rodriguinho – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Cruzeiro campeão invicto porque é o melhor, mas poderia sofrer menos http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/20/cruzeiro-campeao-invicto-porque-e-o-melhor-mas-poderia-sofrer-menos/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/20/cruzeiro-campeao-invicto-porque-e-o-melhor-mas-poderia-sofrer-menos/#respond Sat, 20 Apr 2019 21:52:58 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6345 Você leu neste blog uma crítica ao Cruzeiro de Mano Menezes por respeitar demais os adversários, desperdiçando chances de definir jogos e confrontos ao exagerar na cautela com vantagem mínima no placar.

Aconteceu de novo na volta da final do Mineiro no Independência. Administrando os 2 a 1 da ida no Mineirão, placar magro diante do contexto de um Atlético destroçado pela goleada sofrida para o Cerro Porteño e a consequente demissão de Levir Culpi.

O time celeste iniciou recuando linhas e tentando controlar negando espaços ao rival. Mas o 4-1-4-1 montado pelo interino Rodrigo Santana surpreendeu com Geuvânio e Chará nas pontas, Luan por dentro com Elias à frente de José Welison e Ricardo Oliveira na frente. Muita intensidade, com momentos de “Galo Doido” na pressão sobre o oponente.

Os dois times finalizaram no travessão até o contragolpe de Chará para Ricardo Oliveira e Elias marcando de cabeça no rebote de Fábio. Só assim para o Cruzeiro sair para o jogo e ficar mais tempo com a bola no campo de ataque, mas sem ameaçar tanto. O Galo seguiu intenso, porém com dedicação maior no trabalho defensivo.

Beneficiado também por uma arbitragem insegura que travou demais o jogo. Porque os jogadores, pilhados e querendo mostrar que querem a vitória a qualquer custo, reclamavam até de lateral. Inseguro, Leandro Bizzio Marinho recorreu ao VAR em várias situações, algumas desnecessárias. Algo a ser revisto na utilização do recurso de vídeo.

Disputa equilibrada na segunda etapa, apesar da dificuldade cruzeirense para trabalhar a bola e infiltrar. Mano usou a qualidade no banco de reservas colocando Thiago Neves no lugar de Lucas Romero e, pela primeira vez, utilizando o camisa dez e Rodriguinho juntos na articulação.

Também trocou Marquinhos Gabriel por Pedro Rocha, contratação mais recente que disputou com Leonardo Silva e a arbitragem, de novo consultando o VAR, anotou o pênalti. Com a nova orientação da International Board, cujo critério na prática é não ter critério, infração passível de ser marcado.

Fred converteu para consolidar a conquista invicta. Artilheiro com 12 gols no mesmo número de partidas. Um dos destaques do melhor time de Minas Gerais e do país, mas que não precisava sofrer tanto. Tem elenco, trabalho longo e mentalidade vencedora para se impor com menos dificuldade.

Mas sai com a taça novamente e é o que importa para o torcedor. Impossível falar em injustiça.

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Cruzeiro mantém “padrão nacional”, mas Rodriguinho dá liga e decide http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/cruzeiro-mantem-padrao-nacional-mas-rodriguinho-da-liga-e-decide/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/cruzeiro-mantem-padrao-nacional-mas-rodriguinho-da-liga-e-decide/#respond Fri, 08 Mar 2019 03:44:51 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6082 O Cruzeiro teve 52% de posse de bola, mas não controlou o jogo. Permitiu 16 finalizações do Huracán, sete no alvo. Fez Fabio trabalhar, especialmente na parte final quando apelou para linha de cinco atrás – Fabrício Bruno se juntou a Leo e Murillo. Rebateu 39 bolas. Dificuldade compreensível para uma estreia na Libertadores fora de casa e sem Dedé na zaga.

Ou seja, manteve o “padrão nacional”, com exceção do Grêmio, de comandar pouco a partida, mesmo com superioridade técnica e tática. Se abre vantagem recua automaticamente e vive de contragolpes esporádicos. Apenas cinco finalizações, duas no alvo. Mas o gol mostrou uma ótima solução, não só para reforçar o elenco como para combinar características dos atletas.

Robinho é o meia ou volante que sai da ponta direita para dentro, auxiliando na construção do jogo e na compactação dos setores sem a bola. Equilibra o meio e o ataque na execução do 4-2-3-1 quase imutável de Mano Menezes.

Robinho sai da direita para dentro com liberdade e aciona Rodriguinho infiltrando no espaço deixado à direita. Gol único do Cruzeiro na vitória sobre o Huracán (reprodução Facebook Watch)

Rodriguinho, a grande novidade para 2019, é mais finalizador, assim como Thiago Neves. Mas destro, o que possibilita o ataque ao espaço deixado por Robinho pela direita já pronto para finalizar. Justamente o movimento da dupla. Passe de Robinho pelo centro, gol de Rodriguinho na infiltração. Um a zero que foi suficiente para garantir três pontos.

Triunfo importante, sem dúvida. Em Belo Horizonte, porém, é possível e necessário produzir mais. Fazer jus ao bicampeonato sul-americano na história e o da Copa do Brasil recente. Com solidez defensiva, mas também criatividade, a movimentação que surpreende. Como a de Rodriguinho, que decide e dá liga ao novo Cruzeiro.

(Estatísticas: Footstats)

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Cruzeiro é a força “silenciosa” que agora pode usar dois times na temporada http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/10/cruzeiro-e-a-forca-silenciosa-que-agora-pode-usar-dois-times-na-temporada/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/10/cruzeiro-e-a-forca-silenciosa-que-agora-pode-usar-dois-times-na-temporada/#respond Sun, 10 Feb 2019 22:37:39 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5886 Flamengo e Palmeiras contam com orçamentos milionários e a cobertura midiática mais ampla dedicada aos times de São Paulo e Rio de Janeiro. Grêmio sempre é lembrado por ter sido o último brasileiro campeão da Libertadores, praticar o melhor futebol do país desde 2017 e manter o carismático Renato Gaúcho no comando técnico.

O Cruzeiro é bicampeão da Copa do Brasil e até reconhecido como um time capaz de disputar os principais títulos, mas sem tanto alarde. Uma força “silenciosa”. Entre aspas porque não há como fazer silêncio com torcida tão numerosa e imensa visibilidade local dividindo as atenções com o rival Atlético.

Não deixa de merecer muito respeito, porém. O trabalho de Mano Menezes vem de julho de 2016, é mais longevo que o de Renato Gaúcho e o time celeste apresenta a identidade que o treinador começou a construir no Corinthians que venceria tudo com Tite. Equipe competitiva, pragmática. Muitas vezes dando a impressão de que subaproveita a qualidade que conta no elenco. O que também contribui para receber menos elogios, mesmo da mídia mais “festiva”.

Mas é impossível negar sua força. Com a sequência e as mudanças pontuais no elenco, normalmente com mais chegadas que saídas, Mano pode dar o polimento, ajustando mecanismos, criando opções e variações. Usufruir da vantagem de ter processos consolidados e modelo de jogo assimilado.

A volta de Fred depois de longo período afastado por séria lesão é acréscimo no ataque. Experiência, liderança e presença de área. Raniel espera no banco para acelerar e dar profundidade às ações ofensivas. Se perdeu De Arrascaeta para o Flamengo, repôs com duas peças: Rodriguinho para jogar por dentro na linha de meias do 4-2-3-1 praticamente imutável revezando com Thiago Neves e Marquinhos Gabriel faz o lado esquerdo, podendo alternar com Rafinha. David seria mais um para colocar velocidade pelo flanco, mas se lesionou.

Jadson veio do Fluminense para ser a reposição a Robinho sem mudar as características de “ponta volante” pela direita, atuando mais próximos dos volantes que podem ser Henrique, Lucas Silva, Lucas Romero ou Ariel Cabral. Sempre em duplas para a proteção da defesa, prioridade do treinador que preza muito a segurança e o equilíbrio entre os setores. Linhas compactas, pressão no homem da bola, intensidade,concentração no posicionamento.

Retaguarda que só tem Dedé como titular absoluto, além de Fábio na meta. Edilson e Orejuela pela direita, Murillo como opção para Leo e Fabrício Bruno e Cacá completando o setor que perdeu Manoel para o Corinthians. Na esquerda, Egídio é titular, mas agora com a sombra de Dodô. Ou seja, a utilização de dois times na temporada é mais que viável.

Importante para quem não conseguiu ser competitivo de fato no Brasileiro nos últimos dois anos por conta da disputa da Copa do Brasil até a final. A liderança do Mineiro ao lado do América é menos importante que o potencial de crescimento, de aprimoramento ao longo do ano.

Até por cultura, o clube deve seguir priorizando o mata-mata quando a temporada afunilar. Mas desta vez há elenco para lutar em todas as frentes. Quieto, pelas beiradas. Com o perdão do clichê que pode se fazer verdade novamente em 2019.

 

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A “identidade Corinthians” resiste, mas até quando? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/18/a-identidade-corinthians-resiste-mas-ate-quando/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/18/a-identidade-corinthians-resiste-mas-ate-quando/#respond Fri, 18 May 2018 12:30:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4597 A goleada por 7 a 2 sobre o Deportivo Lara, talvez pela profunda crise na Venezuela, fez lembrar os confrontos com os times semiamadores do país de décadas passadas. Mas o Corinthians cumpriu seu papel goleando e, com o resultado, garantindo a vaga nas oitavas de final da Libertadores e encaminhando a liderança do Grupo 7.

O que segue impressionando é a capacidade de reinvenção da equipe dentro da já decantada “identidade Corinthians”. Até Mantuan, inseguro e hesitante na reposição ao lesionado Fagner, vai ganhando confiança pela direita. Tanto na composição da linha de quatro quanto no aproveitamento do corredor deixado por Pedrinho. Joia da base enfim alçada ao profissional e acrescentando drible e inventividade ao quarteto ofensivo.

Ataque que perdeu Jô, pivô eficiente e que fazia a equipe jogar, e se adapta à dinâmica sem centroavante. Na Venezuela, a veia de artilheiro ficou com Jadson e seus três gols. Rodriguinho, melhor finalizador, parece fadado aos gols decisivos, não em jogos fáceis. Sidcley entrou na vaga deixada por Guilherme Arana e é mais um que rende no time ajustado. Gol e assistência para Jadson.

O modelo é a chave que os concorrentes começam a entender e buscar. Se há uma maneira de jogar que não é definida de acordo com o treinador da vez fica mais fácil assimilar os movimentos. Desde a posição corporal na hora de defender a meta de Cássio. Balbuena ensina Mantuan, Henrique e Sidcley e são protegidos pela linha de quatro mais à frente, porém compacta, com os volantes e ponteiros.

Na saída para o ataque, a busca pelas triangulações e a já famosa concentração para não desperdiçar oportunidades. Por isso, mesmo com o decréscimo no nível técnico com a perda de peças o desempenho médio não cai.

Ao menos por enquanto. Porque a proposta do Al-Hilal por Fabio Carille pode levar também alguns titulares. Maycon vai para o Shakhtar Donetsk depois da Copa do Mundo, Cássio e Fagner estarão no período de preparação da seleção brasileira com o Brasileiro rolando e a janela europeia também pode fazer um estrago no elenco.

O Corinthians sofre ao não transferir a organização e a competência dentro de campo para a gestão. Ainda que seja complicado, em qualquer cenário, competir com a moeda e a economia mais fortes de outros centros, o clube deveria resistir mais. Tem receitas para isto. Mas a dificuldade de gerir as finanças com um estádio caro para pagar é obstáculo para um domínio que podia ser maior e corre o risco de evaporar a qualquer momento.

A alternância de poder no Brasil costuma ser implacável. A concorrência aprende com quem está dominando e o time vencedor do período se acomoda nas velhas fórmulas ou paga a conta de um investimento sem sustentação do orçamento. O São Paulo tricampeão brasileiro e hoje decadente é o exemplo mais clássico e duradouro.

O Corinthians respira e segue vencendo. Os sustos, porém, devem vir pelo caminho. Osmar Loss pode ser a nova solução caseira e o elenco ser reciclado mais uma vez. Ao menos o clube aprendeu com o hiato de Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira o que não deve fazer. Mas até quando resiste a identidade do maior vencedor do país nesta década?

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Centroavante para quê, Corinthians? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/22/centroavante-para-que-corinthians/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/22/centroavante-para-que-corinthians/#respond Sun, 22 Apr 2018 16:18:25 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4481 A importância de Jô como artilheiro, pivô e atacante que abre espaços no Corinthians campeão paulista e brasileiro em 2017 é inegável e até dispensa estatísticas para comprová-la.

Mas em 2018 a mudança de Fabio Carille descartando as opções de centroavante – Kazim e Júnior Dutra – e incluindo um volante para dar liberdade a Jadson e Rodriguinho como “falsos noves” deu liga sem mudar a identidade da equipe.

Estão lá as duas linhas de quatro compactas, a concentração, a última linha defensiva bem posicionada, as rápidas transições ofensiva e defensiva. Sem a referência, não há mais um homem fixo na área adversária, mas vários chegando.

Nos 4 a 0 sobre o Paraná em Vila Capanema, primeiro chegou Rodriguinho, o goleador da nova fase. Sidcley dois minutos depois. Na segunda etapa, Clayson que entrou na vaga de Jadson aproveitou jogada pela direita e depois serviu o volante Gabriel.

É claro que a ausência de Maycon, que vai para o Shakhtar Donetsk na parada para a Copa do Mundo, não terá a reposição com mesma qualidade com Renê Júnior. Mas dentro de um time organizado e com modelo de jogo assimilado a adaptação de uma nova peça é mais rápida e menos traumática.

Mais um passeio no modo Corinthians. Posse de bola quase empatada, sete finalizações contra nove do Paraná. Quatro no alvo. Nas redes. A equipe de Rogerio Micale tentou jogar, mas é um trabalho no início de um time voltando à Série A. Contra uma rara equipe consciente jogando em alto nível no país fica bem mais complicado.

Roger chega do Internacional e Carille ganha mais uma opção ofensiva. Importante para uma temporada longa e dura, com várias frentes. Mas hoje a dinâmica ofensiva do campeão brasileiro e bi paulista pode prescindir das características de um atacante de referência. Centroavante para quê?

(Estatísticas: Footstats)

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Corinthians, Botafogo e Cruzeiro: títulos serão ilusão ou redenção? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/09/corinthians-botafogo-e-cruzeiro-titulos-serao-ilusao-ou-redencao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/04/09/corinthians-botafogo-e-cruzeiro-titulos-serao-ilusao-ou-redencao/#respond Mon, 09 Apr 2018 03:49:45 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4410 Não adianta em abril ou maio lembrar ao torcedor que no final do ano é bem provável, a menos que aconteça algo épico, que ninguém lembre do título estadual. Porque o prazer de vencer o rival numa final ainda badalada em termos midiáticos e levar uma taça para casa inebria, entorpece.

Não funciona falar em excesso de jogos, poder das federações, enfraquecimento do próprio time de coração. O triunfo e a chance de tripudiar do colega de trabalho, do vizinho ou de qualquer um que vista as cores do rival valem mais do que qualquer análise racional. Logo passa, porque começa o Brasileiro emendando com Copa do Brasil, Libertadores, Sul-Americana. Calendário inchado é isso.

Mas desta vez, por coincidência, as conquistas estaduais em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais tiveram algo em comum: premiaram times contestados pelas próprias torcidas e que acabaram beneficiados pelos contextos das decisões para se superar.

O Corinthians entra no caso citado no primeiro parágrafo. Vencer no tempo normal e nos pênaltis dentro da casa do milionário Palmeiras, que contava com torcida única e vantagem do empate, é um feito histórico e certamente será lembrado pelo corintiano no fim do ano, a menos que alguma tragédia aconteça até lá.

Mas o desempenho segue preocupante. O time de Fabio Carille se classificou contra o São Paulo também na disputa de pênaltis depois de achar um gol de Rodriguinho em um escanteio nos acréscimos. A decisão foi muito mais brigada que jogada e o Palmeiras se perdeu emocionalmente pela cobrança gigantesca por títulos que façam valer o altíssimo investimento para a realidade brasileira.

Valeu a cultura da vitória construída pelos muitos títulos na década. De novo no gol de Rodriguinho, desta vez no primeiro minuto do clássico. A confusão pelo pênalti que não existiu de Ralf sobre Dudu, mas foi marcado e depois invalidado pela interferência do quarto árbitro, só aumentou o caos emocional dos palmeirenses em campo e na arquibancada.

Mais uma vez Cássio garantiu pegando as cobranças de Dudu e Lucas Lima na decisão por pênaltis. A comemoração no Allianz Parque é imagem emblemática e inesquecível para o torcedor. Mas a conquista não tem o simbolismo de 2017, consolidando um trabalho que ganharia ainda mais força e maturidade no turno do Brasileirão que encaminhou a sétima taça do Corinthians na competição.

Agora o rendimento vem oscilando demais, apesar de uma boa nova como Matheus Vital e o resgate de Maycon, que havia perdido a vaga para Camacho na reta final de 2017 e bateu com precisão a última penalidade. Há espasmos da solidez defensiva que caracteriza a identidade corintiana e também boas triangulações e volume de jogo. Nada muito inspirador, ao menos por enquanto.

Já o título carioca do Botafogo veio numa sequência de acontecimentos que desafia o tradicional e já folclórico pessimismo do torcedor alvinegro. Péssimo início sob o comando de Felipe Conceição, eliminação precoce da Copa do Brasil para o Aparecidense. Chega Alberto Valentim ainda aparentando abimaturidade e a dificuldade para montar o sistema defensivo que apresentou no Palmeiras. Linhas adiantadas, pouca pressão na bola…gols dos rivais.

Não venceu nenhum turno, teve a pior campanha geral entre os grandes, levou 3 a 0 do Fluminense na final da Taça Rio e parecia ser apenas um figurante na fase decisiva. Mas uma atuação pluripatética do Flamengo que custou o emprego de muita gente, inclusive do treinador Paulo César Carpegiani, fez o time alcançar a vitória na única jogada bem engendrada em toda a semifinal em jogo único, finalizada por Luiz Fernando.

Vaga improvável na decisão e de novo o status de “zebra”, até pelo bicampeonato do Vasco em 2014/15 sobre o mesmo adversário e o trabalho mais consolidado do treinador Zé Ricardo. A vitória no primeiro jogo por 3 a 2 e depois a boa atuação no Mineirão contra o Cruzeiro pela Libertadores transferiam um favoritismo natural aos cruzmaltinos.

Mas Fabrício foi expulso aos 36 minutos na primeira etapa por entrada sobre Luiz Fernando quase tão criminosa quanto a de Rildo em João Paulo há três semanas. O vermelho condicionou toda a partida. O Botafogo insistiu, mas com enorme dificuldade para criar espaços. O time é limitado e perdeu organização e criatividade sem João Paulo. Obrigado a atacar pela necessidade e por conta da vantagem numérica acabou se complicando. O Vasco fechado num 4-4-1 e arriscando um contragolpe aqui e outro ali.

No ataque final, já nos acréscimos, a confusão na área e o chute de Joel Carli. Lance fortuito, meio ao acaso. Bola na rede, explosão da torcida e confiança em Gatito Fernández na disputa de pênaltis. Ele não decepcionou e pegou as cobranças de Werley e Henrique. 21º título alvinegro, festa pela conquista inesperada… Mas dá para confiar em boa campanha no Brasileiro?

Uma expulsão no primeiro tempo também mudou a história da decisão mineira. Logo de Otero, por cotovelada em Edilson aos 21 minutos. O meia que desequilibrou na bola parada no Independência. Vitória por 3 a 1 na primeira partida que fez eco durante a semana, encheu o Galo de confiança para a goleada por 4 a 0 sobre o Ferroviário pela Copa do Brasil e abalou o ânimo do Cruzeiro, que empatou sem gols e podia ter sido derrotado em casa pelo Vasco na Libertadores.

Com um a menos ficou mais difícil segurar o rival em casa e os gols do uruguaio De Arrascaeta e de Thiago Neves ratificaram a melhor campanha ao longo do campeonato. Mas de novo o time de Mano Menezes não apresentou um desempenho consistente. Faltou nas duas partidas pelo torneio continental e na primeira da decisão.

O contexto favoreceu, mas há muito a ser questionado. Mesmo com a lesão grave de Fred, a grande contratação para a temporada, há qualidade para apresentar mais e Mano se sente à vontade mesmo dentro de uma proposta mais pragmática e de controle de espaços e reação aos ataques do oponente. Na hora de criar em jogos mais aparelhos a coisa complica.

A grande questão depois das comemorações em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais é como os campeões reagirão. Se haverá a falsa impressão de que os times estão prontos para desafios maiores, mesmo com atuações que não inspiram confiança, ou se a conquista será tratada como a alavanca que combina paz para trabalhar e um clima de mais leveza para investir na evolução dos modelos de jogo. Vencer para crescer e não estacionar.

Ilusão ou redenção? Eis o questionamento que fica para a sequência de trabalho dos vencedores. Consciência da própria realidade é receita simples, mas sábia. Pode valer muito lá no final do ano, quando as taças não passarão de uma lembrança agradável, sem o êxtase de agora.

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Rodriguinho de “falso 9” no dérbi conecta Corinthians 2011/12 ao de 2015 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/25/rodriguinho-de-falso-9-no-derbi-conecta-corinthians-201112-ao-de-2015/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/25/rodriguinho-de-falso-9-no-derbi-conecta-corinthians-201112-ao-de-2015/#respond Sun, 25 Feb 2018 05:44:05 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4181

Foto: Rivaldo Gomes/FolhaPress

Fabio Carille despistou ao dizer que Romero começaria no centro do ataque contra o Palmeiras na Arena Corinthians. Mas se o próprio treinador campeão brasileiro tem boa memória certamente lembrou dos 6 a 1 sobre o São Paulo em 2015.

Era auxiliar de Tite, que escalou reservas e começou com Romero centralizado e o veterano Danilo deslocado pelo lado direito. Rapidamente trocou o posicionamento ao notar que o ataque perdera rapidez e capacidade de abrir o jogo e buscar o fundo. O atual comandante da seleção resgatou a ideia de Danilo “falso nove” dos títulos brasileiro de 2011 e da Libertadores no ano seguinte.

Jorge Henrique e Emerson pelas pontas, Danilo e Alex no centro à frente da dupla de volantes Ralf-Paulinho. Sem referência no ataque. Ou só quando Emerson e Danilo trocavam e o camisa 11 ficava mais adiantado, como na final da Libertadores contra o Boca Juniors. Dois gols e a história que hoje rende uma vaga ao Sheik no elenco corintiano.

2011/12 e 2015. Até 2018. Passado e presente se conectaram no dérbi quando Romero seguiu pela direita e no centro Rodriguinho atuou como “falso nove”. Sem a bola era o jogador mais adiantado da equipe e nas ações ofensivas procurava os espaços entre a defesa e o meio-campo do Palmeiras confundindo os zagueiros Antônio Carlos e Thiago Martins, que não sabiam se guardavam o posicionamento ou saíam para pressionar.

Como no golaço que abriu o placar. Com o falso nove da primeira Era Tite, mas também a troca de passes e a fluência que foi marca da conquista de 2015: 28 passes em um minuto e 23 segundos até Rodriguinho receber às costas de Felipe Melo, indefinir a marcação, cortar Borja e Antonio Carlos e colocar no canto de Jailson.

Rodriguinho recebe às costas de Felipe Melo, indefine o comportamento dos zagueiros pela presença de Jadson. Na sequência, o golaço do “falso nove” que abriu o placar no clássico paulista (Reprodução Premiere).

Goleiro expulso na polêmica do clássico: o pênalti sobre Renê Júnior marcado depois da conclusão da jogada. O árbitro Raphael Claus usou as marcas na coxa do volante corintiano para configurar força excessiva do infrator e justificar a punição. Explicação plausível, ainda que a orientação seja de evitar mostrar o vermelho já que houve a penalidade máxima do esporte.

Mas Jadson bateu para fora tirando muito de Fernando Prass. Com um a mais, o Corinthians ficou mais forte e envolvente até Rodriguinho sofrer o segundo pênalti e Clayson bater no meio do gol para finalizar os 2 a 0 que encerra a invencibilidade do Palmeiras de Roger em 2018.

Também sinaliza o futuro. Seja para a estreia na Libertadores ou vislumbrando a entrada de Alex Teixeira. Contratação ousada considerando os problemas financeiros do Corinthians, mas que pode dar muito certo pela técnica e leitura de jogo do atacante que foi bem no Shakhtar Donetsk, teve propostas de Liverpool e Chelsea, mas seu clube preferiu a grana farta da China. Pode ser um atacante móvel mais adiantado ou atuar pelos flancos neste sistema com “falso nove”.

A julgar pelo desempenho no clássico, Carille deve pensar com carinho nesta segunda opção. Unindo passado e presente para manter o Corinthians forte. Com a cultura de vitória que sempre aparece nos grandes jogos e deu as caras no dérbi mais uma vez.

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Cultura da vitória ajuda Corinthians quando falta futebol http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/04/cultura-da-vitoria-ajuda-corinthians-quando-falta-futebol/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/04/cultura-da-vitoria-ajuda-corinthians-quando-falta-futebol/#respond Sun, 04 Feb 2018 23:41:55 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4093 Não deixou de ser decepcionante que o Corinthians, logo quando escalou de início Júnior Dutra de início na vaga de Kazim junto à base titular, tenha apresentado um desempenho coletivo pouco satisfatório.

Muito por méritos do Novorizontino de Doriva, bem organizado, negando espaços a Rodriguinho e Jadson e atacando o setor de Fágner com a velocidade de Juninho, especialmente no primeiro tempo. Com Clayson errando até jogadas simples, Romero era o único escape pelo flanco na execução do 4-1-4-1. Mas quando o paraguaio serviu Rodriguinho na primeira jogada bem trabalhada, o meia perdeu gol feito.

Já Pedro Henrique não desperdiçou sua chance na bola parada. Típico gol da vitória sofrida, administrada com calma e, claro, a confiança adquirida com os títulos recentes. Quando falta futebol, o atual campeão brasileiro e paulista se impõe na mentalidade vencedora, na segurança que transmite e no respeito que desperta nos adversários.

Três pontos apesar dos 52% de posse e das oito finalizações do time da casa contra seis dos visitantes. Mesmo com a impressão durante boa parte dos 90 minutos que o gol do Novorizontino estava “maduro”. Ainda que Emerson Sheik pouco tenha contribuído quando entrou na segunda etapa. Virou moda dizer que o Corinthians “sabe sofrer”. Na prática, não passa de experiência em jogar controlando os espaços.

Ainda há muito a evoluir – clichê inevitável pelo ridículo período de pré-temporada. A equipe de Fabio Carille já mostra organização e movimentos assimilados desde o ano passado. Falta mais fluência, consistência, regularidade. Deve vir com o tempo.

Por ora, quando falta futebol a cultura da vitória ajuda a descomplicar jogos como em Novo Horizonte.

 

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Golaço é a mostra de que vale o “risco Jadson-Rodriguinho” no Corinthians http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/30/golaco-e-a-mostra-de-que-vale-o-risco-jadson-rodriguinho-no-corinthians/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/30/golaco-e-a-mostra-de-que-vale-o-risco-jadson-rodriguinho-no-corinthians/#respond Tue, 30 Jan 2018 03:53:43 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4071

Foto: Gazeta Press

Juninho Capixaba conduz a bola aberto pela esquerda. Kazim não está na referência do ataque, mas Rodriguinho, que recebe o passe do novo titular da lateral e serve Jadson. Um golaço pela jogada coletiva logo no primeiro minuto do Majestoso no Pacaembu. Com seis jogadores chegando ao ataque.

Flagrante da jogada iniciada pela esquerda com Juninho Capixaba e a bola chegando em Rodriguinho mais na referência do que Kazim. Jadson infiltra pela meia esquerda para marcar o primeiro gol no Majestoso. Seis corintianos no campo de ataque (Reprodução Premiere)

A vitória corintiana por 2 a 1 foi decretada na impulsão e no golpe certeiro de Balbuena após o empate tricolor com Brenner. Em um universo de 62% de posse e dez finalizações são-paulinas contra sete. Mas o time de Fabio Carille teve momentos de belas trocas de passes e jogadas que envolveram o sistema defensivo do rival. Apesar dos erros grosseiros, até bizarros, de Kazim.

Porque o Corinthians agora tem mais qualidade entre as intermediárias com a dupla de meias. Não só na articulação como nas infiltrações por dentro, pelo “funil”. Mais difíceis de conter do que as diagonais dos ponteiros Romero e Clayson, peças fundamentais na compensação dessa perda na proteção da defesa pelo meio com a saída de um volante e a presença de meias não tão intensos no trabalho sem a bola.

O esperado nesta execução do 4-1-4-1 é que os pontas joguem de uma linha de fundo à outra para permitir que a última linha de defesa fique mais estreita, com os laterais Fagner e Capixaba próximos aos zagueiros Balbuena e Pedro Henrique. Bloqueando mais o meio que os flancos. Com isso, Gabriel pode ficar mais fixo no centro, sem tantos deslocamentos para as coberturas.

Mas há efeitos colaterais, como no gol de Brenner, que completou o centro de Militão, em mais uma jogada no setor de Capixaba, com a bola encontrando o atacante fechando apenas para concluir. Fagner estava mais por dentro e não conseguiu alcançar. Mérito do ataque, mas também falha da retaguarda.

No gol do São Paulo, última linha do Corinthians estreita bloqueando o lado direito do ataque do São Paulo, mas o passe de Militão encontrou Brenner mais aberto e Fagner, por dentro, não conseguiu alcançar. Mérito do ataque do São Paulo, mas também um problema de posicionamento que necessita de ajuste (Reprodução Premiere)

Questão de acerto no posicionamento e na dinâmica da transição defensiva. Mas o ganho no volume e na fluência do jogo corintiano já é sensível. Como já dito neste blog, esta formação equilibra passe e velocidade. O campeão brasileiro joga melhor. E pode render ainda mais se encaixar um atacante com um mínimo de sintonia com os dois meias. Entre as peças disponíveis hoje deve ser Júnior Dutra.

Carille já afirmou que a volta ao 4-2-3-1 pode acontecer a qualquer momento, especialmente em jogos fora de casa pela Libertadores. Mas está provado que vale o “risco Jadson-Rodriguinho”. Não para “jogar bonito”, mas sim por representar uma evolução do atual treinador, se aproximando mais do modelo de jogo de Tite no Corinthians em 2015.

(Estatísticas: Footstats)

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Corinthians volta ao 4-1-4-1 equilibrando melhor passe e velocidade http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/14/corinthians-volta-ao-4-1-4-1-equilibrando-melhor-passe-e-velocidade/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/14/corinthians-volta-ao-4-1-4-1-equilibrando-melhor-passe-e-velocidade/#respond Sun, 14 Jan 2018 05:05:07 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=3993 O resultadismo é algo tão sério no Brasil que o Corinthians sofreu críticas por ter sofrido a virada de 4 a 2 para os Rangers com um time reserva e repleto de improvisações que, pelo desentrosamento, sofre mais a falta de ritmo de competição que o adversário no meio da temporada. Tantas vezes a análise se restringe ao placar e não mais que isto.

Valem os dois primeiros períodos de 45 minutos para observar o que pretende Fabio Carille neste início de temporada. E tanto no empate contra o PSV por 1 a 1 com vitórias nos pênaltis e na derrota para o time escocês, a resposta do atual campeão brasileiro foi positiva. Não por ter “vencido” os dois períodos, mas pelo desempenho.

A equipe volta ao 4-1-4-1 consagrado por Tite em 2015 e rascunhado no início do ano passado até Rodriguinho passar a atuar mais adiantado. Mas desta vez com uma alteração que mudou alguns jogos decisivos na reta final do Brasileiro: Jadson no meio-campo e Clayson na ponta esquerda, com Romero sendo transferido para o lado direito. Na frente, Kazim ocupando a vaga de Jô.

A primeira impressão é de um jogo mais fluido e que equilibra melhor o passe e a velocidade nas ações ofensivas. Com Jadson pela direita e Maycon ou Camacho fazendo dupla com Gabriel à frente da defesa num 4-2-3-1, o meio-campo era mais preenchido, porém faltava uma infiltração mais rápida pela direita além das descidas de Fagner.

Lembrando 2015, quando Jadson cortava para dentro, Elias ou Vagner Love apareciam naquele espaço para surpreender a defesa com uma rapidez de deslocamento que não havia em Rodriguinho ou Jô no ano passado. O time ficou menos ágil, especialmente no momento da queda de produção de Maycon.

Agora a equipe tem o passe no meio com Rodriguinho e Jadson, que se movimentam ora recuando para qualificar o toque na intermediária, ora buscando os espaços entre a defesa e o meio-campo do adversário. Os pontas Romero e Clayson aceleram buscando o fundo ou as infiltrações em diagonais e Kazim vem surpreendendo com mobilidade e um trabalho de pivô  eficiente, ainda que longe do nível alcançado por Jô.

Nos três gols marcados, duas assistências de Jadson para Rodriguinho, na estreia com bola parada e na segunda partida em jogada bem trabalhada. Mais um chute cruzado de Kazim após se desmarcar pelo lado direito. O centroavante saiu da área em vários momentos e os companheiros tentaram aproveitar o espaço deixado. Em alguns momentos faltou sincronia, o que absolutamente natural.

Sem a bola, compactação dos setores, responsabilidade dos ponteiros fechando os flancos no auxílio aos laterais Fagner e Juninho Capixaba ou Guilherme Romão. O do setor atacado recua mais e o do lado oposto fica pronto para o contragolpe. Gabriel ajuda os zagueiros Balbuena e Pedro Henrique a bloquear as penetrações pelo centro. Nos 90 minutos com os titulares a meta de Cássio não foi vazada.

Corinthians de volta ao 4-1-4-1 com Gabriel entre as linhas de quatro e o ponteiro do lado atacado – na imagem, Clayson fechando o setor esquerdo – fica mais recuado que o do lado oposto (Reprodução Sportv).

Pouco importa o placar final. A informação preciosa para os corintianos é que o equipe manteve a base, tem modelo de jogo assimilado, mesmo com a mudança no desenho tático. Também entrosamento e apresentou um repertório até interessante no ataque para um início de trabalho. O resultado é o que menos importa no Torneio da Flórida.

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