nene – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 “Balanço” do Fluminense machuca o Flamengo, mas erros cobraram preço alto http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/13/balanco-do-fluminense-machuca-o-flamengo-mas-erros-cobraram-preco-alto/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/13/balanco-do-fluminense-machuca-o-flamengo-mas-erros-cobraram-preco-alto/#respond Mon, 13 Jul 2020 04:21:58 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8761

Foto: Ayson Braga / Brazil Photo Press / Folhapress

O Flamengo teve 59% de posse de bola e as mesmas seis finalizações no alvo do Fluminense no primeiro clássico da decisão do Carioca. Mas o número total de finalizações deixa claro que os rubro-negros, outrora favoritos absolutos, sofreram muito apesar da vitória por 2 a 1 no Maracanã. Foram 13 tricolores e nove do rival.

A maioria no segundo tempo de ampla superioridade da equipe de Odair Hellmann no trabalho coletivo. Organização defensiva, pressão no adversário com a bola e rápidas transições ofensivas. Usando as inversões de jogo como grande arma para sair da pressão na construção do contragolpe e também para castigar a última linha defensiva do Fla.

Da direita para esquerda, principalmente. Pegando Egídio, Marcos Paulo e às vezes até Dodi contra Rafinha. Chegando ao fundo, bola para trás ou invertendo novamente para pegar um companheiro nas costas de Filipe Luís, centralizado na diagonal de cobertura.

Jogada que foi mais difícil de ser realizada no primeiro tempo, já que o Flamengo, depois de um bom começo tricolor, se instalou no campo de ataque e, mais adaptado às mudanças de Jorge Jesus, conseguiu se impor. Com Rafinha atacando e se juntando a Vitinho, obrigando Marcos Paulo a recuar e o Flu perder a referência de velocidade pelo lado, já que Nenê do lado oposto é menos rápido e intenso.

Trocando passes e criando espaços às costas de Hudson, o volante entre as linhas de quatro do 4-1-4-1 repetido por Hellmann, o Fla encontrou soluções para colocar no jogo Diego e Pedro – novidades nas vagas de Gerson, que começou no banco, e Bruno Henrique, poupado por dores musculares. Inicialmente, a marcação adiantada do Flu complicava a circulação de bola mais lenta com Diego e menos velocidade para atacar espaços às costas da defesa adversária com a presença de Pedro ao lado de Gabigol.

Até uma rápida troca de passes pegar Diego livre para servir Pedro, também com liberdade para abrir o placar. Erro de Gilberto, que saiu para “caçar” e desmontou a última linha. O primeiro erro letal no clássico decisivo.

A vantagem fez o Fla diminuir a intensidade. Difícil saber se é uma oscilação natural pela sequência de jogos, preocupação pela incerteza da permanência de Jorge Jesus ou simplesmente a falta da simbiose com a torcida ausente no estádio. Gabigol parece o mais afetado, sem a eletricidade de outros momentos apesar da evolução na leitura de jogo que tem permitido mais assistências que gols nesta volta. Parecia disperso, apenas uma finalização que fez Muriel trabalhar nos primeiros 45 minutos.

O Flu seguiu apostando em inversões. Um “balanço” que castigava a defesa rival, especialmente os laterais veteranos, e criava chances. Até Egídio cruzar, Gustavo Henrique – outra novidade no lugar de Léo Pereira – ficar olhando e Evanilson empatar. Rápido desmarque do atacante, mas também vacilo do zagueiro.

Foi a senha para Jesus mandar a campo Everton Ribeiro e Gerson, mais Michael para ganhar velocidade e improviso. Não melhorou muito e o Fluminense seguiu superior, apesar do início do cansaço. Yago Felipe e Dodi se multiplicavam na marcação e no apoio aos atacantes. Mas veio a falha decisiva.

Lançamento longo, Egídio hesita na disputa em velocidade com Gabigol, que liga o “turbo” e só para na assistência para Michael marcar o gol da vitória. Contragolpe isolado de um Flamengo diferente, sem o “punch” de antes. Mas ainda o melhor elenco do país e do continente que não perdoa erros bobos.

O Flu falhou atrás e não foi eficiente no ataque, também pelas boas defesas de Diego Alves. Goleiro que segurou o jogo no final porque desta vez as substituições de Hellmann mantiveram o ritmo e o perigo na frente. Especialmente Fernando Pacheco e Caio Paulista. Jesus ainda trocou Pedro por Pedro Rocha e apelaria até para três zagueiros com Léo Pereira entrando na vaga de Gabigol.

Mas Wagner Magalhães interpretou a demora do camisa nove rubro-negro para sair de campo como antijogo e aplicou o segundo amarelo expulsando o atleta que fica de fora da segunda partida. Um exagero “compensado” pelo pouco tempo de acréscimo depois da confusão.

Vitória que deixa o Flamengo mais perto do título, porém a atuação inconstante é mais um sinal de alerta. Algo não está funcionando na mecânica de jogo. Além dos méritos inegáveis do Flu, que vai complicando muito mais que o esperado. Mas para vencer e virar a história do avesso na quarta o tricolor não poderá errar tanto.

(Estatísticas: SofaScore)

 

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Volta de Fred ao Flu vale pelo ídolo, mas pode repetir “flop” de Ronaldinho http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/06/volta-de-fred-ao-flu-vale-pelo-idolo-mas-pode-repetir-flop-de-ronaldinho/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/06/volta-de-fred-ao-flu-vale-pelo-idolo-mas-pode-repetir-flop-de-ronaldinho/#respond Sat, 06 Jun 2020 07:00:05 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8606

Foto: Lucas Merçon / Fluminense

O retorno de Fred ao Fluminense teve “tour solidária”, com o ídolo tricolor pedalando e arrecadando doações em tempos de pandemia. Mesmo aos 36 anos e sendo um dos personagens do rebaixamento do Cruzeiro, o atacante ainda desfruta de visibilidade e gera repercussão e engajamento.

Neste sentido é válido para o clube carioca. A mobilização da torcida em torno do maior artilheiro do clube no século, campeão brasileiro em 2010 e 2012 e referência de 2009 a 2016 pode ser fundamental em um momento de crise sem precedentes no futebol nacional. A iniciativa do jogador de receber dois salários mínimos até o início do Brasileiro e o plano do Flu de torná-lo um embaixador do clube também são positivos. Mesmo em um contexto de salários atrasados e complexo cenário econômico.

A grande questão é como vai se dar o encaixe do centroavante na equipe comandada por Odair Hellmann. Um Fluminense que se ajustava no início da temporada combinando a criatividade e a experiência de Nenê com a rapidez e a intensidade de Wellington Silva, Marcos Paulo e Fernando Pacheco pelos flancos e Evanilson no centro do ataque. Muitas vezes com o centroavante voltando para ajudar sem bola e Nenê “descansando”. Ganso seria a reposição a Nenê, mas numa função mais de organização no meio que criação no ataque.

Odair inicialmente deve encaixar Fred na frente com Nenê por trás em um 4-2-3-1. A solução, porém, tende a sacrificar os ponteiros, que terão que voltar sem bola para formar uma linha de quatro com os dois volantes – Henrique, Hudson e Yago Felipe disputam as vagas. Necessidade da equipe, até porque os laterais Gilberto e Egídio não são exatamente exímios defensores.

Ou colocar muita intensidade na pressão logo após a perda da bola. O problema é que eles também serão a referência de velocidade e de profundidade para atacar os espaços às costas da defesa adversária. Fred faz a parede, Nenê lança e quem infiltra? Aquele que fez pressão no oponente ou veio de trás porque estava protegendo as laterais.

Uma formação possível do Fluminense com Fred: 4-2-3-1 com Nenê ganhando liberdade e os dois sacrificando os ponteiros que precisam recompor, pressionar e ainda acelerar e buscar os espaços às costas da defesa adversária (Tactical Pad).

É o dilema de escalar dois jogadores mais lentos e menos intensos na frente. A mesma dificuldade que o próprio Fluminense enfrentou em 2015 para encaixar Ronaldinho Gaúcho. Outro que mobilizou e atraiu holofotes para o clube, mas entregou pouco no campo. Não só pelas próprias dificuldades de se manter concentrado e disposto a competir, mas porque o ajuste do time para abrigar o talento do novo camisa dez ao lado de Fred comprometeu o trabalho coletivo.

Enderson Moreira e Eduardo Baptista tiveram que exigir de jogadores como Marcos Júnior, Osvaldo, Gustavo Scarpa e Cícero um esforço hercúleo para defender e atacar com intensidade máxima, quase de uma linha de fundo à outra. Uma missão inglória no futebol atual, que já exige demais fisicamente com todos se entregando. Imagine precisando compensar dois homens.

Se houver compreensão com a necessidade de rodar o elenco, Odair pode mudar a equipe, colocar estrelas no banco e utilizá-las em momentos específicos. As cinco substituições agora permitidas podem ajudar. E a combinação de juventude e experiência é sempre saudável na formação de uma equipe.

Mas o risco de “flop” existe. Mesmo para um ídolo como Fred, que parece feliz e motivado. Bom para ele, vejamos se será positivo também para o Fluminense onde mais importa: no campo.

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Fluminense vence mistão do Vasco. Trabalho de Abel agora é indefensável http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/15/fluminense-vence-mistao-do-vasco-trabalho-de-abel-agora-e-indefensavel/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/15/fluminense-vence-mistao-do-vasco-trabalho-de-abel-agora-e-indefensavel/#respond Sun, 15 Mar 2020 23:52:16 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8166 Primeiro Abel Braga alegou que não arriscaria seus titulares sem ritmo contra o time sub-23 do Flamengo. Perdeu por 1 a 0. Depois usou o pouco tempo de trabalho como argumento para novamente colocar reservas diante do Botafogo, ainda na Taça Guanabara. Perdeu pelo mesmo placar e sequer chegou às semifinais do turno.

Agora, com as chances do título mais acessível na temporada indo para o ralo e a possibilidade de um último suspiro, chegando ao menos às semifinais da Taça Rio, novamente os reservas contra o Fluminense. Ou time misto, já que Fernando Miguel, Andrey, Raul e Marrony estavam em campo.

O motivo? Poupar a maioria dos titulares pensando na partida de volta da Copa do Brasil, fora de casa contra o Goiás. Com a desvantagem de ter perdido por 1 a 0 em São Januário e a grande probabilidade, confirmada ainda hoje, de que a CBF suspenderia todas as competições nacionais por conta da pandemia do coronavirus.

A campanha ridícula no estadual não permitia esse “luxo” ao Vasco. A menos que desde o primeiro clássico a “estratégia” do treinador fosse tirar a pressão sobre o próprio trabalho, diminuindo as cobranças nos reveses dos clássicos.

Os cruzmaltinos em campo foram, ao menos, dignos. Se esforçaram e tiveram até melhores oportunidades no primeiro tempo morno no Maracanã com portões fechados. Marrony perdeu a melhor delas. O Fluminense de Odair Hellmann deixou espaços entre os setores, cobriu mal o lado de Egídio e poderia ter saído atrás no placar.

Mas no passe de Nenê para Evanilson, o toque por cima do camisa nove para colocar o tricolor na frente. O camisa nove, que dá dinâmica ao ataque com Wellington Silva e Marcos Paulo, poderia ter marcado o segundo ainda antes do intervalo, ou provocado a expulsão do zagueiro Ricardo Graça pela falta com apenas o goleiro à frente do atacante. Só cartão amarelo.

Segundo tempo ainda menos intenso, com Flu administrando e Vasco tentando, mas claramente esbarrando em limitações técnicas. Abel ainda mandou a campo Yago Pikachu e Benítez para reagir, mas não foi suficiente. Os jogadores que vieram do banco do Flu foram mais felizes: chute de Caio Paulista na trave, gol de Fernando Pacheco.

O Fluminense termina a rodada – provavelmente a última antes da “quarentena” e pode ser a derradeira se o calendário brasileiro ficar tão apertado que seja necessário sacrificar os estaduais – com a melhor campanha geral. 24 pontos, dois à frente do Flamengo. A vitória sobre o sub-23 rubro-negro na fase de grupos do turno é a diferença na pontuação. Justamente o que Abel Braga abriu mão lá no início da temporada.

Há uma semana, este blog classificou o trabalho como fraco. Agora é simplesmente indefensável. Frágil no desempenho, inconsequente em algumas decisões e mais infeliz ainda nas declarações públicas. O treinador veterano precisa repensar tudo. Não pode ser responsabilizado por tudo de errado que acontece no Vasco da turbulência política e do caos financeiro, mas deve ser cobrado pelos equívocos em profusão.

Escalar time misto no clássico da vida no Carioca foi só mais um de muitos até aqui. E só estamos em março…

 

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Passeio do Fluminense é a esperança de equilíbrio no Carioca http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/09/passeio-do-fluminense-e-a-esperanca-de-equilibrio-no-carioca/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/09/passeio-do-fluminense-e-a-esperanca-de-equilibrio-no-carioca/#respond Sun, 09 Feb 2020 21:25:40 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7943 O desânimo do Botafogo, eliminado das semifinais da Taça Guanabara com as vitórias de Boavista e Flamengo, não diminui a boa atuação do Fluminense no Maracanã.

Desempenho que passa por um elenco mais completo à disposição de Odair Hellmann e a sequência de jogos para assimilar o modelo de jogo do novo treinador. Apesar da decepção na Copa Sul-americana com o empate em casa por 1 a 1 com o chileno Union La Calera.

O clássico mostrou uma equipe tricolor organizada na saida da defesa, com os volantes Yuri e Henrique dando suporte aos zagueiros  Luccas Claro e Digão para projetar os laterais Gilberto e Egídio no campo adversário.

Nenê com liberdade total para procurar os flancos e acionar a velocidade e a mobilidade do trio Wellington Silva-Evanilson-Marcos Paulo. Também aparecer na frente para marcar os dois primeiros gols que encaminharam os 3 a 0.

O do estreante Wellington Silva completando jogada de Marcos Paulo e Egídio deu a impressão de que, se mantivesse o ritmo, o Fluminense poderia repetir os 7 a 1 do quadrangular final do Carioca de 1994.

Porque o Botafogo de Alberto Valentim adiantava a última linha defensiva, mas não pressionava o adversário com a bola. No estádio, Keysuke Honda deve ter se assustado com o que viu.

O Flu aproveitou com boa técnica e sincronia de movimentos, especialmente pelas pontas. Toques rápidos, ultrapassagens, muita gente pisando na área para finalizar. Inclusive os laterais, atacando por dentro.

Nada excepcional ou revolucionário, mas bem executado. O segundo tempo foi de controle e pensamento no Fla-Flu. Hellmann ainda aproveitou para colocar em campo Paulo Henrique Ganso, que deve mesmo ser a reposição de Nenê no 4-2-3-1, e o peruano Fernando Pacheco, além de Caio Paulista.

Opções para o elenco que se apresenta como a esperança de equilíbrio no estadual. A começar pelo Fla-Flu de quarta-feira, meso com os rubro-negros priorizando a Supercopa do Brasil. Que time Jorge Jesus mandará a campo?

Seja qual for a formação do atual campeão carioca, pode dar jogo no clássico. Porque o Fluminense passeou no fechamento da fase de grupo, sinaliza uma evolução interessante e salta bem à frente de Vasco e Botafogo.

 

 

 

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Fluminense e Odair Hellmann: parceria em busca de identidade http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/20/fluminense-e-odair-hellmann-parceria-em-busca-de-identidade/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/20/fluminense-e-odair-hellmann-parceria-em-busca-de-identidade/#respond Fri, 20 Dec 2019 11:16:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7757

Foto: Mailson Santana / Fluminense

O Fluminense viveu 2019 sob as impressões digitais de Fernando Diniz. O treinador colocou em prática seu modelo de jogo particularíssimo logo no início da temporada e, com os maus resultados no Brasileiro, acabou demitido. O discurso no clube era a necessidade de fazer um jogo mais direto e ser eficiente nas finalizações, maior problema da “Era Diniz”.

Chegou Oswaldo de Oliveira, escolha infeliz da direção, que teve resistência desde o primeiro dia pelas diferenças nos métodos de treinamento e no trato pessoal com os atletas. Não durou muito e Marcão foi de interino a efetivo até o fim da principal competição nacional.

O que se viu em campo foi uma equipe com posse, até pelas características de jogadores como Allan, Caio Henrique, Paulo Henrique Ganso, Nenê e Daniel, porém sendo mais efetiva quando compactava os setores sem bola e acelerava as transições ofensivas com Yonny González. Parecia mais incerteza do que convicção de que a versatilidade era a melhor escolha.

Odair Hellmann foi auxiliar técnico de Rogério Micale na conquista do ouro olímpico no Rio de Janeiro em 2016. Interino no final de 2017 no Internacional, depois da demissão de Guto Ferreira, garantiu o acesso à Série A que já estava bem encaminhado, mesmo sem título, e acabou efetivado para a temporada seguinte após a recusa de Abel Braga.

Tentou construir um time que valorizava o controle de bola, embora as características dos jogadores fossem mais propícias a um jogo de imposição física e definição rápida das jogadas. Acabou cedendo ao óbvio e, em 2019, o protagonismo foi de Edenilson e Patrick, meio-campistas de área a área com intensidade, se aproximando de Paolo Guerrero.

Acabou pagando por escolhas questionáveis, mas, principalmente, pelo excesso de cautela no Maracanã contra um Flamengo de Jorge Jesus ainda não tão dominante, nas quartas da Libertadores e também na final da Copa do Brasil diante do Athletico. Mesmo sendo premiado pela coragem ao eliminar o favorito Palmeiras na semifinal do mata-mata nacional. Talvez o resultadismo que impera no futebol brasileiro e o apego ao cargo tenham interferido no trabalho.

Na coletiva de apresentação nas Laranjeiras, o novo técnico tricolor, que foi jogador do clube em 1999, disse que rejeita rótulos e busca um time equilibrado na defesa e no ataque. De fato, chamar o treinador de “retranqueiro” é um exagero. A pequena amostragem de sua carreira como treinador não sinaliza uma prioridade ao sistema defensivo.

O discurso inicial está correto, mas as ideias precisam ser claras, até para dar segurança aos jogadores. A partir de um modelo de jogo, as adaptações são feitas de acordo com contextos e adversários. Mas sem fugir muito da proposta central. Inclusive pelas dificuldades financeiras para contratar. Não dá para ser na base da tentativa e erro.

Qual será o Fluminense de 2020? E que Odair vai comandar o time? O da posse no campo de ataque ou da segurança defensiva com rápidas transições? As respostas virão no ano que vem, mas já vale a reflexão na busca de identidade. Saber o que se quer é sempre um bom começo.

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Tabela e desempenho jogam o Fluminense na zona do desespero http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/01/tabela-e-desempenho-jogam-o-fluminense-na-zona-do-desespero/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/01/tabela-e-desempenho-jogam-o-fluminense-na-zona-do-desespero/#respond Fri, 01 Nov 2019 10:52:45 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7513

Foto: Agência Estado

Entrar no Z-4 em uma reta final de campeonato é sempre preocupante. Mas estar em 17º, olhar para cima e ver cinco times a apenas cinco pontos de distância com oito rodadas a disputar, em tese, não seria nada muito desesperador.

Menos para o Fluminense, que efetivou Marcão como treinador depois da traumática transição de Fernando Diniz para Oswaldo de Oliveira, teve uma reação imediata pelo tal “fato novo”, mas agora se vê sem muitas soluções para reagir no campo. Ainda uma “herança” de Fernando Diniz, com momentos de posse de bola inócua e pouca eficiência nas finalizações e fragilidade defensiva, com os adversários precisando de poucas conclusões para irem às redes tricolores. E depender da regularidade de Paulo Henrique Ganso e Nenê não parece muito promissor.

Para piorar, a tabela aponta confrontos complicados: um clássico contra o Vasco no Maracanã na próxima rodada e depois cinco jogos fora e apenas três no Rio de Janeiro. A sequência: São Paulo no Morumbi, Internacional no Beira-Rio, Atlético Mineiro no Rio de Janeiro, CSA em Alagoas, Palmeiras no Maracanã, Avaí na Ressacada, Fortaleza em casa e Corinthians em Itaquera.

Ou seja, enfrenta concorrentes diretos para fugir da “confusão”, o Palmeiras que ganha fôlego ao reduzir para oito pontos a distância para o líder e times envolvidos na disputa parelha pelas vagas na Libertadores de um G-6 que pode virar G-7 caso o Flamengo conquiste a edição 2019 do torneio continental. Todos inconstantes, mas em uma reta final de campeonato, principalmente em seus domínios, não vão dar muitas brechas para surpresas ao cruzar com um time na rabeira da tabela.

O melhor cenário seria tentar aproveitar uma possível queda anímica do Vasco por conta da derrota para o Grêmio por 3 a 1 em São Januário que freou a reação em busca do G-6, empurrar o Atlético Mineiro para baixo no confronto direto, torcer para encarar um Palmeiras já sem esperanças de título, o Avaí matematicamente rebaixado na antepenúltima rodada e Fortaleza e Corinthians sem maiores aspirações na reta final. E tentar pontuar nos jogos mais difíceis como visitante.

Possível, mas ainda assim bem complicado. Porque falta conteúdo de jogo e bateu o desespero com a sequência de quatro jogos sem vencer – derrotas para Athletico, Flamengo e Ceará, empate em casa com a Chapecoense.  E o pior: com duas rodadas por semana não há muito tempo para treinar e melhorar o rendimento. A tabela e a bola jogada atiram o Fluminense no desespero e hoje parece difícil que ele saia de lá até o dia oito de dezembro.

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Fluminense começa a se encaixar em um roteiro conhecido e perigoso http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/03/fluminense-comeca-a-se-encaixar-em-um-roteiro-conhecido-e-perigoso/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/03/fluminense-comeca-a-se-encaixar-em-um-roteiro-conhecido-e-perigoso/#respond Tue, 03 Sep 2019 09:52:21 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7169

Foto: Clever Silva / Agência O Dia

Troca de treinador ainda no primeiro turno, confiança diminuindo a cada jogo. Torcida ainda apoiando, mas já perdendo a paciência. Poucos recursos e escolhas não tão certeiras, falta de opções confiáveis em funções primordiais para o contexto, como goleiro e centroavante. O Fluminense que segue na zona de rebaixamento e agora acumula duas derrotas em casa para os times mais fracos da Série A começa a se encaixar em um roteiro conhecido e perigoso.

Não dá para falar em conflito desempenho x resultado, porque é impossível afirmar que uma equipe que domina as partidas contra CSA e Avaí no Maracanã e não consegue ir às redes durante 180 minutos em um universo de 56 finalizações jogou bem. E Nenê não pode desperdiçar uma chance com o goleiro Vladimir do Avaí já batido…

Porque o futebol não aceita desaforo. Muito menos tirar Oswaldo de Oliveira de sua quase aposentadoria para herdar o estilo personalíssimo de Fernando Diniz. Porque é difícil ver no treinador veterano a capacidade de fazer os devidos ajustes para diminuir os problemas defensivos e de contundência na frente que saltam aos olhos. Também é complicado vislumbrar uma mudança anímica para, na base do pragmatismo, começar a pontuar e fugir da “confusão”.

Mais as dificuldades financeiras do clube que obrigam a negociar Pedro com a Fiorentina e perder um dos melhores e mais promissores atacantes do país, além de não contar com um goleiro confiável para salvar o time nas dificuldades – quem não lembra da agonia do Vasco em 2013 com Diogo Silva, Alessandro, Michel Alves e Jordi se revezando na meta?

A equipe continua ofensiva, até porque é difícil tirar o DNA de Diniz. Mas o que antes era divertido e agradável de se ver já fica preocupante até para quem não torce pelo Fluminense. O turno vai chegando ao fim e as perspectivas não são nada boas, incluindo os dois jogos como visitante contra adversários diretos para fugir do Z-4.

Com uma partida a menos, contra o Palmeiras no Allianz Parque, o time está apenas dois pontos à frente do lanterna Avaí e a seis do Cruzeiro, 16º e primeiro fora da zona de rebaixamento. São 22 rodadas para a recuperação, mas é difícil enxergar a luz. Já vimos esse cenário antes e a história não terminou bem.

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Corinthians de Fábio Carille é mesmo adepto do “saber sofrer” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/30/corinthians-de-fabio-carille-e-mesmo-adepto-do-saber-sofrer/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/30/corinthians-de-fabio-carille-e-mesmo-adepto-do-saber-sofrer/#respond Fri, 30 Aug 2019 03:22:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7143

Foto: Nayra Halm/FotoArena/Estadão Conteúdo

O Corinthians finalizou treze vezes em Itaquera e dezesseis no Maracanã com mais de 57 mil presentes. Cinco no alvo em cada partida pelas quartas da Sul-Americana contra o Fluminense que teve o interino Marcão em São Paulo e a estreia de Oswaldo de Oliveira, o sucessor de Fernando Diniz no comando técnico.

Por conta do mando de campo, a equipe de Fábio Carille tentou ocupar mais o campo de ataque em casa e reagir como visitante à iniciativa do adversário. Das duas maneiras dominou as partidas e poderia ter definido a classificação para a semifinal com mais tranquilidade.

Mas o time paulista parece mesmo ser adepto do “saber sofrer”. Jargão para times reativos que agrupam os setores no próprio campo, não se incomodam com a maior posse de bola do oponente e tenta controlar o jogo negando espaços para as infiltrações. É atacado seguidamente, mas não abre mão de sua estratégia.

Mesmo quando criam mais, as equipes parecem atraídas pelo perigo e desprezam o conforto de sobrar em campo e no placar. O Corinthians vai encontrando um bom caminho na execução do 4-1-4-1 com os ponteiros Pedrinho e Clayson cortando para dentro com pés “trocados”, Vagner Love se movimentando e dando profundidade aos ataques e os meio-campistas por dentro Júnior Urso e Mateus Vital se aproximando e aparecendo na área adversária para finalizar. Sem contar as jogadas de Fagner pela direita, grande válvula de escape do trabalho coletivo.

Bom volume de jogo, chute no travessão de Love completando lindo passe de Pedrinho. Pressão no campo de ataque e quase gol de Vital em falha de Muriel na saída de bola. O Corinthians dependia menos de Fagner e aproveitava o Flu no meio do caminho entre o estilo personalíssimo de Diniz e o que Oswaldo pretende, adicionando um pouco mais de solidez defensiva e pragmatismo.

O time carioca sofreu com a velocidade de Clayson e faltou sorte na bola desviada em Igor Julião que caiu no pé esquerdo de Pedrinho para abrir o placar. Ofensivamente viveu das bolas paradas e dos chutes de longe de Nenê, novamente escalado como “falso nove” e tentando trabalhar no espaço entre Gabriel e a dupla de zaga formada por Manoel e Gil.

No abafa conseguiu o empate com Pablo Dyego, assistência de Nenê em cobrança de falta pela direita, e a reta final, com nove minutos de acréscimo, foi de um sufoco desnecessário para o Corinthians que não abdicou do ataque e teve até gol (bem) anulado de Matheus Jesus. Mas a vaga para enfrentar o Independiente del Valle não precisava vir no gol “qualificado” com o 1 a 1 fora de casa.

O Corinthians jogou para vencer as duas partidas, mas só foi às redes uma única vez. A identidade corintiana com Fabio Carille parece afeita ao dito popular que se ouve de onze entre dez torcedores do clube: “se não for sofrido não é Corinthians”. Valeu a sobrevivência, apesar de todos os riscos.

(Estatísticas: Footstats)

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Corinthians depende demais de Fagner e Flu pragmático volta com bom empate http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/22/corinthians-depende-demais-de-fagner-e-flu-pragmatico-volta-com-bom-empate/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/22/corinthians-depende-demais-de-fagner-e-flu-pragmatico-volta-com-bom-empate/#respond Fri, 23 Aug 2019 02:59:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7099 Doze cruzamentos, quatro certos. Dois desarmes corretos, quatro dribles, 50 passes certos e sete errados. Os números de Fagner no empate sem gols com o Fluminense pela Copa Sul-Americana ressaltam a importância cada vez maior do lateral do Corinthians e da seleção brasileira no melhor momento da equipe de Fabio Carille na temporada.

Na execução do 4-1-4-1, as triangulações com Junior Urso e Pedrinho pela direita são a melhor solução ofensiva para criar espaços. O meio-campista vira o jogo para o lado mais forte, o ponta canhoto abre o corredor e o lateral passa com timing, velocidade e técnica. Fundamental diante de um sistema defensivo que nega espaços.

Sim, o time visitante, liderado por Marcão, interino e auxiliar permanente do clube, enquanto Oswaldo de Oliveira não assume o comando técnico, teve mais cuidados defensivos. Também no 4-1-4-1, inicialmente com Nenê pela direita, Marcos Paulo do lado oposto e Yony González na frente.

Mas justamente pelo sofrimento na marcação do jovem atacante tricolor contra Fagner, Yony González recuou pela esquerda, Marcos Paulo trocou de lado e Nenê foi fazer uma espécie de “falso nove”. Para tentar ditar o ritmo com Ganso por dentro. Ainda com a marca de Fernando Diniz, mas apelando para a ligação direta quando muito pressionado e não se incomodando com momentos de maior posse de bola do oponente.

O Corinthians rodou a bola, mas faltou criatividade e também profundidade, já que Clayson não conseguia levar vantagem contra Igor Julião e Vagner Love era contido pelo jogo simples dos zagueiros Nino e Frazan. A ponto de Carille apelar na reta final para um 4-4-2 com Boselli e Gustavo no centro do ataque e Jadson e Clayson abertos. Toque de um lado para o outro e bola levantada na área – 43 no total!

Na melhor chance, já nos acréscimos, cruzamento de Fagner, sempre ele, e cabeçada de Gustavo no travessão. A finalização mais perigosa das 13, cinco no alvo. Posse de bola dividida e nada menos que 35 rebatidas do Flu. Pragmático por necessidade, para seguir vivo na competição continental. Cinco conclusões, só a de Nenê no alvo ainda no primeiro tempo.

Pouco perto do que produzia antes, mas o suficiente para igualar o duelo, não sofrer gols depois de nove partidas e levar a decisão das quartas-de-final para o Maracanã. Vai precisar da torcida e de um pouco mais de coragem, já com Oswaldo à beira do campo. Usando na dose certa a vocação ofensiva dos tempos de Diniz.

O Corinthians deve ter mais espaços para Carille não depender tanto de Fagner. O destaque solitário do time da casa na noite fria em Itaquera.

(Estatísticas: Footstats)

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André Jardine é a nova “vítima” do ciclo vicioso dos jovens treinadores http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/07/jardine-e-a-nova-vitima-do-ciclo-vicioso-dos-jovens-treinadores/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/07/jardine-e-a-nova-vitima-do-ciclo-vicioso-dos-jovens-treinadores/#respond Thu, 07 Feb 2019 10:56:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5867 Acontece com frequência: jovem treinador impressiona na base, como auxiliar ou vindo de um clube de menor expressão por seu conteúdo atual e capacidade de montar uma equipe dinâmica, móvel, ágil, normalmente dominante pela posse de bola. Conceitos modernos, ideias interessantes.

Mas chega ou é promovido no grande clube e se depara com a dura realidade do futebol brasileiro: necessidade de resultados imediatos, pouco tempo para treinar e aumento exponencial de visibilidade e cobranças. A solução? Contar com a cumplicidade dos atletas, especialmente os mais experientes. Trazer os “senadores” do vestiário para perto.

Só que para contar com essa união é preciso escalá-los. E no São Paulo reunir Nenê, Hernanes e Jucilei, além de Diego Souza que entra em quase todas as partidas, significa colocar em campo uma equipe lenta e sem profundidade. Ou seja, os conceitos que levaram André Jardine ao time profissional do tricolor do Morumbi e a valorização dos jovens formados no clube deixam de ser prioridade. A gestão de grupo passa a ser o mais importante.

Mas diferente do que se viu em outros casos, os veteranos – exceto Hernanes, que chegou agora – apenas eventualmente entregaram respostas no campo. Nem o começo empolgante aconteceu.

Em Córdoba, depois da chance desperdiçada no primeiro tempo com Bruno Alves e o chutaço de Hudson que o goleiro Ramírez salvou, o São Paulo afrouxou a marcação à frente da própria área e viu o Talleres abrir o placar com Juan Ramírez.

A insegurança e o peso das cobranças sobre um gigante sem conquistas desde 2012 foram desintegrando uma equipe frágil e sem intensidade. A expulsão de Hudson foi a pá de cal antes da tabela na frente da área que Jucilei não chegou e Pochettino fechou os 2 a 0.

Para a “remontada”, o São Paulo terá que subverter a trajetória recente. Com fibra, mas também estratégia. É final para clube e treinador. Difícil imaginar a permanência em  caso de eliminação precoce na Libertadores.

Só que parece tarde para colocar ideias em prática e a gestão de vestiário com solidariedade dos veteranos tem sido insuficiente. A missão no Morumbi é possível, mas bastante complexa.

Se falhar, André Jardine será mais uma “vítima” do ciclo vicioso que vem minando as forças dos jovens técnicos no futebol brasileiro. Um triste cenário que emperra a renovação e empurra a maioria dos grandes clubes para velhas soluções.

 

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