o segundo a Bale. Depois nova assistência de Marcelo, triplete do galês. Como de hábito, porém, Marcelo errou no posicionamento defensivo e Shoma Doi aproveitou para marcar o gol único. Mesmo com o “guardião” Casemiro saindo do banco para ganhar minutos. Os 3 a 1 ficaram adequados para o que foi o jogo.

Favoritismo absoluto e óbvio na final contra o Al Ain. Até porque não haverá o fator surpresa que fez sangrar o River Plate. O tricampeonato inédito  – quarto no formato FIFA e o sétimo incluindo as disputas intercontinentais – deve ser uma simples formalidade, como já virou rotina. No Mundial, o Real Madrid sobra quase sem querer.

 

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No clássico sem os gênios, Lopetegui erra e Suárez comanda “la manita” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/28/no-classico-sem-os-genios-lopetegui-erra-e-suarez-comanda-la-manita/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/10/28/no-classico-sem-os-genios-lopetegui-erra-e-suarez-comanda-la-manita/#respond Sun, 28 Oct 2018 17:18:13 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5412 Desde 2007 não havia um Barcelona x Real Madrid sem Messi e Cristiano Ronaldo em campo. Foi estranho não ver no Camp Nou os gênios que por onze anos atraíram os olhos do mundo. Mas o jogo foi histórico apesar das enormes ausências.

Porque o Barça sobrou no primeiro tempo com Arthur novamente ditando o ritmo e “escondendo” a bola. Atacando pelo lado que tem profundidade: o esquerdo, com Jordi Alba voando. Mesmo sem as inversões de Messi. O planeta bola conhece a jogada, mas Julen Lopetegui parece não ter percebido.

Deixou Nacho solitário pela direita, sem o auxílio de Bale ou Modric nem a cobertura rápida de Varane, e ainda com linhas adiantadas. No primeiro passe longo de Rakitic, um dos destaques da partida, Alba disparou, olhou para trás e serviu Philippe Coutinho.

Com a desvantagem, o time merengue adiantou ainda mais as linhas tentando pressionar a marcação e sem corrigir o problema pela direita. Alba infiltrou mais três vezes. Na última passou para Suárez, que foi derrubado por Varane. Pênalti marcado com auxílio do VAR. O próprio uruguaio fez 2 a 0 com uma batida de manual, na bochecha da rede para não dar chances a Courtois, que acertou o canto.

Lopetegui corrigiu o erro, que não é mérito nenhum, na volta do intervalo. Trocou Varane por Lucas Vázquez, que foi jogar na lateral direita. Nacho foi para a zaga fazer dupla com Casemiro, que recuou e mandou Sergio Ramos para fazer um lateral zagueiro à esquerda liberando Marcelo como ponteiro.

Ernesto Valverde e seus comandados demoraram a assimilar a mudança. Porque o lado de Alba que atacava foi obrigado a defender. Vázquez apoiava e Isco e Bale alternavam na ponta. Em jogada pela direita, o gol de Marcelo para equilibrar as forças. O Real teve bola na trave e boas oportunidades para empatar.

Não aproveitou e o Barça ajustou a marcação. Também descobriu que a mudança no rival criou um buraco pela esquerda, entre Marcelo e Sergio Ramos, que foi bem explorado por Sergi Roberto. Primeiro como lateral, depois como ponteiro quando Nelson Semedo substituiu Rafinha, que tentou jogar às costas do meio-campo adversário, mas cometeu muitos erros técnicos.

Duas assistências de Roberto, gols de Suárez para resolver o jogo. No final, mais um ataque pela esquerda com o Real já com a guarda baixa e gol de Vidal. Para completar a sequência de seis gols de jogadores sul-americanos. Podia ter sido mais se Suárez não tivesse desperdiçado mais duas chances.

De qualquer forma, o time catalão recupera a liderança da liga espanhola e repete 2010 com a “manita”. Goleada que marcou a trajetória de José Mourinho, mas deu início a uma reformulação no modelo de jogo que terminou na conquista da liga na temporada seguinte. Será que Lopetegui terá tempo para fazer a equipe reagir? Neste momento parece improvável.

 

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Marcelo: rei do “freestyle”, mas ponto fraco da defesa do Real e da seleção http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/28/marcelo-rei-do-freestyle-mas-ponto-fraco-da-defesa-do-real-e-da-selecao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/09/28/marcelo-rei-do-freestyle-mas-ponto-fraco-da-defesa-do-real-e-da-selecao/#respond Fri, 28 Sep 2018 12:12:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5277

Foto: Getty Images

Marcelo é um dos maiores e melhores laterais da história do futebol mundial. Não, isto não é um elogio introdutório para depois descarregar nas críticas sugeridas no título deste post. Apenas um reconhecimento até óbvio.

Quatro títulos de Liga dos Campeões entre outras muitas conquistas pelo Real Madrid e várias premiações individuais. Jogador que costuma crescer em partidas decisivas, forte personalidade. Figura marcante que ajuda a intimidar os rivais.

Acima de tudo, técnica e habilidade impressionantes. Controle de bola absurdo. Faz o que quer. Imagens de treinos da seleção e do clube rodam o mundo com seus domínios geniais. O mais incrível quando “esconde” a bola embaixo do pé seja lá de que forma a bola seja lançada. Impressionante!

Sem dúvida, o rei do “freestyle” no futebol profissional de mais alto nível. Talvez superior até a Messi, outro fenômeno que faz o que quer com a pelota.

Mas aos 30 anos o tempo começa a pesar, assim como alguns problemas na formação do jogador. Não do Fluminense, nem de Marcelo, mas do futebol brasileiro no período em que ele passou pelas divisões de base, no início dos anos 2000. Lateral aprendia a ser ala. Se fosse técnico, habilidoso e rápido ficava aberto e só se preocupava em atacar. Um volante ou terceiro zagueiro que se virasse para cobrir.

Marcelo evoluiu defensivamente nesses quase 12 anos na Europa, mas a formação capenga neste aspecto e mais uma certa autossuficiência pela carreira que construiu e moral que tem diante de companheiros e adversários, além da nítida e natural queda de desempenho, justamente no momento em que o jogo exige vigor para atuar em intensidade máxima, estão cobrando um preço bem alto.

Ainda mais numa temporada com  “ressacas” importantes: a partida do grande amigo Cristiano Ronaldo para a Juventus, além da saída de Zidane; o tricampeonato da Champions, quatro em cinco temporadas, que transfere aquela impressão de que o auge passou, a história já foi escrita…e agora? Falta a Copa do Mundo pela seleção brasileira, mas perdeu a chance na Rússia e o Mundial do Qatar é uma grande incógnita. Será que consegue chegar lá ainda capaz de ser competitivo?

A julgar pela atuação catastrófica na derrota do time merengue fora de casa por 3 a 0 para o Sevilla na quarta feira será bem complicado. Marcelo foi o ponto fraco da defesa com falhas seguidas de posicionamento, confronto direto, cobertura. O “mapa da mina” bem explorado pelo adversário, com Jesus Navas e quem mais apareceu pelo setor.

Méritos do time da Andaluzia, que soube aproveitar com intensidade e velocidade os muitos espaços cedidos pelo lateral e até seus raros erros técnicos, como o passe que tentou para Casemiro em uma zona pressionada e a bola roubada terminou num contragolpe de manual completado por André Silva. No segundo do atacante português foi constrangedor vê-lo tentando acompanhar a velocidade do adversário, desistir e permitir a conclusão no rebote. Ainda assistiu a Ben Yedder infiltrasse às suas costas para marcar o terceiro. Correu tanto querendo compensar as falhas que acabou lesionando a panturrilha na segunda etapa.

Sim, foi apenas a primeira derrota do Real Madrid no Espanhol. A preparação para o jogo também ficou comprometida pela cerimônia do Prêmio “The Best” da FIFA dois dias antes com a presença de vários madridistas. Mas um forte sinal de alerta. Porque Julen Lopetegui é da típica escola espanhola, mais ligada ao Barcelona. Gosta de linhas adiantadas, posse de bola, jogo de posição. O antecessor, Zinedine Zidane, combinava o estilo francês com o italiano, já que foi auxiliar e é discípulo confesso de Carlo Ancelotti.

Por isso a primeira providência ao suceder Rafa Benítez foi promover Casemiro a titular absoluto. A dinâmica pela esquerda era Marcelo com liberdade, Sergio Ramos fazendo a cobertura e o volante brasileiro fechando o centro da área. Agora o time fica mais adiantado e essa recomposição está mais lenta, até porque Sergio Ramos, aos 32 anos, também sente o impacto da passagem do tempo. É muito campo para cobrir!

Na seleção de Tite, os cuidados defensivos também protegem o setor esquerdo, praticamente com o mesmo trabalho. O zagueiro pela esquerda faz a cobertura e o mesmo Casemiro repete o posicionamento do clube. Mas quando faltou o volante titular nas quartas de final da Copa contra a Bélgica e o substituto, Fernandinho, entrou em pane mental depois do gol contra que abriu o placar, o lado esquerdo virou “atalho”. Contragolpe, passe de Lukaku para De Bruyne pela direita com Marcelo mal posicionado na transição defensiva e o chute forte que Alisson não segurou.

É óbvio que o desastre no Ramón Sánchez Pizjuán pode ser um ponto fora da curva e o Real se recuperar na temporada. Com novas compensações para proteger o setor esquerdo. Questão de ajuste. O principal segue lá: talento e experiência. Mas o futebol em rotação cada vez mais alta será um complicador.

Talvez fosse o caso de pensar numa mudança natural para o meio-campo, ainda que a concorrência com Modric e Kroos seja cruel. Repetir os passos de Júnior, craque do Flamengo e da seleção nos anos 1980 que saiu da lateral para se transformar no “Maestro” que conduziu Torino e Pescara na Itália para voltar ao rubro-negro em 1989 e comandar a equipe em outras grandes conquistas. Semelhanças na qualidade absurda com a bola, mas também nos problemas sem a bola.

Crítica que não é novidade, nem invenção deste blogueiro. Marcelo “El Loco” Bielsa, quando participou de um evento na CBF com Tite e Fabio Capello no ano passado, afirmou na presença do treinador da seleção brasileira: “Filipe Luis defende três vezes mais que Marcelo, muito mais. E você escala o Marcelo…” A Copa mostrou que ele não estava errado.

Marcelo merece todo respeito e este texto não tem viés pejorativo, nem oportunista. A ideia não é sugerir que ele nunca foi tudo isso, muito menos usar uma atuação ruim para afirmar que ele está acabado. Apenas um contraponto aos muitos elogios que recebe pela habilidade e técnica raríssimas. Só que no futebol atual não são o suficiente para um defensor de uma equipe de ponta. Muito menos jogando numa retaguarda tão adiantada.

O Sevilla soube explorar e saiu com uma vitória inquestionável, construída ainda no primeiro tempo. Fica a lição.

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Gol contra e “pane” de Fernandinho pesaram mais que a mudança de Martínez http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/08/gol-contra-e-pane-de-fernandinho-pesaram-mais-que-a-mudanca-de-martinez/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/07/08/gol-contra-e-pane-de-fernandinho-pesaram-mais-que-a-mudanca-de-martinez/#respond Sun, 08 Jul 2018 05:00:56 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4869 Tostão costuma dizer em suas colunas que o futebol muitas vezes é mais simples e tem seus desdobramentos movidos muito mais por aleatoriedades e acasos do que propriamente por algo planejado ou pela estratégia dos treinadores.

Este blogueiro já desconfiou mais desta tese, mas quanto mais vê o jogo acontecer mais passa a crer nesta visão de quem esteve lá dentro e tem inteligência e sensibilidade para perceber os detalhes que muitas vezes escapam aos nossos olhos.

Em todo mundo pululam análises da vitória da Bélgica sobre o Brasil que carregam como elemento central o fator surpresa da formação de Roberto Martínez num 4-3-3 com Lukaku pela direita, De Bruyne como “falso nove” e Hazard à esquerda. Um tridente ofensivo que não voltava na recomposição e ficava pronto para as saídas em velocidade. Sem dúvida algo incômodo e inesperado para Tite e seus comandados. Mas será que foi tão decisivo assim?

A dúvida ao rever a partida com mais serenidade e distanciamento nasce pelo fato de que até os 13 minutos de jogo em Kazan o que se via eram duas equipes tensas e ainda se adequando ao novo cenário. O Brasil saía do plano inicial, mas a Bélgica também tinha adaptações a fazer, como voltar a se defender com quatro homens atrás depois de vários jogos com linha de cinco. Mas principalmente se fechar apenas com sete jogadores e tendo Fellaini e Chadli como elementos novos e com funções diferentes das executadas na virada sobre o Japão.

O problema era o lado direito, com Meunier contando com o apoio de Fellaini e a cobertura de Alderweireld contra Marcelo, Philippe Coutinho e Neymar. Pouco. Por ali a seleção brasileira criou espaços e conseguiu o escanteio cobrado por Neymar aos oito minutos. Desvio de Miranda e Thiago Silva, meio no susto, acertando a trave direita de Courtois.

Até os 13, a Bélgica encontrou, sim, espaços às costas do meio-campo brasileiro que também tentava se ajeitar com a entrada de Fernandinho na vaga de Casemiro. Plantado à frente da defesa no 4-1-4-1 habitual de Tite. Desta maneira que saiu o escanteio. Passe do De Bruyne, chute de Fellaini.

Assim como ficou claro em outros momentos do jogo, Martínez trabalhou a cobrança na primeira trave. Sabia das fragilidades da retaguarda adversária na bola aérea. Mas Kompany não conseguiu desviar o centro de Chadli. O gol contra foi de Fernandinho.

Logo ele. Personagem central da sequência de gols alemães no 7 a 1 do Mineirão. Foi nítido o efeito devastador na força mental do volante. A concentração tão exigida por Tite havia caído por terra. Não só do jogador do Manchester City, mas da defesa que ficou desguarnecida. Que já tinha um ponto sensível com Fagner no mano a mano com Hazard. Neste cenário, a ausência de Casemiro se fez mais impactante. E a presença de Marcelo, retornando depois de duas partidas com Filipe Luís como titular, mais desnecessária pelos espaços que deixava às suas costas. O sistema de cobertura com Miranda saindo e o volante fechando a área se perdeu.

Abalado também por ficar em desvantagem pela primeira vez no torneio, o time verde e amarelo sofreu contragolpes seguidos, mas o do segundo gol, curiosamente, não teve Lukaku à direita e De Bruyne centralizado. O centroavante buscou a bola no centro e arrancou deixando Paulinho para trás. Sem confiança e força física para a disputa, Fernandinho ficou pelo caminho. Marcelo optou por fechar o “funil” e deixou todo o lado direito para Meunier e De Bruyne, que acertou um petardo na bochecha da rede.

O resto é história, inclusive a pressão brasileira que poderia ter resultado no empate ou até na virada. Com a Bélgica mantendo a estratégia e sofrendo demais para sustentar a vantagem. A equipe de Tite corrigiu o setor defensivo, Miranda ganhou todas de Lukaku e ofensivamente teve volume e espaços para criar e finalizar. Os europeus se reduziram à luta e às defesas de Courtois. A mais espetacular em chute com efeito de Neymar. Renato Augusto e Coutinho perderam chances com liberdade e de frente para o gol. Acabou sendo a diferença no placar das quartas de final.

Nada que tire os méritos da Bélgica semifinalista. Aproveitar as instabilidades do oponente também é virtude e decide jogos. Ainda mais os eliminatórios, tantas vezes definidos pelas individualidades e pelo componente emocional.

Por isso a dúvida que ficará para sempre. O que matou o Brasil: o gol contra de Fernandinho que tirou confiança do volante e escancarou a defesa ou a surpreendente mudança de Martínez? Pelo visto, a história das Copas do Mundo já escolheu a versão mais sedutora: o inesperado. Ou o “nó tático”.

Este que escreve, mesmo valorizando a tática e a estratégia, tende a seguir a lógica de Tostão desta vez, ainda que o campeão mundial em 1970 tenha colocado os dois fatores na balança em sua análise e dado ênfase à ausência de um talento como De Bruyne no meio-campo brasileiro, o que também é uma visão mais que respeitável.

É díficil, porém, não colocar a bola que bateu em Thiago Silva e não entrou e a que Fernandinho jogou contra a meta do companheiro Alisson como os verdadeiros momentos chaves de mais uma eliminação brasileira em Mundiais.

 

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As boas respostas brasileiras no ótimo teste final contra a Áustria http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/10/as-boas-respostas-brasileiras-no-otimo-teste-final-contra-a-austria/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/10/as-boas-respostas-brasileiras-no-otimo-teste-final-contra-a-austria/#respond Sun, 10 Jun 2018 15:55:18 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4686 A seleção austríaca chamava atenção antes do amistoso em Viena pelas sete vitórias seguidas, inclusive sobre a Alemanha. E tinha a utilidade de ser mais uma experiência da seleção de Tite contra a linha de cinco na defesa.

Mas a Áustria apresentou mais que isto no primeiro tempo. Especialmente a pressão na saída de bola em vários momentos e uma jogada que não resultou em gols, mas mostrou que pode ser, ou continuar sendo, um problema para o Brasil: a jogada de Alaba buscando o fundo pela esquerda e cruzando na segunda trave procurando Arnautovic na zona de Marcelo, mais baixo e com suas habituais dificuldades de posicionamento. O ala Lainer também conseguiu algumas infiltrações nas costas do lateral esquerdo.

Defensivamente a resposta brasileira foi a concentração e a atuação segura de Thiago Silva, Miranda e Casemiro. Compensando também Danilo, ainda hesitante tanto no posicionamento atrás quanto no apoio por dentro, deixando Willian mais aberto. Assim como a pressão logo após a perda da bola. Com um pouco menos de intensidade por conta da proximidade da Copa do Mundo.

Na frente, a dificuldade para infiltrar com tabelas, triangulações e ultrapassagens diante de um sistema defensivo postado. Mesmo sem Fernandinho e com Coutinho por dentro na linha de meias do 4-1-4-1. O mérito foi trabalhar com paciência, sem se desorganizar. E encontrar nos chutes de fora da área e nas bolas paradas as soluções para furar o bloqueio. Tentou com Casemiro e Philippe Coutinho. Thiago Silva errou a cabeçada na cobrança de escanteio de Neymar.

Na jogada individual do camisa dez que sobrou para Paulinho, a melhor chance até Marcelo arriscar de longe no rebote de um escanteio e, na dúvida da arbitragem se a bola bateu em Sebastian Prödl ou o zagueiro interferiu no lance, Gabriel Jesus finalizou com estilo, marcando seu décimo gol com a camisa verde amarela.

Pronto. Problema resolvido. Com a vantagem, a Áustria se abriu e, com espaços, o Brasil é letal nas transições ofensivas. Ainda mais com Neymar solto, com fome e inspirado. Linda jogada pessoal no segundo gol, já na segunda etapa. Outro contragolpe e o terceiro com Coutinho.

Podia ter saído mais com o clima mais de amistoso depois das substituições e da Áustria jogando a toalha. Mas não era hora de forçar nada, mesmo para os reservas querendo mostrar serviço. Tite já tinha suas respostas. Dentro do contexto das favoritas evitarem se enfrentar tão próximo do Mundial, foi o melhor teste possível. Para efetuar as últimas correções e, principalmente, definir a maneira de enfrentar adversários fechados.

Deve ser a tônica na primeira fase. E o Brasil mostrou que não está no auge, nem é hora para isto. Mas está pronto para iniciar a trajetória na busca do hexa.

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Seis lições que o Real Madrid deixa para as seleções da Copa do Mundo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/29/seis-licoes-que-o-real-madrid-deixa-para-as-selecoes-da-copa-do-mundo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/29/seis-licoes-que-o-real-madrid-deixa-para-as-selecoes-da-copa-do-mundo/#respond Tue, 29 May 2018 03:07:08 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4654

Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

Sergio Ramos à parte – ou aproveitando apenas o melhor de um dos grandes zagueiros do futebol mundial -, o Real Madrid impõe com o tricampeonato e os quatro títulos nas últimas cinco edições uma supremacia única na Era Champions League do maior torneio de clubes do mundo. Tempos em que clubes são maiores que as seleções, ainda que a Copa do Mundo siga imbatível no tamanho e na repercussão, até por acontecer com menos frequência.

O time de Zinedine Zidane ganhou três Ligas dos Campeões e apenas uma liga espanhola. É de mata-mata. Ou só de “mata”, como provou nas finais que venceu. Como será para as seleções no Mundial da Rússia a partir das oitavas de final. Por isto o blog destaca seis lições que esta equipe deixa para os países envolvidos, especialmente o grupo de favoritos:

1 – Todo pecado será castigado

Errar contra o Real costuma ser letal. Até rimou. Mas tem sido assim. É um time que não perdoa vacilos. PSG, Juventus, Bayern de Munique e Liverpool. Todos tiveram períodos de domínio ou de equilíbrio e sucumbiram em falhas, individuais ou coletivas. Assim também nas outras duas conquistas. Já os equívocos dos merengues não foram aproveitados com a mesma competência. Em 180 minutos, imagine em, no máximo, 120 a importância de minimizar erros. A precisão, como sempre, será fundamental.

2 – A força da mente

O gigante de Madri se alimenta de confiança que proporciona conquistas que aumentam a força mental. Para sair de situações complicadas e também atropelar quando o oponente baixa a guarda. Tantas vezes a desorganização dos setores em campo foi compensada com uma autoridade que intimida. Até os árbitros, diga-se. Mas não deixa de ser um mérito. Tantas vitórias transmitem a certeza de que no fim tudo terminará bem e joga a insegurança natural em um jogo grande para o outro lado.

3 – O talento é fundamental

Zidane foi um dos maiores jogadores da história do esporte. Tinha um talento especial que quando foi potencializado pelo coletivo produziu maravilhas nos gramados do planeta. Como treinador manteve esta convicção e explora o melhor de seus atletas. Porque uma bicicleta de Cristiano Ronaldo, um voleio de Bale, uma assistência de Kroos e um drible de Marcelo podem desmoronar qualquer modelo de jogo. Ainda que nenhum país consiga reunir craques como os clubes bilionários, quem tem qualidade deve explorá-la muito bem.

4 – A melhor notícia é não ter novidades

Os mesmos onze titulares em duas finais de Liga dos Campeões. Só o Real Madrid conseguiu. E a base mudou bem pouco desde 2014. O entrosamento também foi um trunfo. Para jogar ao natural, “de memória”. No universo de seleções é ainda mais importante, pela impossibilidade do trabalho diário ao longo das temporadas. Não por acaso, Espanha e Alemanha venceram os últimos mundiais usando Barcelona e Bayern de Munique como bases. A renovação é inevitável, mas quanto menos mexer durante a Copa, melhor.

5 – Fase de grupos não diz muita coisa

Nas últimas duas conquistas, o Real não terminou na liderança do seu grupo na primeira etapa do torneio continental. Ficou atrás do Borussia Dortmund em 2016 e do Tottenham no ano passado. Ainda que a Copa não tenha a pausa de dois meses, nem sorteio de confrontos, a lógica segue a mesma: jogos eliminatórios são de outra natureza, envolvem outras valências e a tradição costuma contar muito. No universo das seleções, com seu grupo seleto de campeões mundiais, mais ainda. Fase de grupos é para se classificar.

6 – Serenidade e simplicidade no comando

Se há algo para Pep Guardiola, sempre pilhado demais na Champions, e outros treinadores pelo mundo devem aprender com Zidane é que num ambiente que já carrega pressão descomunal por envolver paixão e muito dinheiro, quanto mais calma o comando passar, melhor. E mesmo quando promove variações táticas ou na proposta de jogo, o treinador merengue faz com simplicidade, para que os atletas entendam e executem. Sem chamar para si os holofotes. Até porque não há revolução a ser feita numa Copa do Mundo. É jogar com calma e atenção nos detalhes.

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