renatogaucho – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Seis anos do 7 a 1 e pouco aprendemos com a derrota. Só copiamos quem vence http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/08/seis-anos-do-7-a-1-e-pouco-aprendemos-com-a-derrota-so-copiamos-quem-vence/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/08/seis-anos-do-7-a-1-e-pouco-aprendemos-com-a-derrota-so-copiamos-quem-vence/#respond Wed, 08 Jul 2020 17:11:42 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8736

Imagem: Pedro Ugarte / AFP Photo

Seis de setembro de 2014. Menos de dois meses depois da maior derrota da história da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari dava entrevista coletiva no Maracanã como treinador do Grêmio. Este que escreve estava presente, trabalhando na cobertura do jogo para a ESPN Brasil. Altivo e refratário a qualquer questionamento sobre os 7 a 1, Felipão foi tratado pelos jornalistas dos veículos gaúchos, cariocas e nacionais como o dono da razão.

Afinal, seu time havia vencido o Flamengo de Vanderlei Luxemburgo por 1 a 0, gol de Luan, pelo Brasileiro. Encerrando uma série de cinco vitórias do time rubro-negro na competição. Era o primeiro triunfo do tricolor fora de casa sob o comando de Felipão e a equipe ocupava a sexta colocação, quatro à frente do Fla.

Grêmio que terminaria em sétimo e, no ano seguinte, Roger Machado seria o sucessor de Scolari e de um trabalho que deixou terra arrasada e a necessidade de reconstrução. O treinador novato encarou a missão e deixou base e conceitos que seriam aprimorados para em 2017 alcançar o auge com a conquista da Taça Libertadores. Com Renato Gaúcho no comando técnico.

Outro veterano e boleirão que viraria referência no ano seguinte. Junto com Felipão, de volta ao Brasil para comandar o Palmeiras que seria campeão brasileiro; A ponto de no final de 2018, o Flamengo, com nova diretoria liderada por Rodolfo Landim, o vitorioso na eleição para a sucessão de Eduardo Bandeira de Mello, escolher Abel Braga para ser o novo técnico.

Boleiro, perfil “paizão”, bom gestor de vestiário. Essa era a “moda” do futebol brasileiro no início de 2019. Reforçada com os títulos estaduais de Abel no Fla e Renato no Grêmio, mais o início avassalador do Palmeiras no Brasileiro. A ponto de na Copa América, disputada no Brasil, surgirem vozes críticas ao trabalho de Tite que tinham a coragem, quase audácia, de pedir a volta de Felipão no comando da seleção.

No dia 7 de julho, um dia antes de completar cinco anos do “Mineirazo” na semifinal da Copa do Mundo realizada no Brasil, a equipe de Tite conquistou o torneio continental como anfitrião. Sem saber que um furacão estava por vir.

Jorge Jesus no Flamengo. A união de qualidade, conceitos atuais e combinação de características dos jogadores que criou rapidamente um grande time. Cuja vitória de afirmação foi sobre o mesmo Palmeiras de Felipão. 3 a 0 no Maracanã que custou o emprego do técnico gaúcho.

Não foi o único. Fabio Carille, campeão brasileiro em 2017 e tri paulista, também ficou desempregado depois de uma goleada para os rubro-negros por 4 a 1. Assim como Mano Menezes, que caiu na antepenúltima rodada do Brasileiro por conta da derrota do Palmeiras em casa por 3 a 1 para a equipe de Jorge Jesus.

Ambos que carregaram um “hype” nos anos anteriores. Mano pelos títulos da Copa do Brasil pelo Cruzeiro, Carille pelas conquistas no Corinthians e sendo o ponta-de-lança de uma moda que veio antes dos técnicos veteranos: os “jovens, modernos e estudiosos” que ocuparam postos em grandes clubes e sinalizaram uma revolução no futebol brasileiro.

Nem era o caso. Carille simplesmente resgatou a  “identidade Corinthians” que assimilou e ajudou a implementar como auxiliar de Mano e Tite. Em entrevistas, deixava claro que não costumava acompanhar muito o que acontecia nos grandes centros da Europa. Enquanto vencia, essa prática não era criticada pela maioria na imprensa. Muitas vezes foi defendida, como se nossa realidade medíocre fosse imutável e qualquer influência do exterior não pudesse vingar.

Jorge Jesus chegou e virou tudo do avesso. Mas mesmo ele, apesar de toda excelência no desempenho do Flamengo, foi alvo de críticas, senões e “o trabalho é bom, mas…”, só calando a maioria das ressalvas quando alcançou o feito inédito de vencer Brasileiro e Libertadores no mesmo ano. Quebrando um paradigma que já tinha virado uma espécie de dogma: não seria possível disputar ambas em alto nível. Só rodando o elenco e poupando titulares em várias partidas do campeonato por pontos corridos.

Solução de Renato Gaúcho no Grêmio e também tratada como modelo. De Felipão no Palmeiras e depois do próprio Abel no início do Brasileiro pelo Flamengo. Pulverizada com os 5 a 0 na semifinal da Libertadores, com o time de Jesus atropelando a equipe do treinador que era tratado como o sucessor inevitável de Tite na seleção. Renato só não caiu no Grêmio depois do massacre no Maracanã por tudo que conquistou no clube, como jogador e técnico.

Jorge Jesus agora é a referência. Inclusive para a seleção brasileira. Porque venceu. E Tite, hoje questionado, já foi ídolo e tratado como um modelo de ética e competência até para ocupar a Presidência da República. Porque varreu os adversários nas Eliminatórias. A eliminação na Copa do Mundo para a Bélgica em um jogo igual, com tempos distintos, foi suficiente para colocá-lo em xeque.

E só conseguiu o tão sonhado posto na CBF porque em meados de 2016 era o último treinador campeão brasileiro, comandando o Corinthians. A bola da vez e sem concorrentes diretos. Se tivesse perdido o título para o Atlético Mineiro de Levir Culpi em 2015, mesmo com a evolução em métodos e no modelo de jogo depois de um ano “sabático” de estudos, talvez a oportunidade não tivesse surgido.

Enquanto tudo isso acontecia, o trauma e a reflexão sobre os 7 a 1 foi se diluindo com a passagem do tempo. A narrativa do “acidente” se fortaleceu, até pela queda dos alemães depois do ápice com o título mundial. A ponto de Felipão, o grande responsável pelas fragilidades da seleção anfitriã e pelas escolhas infelizes na escalação para o jogo do Mineirão, ser novamente tratado como solução e referência.

Seguimos olhando resultados e navegando ao sabor dos ventos. Na tentativa e erro em loop. O Flamengo se equivocou com Abel, agora acerta com Jesus, que pode voltar para Portugal treinar o Benfica. Se acontecer, quem será a próxima referência? A nova moda ou o “hype” da vez?

Não aprendemos nada, ou muito pouco. Só copiamos, ou tentamos copiar, quem vence. Só respeitamos quem sai com os três pontos. Um imediatismo que faz esquecer tudo muito rápido. O futebol é dinâmico, mas nem tanto.

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Permanência de Jorge Jesus no Flamengo renova também o incômodo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/08/permanencia-de-jorge-jesus-no-flamengo-renova-tambem-o-incomodo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/08/permanencia-de-jorge-jesus-no-flamengo-renova-tambem-o-incomodo/#respond Mon, 08 Jun 2020 11:18:58 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8620

Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Bastou que a pauta da renovação do contrato de Jorge Jesus com o Flamengo surgisse com mais força nos veículos de comunicação e nas redes sociais para que alguns comentários “curiosos” começassem a brotar aqui e ali. Sempre com um viés que não se costuma ver sobre outros treinadores no Brasil.

Começou com Vanderlei Luxemburgo, em entrevista à Rádio Bandeirantes, afirmando que Abel Braga conseguiria o mesmo sucesso que o português se contasse com as contratações rubro-negras no segundo semestre – Rafinha, Pablo Marí, Filipe Luís e Gérson.

Algo muito questionável, considerando que Abel resistia em encaixar De Arrascaeta no time por não querer montar um “time de índio” e, mesmo em um torneio de nível técnico muito inferior como o Carioca, a equipe não chegou nem perto do nível de desempenho do segundo semestre.

Depois o ex-jogador e hoje comentarista Denilson questionou os valores da renovação do técnico campeão brasileiro, da Libertadores, da Supercopa do Brasil e da Recopa Sul-Americana. Ainda que, de fato, a cotação alta do euro possa tornar os 3,5 milhões pagos a Jesus e sua comissão técnica um montante considerável, o esforço de um clube ainda saudável financeiramente e com possibilidades de aumento de receitas em breve é mais que justificável. Afinal, trata-se de um profissional que mudou o patamar da equipe.

Sim, a diretoria do clube segue empilhando equívocos no trato de outras questões, como a empatia com as famílias dos jovens mortos no Ninho do Urubu, as demissões durante a pandemia após garantir três meses de resistência à crise e a pressa na volta do futebol sem perspectivas de achatamento da curva de contágio da Covid-19. Mas acertou nesta empreitada, inclusive na paciência para esperar o momento correto de fechar a negociação. Poderia ter saído ainda mais caro se o acordo fosse sacramentado no início de 2020, antes da parada forçada.

Por fim, o ex-treinador Emerson Leão, em progama no Esporte Interativo, definiu Jesus como “treinador de time rico”: “Joga com craques, que decidem partidas individuais”. Seja lá o que ele quis dizer, a afirmação é estranha, para dizer o mínimo, já que o maior mérito do português foi justamente fazer as estrelas trabalharem coletivamente.

É claro que todos esses depoimentos foram dados em meio a muitos elogios ao trabalho realizado no Flamengo. E obviamente os três personagens têm todo o direito de externar seus pontos de vista. Muito menos a intenção é transformar Jorge Jesus em uma figura intocável.

Mas desde a chegada do técnico ao Brasil, sempre que ele se torna um tema com maior destaque alguém aparece para tentar colocar algum asterisco. Por que o incômodo?

O fato de envolver o time de maior torcida do país sempre pesa. A repercussão é grande, a torcida está  atenta e repercute, gera engajamento. No caso de algumas figuras às vezes pode retomar uma visibilidade perdida. E clubes populares também atraem aquele desejo de que as coisas não funcionem tão bem.

Ainda mais o Flamengo, que tem a frase de Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético Mineiro e hoje prefeito de Belo Horizonte, afirmando que se o clube carioca se organizasse acabaria com a competição no futebol brasileiro, sempre vagando no imaginário popular.

Jorge Jesus é a personificação do sucesso do Fla na sua reestruturação financeira. Foi quem comandou em campo a transformação dos investimentos em títulos. Da provocação do “cheirinho” dos rivais nos gritos de campeão. Foram quatro em menos de um ano, sem contar a Taça Guanabara 2020.

E logo um estrangeiro, no país cinco vezes campeão do mundo que acha que não precisa aprender nada com ninguém. E de Portugal que, segundo o próprio Luxemburgo, “não ganhou nada” – talvez tenha esquecido das conquistas continentais de Benfica e Porto ou dos recentes títulos de Eurocopa e Liga das Nações comandados por Cristiano Ronaldo.

Para piorar, quebrando paradigmas como a impossibilidade, segundo palavras e atos dos profissionais daqui, de vencer Brasileiro e Libertadores no mesmo ano. Porque se chegasse longe na competição sul-americana era obrigatório deixar o campeonato nacional por pontos corridos de lado, utilizando time reserva apenas para garantir uma campanha digna, no máximo aspirando a uma vaga na Libertadores do ano seguinte.

E Jorge Jesus ainda adiciona um tom arrogante em suas entrevistas, para aumentar a raiva dos que torcem o nariz. Sem ataques pessoais, mas afirmando suas qualidades – às vezes carregando um pouco nas tintas, convenhamos. Algo que pode até ser justificado por conta das muitas ressalvas que colocaram sobre seu nome desde a chegada ao Brasil.

O português também desnudou limitações dos treinadores brasileiros. Ele e Jorge Sampaoli subiram o sarrafo e deixaram claro que o nosso teto de exigência estava baixo. No caminho para os títulos, algumas vitórias provocaram demissões de profissionais que eram tratados como referências: Luiz Felipe Scolari, campeão brasileiro de 2018; Mano Menezes, bicampeão da Copa do Brasil em 2017/18 com o Cruzeiro; Fabio Carille, campeão brasileiro em 2017 no Corinthians. Renato Gaúcho não caiu no Grêmio por tudo que representa, mas os 6 a 1 no agregado da semifinal continental abalaram as estruturas do clube gaúcho e mudaram parâmetros e planejamentos.

E tudo isso com enorme visibilidade. Não só aqui, mas também em Portugal. Com os jogos de Brasileiro e Libertadores sendo analisados lá. Escancarando os problemas táticos e estratégicos dos adversários do Flamengo. Falhas primárias dos sistemas defensivos, erros de posicionamento nas jogadas de bola parada, espaços generosos entre os setores. Problemas detectados às vezes com certo sarcasmo pelos comentaristas lusos.

De fato, é um “combo” para lá de incômodo. Toda a cadeia produtiva do futebol foi desafiada pelos feitos de Jorge Jesus no Flamengo. Inclusive nós, jornalistas, que somos obrigados a fazer um esforço na qualificação da análise. Não dá para reduzir tudo ao talento dos jogadores. O campo não mostra isso. As digitais do comando técnico são muito claras.

Jesus renovou contrato até junho de 2021. Mais um ano no Brasil. Com chances, sim, de cair o desempenho pelo contexto da volta do futebol pós-pandemia. Mas uma possibilidade considerável, até pela provável manutenção do elenco, de seguir vencendo e entregando rendimento.

Para alegria de milhões de rubro-negros e daqueles que apreciam um futebol bem jogado independentemente de preferências clubisticas, mas também angustiante para muita gente. Um processo inevitável.

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Por que Edmundo não deu certo no Flamengo em 1995? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/19/por-que-edmundo-nao-deu-certo-no-flamengo-em-1995/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/19/por-que-edmundo-nao-deu-certo-no-flamengo-em-1995/#respond Tue, 19 May 2020 14:25:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8517

Foto: Acervo / Flamengo

Há 25 anos, Edmundo chegava ao Flamengo como a principal contratação do início da gestão Kléber Leite, depois da vinda de Romário. Recebido com festa e desfile em carro do Corpo de Bombeiros. Como não podia mais ser inscrito no Carioca e na Copa do Brasil, o atacante só poderia jogar o Brasileiro e a Supercopa Libertadores.

Nenhum problema para o presidente, nem para o treinador Vanderlei Luxemburgo. Embora a ambição no centenário do clube fosse conquistar todos os títulos, a conquista do Brasileiro era o principal objetivo, até para voltar a disputar a Libertadores. Por isso a contratação do técnico e do grande destaque individual do Palmeiras, bicampeão em 1993/94.

Só que a perda do estadual para o Fluminense, no lendário gol de barriga de Renato Gaúcho, fez explodir a crise de relacionamento entre Luxemburgo e Romário. E Kléber Leite deixou a corda estourar do lado do treinador, que não suportou a pressão de resultados ruins e a clara cisão no grupo. O melhor jogador do planeta em 1994, com a moral de campeão do mundo pela seleção, foi colocado naquele momento acima do clube e venceu a queda de braço.

Luxemburgo pediu demissão e o time foi ladeira abaixo. Não só porque Edinho não era o treinador para o momento que vivia o clube e o radialista Washington Rodrigues foi uma solução populista para acalmar a torcida, mas porque a autoridade de Romário transformou a gestão do futebol em uma bagunça generalizada.

Além disso, a sanha por contratações de Kléber Leite gerou uma reformulação no elenco que praticamente descartou a base que fizera a melhor campanha geral no Carioca – o Fluminense venceu o octagonal decisivo, mas o time rubro-negro conquistou a Taça Guanabara  – e foi semifinalista da Copa do Brasil, caindo para o forte Grêmio de Felipão que seria campeão da Libertadores.

O zagueiro Jorge Luiz, por exemplo, que havia feito um bom Carioca com gols e atuações destacadas foi um dos responsabilizados pelo fracasso no estadual  e partiu para o Atlético Mineiro. Para retornar no ano seguinte e ser um dos pilares do time campeão invicto do Rio de Janeiro.

Tudo ruiu sem Luxemburgo. Inclusive o encaixe de Edmundo no time. O treinador planejou e testou a equipe com três atacantes, colocando Mazinho, ex-Bragantino, como uma espécie de “dublê” da nova estrela. No jogo final contra o Fluminense errou ao trazer William de volta ao meio-campo. No segundo tempo, com Mazinho em campo, o Fla reagiu.

No plano de Luxa, Sávio seria adaptado como uma espécie de “enganche” em um 4-3-1-2 que teria Djair como a peça que faltou ao Fla no primeiro semestre e foi uma das chaves da reação do Fluminense de Joel Santana e Renato Gaúcho: o meio-campista organizador que faz o time jogar. O técnico rubro-negro tentou encaixar Válber e até Branco na função, porém sem sucesso.

Edmundo jogaria solto, se movimentando em torno de Romário, que ficaria mais fixo como centroavante. Não deu tempo e Luxemburgo e Edmundo sequer fizeram um jogo oficial juntos pelo Flamengo. “Interrompeu um projeto que poderia ter sido bem sucedido, todos saíram perdendo”, lembrou Luxemburgo em entrevista anos depois.

Já Edmundo, que se transformaria em desafeto do treinador, culpa a desorganização do clube: “o marketing ficou maior que o futebol e nossas viagens eram uma farra, não era sério”, afirmou em entrevista a Teo José para o Fox Sports, canal que tem o ex-jogador como comentarista.

Edinho montou um time engessado com Edmundo e Sávio nas pontas e Romário no centro e Washington Rodrigues “ganhou” uma suspensão de dois jogos do “Animal” pela famosa confusão com Zandoná em um jogo contra o Vélez Sarsfield, e ainda uma lesão: fratura do osso do pé esquerdo do camisa sete em disputa com o zagueiro Gamarra em Porto Alegre contra o Internacional, ficando de fora do resto da temporada.

Assim o “Apolinho”, amparado pelo auxiliar e treinador Arthur Bernardes, pôde montar um time mais equilibrado e competitivo, com meio-campo preenchido, e ao menos chegar à decisão da Supercopa contra o Independiente. O título esperado, porém, não veio e a campanha no Brasileiro foi pífia.

A saída de Luxemburgo foi decisiva para o fracasso do Flamengo no ano do centenário.  O projeto de “melhor ataque do mundo” virou piada e Edmundo, que ainda se envolveu em um acidente grave que matou três pessoas e feriu outras três, partiria para o Corinthians. Mesmo com Joel Santana, então o treinador em 1996, pedindo sua permanência. Simplesmente não havia mais clima. O “casamento” tinha terminado.

Edmundo faria sua história no Vasco como grande algoz do Flamengo. Foi o que ficou para a eternidade e ganhou força ao longo dos anos com o agora comentarista sempre demonstrando seu amor pela Cruz de Malta. Mas não foi o coração cruzmaltino que atrapalhou o atacante no rival. Ele apenas foi o craque certo na hora errada. Por culpa da bagunça rubro-negra em ano histórico. Um desperdício.

 

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Grenal das Américas não foi só pancadaria e Coudet tem mais a comemorar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/13/grenal-das-americas-nao-foi-so-pancadaria-e-coudet-tem-mais-a-comemorar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/13/grenal-das-americas-nao-foi-so-pancadaria-e-coudet-tem-mais-a-comemorar/#respond Fri, 13 Mar 2020 03:29:29 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8155 A rivalidade entre Grêmio e Internacional é a maior do Brasil. Não só por dividir uma capital do país, mas pela maior concentração local de torcedores. Um duelo especial.

Na Libertadores mais ainda, até pela tradição copeira de cinco títulos conquistados e uma cultura que valoriza demais as disputas continentais. Por isso tanta expectativa pelo Grenal 424 válido pela competição sul-americana.

Também por isso a carga sufocante de tensão que faz os times aumentarem a concentração para evitar o erro e serem ainda mais intensos para se impor no campo. Desta a vez a Arena do Grêmio.

O mandante com sua proposta de trabalhar a bola com o meio-campo mais controlador – Lucas Silva, Matheus Henrique e Maicon – e o Colorado de Eduardo Coudet mantendo a intensidade como principal característica. Com um jogo de transições por conta do contexto do clássico e da formação, novamente com Boschilia, Marcos Guilherme e Thiago Galhardo.

Só podia resultado em um duelo eletrizante, com as equipes tentando impor o estilo. E Coudet, que era o “fato novo”, acabou sendo o grande vencedor da noite, mesmo em um empate sem gols que será mais lembrado pela pancadaria que resultou em oito expulsões. Lamentável e que nunca deve ser incentivada, mas que era até esperada pelas circunstâncias. Uma questão cultural, não só do Rio Grande do Sul. O país é violento.

O Grêmio terminou com mais finalizações – 13 a 10, cinco a um no alvo. O Internacional teve mais a posse de bola (53%), mesmo sem tanto controle. Mas muito volume, ganhando divididas, antecipando, defendendo e atacando com muitos jogadores. E acertando a trave com Edenilson, de novo o destaque como meia onipresente na linha de três no 4-1-3-2, enquanto houve jogo. Lucas Silva, destaque do Grêmio, também chutou no travessão de Marcelo Lomba, mas quando tinha virado uma pelada de oito contra oito no final.

Coudet pode lamentar a chance cristalina desperdiçada por Boschilia no primeiro tempo com uma cavadinha desnecessária e imprecisa. Depois finalizaria na trave à frente de Vanderlei. Renato Gaúcho tem que pensar em uma vaga para Pepê, que entrou na vaga de Alisson e quase marcou um gol antológico em arrancada espetacular rabiscando da direita para esquerda. Luciano perdeu oportunidade clara também.

O Internacional lidera o Grupo E pelo saldo até a Libertadores voltar, se voltar… Até lá, o treinador argentino tem mais a celebrar. Para quem encarou o torneio desde fevereiro, o trabalho vem apresentando evolução de desempenho e resultados satisfatórios na competição que importa neste momento da temporada. Não é pouco.

(Estatísticas: SofaScore)

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Dupla Grenal aquece ainda mais o clássico histórico, cada um ao seu estilo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/dupla-grenal-aquece-ainda-mais-o-classico-historico-cada-um-ao-seu-estilo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/dupla-grenal-aquece-ainda-mais-o-classico-historico-cada-um-ao-seu-estilo/#respond Wed, 04 Mar 2020 02:34:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8089 O Internacional de Eduardo Coudet, ainda no segundo mês de trabalho, aproveitou a experiência “forçada” das duas etapas classificatórias antes da fase de grupos da Libertadores. Em casa, contra a Universidad Católica bicampeã chilena, e sem D’Alessandro, suspenso, apostou tudo na intensidade.

Principalmente na pressão no campo de ataque. Com mais agilidade e vigor, optando por Thiago Galhardo na vaga do camisa dez veterano ao lado de Paolo Guerrero na frente. Deixando Rodrigo Lindoso no banco para Edenilson centralizar à frente de Musto, porém com muita liberdade para chegar à frente. Pelos lados, Marcos Guilherme ganhou oportunidade pela direita e Boschilia mantido à esquerda.

Testes realizados contra Universidad de Chile e Tolima, com pressão de jogo decisivo. Importantes para se impor na primeira rodada do duro Grupo E. Sufocando o adversário, roubando bolas no campo de ataque e finalizando 28 vezes, nove no alvo. E não permitindo uma conclusão na direção da meta de Marcelo Lomba. Um massacre.

Mas com um pouco de sorte, sempre bem-vinda. Na cobrança de falta de Guerrero que desviou na barreira e saiu do alcance de Matias Dituro, abrindo o placar e acabando com a angústia no Beira Rio por um domínio absoluto sem bola na rede. Tranquilidade para aproveitar erro na reposição do goleiro adversário para Galhardo servir Guerrero e o centroavante, aí sim em bela jogada trabalhada, servir Marcos Guilherme para fechar os 3 a 0 com autoridade.

E Edenilson resgatando o melhor de sua imposição física em momento importante. A tendência é o camisa oito, grande destaque ao lado de Guerrero, crescer ainda mais dentro da proposta de jogo de Coudet. A começar pelo clássico histórico na próxima rodada.

Na Arena do Grêmio, que estreou de fato no torneio em jogo complicado fora de casa. Diante do América de Cali, campeão do Clausura na Colômbia,  que arriscava em um 4-3-3 que na maior parte do tempo se defendeu com sete homens, deixando o trio Pisano-Rangel-Vergara mais adiantado.

Um convite para a circulação de bola do time de Renato Gaúcho. Ainda mais com Lucas Silva se juntando a Matheus Henrique e Maicon num meio-campo móvel, variando o desenho de um volante mais plantado (Lucas), ou dois fixos e Maicon adiantado como meia. Assim alternando o desenho de 4-2-3-1 para 4-3-3.

Na frente, Diego Souza se movimentava fazendo pivô e buscando espaços às costas do volante Rodrigo Ureña para acionar os ponteiros. Especialmente Everton, que perdeu duas chances cristalinas, porém foi novamente a grande válvula de escape e preocupação da defesa adversária com as infiltrações em diagonal.

Os gols, porém, saíram dos construtores de trás. Victor Ferraz, impedido, aproveitando cobrança de falta de Lucas Silva que bateu em Diego Souza. Para acalmar o jogo, mas também atrair o América, que poderia ter empatado com Pisano, que bateu no travessão, e, na sequência, com Sierra em cabeçada que Vanderlei salvou.

E Matheus Henrique, para premiar um Grêmio que retomou o controle do jogo na segunda etapa. Com Thaciano na vaga de Maicon, mas foi o meio-campista jogando de área a área que marcou um golaço e murchou os colombianos, inclusive a torcida.

O Grêmio terminou com menos posse (45%) e finalizações- dez contra 15, três a cinco no alvo. Mas venceu à sua maneira, com a vivência de campeão de 2017 e vagas nas semifinais nas duas últimas edições. Experiência para “congelar” a bola.

Agora recebe o maior rival em um duelo que, se já era esperado, Porto Alegre agora vai respirar ainda mais o Grenal até a bola rolar na próxima quinta, dia 12. Que venha logo!

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Com De León e Mauro Galvão, uso do líbero é legado de Valdir Espinosa http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/27/com-de-leon-e-mauro-galvao-uso-do-libero-e-legado-de-valdir-espinosa/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/27/com-de-leon-e-mauro-galvao-uso-do-libero-e-legado-de-valdir-espinosa/#respond Thu, 27 Feb 2020 17:25:36 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8046

Foto: Adolfo Gerchmann / Divulgação Grêmio

O Valdir Espinosa que partiu hoje e já deixa saudades e homenagens no meio do futebol e nas redes sociais está na história do futebol brasileiro especialmente como treinador pelas conquistas internacionais do Grêmio em 1983 e por encerrar, seis anos depois, o jejum de títulos do Botafogo que durou 21 anos. Clube no qual era gerente de futebol até ser hospitalizado por problemas no intestino e sucumbir a uma pneumonia.

Em ambos, uma marca pouco reconhecida. Que fez o ex-treinador gargalhar quando este que escreve mencionou em uma entrevista justamente para falar sobre o tema. Ou a função: o líbero.

Confundida muitas vezes na história com o “zagueiro da sobra”. O que Marinho Peres, por exemplo, foi no Internacional campeão brasileiro de 1976. Ou Lugano no São Paulo multicampeão na década de 2000. Ou ainda Mauro Galvão na seleção de Lazaroni em 1990. Ou seja, o responsável pela última cobertura.

O líbero, na essência é mais que isso. Era o que Franz Beckenbauer fazia no Bayern de Munique e na seleção alemã. O “homem livre” que poderia ocupar qualquer espaço no campo. Em qualquer etapa da construção de jogadas. Até no ataque finalizando ou servindo um companheiro.

Exatamente o que o zagueiro uruguaio Hugo De León fazia no Grêmio. Eternizado por levantar a Libertadores com sangue no rosto, mas que em campo era o jogador cerebral, o organizador de trás das jogadas que tantas vezes terminavam com Renato Gaúcho desequilibrando pela ponta direita.

O mesmo com o próprio Mauro Galvão no Botafogo. Com classe, elegância. Sem porte do típico zagueiro, mas desfilando toque refinado. Com passes curtos fazendo a bola circular. Ou longos acionando diretamente os atacantes. Pela direita, Maurício. Outro heroi pelos gols decisivos.

Nos dois casos, contando com a cobertura de volantes mais marcadores: China no Grêmio e Carlos Alberto Santos no Botafogo. Até porque Espinosa era gaúcho e não aceitaria seus times tão “faceiros”.

Sorriso largo, bom papo, cordialidade. O Valdir gente fina cuja neta criou um canal de Youtube para ele deixar registrado suas análises de jogos e times. Felizmente resgatado no Grêmio com Renato Gaúcho em 2016 para fazer história novamente – e o blogueiro aqui nem fez muita fé na época. Sem líbero, mas com glórias.

Vai fazer falta o Valdir.

 

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Diego Souza! “Martelinho mágico” de Renato funciona no Grenal 423 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/15/diego-souza-martelinho-magico-de-renato-funciona-no-grenal-423/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/15/diego-souza-martelinho-magico-de-renato-funciona-no-grenal-423/#respond Sat, 15 Feb 2020 23:06:23 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7979 O trabalho mais longo e estruturado de Renato Gaúcho no Grêmio pesou a favor do Grêmio no primeiro Grenal de 2020, o 423º, valendo pela semifinal do primeiro turno do Gaúcho no Beira-Rio.

Modelo de jogo assimilado, base entrosada. Apesar de uma mudança de características no meio-campo, com jogadores que trabalham mais entre as intermediárias, sem a presença de um típico meia, como Luan e Jean Pyerre. Com Maicon um pouco à frente de Lucas Silva e Matheus Henrique, mas muita movimentação para acionar os ponteiros Alisson e Everton Cebolinha.

E Diego Souza na referência. Aparentemente já em forma física superior à dos últimos anos. Fazendo o pivô, girando mais fácil sobre Bruno Fuchs do que contra Victor Cuesta. Finalizando mal na primeira chance, depois servindo Everton no gol bem anulado, justamente pelo impedimento do novo centroavante gremista. O Cebolinha ainda faria mais um irregular, pela posição de Bruno Cortez ao receber pela esquerda.

Faltou o gol no primeiro tempo bem acima do tricolor sobre um Internacional ainda buscando adaptação ao 4-1-3-2 de Eduardo Coudet. Com Boschilia na vaga do lesionado Patrick, mas desta vez com dificuldades para articular pela meia esquerda, abrindo corredor para Moisés. A maior dificuldade era mesmo no meio-campo, muitas vezes com Musto e Lindoso sofrendo no duelo por dentro com o trio de meio-campistas do Grêmio. A posse de bola era maior, porém inócua para acionar Paolo Guerrero na frente.

Por incrível que possa parecer, melhorou para o Inter no segundo tempo, depois da expulsão de Damian Musto aos 45 minutos da primeira etapa. O volante argentino sofria quando pressionado e com a mobilidade do adversário. Repaginado no óbvio 4-4-1 com um homem a menos, o time coordenou melhor os setores, qualificou a saída de bola e ganhou espaços com o avanço natural do rival.

Coudet tentou aproveitar a velocidade de Marcos Guilherme, que entrou no lugar de Boschilia, mas desta vez o ponta velocista não conseguiu ser decisivo como na Libertadores contra Universidad de Chile. Coudet não foi feliz também na troca de Lindoso por Zé Gabriel, já que o jovem volante errou tudo que tentou e se complicou também no posicionamento defensivo. Para piorar, o cansaço foi aumentando com o tempo. Ainda assim, poderia ter ido às redes em finalizações de Edenilson.

Renato teve o mérito de ser  corajoso para avançar o time progressivamente, mesmo quando enfrentava dificuldades na defesa que não teve Geromel e Kannemann novamente – Paulo Miranda e David Braz foram os titulares. Thiago Neves entrou no lugar de Maicon e cabeceou uma bola na trave. Pepê e Caio Henrique substituíram Lucas Silva e Bruno Cortez.

Circulando a bola mais fácil e com mais gente pisando na área do Inter, o Grêmio reagiu a ponto de reequilibrar as forças. Quando a decisão por pênaltis parecia inevitável, Everton levantou na cabeça de Diego Souza. Gol de centroavante, da aposta de Renato no centro do ataque para a temporada. Para recuperar um jogador em curva descendente na carreira.

O “martelinho mágico” do treinador do Grêmio funciona e coloca o bicampeão em mais uma final de turno.

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Com estreias, Renato Gaúcho começa a testar o “martelinho mágico” no Grêmio http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/04/com-estreias-renato-gaucho-comeca-a-testar-o-martelinho-magico-no-gremio/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/04/com-estreias-renato-gaucho-comeca-a-testar-o-martelinho-magico-no-gremio/#respond Tue, 04 Feb 2020 12:47:54 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7904

Foto: Jefferson Botega / Agência RBS

“Martelinho mágico” é como se popularizou o serviço de restauração de automóveis batidos e danificados. Quando realizado com expertise pode mesmo deixar a impressão de que o carro não sofreu nenhum prejuízo.

Jogador de futebol profissional não é carro e quem cuida dos “amassados” é o departamento médico do clube. Mas Renato Gaúcho ganhou fama nesta passagem pelo Grêmio que se aproxima dos quatro anos por recuperar atletas. Refugos, subestimados, veteranos…

O treinador pode ostentar a contribuição na recuperação do futebol de Cícero, Bruno Cortez, Fernandinho, Jael, Leonardo Moura, entre outros. Também ajudou na consolidação da carreira de Ramiro e na evolução meteórica de Arthur.

Mas não acerta sempre. Ninguém consegue, ainda mais em um esporte tão caótico, subjetivo e sujeito a oscilações como o futebol. É natural. André, Diego Tardelli, Henrique Almeida e Romulo são exemplos de tentativas frustradas. Paulo Victor e Marinho também podem entrar no grupo, por não terem rendido o esperado.

Difícil calcular as porcentagens de contribuição de atleta e treinador no fracasso da empreitada. Mas o fato é que Renato Gaúcho apostou e não deu certo. Malandro e mestre do marketing pessoal, o técnico chama os louros do sucesso para si e, sem transferir toda a responsabilidade, minimiza os infortúnio.

O ano começa com o elenco gremista reformulado e duas grandes incógnitas dentro de um mercado de bom nível: Thiago Neves e Diego Souza. Segundo Renato, o clube optou por encorpar o elenco e não teve recursos para o alto investimento em jogadores decisivos. Preferiu apostar em contratos por produtividade.

No 4-2-3-1 do time gaúcho, Everton Cebolinha continua decisivo partindo da esquerda para dentro. Driblando, finalizando ou servindo os companheiros. Mas o meia central e o centroavante cumprem funções importantíssimas no quarteto ofensivo. O primeiro criando da intermediária ofensiva em direção à área adversária e o segundo como referência para as combinações por dentro, fazendo a parede como pivô.

Pelas características, Thiago Neves e Diego Souza podem se encaixar bem. Ainda mais em um time com modelo de jogo assimilado. A dúvida é em relação ao foco nas próprias carreiras e nos objetivos da agremiação. Também na resistência física para suportar uma temporada desgastante. Mesmo considerando a prioridade por tradição e cultura às competições de mata-mata. Ambos fazem 35 este ano.

A dupla estreou nos 5 a 0 sobre o Esportivo na Arena do Grêmio. Entrando no segundo tempo, com a vitória bem encaminhada. Aplaudidos e incentivados pela torcida. Diego Souza, de volta ao clube depois de 13 anos, fez gol de centroavante com dez minutos em campo. Thiago Neves arriscou uma de suas típicas finalizações de média/longa distância. Renato foi inteligente ao aproveitar um ambiente favorável.

Mas não será sempre assim. Até porque haverá a concorrência de Luciano, Jean Pyerre, Thaciano e Patrick, além do “renegado” André. E Renato Gaúcho será testado novamente em sua capacidade de fazer jogadores recuperarem o bom desempenho. O “martelinho de ouro” vai funcionar em 2020?

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Contexto do Flamengo 2019 não garante nada para o novo ano que chega http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/27/contexto-do-flamengo-2019-nao-garante-nada-para-o-novo-ano-que-chega/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/27/contexto-do-flamengo-2019-nao-garante-nada-para-o-novo-ano-que-chega/#respond Fri, 27 Dec 2019 12:22:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7777

Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

O trabalho mais longo entre os grandes clubes brasileiros começou com um contrato de três meses. E poderia ter se encerrado objetivamente em três dias, já que Renato Gaúcho assumiu o comando técnico do Grêmio no dia 18 de setembro de 2016 e no dia 21 foi derrotado pelo Athletico por 1 a 0 na Arena em Porto Alegre, mas venceu nos pênaltis por 4 a 3 pelas oitavas de final da Copa do Brasil que venceria na sequência, título que pavimentou o caminho para outras conquistas que construíram uma trajetória já histórica.

Tudo costuma ser muito volátil e efêmero por aqui. A tendência é não ter tendência. O Palmeiras foi campeão brasileiro em 2016 e 2018, mas viveu o caos em 2017 e 2019. Crises, mudanças de treinadores e de estilos, zero estabilidade. No mesmo 2017 da consagração de Renato no Grêmio com a Libertadores, o Corinthians mandou no Brasileiro com Fabio Carille achando um time que resgatou a identidade de jogo vencedora do clube nos últimos anos. Durou só mais um estadual.

É preciso contextualizar o ano mágico do Flamengo. 2019 que começou com Abel Braga como treinador. A pausa para a Copa América criou um marco para reflexão que possibilitou a correção de rota e a troca por Jorge Jesus. Mas objetivamente foram quatro contratações no início do ano, outras quatro no meio. Para os onze que entraram para a história encaixarem em um “click” perfeito nos 3 a 0 sobre o Palmeiras. No primeiro dia de setembro. Já líder do Brasileiro e semifinalista da Libertadores.

Torneio continental que ficou por um gol do Peñarol na fase de grupos para terminar novamente de forma trágica. Ou um do Emelec no Maracanã nas oitavas depois dos 2 a 0 em Guayaquil. Como garantir que Jorge Jesus permaneceria no cargo depois de duas eliminações no mata-mata em tão pouco tempo de trabalho?

Por isso a insistência em tratar esse caso, ao menos por enquanto, como algo meteórico. Raríssimo. Quase como um alinhamento de planetas. E se houve algum planejamento foi o financeiro desde 2013 que viabilizou as contratações de Rodolfo Landim e Marcos Braz. Com 100% de sucesso. Não é todo dia que acontece. E pode não se manter para 2020.

Mesmo com a ótima notícia para o futebol brasileiro do teto de gastos para os clubes chineses. Porque aqui a moeda não é forte, o cenário econômico é frágil, nossos clubes têm a cultura de vender. Como imaginar um domínio como estão aventando os mais ansiosos nesses tempos em que tudo precisa ser grande, histórico, “melhor de todos os tempos” e eterno?

O próximo “hype” pode ser Tiago Nunes no Corinthians. Ou a reconstrução do Grêmio. Ou Eduardo Coudet no Internacional. Quem sabe Jorge Sampaoli no próprio Flamengo se Jesus deixar o clube carioca no meio do ano? Talvez Fernando Diniz e o São Paulo no grande ano de conquistas. Ou mesmo Vanderlei Luxemburgo em uma incrível história de redenção, ou o canto do cisne em uma carreira vitoriosa, no Palmeiras.

É impossível prever qualquer coisa. Nem fracassos, muito menos hegemonias. Em 1993, o São Paulo comemorava o bi da Libertadores e do Mundial com Telê Santana e planejava uma dinastia. Sem notar que, em paralelo, o Palmeiras de Luxemburgo ganhava o primeiro Brasileiro que inverteria o domínio do cenário nacional. Por um curto período, porque logo viria o surpreendente Grêmio de Felipão, campeão da Libertadores e Brasileiro nos anos seguintes.

A única esperança é de que os clubes sigam buscando organização e gestão responsável. O que inclui um pouco mais de estabilidade para treinadores e comissões técnicas e, consequentemente, um jogo mais qualificado. Sem tanto apego a resultados e velhas fórmulas. Em cinco meses, Jorge Jesus abalou estruturas, convicções e apontou um caminho. Mas não é para copiá-lo ou menosprezar por clubismo ou bairrismo.

Apenas uma inspiração que vinha faltando. Para um 2020 melhor, mesmo que seja diferente.

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Trabalho de Ceni no Fortaleza supera os “feitos” de Renato Gaúcho em 2019 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/02/trabalho-de-ceni-no-fortaleza-supera-os-feitos-de-renato-gaucho-em-2019/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/12/02/trabalho-de-ceni-no-fortaleza-supera-os-feitos-de-renato-gaucho-em-2019/#respond Mon, 02 Dec 2019 09:56:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7668

Foto: Alexandre Guzanshe / EM / DA Press

Depois dos 3 a 0 sobre o São Paulo em Porto Alegre que garantiram o Grêmio novamente na fase de grupos da Libertadores, Renato Gaúcho voltou a exaltar a campanha do time gaúcho em 2019.

– O ano do Grêmio foi maravilhoso. Poderíamos ter vencido mais? Sim, poderíamos. Mas quantos clubes ganharam algo além do estadual? O Flamengo gastou R$ 200 milhões, e ainda foi eliminado pelo Athletico. Teve clube que gastou muito e está fora do G-6, ressaltou o treinador.

Pela enésima vez, citou os gastos do Flamengo. Mais uma prova de que ainda não entendeu o que o atingiu em três vitórias, uma por 5 a 0, e um empate no qual foi dominado em dois terços da partida. E por mais um ano coloca título estadual e vaga na Libertadores como grandes feitos.

Sem dúvida não são desprezíveis e superam os de muitos outros grandes clubes no país, como São Paulo, Corinthians e o rival Internacional. Mas para quem durante quase todo ano encheu a boca para dizer que seu time jogava “o melhor futebol do Brasil”, repetir as conquistas de 2018, excluindo a Recopa Sul-Americana que disputou e venceu no ano passado, não deixa de ser uma decepção. Ou passar uma imagem de estagnação.

E há um trabalho que, pelo contexto, está acima do realizado por Renato e só fica abaixo de Flamengo e Athletico na temporada:

Rogério Ceni em 2019 venceu o estadual, a Copa do Nordeste e agora, mesmo com um hiato na mal sucedida passagem pelo Cruzeiro, coloca o Fortaleza na Sul-Americana, primeira competição internacional do time cearense. Ainda com chances, embora remotas, de alcançar a última vaga das fases preliminares da Libertadores dentro do G-8 – precisa tirar quatro pontos do Corinthians em duas rodadas.

Poderia estar mais próximo, considerando o aproveitamento do Fortaleza apenas sob o comando de Ceni: 48,9%. Acima dos 45,4% da campanha geral e pouco abaixo dos 49,1% do Corinthians. Foram 28 jogos, com 12 vitórias, cinco empates e 11 derrotas. 39 gols a favor, 37 contra.

E não é absurdo dizer que a passagem relâmpago por Belo Horizonte comandando o Cruzeiro por sete partidas fez bem ao treinador na volta a Fortaleza. Até a 13ª rodada, o aproveitamento era de apenas 36%. Foram quatro vitórias, dois empates e sete derrotas. Marcou 14 gols, sofreu 20.  Voltou na 22ª e até aqui acumulou oito vitórias, empatou três e perdeu quatro. Foi às redes 25 vezes, levou 17 gols. Faturou 60% dos pontos disputados.

Os números refletem a evolução da equipe e o amadurecimento de Rogerio, que mantém a proposta agressiva, especialmente no Castelão, mas também sabe jogar em rápidas transições ofensivas. Como as que surpreenderam o também “emergente” Goiás no Serra Dourada. Vitória por 2 a 1, gols de Bruno Melo e Osvaldo. O ponteiro que acelera com Edinho pelos flancos, Wellington Paulista ou Kieza na referência e Romarinho se aproximando.

Se a meta era manter o Fortaleza na Série A, Ceni a superou. E ainda entrega dois troféus importantes, que afirmam a equipe como a melhor do Nordeste. Não é pouco. E o feito merece um maior reconhecimento. Inclusive de Renato Gaúcho, que adora relacionar resultados com orçamentos. Se for assim, Ceni gastou menos e conquistou mais que o técnico do Grêmio em 2019.

 

 

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