realmadrid – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Caminho do PSG na Champions será bem mais complicado do que parece http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/10/caminho-do-psg-na-champions-sera-bem-mais-complicado-do-que-parece/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/10/caminho-do-psg-na-champions-sera-bem-mais-complicado-do-que-parece/#respond Fri, 10 Jul 2020 13:18:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8750

Foto: Harold Cunningham / UEFA / AFP

Tão logo saiu os cruzamentos no sorteio das quartas de final da Champions, ainda que faltando três dos oito classificados, a primeira impressão foi de que o Paris Saint-Germain seria o grande “vitorioso”.

Afinal, o time de Neymar saiu da reta das grandes camisas e dos campeões dos últimos anos – excetuando o atual, Liverpool. Sem Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique no caminho até a grande final. “Fugindo” também  do Manchester City de Guardiola e da Juventus de Cristiano Ronaldo, que ainda enfrenta o Lyon pelas oitavas.

Primeiro a Atalanta. Se passar, o vencedor de Leipzig e Atlético de Madrid. Sem dúvida, se olharmos a história do torneio continental, é uma trilha teoricamente menos pesada. E desse enrosco pode sair um finalista inédito – só o Atlético já esteve em uma final.

Só que não estamos dentro de uma normalidade. Longe disso. E são justamente essas mudanças no cenário que tornam o caminho do PSG bem mais complicado do que parece.

Acima de tudo pela inatividade do time francês, que é sem precedentes em uma fase tão avançada da competição. Entre março e agosto, a previsão de apenas duas partidas oficiais: as decisão das copas nacionais – Saint-Etienne na Copa da França no dia 24 e Lyon na Copa da Liga Francesa no dia 31. Mais quatro amistosos contra adversários bem abaixo do nível de enfrentamento que espera o time de Paris.

Com a Ligue 1 encerrada, a equipe de Thomas Tuchel terá o benefício do menor risco de lesões e desgaste, mas o enorme déficit em um aspecto fundamental no futebol atual: intensidade. Por mais que os treinos hoje reproduzam o ritmo e a velocidade na tomada de decisão do jogo, a falta do nível alto de competição pode prejudicar bastante. Principalmente pela disparidade de forças na França que já prejudicou o PSG no sonho de ganhar a Champions em outras temporadas.

E a Atalanta de Gian Piero Gasperini não é um time qualquer. Longe disso. Mostra personalidade, com volume de jogo sufocante e capaz também de surpreender jogando em rápidas transições ofensivas. Atropelou o Valencia nas oitavas e vem de onze vitórias consecutivas. É o melhor entretenimento do futebol atual.

É preciso pesar que essa disputa da Champions acontecerá em um ambiente mais “puro”, sem a “contaminação” da atmosfera. Campo neutro, em Lisboa, e sem torcida. Nem a vantagem do conhecimento e da vivência no próprio estádio será possível. Fatores que costumam estabelecer essa coisa metafísica e difícil de descrever que é a “camisa pesada”.

Todo esse contexto definindo a vida em 90, 120 minutos ou nos pênaltis. Para ficar ainda mais imprevisível. E o PSG ainda carregará a tensão do favoritismo, já que para o time de Bergamo a simples presença nas quartas já é histórica e digna de celebração na cidade, se houvesse a possibilidade de aglomeração de pessoas.

Se conseguir chegar às semifinais, as dificuldades serão praticamente as mesmas. Só um pouco mais nivelado na intensidade pelo jogo forte das quartas. Caso o adversário seja o Leipzig, a missão será encarar um “novato” ainda mais motivado a fazer história e que também joga em ritmo fortíssimo. Ainda assim, talvez seja melhor para Neymar e companhia, já que o time alemão também sofrerá um pouco agora com a falta de jogos oficiais por conta do fim da Bundesliga 2019/20.

Encarando o Atlético de Madrid, o estilo do time de Simeone pode expor as fragilidades defensivas que o PSG costuma apresentar em jogos grandes. E mesmo sem a força do mando, a “casca” construída pelo clube espanhol nos últimos anos em fases avançadas da competição pode fazer diferença.

Não será tão simples ou menos complicado. E o projeto PSG nunca mostrou consistência para se impor em qualquer cenário na Europa. O desafio continua enorme, mesmo sem gigantes pelo caminho.

[Sobre o outro lado do chaveamento:

Juventus tende a se aproveitar da inatividade do Lyon e tirar a desvantagem em Turim. O Manchester City deve confirmar contra o Real Madrid, embora sem torcida o mando tenha perdido força. Se passar, a equipe de Guardiola é ligeiramente favorita contra o time de Cristiano Ronaldo para seguir em busca do título inédito.

Barcelona já deve ter problemas contra o Napoli. Jogo contra o time de Genaro Gattuso não será tranquilo, mesmo no Camp Nou. Se passar, a menos que o Bayern de Munique tenha uma queda brusca por conta da inatividade, o risco de ser surrado pelo octampeão alemão como em 2013 é considerável. Só o “fator Messi” pode mudar o destino do time catalão.]

 

 

 

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Vinícius Júnior ganha confiança com o Real Madrid líder e ofensivo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/24/vinicius-junior-ganha-confianca-com-o-real-madrid-lider-e-ofensivo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/24/vinicius-junior-ganha-confianca-com-o-real-madrid-lider-e-ofensivo/#respond Wed, 24 Jun 2020 21:56:30 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8687 O pênalti sofrido por Vinícius Júnior nos 2 a 1 sobre a Real Sociedad na rodada em que o Real Madrid assumiu a liderança foi um tanto duvidoso. Difícil avaliar se o toque sofrido foi o suficiente para desequilibrar o atacante. Na prática “salvou” o brasileiro que novamente teve personalidade e habilidade para a jogada individual, mas no acabamento costuma comprometer o ataque.

Zinedine Zidane aposta na velocidade para acelerar as transições ofensivas e também nessa capacidade de desequilibrar nos duelos com os marcadores. Transmite confiança e procura lapidar um talento que só precisa tomar melhores decisões na hora de definir ou servir os companheiros. Também acertar mais tecnicamente no último toque.

O Real Madrid não costumava dar esse tempo a jovens promissores, mas foi justamente o treinador francês quem mudou essa visão imediatista no clube. Ganhando o histórico tricampeonato da Liga dos Campeões e um título espanhol apostando em continuidade e oportunidades para a maioria dos jogadores.

Até Gareth Bale, titular nos 2 a 0 sobre o Mallorca no Estádio Alfredo Di Stéfano. Dentro de uma formação mais ofensiva com o galês e Vinicius nas pontas, Hazard por dentro se aproximando de Benzema. Em vários momentos quase num 4-2-4.

E ainda Luka Modric, que recebeu livre pela esquerda e esperou a passagem de Vinícius Júnior. Com liberdade à frente do goleiro, enfim a tranquilidade para tocar por cima e abrir o placar. Golaço que teve origem numa falta de Carvajal ignorada pela arbitragem. Mais um motivo de reclamação para Piqué na eterna “guerra fria” de bastidores entre Barcelona e Real Madrid.

Pouco antes, Vinicius recebeu de Hazard, mas finalizou em cima de um defensor. Minutos depois, quase a consagração com uma cavadinha que parou no travessão. O segundo gol do líder de “La Liga” viria no segundo tempo, em bela cobrança de falta de Sergio Ramos.

O “clean sheet” teve participação fundamental de Courtois, até porque a proposta ofensiva cedeu espaços ao Mallorca. A ausência de Casemiro, suspenso, também pesou. A imposição técnica, porém, foi protocolar. Com Zidane, o Real não costuma vacilar e deixar pontos irrecuperáveis pelo caminho.

Assim deve seguir na ponta da tabela, até porque a missão em Manchester contra o City na Champions parece quase impossível. Zidane valoriza os pontos corridos como a competição em que o trabalho do treinador e do time são mais valorizados por não dependerem de uma noite boa ou ruim. Vence o mais regular.

É o que busca Vinicius Júnior. Mais consistência e constância. Com paciência e minutos em campo, o Real Madrid pode tomar a hegemonia do Barça e colher uma estrela para a próxima década.

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Manchester City voa baixo, roda elenco e aquece turbinas para Champions http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/22/manchester-city-voa-baixo-roda-elenco-e-aquece-turbinas-para-champions/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/22/manchester-city-voa-baixo-roda-elenco-e-aquece-turbinas-para-champions/#respond Mon, 22 Jun 2020 20:53:15 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8675 Com as vitórias em casa por 3 a 0 sobre o Arsenal no jogo que faltava na 29ª rodada e 5 a 0 sobre o Burnley, o Manchester City fez cair para 20 pontos a vantagem do Liverpool na liderança da Premier League. Mas com 24 pontos ainda em jogo, o título dos Reds é questão de tempo e matemática.

Mais importante que garantir o “pódio” novamente, uma característica dos trabalhos de Pep Guardiola em todas as ligas que disputou desde 2008 – a pior colocação foi o terceiro lugar na estreia na Inglaterra em 2016/17 -, é retomar rapidamente o ritmo para atingir dois grandes objetivos.

O primeiro é um tanto circunstancial: já que é praticamente impossível manter a hegemonia nos pontos corridos, a luta pelo bicampeonato do mata-mata nacional ganhou muita importância. Depois de “unificar” as conquistas em 2019, os citizens mantiveram o domínio na Copa da Liga Inglesa e estão nas quartas da Copa da Inglaterra contra o Newcastle.

A grande meta, porém, é, claro, o título inédito da Liga dos Campeões. Primeiro administrando a vantagem sobre o Real Madrid construída fora de casa com os 2 a 1 no Bernabéu. Sem a presença da torcida no Etihad Stadium, mas com a possibilidade de gerir melhor o elenco em relação ao time merengue, que acabou de assumir a liderança do Espanhol e vai lutar pela recuperação do domínio da liga. Até pela obsessão do treinador Zinedine Zidane, que valoriza demais a superioridade nos pontos corridos.

Guardiola também pensa assim, mas sabe que desta vez terá que ser forte nas disputas eliminatórias para tornar a temporada histórica e atingir o ápice antes da provável punição da UEFA, afastando o clube de competições europeias por dois anos, acusados de burlar o fair play financeiro.

Por isso tenta nivelar o grupo de jogadores por cima. mantendo apenas Ederson, David Silva e Mahrez na formação de um jogo para outro na volta. Revezando Cancelo/Walker e Mendy/Zinchenko nas laterais, Eric Garcia/Otamendi e Laporte/Fernandinho na zaga; Rodri/Gundogan e De Bruyne/Bernardo Silva no meio. Aguero/Gabriel Jesus no centro do ataque e Sterling/Foden nas pontas. Ainda Leroy Sané, que volta de séria lesão e sairá no final da temporada, mas está à disposição do treinador.

A mesma valorização da posse com linhas adiantadas e pressão logo após a perda da bola, porém com momentos de aceleração e intensidade máximas. Sempre com triangulações em todos os setores, mas também jogadas mais longas, como o passe de Fernandinho para Mahrez no segundo gol sobre o Burnley. Muita gente chegando ao ataque no sistema base 4-3-3, mas com rotações – pontas, laterais e meias alternando abertos e por dentro nas ações ofensivas – e volume de jogo que tontearam os dois adversários até agora.

Oito gols marcados, 68% de média na posse de bola, acerto acima de 90% nos passes, 39 finalizações (19 no alvo), nenhuma na direção da meta de Ederson em 180 minutos. Mesmo relativizando o nível dos adversários, não é pouco. Até porque o Burnley vinha de sete partidas de invencibilidade e apenas três gols sofridos.

O City retorna voando baixo e aquece as turbinas para competir forte no que resta em 2019/20. Temporada problemática pelo contexo, mas que ainda pode ser gloriosa e histórica.

(Estatísticas: Whoscored.com)

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Até quando dura o domínio no piloto automático do Barcelona na Espanha? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/19/ate-quando-dura-o-dominio-no-piloto-automatico-do-barcelona-na-espanha/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/19/ate-quando-dura-o-dominio-no-piloto-automatico-do-barcelona-na-espanha/#respond Fri, 19 Jun 2020 22:39:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8665 O Barcelona voltou goleando o Mallorca por 4 a 0 e superando o Leganés por 2 a 0. Imposição natural sobre equipes lutando contra o rebaixamento. “Receita” do time catalão no domínio recente na liga espanhola: evitar perder pontos para os de menor investimento para ter tranquilidade na disputa contra os grandes.

Mas bastou um jogo mais duro, fora de casa contra o terceiro colocado Sevilla, para o Barça mostrar que, apesar do resgate de mais elementos de jogo de posição com a chegada de Quique Setién, a essência, com virtudes e defeitos, continua a mesma dos tempos de Ernesto Valverde: um time que tem posse, baixa intensidade e dependência de Ter Stegen atrás e de Messi na frente.

Em jogos maiores, quase invariavelmente armado em um 4-4-1-1 que mantém Suárez na frente, Messi com liberdade de circulação e as demais peças precisando se encaixar no sistema e no modelo. Com Rakitic já em uma reta final de carreira, cabe a Arturo Vidal cumprir a função sacrificante de fechar o lado direito e dar opção de profundidade e força no setor. Porque Semedo é outro elo fraco e Sergi Roberto não entrega tanta consistência como lateral.

Com Griezmann sem condições para 90 minutos, Setién começou com Martin Braithwaite. Um atacante que poderia ser um contraponto de intensidade e infiltração para furar linhas de marcação, mas dentro de uma proposta de circulação de bola sofre muito tecnicamente para dar sequência às jogadas.

Sobra Jordi Alba, a inesgotável opção de profundidade pela esquerda. Arthur não consegue sequência, nem alternar passes de controle com os necessários de ruptura. Na defesa adiantada, Piqué e Lenglet se viram em coberturas, antecipações e evitando erros de passe na saída quando pressionados.

Porque o Sevilla de Julen Lopetegui se arriscou em seus domínios. Adiantando a marcação, alternando os ponteiros Ocampos e Munir pelos flancos e mudando constantemente o desenho no meio-campo, ora com Fernando e Jordán como volantes e Oliver Stones mais solto, ora fixando Fernando e subindo Jordán alinhado a Oliver. Pressão no adversário com a bola e transição rápida. Também valorizando a posse em muitos momentos, como gosta Lopetegui.

No segundo tempo dobrando a aposta em contragolpes ao rearrumar a retaguarda com linha de cinco depois da entrada do sérvio Gudelj na defesa. Também Banega, Vázquez, Suso e En-Nesyn. Finalizou oito vezes, metade no alvo. Mas é difícil vencer Ter Stegen.

Mas não foi tão complicado parar Messi, que muitas vezes não tem um parceiro conectado com seu raciocínio rápido e, nas partidas mais pegadas, também sofre fisicamente. Resta recuar, tentar uma tabela ou encontrar as entrelinhas, cada vez mais raras, para cortar da direita para dentro e finalizar. Até as cobranças de falta estão mapeadas. No caso do Sevilla, com o zagueiro francês Koundé auxiliando o goleiro Vaclik na cobertura de um dos ângulos. O 700º gol na carreira ficou para outra ocasião.

A cultura de vitória de oito conquistas nas últimas onze edições da competição não foi suficiente desta vez para arrancar os três pontos na moral, à forceps. E o empate sem gols era tudo que o Real Madrid esperava. Com a vantagem no confronto direto por conta do empate fora e a vitória em Madrid, o time de Zidane pode igualar em pontos na liderança e de lá não mais sair.

Até porque parece mais regular no desempenho que o grande rival. É claro que a disputa segue muito aberta e enfrentar a Real Sociedad como visitante não será tão simples para a equipe merengue na 30ª rodada, faltando oito para o final da liga.

Mas até quando vai durar esse domínio no piloto automático do Barcelona? O Real de Zidane parece próximo de repetir a queda de hegemonia que impôs em 2016/17.

(Estatísticas: Whoscored.com)

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Recital sem gols de Benzema é destaque da volta do Real Madrid em “La Liga” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/14/recital-sem-gols-de-benzema-e-destaque-da-volta-do-real-madrid-em-la-liga/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/14/recital-sem-gols-de-benzema-e-destaque-da-volta-do-real-madrid-em-la-liga/#respond Sun, 14 Jun 2020 19:33:12 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8648 Quando Gabriel Jesus terminou a Copa do Mundo de 2018 sem gols o mundo caiu sobre o camisa nove brasileiro. No país de Romário e Ronaldo nos dois últimos títulos é inadmissível o centroavante não ir às redes.

Mas o torneio de seleções disputado na Rússia terminou com a França campeã e Giroud, o camisa nove, também sem marcar gols. Mas com intensa participação coletiva e usando a estatura e a força física para empurrar a última linha defensiva do adversário e abrir espaços para que o talento de Mbappé, Griezmann e Pogba prevalecesse no bicampeonato dos “Bleus”.

França que abriu mão da qualidade de outro centroavante por questões extra-campo, de gestão de vestiário. Mas que também teria muito a contribuir para a seleção, como costuma ser fundamental no clube.

Karim Benzema entrou para a história do Real Madrid como o grande assistente de Cristiano Ronaldo. Um facilitador pela mobilidade e inteligência para dar sequência aos ataques e permitir que a estrela desequilibrasse. Por isso o francês é tão subestimado. Onde já se viu o nove não ser o goleador máximo?

Com a saída do português, a responsabilidade de ser protagonista em uma transição complicada. Depois de um tricampeonato de Liga dos Campeões e o desgaste físico e anímico de uma geração vencedora que aos poucos é renovada. Em muitos jogos desde então faltou o craque decisivo.

Mas na volta do time merengue em “La Liga”, Benzema protagonizou um recital no primeiro tempo que encaminhou a vitória ao abrir 3 a 0 sobre o Eibar no Estádio Alfredo Di Stéfano, casa do Real durante a reforma no Santiago Bernabéu.

No 4-3-3 armado por Zidane, contando com Rodrygo e Hazard pelos flancos, porém com muita movimentação na frente. Benzema caiu pela esquerda e arquitetou a ação ofensiva que encontrou Kroos para um chute no ângulo do alemão.

Com espaços cedidos pelo 4-1-4-1 do Eibar que contava com Álvarez entre as linhas de quatro e Kike García na frente, os contragolpes ficaram mais frequentes. Faltava a qualidade na saída rápida. Rodrygo tentou pela direita e falhou. Hazard também errou do lado oposto.

Mas quando caiu nos pés de Benzema pela esquerda o passe saiu redondo para Hazard, deslocado pela direita. Do camisa sete para Sergio Ramos, que iniciou tudo com um desarme no campo do Real. Em seguida, um passe do camisa nove que clareou tudo novamente para Hazard à direita. O chute e o gol de Marcelo no rebote. Na comemoração, o brasileiro homeganeou George Floyd, vítima fatal de racismo nos Estados Unidos.

A boa vantagem foi a senha para a acomodação e o clima de treino, apesar da “torcida virtual” no estádio. O Eibar incomodou mais do que o recomendável no segundo tempo. Terminou com nove finalizações, cinco no alvo. Fez Courtois trabalhar, carimbou a trave e diminuiu para 3 a 1 com Bigas.

Falha de Ferland Mendy, que entrou na vaga de Carvajal e, canhoto, ficou todo torto pela direita e ainda deu condições para o adversário finalizar e contar com a falha de Courtois. Uma das mudanças de Zidane, que mandou a campo também Gareth Bale, Vinicius Júnior, Valverde – a surpresa na reserva por estar voando antes da parada pela pandemia – e Militão.

Cinco mudanças que afetaram diretamente o desempenho do time merengue, que pode ser relativizado pela longa inatividade. Apenas três finalizações em 45 minutos, uma no alvo. Benzema caiu de rendimento com a equipe, mas ainda apareceu para acionar Vinicius Júnior, porém o brasileiro errou na tomada de decisão e desperdiçou o contragolpe. A necessidade de evolução na leitura de jogo permanece.

Assim como a importância de Benzema na luta do Real pelo título espanhol. Com a eliminação na Copa do Rei e a derrota em casa para o Manchester City pela Liga dos Campeões é a chance de conquista do gigante espanhol na conturbada temporada 2019/20. Faltam dez rodadas com dois pontos atrás do líder Barcelona.

O retorno valeu pelos três pontos. Também pelo senso coletivo de seu camisa nove. Para os puristas pode parecer pouco, mas Benzema ajudou, e muito, a definir a primeira partida da “nova realidade”.

 

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Trocar o jogo pelo marketing foi o grande erro do Real Madrid “galáctico” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/15/trocar-o-jogo-pelo-marketing-foi-o-grande-erro-do-real-madrid-galactico/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/15/trocar-o-jogo-pelo-marketing-foi-o-grande-erro-do-real-madrid-galactico/#respond Fri, 15 May 2020 12:35:57 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8492

Foto: Getty Images

Uma estrela por temporada. Era a promessa de Florentino Pérez ao assumir o Real Madrid em 2000. Começou tirando Luís Figo do Barcelona. Em 2001, contratou Zinedine Zidane. E no ano seguinte, Ronaldo Fenômeno.

Era a temporada 2002/03. Depois de vencer a Liga dos Campeões no ano anterior, o Real Madrid alcançou o título mundial vencendo o Olimpia por 2 a 0 em Tóquio e faturou a liga espanhola, superando a surpresa Real Sociedad. Na Champions, eliminação nas semifinais para a Juventus, que seria vice-campeã.

Uma jornada que poderia ser considerada natural, mesmo com elenco estelar. A campanha nos pontos corridos não foi tão sólida, mas a equipe de Vicente Del Bosque se afirmou na reta final com maior entrosamento de Ronaldo com os companheiros e a consolidação de uma maneira de jogar.

O desenho tático, na prática, era um 4-2-3-1. O lado forte era o esquerdo, com Roberto Carlos apoiando no corredor deixado por Zidane, que era uma espécie de “ponta articulador”, circulando por todo campo. Ronaldo também caía muito por ali. Raúl ficava mais centralizado, como um ponta-de-lança à moda antiga.

Do lado oposto, Luis Figo atuava bem aberto, abusando das jogadas individuais em busca da linha de fundo. Contava com o apoio do brasileiro Flávio Conceição, já que Michel Salgado descia pouco. Fernando Hierro, com 34 anos, liderava a zaga com experiência e Helguera saía mais para cobrir Roberto Carlos.

À frente da defesa, Claude Makelele. 30 anos, posicionamento preciso. Inteligência na leitura dos espaços, senso se cobertura. Também sabia jogar, até pelo passado como ponta direita. Tinha drible e passe corretos. Porém discreto, sem grande marketing. Trabalhava para as estrelas brilharem. Equilibrava o time.

Não era o bastante para Florentino. “Não vendia camisas, por isso foi descartado”, afirmou Carlos Queiroz, o treinador do time merengue na temporada seguinte. Para Florentino, o volante não sabia cabecear e não arriscava passes mais longos que de três metros. Hierro discordava, considerando o francês o mais importante jogador da equipe naquele período.

Makelele quis um aumento de salário, Florentino alegou que não tinha recursos. Uma piada considerando que acabara de anunciar a quarta estrela da constelação: David Beckham, por 37,5 milhões de euros. O francês partiu para se consagrar no Chelsea, a partir da temporada 2004/05 com José Mourinho. A ponto de muitos na Inglaterra tratarem a função de primeiro volante como “Makelele role”.

E o Real? Bem, Florentino não foi tão feliz na reformulação do elenco. Hierro partiu para o fim da carreira no futebol árabe, atuando pelo Al-Rayyan. Carlos Queiroz queria Gabriel Milito, Luisão ou Pepe. Ficou com Pavón. Contava com Morientes, que foi parar no Monaco. Justamente o algoz da eliminação nas quartas-de-final do torneio continental.

E Beckham? Bem, na função que executava no Manchester United o Real já tinha Figo. A única vaga disponível era o volante apoiador pela direita, já que Flávio Conceição havia sido emprestado para o Borussia Dortmund. Sem Makelele, tentou Guti, Cambiasso, Solari e Raúl Bravo como parceiros do inglês no meio-campo. Mas o fato é que o time perdeu unidade.

Foi o auge da fase “Zidanes e Pavóns”. Estrelas na frente buscando encaixe e queimando na fogueira das vaidades, com espanhois de um lado liderados por Raúl, estrangeiros do outro. Ou europeus contra sul-americanos mais à frente, quando Vanderlei Luxemburgo assumiu e, com Robinho em 2005, encheu o elenco de brasileiros.

Na segunda metade de 2004/05, Luxemburgo tentou encontrar uma maneira de abrigar as estrelas, que ganhara Michael Owen para aquela temporada. Florentino pensou que poderia consertar a bobagem de dispensar Makelele contratando o dinamarquês Thomas Gravesen. Ele seria o “cão-de-guarda” protegendo a defesa.

Luxemburgo arriscou inicialmente um losango que teria Gravesen plantado, Beckham pela direita, Zidane à esquerda e Raúl como “enganche”. Na frente, Owen e Ronaldo. Figo perdia a vaga com o novo sistema tático. O time até conseguiu uma arrancada, mas não tirou o título do Barcelona de Ronaldinho Gaúcho. Apesar da boa exibição nos 4 a 2 sobre o rival catalão no Santiago Bernabéu.

Na Liga dos Campeões, nova eliminação para a Juventus. No famoso erro admitido por Luxemburgo que minou sua permanência em Madri: tirar Ronaldo no primeiro jogo e Zidane na partida de volta em Turim. Logo as grandes estrelas que dominaram a premiação de melhor do mundo naquele período. Os mais temidos. Beckham também foi sacado pelo treinador brasileiro.

Ainda assim, foi o melhor momento do Real com o camisa 23 até a conquista do titulo em 2006/07. Sem Florentino na presidência, com Fabio Capello no comando técnico e um elenco mais competitivo. Zidane se aposentara, Ronaldo partiria para o Milan na segunda metade, deixando o comando do ataque para Van Nistelrooy, artilheiro do time na temporada com 33 gols.

Foi a única conquista relevante de Beckham, que também vencera a Supercopa da Espanha assim que chegou ao clube. É claro que o inglês protagonizou belos lançamentos, chutes de média/longa distância e cobranças de falta. Também rendeu muito aos cofres do clube, especialmente no mercado asiático. Ajudou demais a reforçar a marca global.

Em campo, porém, dispensar Makelele e contratar Beckham se mostrou o grande erro de Florentino Pérez. A melhor definição foi de Zidane: “Para que aplicar mais uma camada de tinta dourada no Bentley se você acabou de perder o motor?”

O Real Madrid trocou o jogo pelo marketing. No futebol não costuma dar muito certo. Porque nada vende mais e melhor do que um time forte e vencedor.

 

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Dezoito dias, quatro jogos. O maior evento esportivo do século 21 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/27/dezoito-dias-quatro-jogos-o-maior-evento-esportivo-do-seculo-21/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/27/dezoito-dias-quatro-jogos-o-maior-evento-esportivo-do-seculo-21/#respond Mon, 27 Apr 2020 12:18:08 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8390

Foto: AP

Os dois maiores times do mundo e grandes rivais do mesmo país. Com os dois melhores treinadores e os dois grandes craques do planeta com forte antagonismo. Decidindo liga e copa nacionais e ainda uma vaga em final continental. Tudo isso em menos de um mês. Dezoito dias, para ser mais preciso.

Um sonho para qualquer fã de futebol, não? Pois é, aconteceu há nove anos. E como o ápice no duelo mais marcante em um dia 27 de abril como hoje.

Barcelona e Real Madrid. Pep Guardiola versus José Mourinho. Lionel Messi contra Cristiano Ronaldo. Em 16 de abril no jogo mais importante do campeonato por pontos corridos, quatro dias depois decidindo a Copa do Rei. Nos dias 27 de abril e três de maio, definindo uma vaga na decisão da Liga dos Campeões contra o Manchester United.

Para aumentar o fogo da panela de pressão, em novembro o Barça havia enfiado 5×0 no Camp Nou. A “maneta” humilhante que mostrou para Mourinho que, mesmo com elenco estelar, não era possível encarar de peito aberto a equipe de Guardiola. Como fizera com a Internazionale da tríplice coroa na temporada anterior em Milão, no San Siro: vitória por 3 a 1 em disputa equilibrada.

A receita para o próximo encontro era encontrar um meio termo entre a proposta corajosa em casa e a retranca “handebol” do time italiano depois que perdeu Thiago Motta no jogo de volta em Barcelona e administrou a derrota por 1 a 0 que garantiu vaga aos neroazzurri na decisão da Champions 2009/10.

O problema era enfrentar o time catalão em sua melhor versão. No 4-3-3 e com o jogo posicional que tinha o comando de Xavi Hernández e o ponto de desequilíbrio com Messi voando na função de “falso nove” totalmente assimilada e destruindo os adversários nas entrelinhas, entre a defesa e o meio-campo. Quem marcaria o gênio argentino: os volantes ou os zagueiros?

Mourinho definiu que um jogador ocuparia esse espaço e o negaria ao craque do rival. Primeiro foi Pepe, depois Xabi Alonso. Quem não preenchesse a “zona Messi” fecharia com Khedira por dentro a linha de quatro no 4-1-4-1 compacto que tinha Ozil e Di María pelas pontas e Cristiano Ronaldo na frente.

Mas o treinador português sabia que não bastava o duelo técnico e tático. Os “jogos mentais” seriam muito necessários para desestabilizar o outro lado. Provocações antes e durante as partidas tensas, com momentos de violência no jogo e fora dele. Entre atletas e comissões técnicas, Uma guerra.

Apesar da surpresa com a mudança radical de estratégia do rival, o Barcelona se deu melhor no primeiro duelo: empate por 1 a 1 no Santiago Bernabéu, gols de pênalti de Messi e Cristiano Ronaldo, na partida que manteve os oito pontos de vantagem e encaminhou o tricampeonato de La Liga. Resultado comemorado, mesmo sem conseguir manter a vantagem no placar e numérica depois da expulsão do zagueiro Albiol na penalidade máxima cometida sobre Villa.

No entanto, a única partida valendo taça ao final da disputa foi vencida pelo Real Madrid. Na prorrogação, a Copa do Rei em Valencia, no Estádio Mestalla. Gol de Cristiano Ronaldo completando de cabeça um cruzamento de Di María pela esquerda.

Com o time branco incomodando ainda mais o rival com coragem, objetividade nas ações ofensivas e uma entrega absoluta sem a bola. Concentração total e resiliência para buscar a vitória, mesmo com a consciência de que não teria mais que 35% de posse no jogo. Faturando um título depois de três anos. O primeiro decidido por Cristiano Ronaldo em sua mítica passagem por Madri.

Tudo isso foi levado para a disputa mais importante, pela Champions. A ida no Bernabéu, há exatos nove anos, foi novamente muito nervosa. Aditivada por novas provocações de Mourinho que Guardiola prometeu responder no campo.

A solução de Pep foi proteger mais a bola e a defesa. Com Puyol improvisado na lateral esquerda e Keita entregando mais vigor físico no meio-campo. Também invertendo os ponteiros, com Villa à direita para cima de Marcelo e Pedro pela esquerda contra Arbeloa. O Real tinha Lass Diarra na vaga de Khedira no meio-campo, com Alonso fazendo o papel de negar a entrelinha a Messi e Pepe fazendo a função de meia por dentro à esquerda. Mais dinâmica na marcação, menos qualidade nas transições ofensivas.

O duelo mais importante, pela Liga dos Campeões no Bernabéu, teve o Barcelona no 4-3-3 com Puyol na lateral esquerda, Keita no meio-campo e inicialmente ponteiros invertidos – Villa à direita, Pedro pela esquerda. Mais posse e cuidados defensivos contra o Real no 4-1-4-1 de Mourinho, mas com Xabi Alonso entre as linhas vigiando Messi e a melhor saída pela esquerda, com Di María e Marcelo (Tactical Pad).

O escape de Mourinho de novo era o lado esquerdo com Marcelo fazendo Villa voltar para ajudar sem bola e Di María incomodando Daniel Alves. O lateral, que nunca teve a marcação como grande virtude, teve problemas e exagerou nas faltas. Até demorou a levar o cartão amarelo. E o pau quebrou também na saída para o vestiário, com o goleiro reserva do Barça, Pinto, dando um tapa no rosto de Arbeloa e jogadores e membros das comissões participando da briga.

A tensão seguiu no segundo tempo até a expulsão de Pepe pela entrada, no mínimo, imprudente em Daniel Alves. Força desproporcional que rendeu o cartão vermelho e o domínio do Barcelona sobre um Real que tinha voltado melhor no segundo tempo com Adebayor na vaga de Ozil. E Cristiano Ronaldo sempre dando trabalho para o goleiro Victor Valdés.

Com um a mais e o Real também sem Mourinho, expulso de tanto reclamar da arbitragem, a posse e a movimentação da equipe de Guardiola enfim encontraram espaços para acionar Messi.  Affelay entrou na vaga de Pedro, que havia voltado ao setor direito. Por ali o holandês com a camisa vinte aproveitou falha de Marcelo e cruzou para Messi abrir o placar.

O golpe final veio na arrancada irresistível do argentino passando por Diarra, Sergio Ramos, Albiol e Marcelo antes de tocar na saída de Casillas. Gol antológico que praticamente sacramentou a vaga na final europeia, confirmada com o empate por 1 a 1 no Camp Nou – gols de Pedro e Marcelo. O último e menos memorável dos quatro duelos históricos. O Barça venceria a Champions novamente contra o United, repetindo 2008/09. Desta vez com triunfo maiúsculo por 3 a 1 em Wembley. O grande recital do “Pep Team”.

Mas nada foi maior que aquela sequência de superclássicos. No esporte no século 21. Nem as Copas do Mundo ou Jogos Olímpicos. O mundo parou para ver o grande embate, o clássico ficou ainda maior com o passar dos anos, assim como o protagonismo de Messi e Cristiano Ronaldo.

Em tempos de bola parada pela pandemia, a saudade só aumenta.

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As dez maiores duplas de ataque da história http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/15/as-dez-maiores-duplas-de-ataque-da-historia/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/15/as-dez-maiores-duplas-de-ataque-da-historia/#respond Wed, 15 Apr 2020 11:10:28 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8305

Dupla de ataque é diferente de dupla de atacantes. Aqui entram jogadores que eram os mais avançados de suas equipes ou, dentro de um 4-3-3 ou 4-2-4, os que mais se procuravam para tabelas – o centroavante e o ponta-de-lança. Então duplas como Garrincha-Pelé, Ronaldo-Zidane ou Neymar-Messi, por exemplo, não fazem parte da lista. Questão de critério.

Então vamos ao “Top 10”, desta vez indo da décima à primeira colocação para os preguiçosos e/ou ansiosos ao menos passarem os olhos até o final.

[E, sim, este que escreve reconhece há um pouco de “pachequismo” envolvido, neste caso.]

10º – Bergkamp & Henry – Dos “Invincibles” de Arsène Wenger em 2003/04. Talento, velocidade, explosão, elegância e muita eficiência diante dos goleiros. Responsáveis por 34 gols e 17 assistências naquela campanha mágica.

9º Maradona & Careca – Um gênio e um grande centroavante fazendo história no Napoli mais vencedor, com título italiano e da Copa da UEFA, que hoje corresponde à Liga Europa. Foram a maior dor de cabeça de Arrigo Sacchi nos grandes duelos com o Milan no final dos anos 1980.

8º Ronaldo & Romário – Efêmera, porém espetacular, com os dois maiores atacantes do futebol brasileiro depois da Era Pelé, protagonistas nos dois últimos títulos mundias da seleção. Um bom entendimento em campo, especialmente no ano mágico de 1997.

7º Messi & Suárez – Desde 2014, viveram o melhor momento no Barcelona formando o tridente com Neymar que venceu a tríplice coroa e o Mundial de Clubes, mas ainda sintonizados e vencedores nas temporadas seguintes, com quatro ligas e quatro Copas na Espanha.

6º Cristiano Ronaldo & Benzema – Nada menos que quatro títulos de Liga dos Campeões em cinco temporadas. Demoraram a engrenar, já que chegaram juntos ao Real Madrid para a temporada 2009/10. Afinaram a sintonia com Ancelotti e arrebentaram com Zidane.

5º Ronaldo & Rivaldo – Nem tanto por 1998, já que Bebeto é que formava a dupla com o Fenômeno. Mas em 2002 eram os mais avançados e acionados por Ronaldinho Gaúcho. Marcaram 13 dos 18 gols da seleção de Luiz Felipe Scolari e resolveram na decisão com a Alemanha.

4º Gullit & Van Basten – Ganharam tudo no Milan e ainda a Eurocopa de 1988 com a Holanda de Rinus Michels. Entendimento no olhar, movimentação inteligente, inteligência nas tabelas e força no jogo aéreo. Não fossem os muitos problemas físicos e teriam sido ainda mais espetaculares.

3º Di Stéfano & Puskas – Dois dos maiores jogadores da história vencendo juntos duas Copas dos Campeões da Europa e quatro títulos espanhois pelo Real Madrid. Sintonia perfeita em campo, com um abrindo espaços para o outro e ainda forte amizade na vida pessoal. Monstros.

2º Bebeto & Romário – Carregaram nas costas a responsabilidade de acabar com um longo jejum de títulos da seleção brasileira. Primeiro em 1989, na Copa América em casa; cinco anos depois o Mundial nos Estados Unidos. De quebra uma prata olímpica em 1988. Se entendiam no olhar e sem o suporte de grandes meio-campistas.

1º- Pelé & Coutinho – Sem eles essa lista talvez nem existisse. Criaram no imaginário popular do Brasil e do mundo o simbolismo da dupla de ataque, com tabelas espetaculares, gols em profusão e muitos títulos pelo Santos. Faltou o protagonismo de Coutinho também na seleção, mas ainda assim viraram lendas.

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Milan de Arrigo Sacchi: o futebol de 2020 jogado há trinta anos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/10/milan-de-arrigo-sacchi-o-futebol-de-2020-jogado-ha-trinta-anos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/10/milan-de-arrigo-sacchi-o-futebol-de-2020-jogado-ha-trinta-anos/#respond Fri, 10 Apr 2020 12:17:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8275

Foto: Bob Thomas/Getty Images

Final da Copa dos Campeões 1980/90 em Viena. O Benfica de Sven-Göran Eriksson desafia o Milan então campeão europeu, com os brasileiros Aldair e Ricardo Gomes na zaga – mais Valdo no meio-campo, todos convocados por Sebastião Lazaroni para a Copa do Mundo de 1990, na Itália.

Arrigo Sacchi, treinador rossonero, sabia que o time português marcava individualmente na defesa e arquitetou a jogada decisiva: de Carlo Ancelotti para Marco Van Basten, que recuou atraindo Aldair. Gullit, pela direita, arrastou Gomes e abriu um buraco por dentro. O passe do centroavante holandês encontrou o seu compatriota Frank Rijkaard, que infiltrou com liberdade às costas dos meio-campistas adversários para tocar na saída do goleiro Silvino.

O gol do título há trinta anos, mas que poderia ser 2020. Porque buscou o que Pep Guardiola, Jürgen Klopp e os grandes treinadores do futebol priorizam no trabalho ofensivo: a busca do homem livre por trás da linha defensiva. Seja em um jogo mais posicional ou em rápidas transições ofensivas. Todos, incluindo Sacchi, bebendo da mesma fonte: Rinus Michels no Ajax e na seleção holandesa.

Assim Sacchi revolucionou o futebol italiano com o time campeão nacional em 1987/88, primeira temporada em que comandou o time depois de deixar o Parma a convite de Silvio Berlusconi. Em uma de suas primeiras entrevistas, questionado por não ter sido um grande jogador, condição na visão de muitos para se tornar um bom treinador, Sacchi respondeu com sacada genial: “Não sabia que, para ser jóquei, era preciso ser cavalo antes”.

Era treinador desde os 27 anos, quando largou o futebol amador e a fábrica de sapatos do pai para comandar o time de sua cidade, Fusignano, depois equipes minúsculas na região da Romagna até assumir o Parma. Para alcançar a promoção á Série C do Calcio e eliminar o Milan de Nils Liedholm da Taça Itália 1986/87. Feito que convenceu Berlusconi a apostar naquele desconhecido.

Assim modelou uma equipe que viveria seu auge na temporada 1988/1989. Conquista da primeira Copa dos Campeões com atuações mágicas nos 5 a 0 sobre o Real Madrid de Schuster, Hugo Sánchez e Butragueño no San Siro pela semifinal, depois de 1 a 1 no Santiago Bernabéu, e na final em Barcelona contra o Steaua Bucarest: 4 a 0, com dois gols de Ruud Gullit e dois de Van Basten.

Os três holandeses eram as grandes estrelas e também a conexão que Sacchi queria com a escola do país, combinando com a inteligência defensiva dos italianos. Destaque para Franco Baresi que era chamado de “líbero”, mas na verdade era o lider da retaguarda de um time que marcava por zona, compactava os setores em não mais que 30 metros, estreitava o espaço de ação do adversário e abusava da tática de impedimento. Facilitada pelas regras da época, que consideravam em posição irregular qualquer atacante, inclusive os que não participavam da jogada, na mesma linha de último defensor.

O sistema era o 4-4-2 que parecia básico, mas fazia movimentos complexos. Coordenação era a palavra chave. A linha defensiva à frente do goleiro Giovanni Galli virou lenda: Tassotti, Costacurta, Baresi e Maldini. Todos penduraram as chuteiras pelo clube e os dois últimos aposentaram as camisas seis e três quando pararam de jogar. Só isso.

Inesquecíveis não só pelas conquistas e por conta dos serviços prestados por décadas, mas pelo trabalho espetacular e inovador que executavam. Já com conceitos de bola coberta/descoberta e coragem para se adiantar, ficar próxima da linha de meio-campistas e também participar da construção do jogo. Com noção perfeita do tempo para ultrapassagens dos laterais e coberturas na saída de trás de Baresi.

No meio-campo, muita versatilidade de Rijkaard, que podia ser zagueiro ou meio-campista central, sempre jogando de área a área com vigor e inteligência. Mas também de Roberto Donadoni e Ancelotti, que atuavam em qualquer das quatro funções, por dentro ou abertos. O homem que completava o setor podia ser Angelo Colombo ou Diego Fuser pela direita, ou ainda Alberigo Evani à esquerda.

Na frente, Gullit e Van Basten formavam uma das maiores duplas de ataque da história. Força, técnica, elegância e poder de decisão em jogadas individuais, de trocas de passes rasteiros ou nas jogadas aéreas, muito trabalhadas por Sacchi com bola parada ou rolando. Muitas delas com origem em escanteios curtos que chegavam a Donani e dali saíam cruzamentos precisos para os atacantes.

O elenco era curto, outra inovação na época. Contava com Fillipo Galli, irmão do goleiro Giovanni, para a zaga – quando Sacchi não apelava para o recuo de Rijkaard e preenchia o meio-campo com opções mais confiáveis. Na frente, primeiro o veterano Pietro Paolo Virdis era a opção mais utilizada, depois Danielle Massaro e Marco Simone passaram a ser mais requisitados quando um dos atacantes estava ausente – não raro, já que conviviam com muitos problemas físicos.

Duas vezes campeão da Europa e do mundo, feito que só seria repetido em 2017 pelo Real Madrid de Zinedine Zidane que ainda seria tri. Por privilegiar o torneio continental, não construiu uma dinastia no país. Também porque a então liga mais competitiva do planeta oferecia duros adversários, como a Internazionale comandada por Giovanni Trapatonni e liderada em campo por Matthaus, Brehme e Klinsmann campeã absoluta em 1988/89 e o Napoli de Maradona, Careca e Alemão, vencedor em 1989/90.

Maradona que merece um parágrafo como o grande algoz de Sacchi e comandados. Porque era gênio e sabia explorar os “pontos cegos” do maior rival à época: os espaços entre defesa e meio-campo para acionar os atacantes ou tentar a jogada individual; a inversão de jogo rápida e precisa para encontrar o companheiro livre no lado oposto; a infiltração de trás para surpreender e quebrar a tática de impedimento. Um pesadelo para Baresi e sua defesa, mas que em alguns momentos foi devidamente encaixotado por um trabalho defensivo concentrado e intenso.

Intensidade é a palavra que une o Milan do final dos anos 1980 ao futebol atual. Não só na pressão, mas também na rapidez com que circulava a bola para definir os ataques. Sacchi não matou o “catenaccio”, a famosa retranca italiana. Até porque o país viu times ofensivos na primeira metade da década de 1980, como a Juventus que contava com a base da seleção italiana campeã mundial de 1982 e ainda as estrelas Platini e Boniek e também a Roma de Nils Liedholm que tinha Paulo Roberto Falcão e Bruno Conti.

Talvez tenha mudado o “gioco all’italiana”, a marca da equipe de Enzo Bearzot na Copa do Mundo na Espanha. Com o líbero Scirea, o “stopper” Collovati, o “ala tornante” Conti, o “terzino fluidificante” Cabrini e Antognoni como uma mistura de “regista” e “trequartista”. Funções muito específicas e características, além do Gentile cão-de-guarda, que sempre deixava a lateral direita para perseguir o craque do adversário, como fez com Maradona e Zico. Na marcação que podia ser individual ou mista.

Sacchi acreditava em versatilidade e o time baseado em movimentos coletivos. Quando questionado por que não conseguiu repetir os feitos naquele Milan quando comandou a seleção italiana e depois no retorno ao clube, na passagem por Atlético de Madri e na volta ao Parma, o treinador alega que nunca mais conseguiu reunir aquela combinação de grandes homens e ótimos jogadores.

Não por acaso, muitos deles viraram treinadores. Carlo Ancelotti, o melhor deles. Aproveitando muito do que aprendeu, mas adaptando e incluindo uma liderança tranquila que nem sempre foi a marca de Sacchi. Uma vez, ao ter o modelo de jogo questionado por Van Basten, o colocou no banco na partida seguinte para que ele ficasse ao lado dele para explicar onde o técnico estava errando. Hoje treinador, o atacante reconhece a importância de Sacchi em sua carreira, apesar da relação pessoal desgastante.

O Milan da obsessão pela perfeição fez história. Depois do bicampeonato mundial em 1990, vencendo o Olimpia por 3 a 0 em Tóquio, Tassotti falou para Sacchi: “somos os melhores do mundo!” A resposta do treinador foi emblemática: “Sim, mas só até a meia-noite. Amanhã começa tudo de novo”.

Só que o futebol italiano e mundial nunca mais foi o mesmo. Ou só veríamos algo parecido quase trinta anos depois. Por isso é histórico e merece ser sempre lembrado.

 

[Confira o especial sobre o Milan de Sacchi no podcast “Triangulação”, com os colegas Eugenio Leal e Rodrigo Coutinho.]

 

O 4-4-2 do Milan de Sacchi: básico, mas com movimentos complexos que compactavam setores, movimentavam peças, pressionavam os adversários e defendiam e atacavam com incrível coordenação (Tactical Pad).

 

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Os dez maiores jogadores do século 21 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/05/os-dez-maiores-jogadores-do-seculo-21/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/04/05/os-dez-maiores-jogadores-do-seculo-21/#respond Sun, 05 Apr 2020 12:27:36 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8253

Foto: Reuters

Antes que comece a gritaria é bom lembrar: “Melhor” tem relação exclusiva com a qualidade, quem joga mais. “Maior” tem a ver com feitos, conquistas dentro de um patamar igual ou bem próximo no talento.

Dito isso, vamos à lista:

1º – Cristiano Ronaldo – Ele não é melhor que Messi, mas compensa menos talento com mais força mental, trabalho, liderança positiva e conquistas. Em clubes e seleção. Venceu no Manchester United, no Real Madrid e agora na Juventus, ainda que apenas dentro da Itália. O “Mr. Champions”, com cinco conquistas. Pela seleção portuguesa, títulos da Eurocopa e Liga das Nações. Só tem uma Bola de Ouro a menos que Messi pela escolha “política” de Luka Modric em 2018. O maior jogador nascido na Europa em toda a história.

2º – Lionel Messi – O melhor que este que escreve viu jogar em quase quarenta anos acompanhando futebol. O maior jogador do grande clube do século 21. Mas para fazer rankings é preciso ter parâmetros e a escolha é pessoal. E o futebol de seleções ainda é muito relevante e aí está o grande porém da carreira do argentino. Mesmo sendo o maior artilheiro da albiceleste e descontando a bagunça da AFA e os gols perdidos pelos companheiros nas grandes decisões, a falta de uma conquista relevante pesa na disputa já lendária com CR7.

Cabe mais um parágrafo necessário sobre a dupla:

Sim, ainda falta uma Copa do Mundo para os dois. Pela maior tradição da Argentina, essa lacuna pesa mais para Messi. Mas rivalizar jogando em altíssimo nível e quebrando recordes por mais de uma década, só eles. Uma história que certamente será tema de filmes quando os dois se aposentarem. Nem precisa de distanciamento histórico para ter a dimensão do que fizeram, inclusive aumentar relevância da Liga dos Campeões no esporte.

Seguindo:

3º – Ronaldinho Gaúcho – Campeão mundial com o Brasil, da Liga dos Campeões pelo Barcelona e da Libertadores com o Atlético Mineiro. Currículo único, trajetória particularíssima. Talento puro que enquanto conseguiu ser competitivo encantou a ponto de concorrer ao Olimpo de Pelé e Maradona. A chance era ser bicampeão em 2006 com a seleção na Copa da Alemanha como protagonista. Mas falhou miseravelmente e algo se desconectou, vivendo de espasmos de genialidade. Uma pena.

4º – Ronaldo Fenômeno – Talvez não tenha sido melhor que Rivaldo em 2002. Mas a recuperação espetacular e o título mundial com artilharia absoluta depois de ter o joelho direito praticamente condenado para jogar no mais alto nível é a grande história do futebol deste século. De um atacante que até 1999 foi o Fenômeno que mudou a rotação do jogo. Depois viveu de lampejos e briga com a balança, mas ainda um atacante genial. Sem as grandes arrancadas, aprimorou a finalização para seguir brilhando.

5º – Zinedine Zidane – Outro que teve a chance de subir à primeira prateleira da história. A partir das oitavas em 2006, uma das grandes performances individuais em Copas do Mundo. Atuação magistral contra o Brasil favorito nas quartas. A chance da consagração na final, mas uma cabeçada na bola parou em Buffon e a que acertou em Materazzi encerrou o sonho e a carreira vitoriosa, com direito a gol antológico pelo Real Madrid na final da Champions 2001/02. O grande feito do francês no século.

6º – Xavi Hernández – Craque da Eurocopa 2008 na grande virada de chave histórica da Espanha. Da “Fúria” que passava longe das conquistas para a “Roja” bi do continente e campeã mundial em 2010. Fora os muitos títulos com o Barcelona. Com Pep Guardiola deu um salto de qualidade e se tornou ainda mais líder e o grande facilitador para o talento de Messi. Controlador do jogo e da bola. Toca e desloca, tic-tac. Uma pena ter se destacado na Era Messi x CR7. Merecia ao menos uma Bola de Ouro.

7º – Andrés Iniesta – Quatro anos mais novo que Xavi, viveu seu auge na Euro de 2012, com protagonismo na conquista. Sem contar o gol do título mundial na prorrogação contra a Holanda na África do Sul dois anos antes. Outro currículo impressionante de quem também jogou para ser melhor do mundo ao menos por uma temporada. Sabia ditar o ritmo como “oito”, mas também alternar pelos lados com intensidade. O estilo que dava liga a Xavi e Messi no Barcelona histórico.

8º – Kaká – O último Bola de Ouro antes do domínio de Messi e Cristiano Ronaldo. O único inquestionável na concorrência com os dois gênios. Pela temporada espetacular de 2006/07, a melhor da carreira. Imparável nos “sprints” que podiam ser de área a área, inteligente na movimentação ofensiva do 4-3-2-1 de Carlo Ancelotti no Milan. O último grande momento de uma carreira abreviada no mais alto nível por problemas físicos. Faltou também uma grande Copa do Mundo como protagonista.

9º – Toni Kroos – Mais um grande meio-campista do século. Multicampeão por Bayern de Munique, Real Madrid e seleção alemã. Capaz de executar no mais alto nível todas as funções no meio-campo, de área a área. Outro que seria mais reconhecido se não houvesse uma dupla de protagonistas tão absoluta. Os 7 a 1 são tratados sempre como a nossa tragédia, mas aquela tarde no Mineirão foi do meia alemão, com eficiência assombrosa em tudo que executou. Cracaço!

10º Andrea Pirlo – O “regista” do Milan bicampeão da Champions e da Itália campeã mundial de 2006. Ainda levou a Azzurra nas costas até a final da Euro 2012, aos 33 anos. Três anos depois estaria em uma final de Champions pela Juventus contra o Barcelona. O camisa dez que foi recuando e influenciou no jogo ao mostrar que os espaços mais atrás para organizar e articular poderiam ser preciosos e decisivos. Passes curtos e longos, acelerando e cadenciando. Um monstro!

 

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