tite – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Seis anos do 7 a 1 e pouco aprendemos com a derrota. Só copiamos quem vence http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/08/seis-anos-do-7-a-1-e-pouco-aprendemos-com-a-derrota-so-copiamos-quem-vence/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/07/08/seis-anos-do-7-a-1-e-pouco-aprendemos-com-a-derrota-so-copiamos-quem-vence/#respond Wed, 08 Jul 2020 17:11:42 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8736

Imagem: Pedro Ugarte / AFP Photo

Seis de setembro de 2014. Menos de dois meses depois da maior derrota da história da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari dava entrevista coletiva no Maracanã como treinador do Grêmio. Este que escreve estava presente, trabalhando na cobertura do jogo para a ESPN Brasil. Altivo e refratário a qualquer questionamento sobre os 7 a 1, Felipão foi tratado pelos jornalistas dos veículos gaúchos, cariocas e nacionais como o dono da razão.

Afinal, seu time havia vencido o Flamengo de Vanderlei Luxemburgo por 1 a 0, gol de Luan, pelo Brasileiro. Encerrando uma série de cinco vitórias do time rubro-negro na competição. Era o primeiro triunfo do tricolor fora de casa sob o comando de Felipão e a equipe ocupava a sexta colocação, quatro à frente do Fla.

Grêmio que terminaria em sétimo e, no ano seguinte, Roger Machado seria o sucessor de Scolari e de um trabalho que deixou terra arrasada e a necessidade de reconstrução. O treinador novato encarou a missão e deixou base e conceitos que seriam aprimorados para em 2017 alcançar o auge com a conquista da Taça Libertadores. Com Renato Gaúcho no comando técnico.

Outro veterano e boleirão que viraria referência no ano seguinte. Junto com Felipão, de volta ao Brasil para comandar o Palmeiras que seria campeão brasileiro; A ponto de no final de 2018, o Flamengo, com nova diretoria liderada por Rodolfo Landim, o vitorioso na eleição para a sucessão de Eduardo Bandeira de Mello, escolher Abel Braga para ser o novo técnico.

Boleiro, perfil “paizão”, bom gestor de vestiário. Essa era a “moda” do futebol brasileiro no início de 2019. Reforçada com os títulos estaduais de Abel no Fla e Renato no Grêmio, mais o início avassalador do Palmeiras no Brasileiro. A ponto de na Copa América, disputada no Brasil, surgirem vozes críticas ao trabalho de Tite que tinham a coragem, quase audácia, de pedir a volta de Felipão no comando da seleção.

No dia 7 de julho, um dia antes de completar cinco anos do “Mineirazo” na semifinal da Copa do Mundo realizada no Brasil, a equipe de Tite conquistou o torneio continental como anfitrião. Sem saber que um furacão estava por vir.

Jorge Jesus no Flamengo. A união de qualidade, conceitos atuais e combinação de características dos jogadores que criou rapidamente um grande time. Cuja vitória de afirmação foi sobre o mesmo Palmeiras de Felipão. 3 a 0 no Maracanã que custou o emprego do técnico gaúcho.

Não foi o único. Fabio Carille, campeão brasileiro em 2017 e tri paulista, também ficou desempregado depois de uma goleada para os rubro-negros por 4 a 1. Assim como Mano Menezes, que caiu na antepenúltima rodada do Brasileiro por conta da derrota do Palmeiras em casa por 3 a 1 para a equipe de Jorge Jesus.

Ambos que carregaram um “hype” nos anos anteriores. Mano pelos títulos da Copa do Brasil pelo Cruzeiro, Carille pelas conquistas no Corinthians e sendo o ponta-de-lança de uma moda que veio antes dos técnicos veteranos: os “jovens, modernos e estudiosos” que ocuparam postos em grandes clubes e sinalizaram uma revolução no futebol brasileiro.

Nem era o caso. Carille simplesmente resgatou a  “identidade Corinthians” que assimilou e ajudou a implementar como auxiliar de Mano e Tite. Em entrevistas, deixava claro que não costumava acompanhar muito o que acontecia nos grandes centros da Europa. Enquanto vencia, essa prática não era criticada pela maioria na imprensa. Muitas vezes foi defendida, como se nossa realidade medíocre fosse imutável e qualquer influência do exterior não pudesse vingar.

Jorge Jesus chegou e virou tudo do avesso. Mas mesmo ele, apesar de toda excelência no desempenho do Flamengo, foi alvo de críticas, senões e “o trabalho é bom, mas…”, só calando a maioria das ressalvas quando alcançou o feito inédito de vencer Brasileiro e Libertadores no mesmo ano. Quebrando um paradigma que já tinha virado uma espécie de dogma: não seria possível disputar ambas em alto nível. Só rodando o elenco e poupando titulares em várias partidas do campeonato por pontos corridos.

Solução de Renato Gaúcho no Grêmio e também tratada como modelo. De Felipão no Palmeiras e depois do próprio Abel no início do Brasileiro pelo Flamengo. Pulverizada com os 5 a 0 na semifinal da Libertadores, com o time de Jesus atropelando a equipe do treinador que era tratado como o sucessor inevitável de Tite na seleção. Renato só não caiu no Grêmio depois do massacre no Maracanã por tudo que conquistou no clube, como jogador e técnico.

Jorge Jesus agora é a referência. Inclusive para a seleção brasileira. Porque venceu. E Tite, hoje questionado, já foi ídolo e tratado como um modelo de ética e competência até para ocupar a Presidência da República. Porque varreu os adversários nas Eliminatórias. A eliminação na Copa do Mundo para a Bélgica em um jogo igual, com tempos distintos, foi suficiente para colocá-lo em xeque.

E só conseguiu o tão sonhado posto na CBF porque em meados de 2016 era o último treinador campeão brasileiro, comandando o Corinthians. A bola da vez e sem concorrentes diretos. Se tivesse perdido o título para o Atlético Mineiro de Levir Culpi em 2015, mesmo com a evolução em métodos e no modelo de jogo depois de um ano “sabático” de estudos, talvez a oportunidade não tivesse surgido.

Enquanto tudo isso acontecia, o trauma e a reflexão sobre os 7 a 1 foi se diluindo com a passagem do tempo. A narrativa do “acidente” se fortaleceu, até pela queda dos alemães depois do ápice com o título mundial. A ponto de Felipão, o grande responsável pelas fragilidades da seleção anfitriã e pelas escolhas infelizes na escalação para o jogo do Mineirão, ser novamente tratado como solução e referência.

Seguimos olhando resultados e navegando ao sabor dos ventos. Na tentativa e erro em loop. O Flamengo se equivocou com Abel, agora acerta com Jesus, que pode voltar para Portugal treinar o Benfica. Se acontecer, quem será a próxima referência? A nova moda ou o “hype” da vez?

Não aprendemos nada, ou muito pouco. Só copiamos, ou tentamos copiar, quem vence. Só respeitamos quem sai com os três pontos. Um imediatismo que faz esquecer tudo muito rápido. O futebol é dinâmico, mas nem tanto.

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Futebol no Brasil continua mal jogado. Flamengo só é a melhor exceção http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/04/futebol-no-brasil-continua-mal-jogado-flamengo-so-e-a-melhor-excecao/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/04/futebol-no-brasil-continua-mal-jogado-flamengo-so-e-a-melhor-excecao/#respond Thu, 04 Jun 2020 12:20:29 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8595

Foto: Gazeta Press

O companheiro Mauro Cezar Pereira foi parar no topo dos assuntos mais comentados no Twitter ontem à tarde por conta de sua análise sobre o futebol jogado no Brasil. No podcast “Posse de Bola”, aqui no UOL Esporte, ele afirmou que até 2019, com algumas exceções, os times escolheram a tese do “jogar feio e vencer”. Os Jorges, Jesus e Sampaoli, teriam mudado esse cenário no ano passado com seus trabalhos no Flamengo e no Santos, respectivamente.

Como temos uma amizade de alguns anos, inclusive trabalhando juntos na ESPN Brasil, chamei o Mauro em particular para entender melhor o que ele queria dizer. Pouco antes ele havia publicado um vídeo no seu canal no Youtube explicando de forma mais clara o ponto de vista.

Entendi, mas continuo discordando respeitosamente do Mauro. A meu ver, o futebol no Brasil continua mal jogado. O Flamengo só é a melhor exceção.

Até porque há uma espécie de cultura subterrânea no país que valoriza o jogar mal. Não feio. Aliás, muitas vezes se cria um falso dilema em torno do tema. Para evitar confrontos com profissionais do futebol pelos mais variados interesses, de preservar a fonte jornalística até a tentativa de cavar uma vaga em comissões técnicas de clubes, se apela para a “não-crítica”.

“Há várias maneiras de jogar e vencer”, “não existe certo e errado’ e por aí vai. São as senhas para elogiar qualquer coisa que alcance resultados por um período ou um campeonato. Um esforço para encontrar virtudes onde muitas vezes só há ideias ruins, mal planejadas e executadas, porém salvas por individualidades ou um contexto favorável.

No Brasil se criou uma espécie de conformismo, baseada em nosso jeito de ver futebol. Se os melhores jogadores vão para a Europa, cada vez mais cedo, que aqui vença o mais “macho”. O jogo vira um culto à virilidade. O torcedor, em geral, prefere a vitória sofrida, arrancada à forceps. A imposição do melhor futebol é algo chato, que torna tudo mais previsível. A velha ditadura da emoção, que vale mais que um trabalho bem feito.

A prova veio no ano passado mesmo. Quem não lembra da esperança de muitos que o Palmeiras com Mano Menezes pudesse alcançar um Flamengo que deixou alguns pontos pelo caminho na sequência dura de dois jogos por semana na reta final da temporada, jogando Brasileiro e Libertadores? Mesmo jogando mal quase sempre, o Alviverde pontuava e esperava enfrentar em casa o líder ainda com condições matemáticas na antepenúltima rodada. O desfecho acabou sendo decepcionante.

Ou ainda o delírio coletivo em torno de Vanderlei Luxemburgo, então treinador do Vasco, depois do empate por 4 a 4 no clássico carioca antecipado da 34ª rodada para que o Flamengo pudesse ir a Lima decidir a Libertadores contra o River Plate. Uma boa atuação cruzmaltina, dentro da proposta possível de um time inferior técnica e taticamente, em um clássico que costuma equilibrar forças. Contra uma equipe com boa vantagem na ponta da tabela da competição por pontos corridos e já mais focada na final continental.

Foi o suficiente para uma exaltação da estratégia de Luxemburgo. Como um último suspiro do status quo. O time inferior, mas “raçudo” e lutando até o final – o mínimo que se espera em um grande clássico nacional – arrancando o empate no fim, porém sofrendo quatro gols – foi alçado à condição de “heroi”. E o treinador tratado como um fantástico estrategista, como se tivesse encontrado a fórmula para parar aquela equipe que desafiava o padrão nacional de jogar futebol. Algo totalmente esporádico.

Isso vai além da natural torcida contra times muitos populares. Ou da resistência brasileira de admitir que países menos tradicionais em conquistas de Copas do Mundo, como Portugal, possam acrescentar algo ao futebol cinco vezes campeão do mundo. “Ganharam o quê?”

Jorge Jesus e o Flamengo ganharam. Brasileiro e Libertadores no mesmo ano, feito inédito desde o Santos de Pelé. Mas este conquistando a Taça Brasil disputando quatro ou seis jogos, não 38.  Quebrando paradigmas, como a utilização de reservas no campeonato por pontos corridos quando o clube chegava às fases decisivas das competições por mata-mata. Jesus poupou titulares poucas vezes.

A melhor exceção dos últimos anos. Como o Mauro Cezar inseriu este comentário em uma abordagem sobre a reprise dos 7 a 1 no fim de semana pelo Sportv, o período mais exato da análise seria desde 2014. Então teríamos o Corinthians de 2015 comandado por Tite e o Grêmio de Renato Gaúcho que venceu a Libertadores de 2017 como os únicos exemplos de equipes que venceram buscando um futebol diferente. Sem “fechar a casinha”, apelar para ligações diretas, usar com frequência a cobrança de lateral na área adversária e entregar a bola para o mais talentoso compensar a falta de ideias.

O Fla de Jesus mandou Felipão e Mano Menezes para casa. Também Fabio Carille, representante da identidade do Corinthians nos últimos anos que inclui Tite e o próprio Mano. E Renato Gaúcho só não caiu depois dos 5 a 0 na semifinal da Libertadores pelo tamanho que tem no Grêmio.

É inegável que o time rubro-negro abalou as estruturas. O Santos de Sampaoli também, mais pelo desempenho que por resultados. Justo também incluir o Athletico de Tiago Nunes campeão da Copa do Brasil. Mas a média continua baixa. Há iniciativas que valem a observação, como Eduardo Coudet no Internacional e a sequência de Fernando Diniz no São Paulo, mas a pandemia atrapalhou. Pode prejudicar o próprio Flamengo na volta.

Se acontecer, será a alegria e o alívio de muitos. E aí é impossível discordar do Mauro: de fato, a visão medíocre de futebol ainda impera. Vejamos até quando.

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Tite e Jorge Jesus: as melhores respostas do futebol brasileiro ao 7 a 1 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/01/tite-e-jorge-jesus-as-melhores-respostas-do-futebol-brasileiro-ao-7-a-1/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/01/tite-e-jorge-jesus-as-melhores-respostas-do-futebol-brasileiro-ao-7-a-1/#respond Mon, 01 Jun 2020 15:19:04 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8576

Foto: Luciano Belford / Agência O Dia

O Sportv reprisou os 7 a 1 de 2014. Seis anos transformaram a maior derrota brasileira e o grande vexame da história dos esportes coletivos em clichê, inclusive saindo da esfera do futebol para invadir as muitas mazelas do país – “todo dia um 7 a 1 diferente”.

A goleada retumbante no Mineirão em uma semifinal de Copa do Mundo foi o grande revés de uma maneira de ver o jogo. Ou de não ver. Luiz Felipe Scolari mandou os observadores Alexandre Gallo e Roque Júnior ao Maracanã assistirem ao confronto das quartas que dariam o adversário brasileiro: Alemanha x França.

O treinador, porém, não deu muita bola para o que os assistentes disseram. Preferiu acreditar na intuição. E na superstição. Também na mística da camisa verde e amarela e  na força da torcida. Gallo e Roque Júnior sugeriram reforçar o meio-campo. Felipão escolheu Bernard. Porque tinha “alegria nas pernas”. Porque deu certo contra o Uruguai na Copa das Confederações, um ano antes. Resolveu ir para cima, mesmo sem Thiago Silva, o melhor zagueiro, e Neymar, o grande craque da seleção.

Além da escolha errada, encontrou uma Alemanha com fome. Que tinha encontrado a melhor formação, com Lahm de volta à lateral direita e um trio de meio-campistas técnico e versátil: Schweinsteiger, Khedira e Toni Kroos. Klose como referência na frente, puxando Muller para uma função híbrida partindo da direita, mas circulando pelo ataque, e Ozil guardando um pouco mais o lado esquerdo, até porque Howedes praticamente não descia, era um lateral-zagueiro.

Na prática, o que se viu foi a seleção brasileira em uma espécie de 5-1-4. Luiz Gustavo muito afundado perto da defesa, quarteto ofensivo isolado – Bernard e Hulk nas pontas, Oscar por dentro e Fred na frente. E Fernandinho sozinho no meio, entre o trio alemão e levando botes toda hora. Para piorar, um David Luiz tresloucado, num delírio de “Exército de Um Homem Só”, abandonando a defesa para tentar resolver tudo sozinho.

A Alemanha foi absurdamente eficiente em contragolpes e finalizações. Uma tarde única que produziu o placar histórico. Mas estava claro que o Brasil não poderia manter a visão de futebol valorizando o periférico e olhando pouco para o jogo. Por mais que muitos insistam até hoje em passar a mão na cabeça de Felipão por amizade e usar o termo “apagão” para reduzir uma humilhação para nunca mais esquecer.

Mesmo com resistências, alguns agentes do futebol brasileiro se esforçaram para avançar, evoluir. Tite foi o primeiro e  mais significativo. Mesmo campeão da Libertadores e Mundial em 2012, sentiu na virada de 2013 para 2014 que precisava aprender, ampliar o repertório. Ele que já havia afirmado no Brasil a marcação por zona em detrimento dos encaixes com perseguições individuais típicos. Também valorizado a compactação entre os setores. Mas ainda era pouco.

Rodou a Europa, fez uma espécie de “estágio” com Carlo Ancelotti no Real Madrid, estudou muito o Barcelona que começava a sinalizar o “arrastão” do trio Messi-Suárez-Neymar e voltou com elementos para acrescentar ao seu estilo, especialmente na fase ofensiva. Pensou em aplicar na seleção, mas a CBF preferiu Dunga.

Acabou voltando ao Corinthians em 2015. Precisou queimar etapas de preparação para tornar a equipe competitiva nas fases preliminares da Libertadores, teve a Flórida Cup para atrapalhar, mas deu uma boa resposta inicial que cobrou caro mais à frente. A oscilação depois de superar São Paulo, San Lorenzo e Danúbio na fase de grupos veio com problemas internos, como atraso de salários. Custou o Paulista e a elminação para o Guaraní paraguaio nas oitavas.

No Brasileiro, um ajuste fino no acréscimo de conceitos formou um time fortíssimo. Competitivo e capaz de proporcionar momentos de espetáculo. O Corinthians do Renato Augusto organizador, de Elias infiltrador como meia em um 4-1-4-1. De Jadson “ponta articulador” partindo da direita para circular às costas dos volantes adversários e ainda abrindo o corredor para Fagner. Uma equipe que apostava demais nas triangulações nas ações de ataque. Campeã brasileira sobrando na reta final, com direito a 3 a 0 sobre o Atlético Mineiro no Independência para consolidar a conquista.

Com a demissão de Dunga depois do fracasso na Copa América Centenário, era a vez de Tite. Que passou por cima de convicções acerca do “modus operandi” da CBF em nome do sonho de dirigir a seleção. E levou suas ideias e o “modelo Corinthians” para comandar Neymar, Philippe Coutinho, Gabriel Jesus e companhia.

Obviamente sem deixar de pensar no entorno. Criou um clima positivo com jogadores e imprensa. E repaginou a seleção no mesmo 4-1-4-1, trazendo Renato Augusto para a função única de organizador. Paulinho era Elias, Casemiro era Ralf, Coutinho era Jadson, Jesus era Love. E Neymar não era Malcom, mas o grande protagonista.

De sexto lugar e ameaçado a ficar de fora da Copa em agosto de 2016 a líder absoluto das Eliminatórias com classificação antecipada. Mas o ciclo de apenas dois anos começou a cobrar o preço em novembro de 2017, com o empate sem gols com a Inglaterra em Wembley que revelou a dificuldade de furar a linha de cinco defensores. Problema que virou drama com o sorteio para a Copa na Rússia que colocou no caminho Suíça, Costa Rica e Sérvia. Todas que em algum momento jogaram com linha de cinco e poderiam repetir contra o favorito Brasil.

Tite tentou uma nova “revolução”. Acrescentando elementos do ataque de posição. Trocando o Renato Augusto com problemas físicos por Willian. Um ponta para abrir o campo pela direita, trazendo Coutinho para o meio com Paulinho. Mais posse de bola e um jogo planejado para furar retrancas.

Sofreu com o corte por lesão de Daniel Alves e a recuperação tardia de Neymar. Mas fez uma Copa digna comparada com a saga tortuosa de 2014. Ao menos Tite buscava soluções olhando para o campo. Douglas Costa, Roberto Firmino, o próprio Renato Augusto. Os que mudaram o segundo tempo contra a Bélgica e quase recuperaram os 2 a 0 da primeira etapa. Faltou a eficiência nas finalizações.

Tite seguiu no comando técnico da seleção. Uma rara permanência sem título da CBF. Justa, porque o saldo dos dois anos  foi bastante positivo. Hoje parece um passado distante em tempos tão acelerados, mas o treinador era ídolo antes do Mundial, especialmente depois da “revanche” contra os alemães a poucos meses da Copa. Para os incautos era visto até como um exemplo para os candidatos a presidente.

2019 trouxe o título da Copa América disputada no Brasil, mas também uma sensação de estagnação. Em desempenho e resultados. Tite manteve a ideia do ataque guardando posições, de se instalar no campo ofensivo e valorizar a posse. Mas Arthur não trouxe a dinâmica na circulação da bola e Firmino não se afirmou como “falso nove”, função que exerce com brilhantismo no Liverpool.

Com Tite dando a impressão de que havia batido no teto, o futebol cinco vezes campeão mundial ficou um tanto órfão. A ponto de Felipão, redivivo com o título brasileiro do Palmeiras, voltar a ser tratado por alguns como uma velha/nova solução. Chocante e desanimador. Era preciso reencontrar um norte. Buscar uma resposta.

Veio de Portugal. Ou melhor, da Arábia Saudita. Jorge Jesus deixou o Al Hilal e acertou com o Flamengo, que efetuou uma correção de rota após a opção infeliz por Abel Braga. Inspirada na onda de técnicos experientes e boleirões que veio com o sucesso de Scolari no ano anterior. Abel deixou De Arrascaeta no banco para manter Willian Arão ao lado de Cuéllar à frente da defesa. Não queria um “time de índios”.

Jesus sofreu com a adaptação em um início já com partidas decisivas na Copa do Brasil e na Libertadores. Caiu nos pênaltis contra o Athletico pelo mata-mata nacional, mas sobreviveu contra o Emelec nas oitavas sul-americanas e teve tempo para encaixar os quatro que chegaram para o segundo semestre – Rafinha, Pablo Marí, Filipe Luís e Gérson – com os quatro contratados em janeiro: Rodrigo Caio, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa. Mantendo Diego Alves na meta e Everton Ribeiro como o ponta articulador.

Transformou Willian Arão em um ótimo primeiro volante. Com estatura para colaborar no jogo aéreo ofensivo e defensivo, qualidade técnica na saída de bola e capacidade de infiltração para momentos específicos visando surpreender os adversários.

Montou o melhor time brasileiro da década, superando o próprio Corinthians de Tite. Entregando respostas velhas e novas. Como reunir todos os talentos? Fazendo todos se comprometerem sem a  bola. Como não se expor defensivamente? Pressionando no ataque.

Como furar retrancas com linha de cinco na defesa? Aumentando a pressão, roubando bolas na frente e definindo rápido as jogadas. Ou variando taticamente sem trocar peças. O 4-1-3-2 básico pode se transformar em 4-2-3-1 ou 4-3-3. Bruno Henrique pode fazer dupla com Gabriel Barbosa ou trabalhar pelos flancos como ponteiro. Everton Ribeiro e Arrascaeta podem trabalhar por dentro. Gabriel abrir pela direita.

Deu certo com o ano histórico do feito inédito de vencer Brasileiro e Libertadores. E já entrava em uma segunda etapa de conquistas e evolução faturando as taças da Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Taça Guanabara. Ampliando o repertório e as possibilidades com um elenco mais recheado. Parado pela pandemia e agora com futuro incerto.

Ainda assim, um salto tão grande, trazendo Jorge Sampaoli na carona, que fez os técnicos brasileiros parecerem mais anacrônicos que em 2014. Renato Gaúcho, o grande favorito para suceder Tite na seleção, foi humilhado na semifinal da Libertadores com 6 a 1 no agregado e superioridade clara dos rubro-negros até no empate por 1 a 1 em Porto Alegre. Com direito a nova vitória, no Brasileiro, por 1 a 0 em Porto Alegre com Jesus poupando oito titulares para a final do torneio continental contra o River Plate.

Jesus virou tudo de ponta a cabeça. Sem ser hoje um dos melhores treinadores do planeta. Longe da primeira prateleira, mas com um olhar europeu que, com respaldo da direção do Flamengo e qualidade do elenco para executar suas ideias em campo, se impôs de maneira contundente.

Primeiro Tite, depois Jorge Jesus. As melhores respostas no futebol brasileiro aos 7 a 1 que deveriam ser tratados como um corretivo pedagógico, mas são vistos como “tragédia”. Felizmente o tempo não pára e a evolução arrasta, ainda que lentamente. Qual será o próximo passo?

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Comparação mais justa nos Mundiais de 12 e 19 não é entre Fla e Corinthians http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/18/comparacao-mais-justa-nos-mundiais-de-12-e-19-nao-e-entre-fla-e-corinthians/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/05/18/comparacao-mais-justa-nos-mundiais-de-12-e-19-nao-e-entre-fla-e-corinthians/#respond Mon, 18 May 2020 11:50:52 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8508 As reprises na TV Globo da conquista do Mundial de Clubes 2012 pelo Corinthians, para São Paulo, e da Libertadores do ano passado pelo Flamengo despertaram nas redes sociais uma rivalidade que nunca fez muito sentido para este que escreve, que viveu a época da “Fla-Fiel”, de torcedores engrossando a massa do “parceiro” em disputas interestaduais.

Uma união de times extremamente populares que foi minada primeiro pelo bairrismo crescente em programas de TV que deveriam ser de âmbito nacional e depois pela internet, com a tola “polêmica” sobre qual a maior torcida do país.

Apesar do jogo exibido do time carioca ter sido contra o River Plate em Lima, muitos corintianos fizeram questão de lembrar da derrota do Flamengo para o Liverpool no Mundial em dezembro. Mantendo o clube paulista como o único sul-americano a vencer o torneio organizado pela FIFA nesta década.

Méritos inquestionáveis de uma conquista invicta desde a Libertadores da equipe comandada por Tite. E a comparação não faz sentido também porque o registro que fica para os corintianos é de uma festa apoteótica no Japão e dos rubro-negros de tristeza no Catar, apesar do orgulho pelo desempenho do time. Celebração só em 1981, com os 3 a 0 sobre o mesmo gigante inglês em Tóquio, na conquista reconhecida pela FIFA como Mundial.

Mas a comparação correta para avaliar apenas os desempenhos dos times brasileiros deve ser entre os adversários. Qual time impôs mais resistência: o Chelsea de Rafa Benítez há quase oito anos ou o Liverpool de Jürgen Klopp há cinco meses?

Bem, os Blues não eram o melhor time da Europa nem quando conquistaram a tão sonhada Liga dos Campeões. Apesar do heroismo de resistir ao Bayern na final em Munique e ter eliminado o Barcelona de Guardiola na semifinal, os comandados de Roberto Di Matteo, liderados em campo por Didier Drogba, foram o grande azarão e não tiveram uma grande atuação para chamar de sua no período.

Em dezembro, sem Drogba e com Rafa Benítez, era um time ainda mais fragilizado. Eliminado por Juventus e Shakhtar Donetsk na fase de grupos da Champions 2012/13, terminaria em terceiro lugar na Premier League, 14 pontos atrás do campeão Manchester United, e sem faturar nenhuma copa nacional.

Só a Liga Europa contra o Benfica, mas pela capacidade de investimento de Roman Abramovich à época, não passou de um prêmio de consolação. Tanto que Benítez acabou demitido no final da temporada para o clube londrino repatriar José Mourinho.

No Mundial, vitória protocolar sobre o Monterrey por 3 a 1 na semifinal. Impondo a enorme superioridade técnica de um time que ainda contava com Cech, Ivanovic, David Luiz, Ashley Cole, Lampard, Hazard e Fernando Torres.

É óbvio que o Corinthians não venceu qualquer um. Nem foi uma vitória por acaso, abrindo mão de jogar futebol. Se cuidou na execução do 4-4-1-1 que tinha Danilo pela esquerda e Emerson se aproximando de Paolo Guerrero, autor do gol do título. Para depois compactar setores marcando por zona, uma novidade à época nos times brasileiros, e contar com as defesas de Cássio para segurar o campeão europeu estelar.

Inegavelmente um feito histórico e único nos últimos dez anos, de domínio cada vez maior dos times do Velho Continente. Não só pelo abismo financeiro, mas por conta da evolução constante dos métodos e do rendimento no mais alto nível.

Eis o mérito do Flamengo, mesmo sem levantar a taça. Encarou de fato o melhor time europeu e do planeta naquele momento. Classificado para o mata-mata da Liga dos Campeões e líder absoluto da Premier League, com título praticamente encaminhado já em dezembro.

Com Alisson, Van Dijk, Alexander-Arnold, Robertson, Henderson, Salah, Firmino e Mané. À beira do campo, o melhor treinador do planeta na atualidade. Mesmo considerando a intensidade mais baixa na disputa do Mundial e o susto na semifinal contra o Monterrey usando time misto, os Reds eram favoritos absolutos.

Ainda mais em tempos recentes, com sul-americanos eliminados nas semifinais em 2013, 2016 e 2018 – sem contar o “pioneiro” Internacional contra o Mazembe em 2010. O Flamengo ao menos cumpriu a obrigação contra o Ah Hilal, apesar do susto e da necessidade de virar o jogo para 3 a 1.

Na decisão, o mérito da equipe de Jorge Jesus foi tentar jogar, utilizando conceitos atuais que surpreenderam até Alisson e Firmino, brasileiros que atuam no Liverpool. Duelando pela posse de bola e ocupando o campo de ataque em vários momentos.

Nunca saberemos se o Flamengo, caso tivesse aberto o placar, também se fecharia como o Corinthians. E é preciso considerar o maior desgaste por ter se dedicado e vencido também o Brasileiro, enquanto o time paulista praticamente abandonou a principal competição nacional e respirou Chelsea desde a conquista da Libertadores em julho.

O cansaço cobrou uma conta alta na prorrogação e o gol de Firmino fez justiça ao melhor time da decisão. Que criou chances cristalinas e fez Diego Alves trabalhar quase tanto quanto Cássio em Yokohama. Não há o que contestar, apesar da chance desperdiçada por Lincoln no último ataque dos 12o minutos.

Tudo isso em um trabalho de cinco meses, bem menos que os mais de dois anos de Tite. Um no início, outro no ápice. Mas fundamentalmente com adversários vivendo momentos bem distintos.

O Corinthians conseguiu o objetivo final, a vitória. O Flamengo ficou com a esperança de retornar, abafada agora pela pandemia. Para o histórico de vexames internacionais nos últimos tempos, o título da Libertadores já foi uma conquista espetacular, ainda mais com a virada no final sobre o então campeão River de Marcelo Gallardo com os gols de Gabriel Barbosa.

Mas como vivemos tempos de comparações descabidas para provocar e gerar “engajamento”, forçaram um paralelo que, como tudo, precisa de contextualização para ser melhor compreendido. Sem o simplismo de apenas olhar o placar final e arrotar “verdades”. Felizmente o futebol é bem mais que isso.

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O que tem faltado à seleção brasileira desde 2002? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/22/o-que-tem-faltado-a-selecao-brasileira-desde-2002/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/22/o-que-tem-faltado-a-selecao-brasileira-desde-2002/#respond Sun, 22 Mar 2020 13:12:56 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8186

Foto: Arquivo / CBF

“O Brasil não pode estar tantos sem ser campeão mundial”. Palavras de Jorge Jesus em entrevista ao canal Fox Sports.

Em 2022 serão vinte anos. Menos que os 28 entre 1930 e 1958 e os 24 que separaram as Copas no México e nos Estados Unidos. Mas, de fato, muito tempo para quem costuma ser competitivo até quando não vive seus melhores momentos.

Pode ser algo natural, como a Alemanha que ficou de 1990 a 2014 sem a conquista, mesmo chegando à decisão em 2002 e sendo semifinalista nas duas Copas seguintes, uma delas em casa. Ou a sinalização de que a Europa está levando para o universo de seleções a superioridade que ostenta entre os clubes. Em técnica, tática e gestão, não bastando mais aos sul-americanos contar com os craques.

Desde 2012, um sul-americano não conquista o Mundial de Clubes. Desde 2002, os europeus vencem os Mundiais. Dois na Europa (Alemanha e Rússia), mas um na África (do Sul) e outro no Brasil. Único país sul-americano vencedor no Velho Continente em 1958 e que sediou o primeiro Mundial na América conquistado por um europeu.

Observando caso a caso, porém, é possível notar que tem faltado “timing” à seleção brasileira. Em 2005, 2009, 2013 e 2017, anos anteriores às Copas, viveu momentos melhores que na “hora da verdade”. Objetivamente, a campeã mundial não costuma ser a melhor do ciclo de quatro anos, mas a que sobrevive nas circunstâncias daquele mês de disputa.

O problema é que não há como mensurar isso, muito menos planejar. Pior ainda no Brasil, em que se cobra resultados da seleção até em amistosos. A ponto de Dunga tratar os primeiros jogos de 2014, ainda com o trauma dos 7 a 1, como verdadeiras finais. Muitas vezes deixando as substituições naturais de uma partida que não vale pontos para o final, ganhando tempo e administrando a vitória.

Ou Tite tratando o primeiro confronto contra os alemães depois do “Mineirazo”, a menos de três meses do Mundial, como uma final de Copa e também fazendo substituições no final para garantir a vitória por 1 a 0, gol de Gabriel Jesus. Superestimando uma Alemanha já sinalizando uma queda que se concretizaria na Rússia, com eliminação na primeira fase.

O país pentacampeão precisa ganhar sempre. E as eliminatórias sul-americanas acabam sendo tratadas como uma Copa de pontos corridos. Melhores campanhas para as Copas de 2006, 2010 e 2018. O que significaram? Grupos praticamente fechados, um trabalho torto de “manutenção” que tirou os desafios e acomodou os titulares absolutos. Sem contar a chance que dá para os adversários estudarem os padrões para anulá-los.

Em 2018, algo suis generis. Uma mudança na proposta de jogo dentro das necessidades de dois fatos não planejados: a queda de rendimento de Renato Augusto, seguido de problemas físicos, e a dificuldade para furar a linha de cinco na defesa da Inglaterra praticamente reserva no empate sem gols em Wembley.

Era novembro de 2017 e Tite resolveu criar uma nova maneira de atacar, mais posicional. Abriu Willian na ponta direita, colocou Daniel Alves para articular por dentro, centralizou Coutinho e ficou sem um organizador no meio, que era Renato Augusto, além de quebrar a mobilidade que existia com Coutinho vindo da direita para dentro na execução do 4-1-4-1 das eliminatórias.

Não foi isso que decretou a eliminação para a Bélgica, mas as atuações apenas razoáveis na primeira fase e nas oitavas contra o México abalaram a confiança que desmoronou no primeiro tempo do duelo com o gol contra de Fernandinho, substituto do pilar Casemiro, e o segundo de Kevin De Bruyne. A reação na segunda etapa com bombardeio contra a meta de um inspirado Courtois não foi suficiente para a virada.

De 2005 a 2013, outro fator que aumentou a impressão de que estava tudo certo e bastava esperar 12 meses, sem evolução, apenas para confirmar o hexa: a Copa das Confederações. Ou das ilusões.

Em 2005, uma Argentina desfalcada e exausta. Em 2009, a favorita Espanha tropeçando contra os Estados Unidos na semifinal e, quatro anos depois, a mesma Roja caminhando para um fim de ciclo e sem levar o torneio muito a sério tomando um 3 a 0 no Maracanã que criou o delírio coletivo de “O campeão voltou!”

O exemplo de 2002 também não é o melhor. Troca de comando técnico um ano antes, crise na eliminação para Honduras na Copa América e classificação sofrida na última rodada das eliminatórias. O acaso acabou protegendo bastante o Brasil na trajetória até o título na Ásia.

Primeiro a gratidão de Luiz Felipe Scolari acima da convicção. Aliviado por não ser o primeiro treinador a deixar o time canarinho fora de um Mundial, o técnico, ainda no vestiário do Castelão depois dos 3 a 0 sobre a Venezuela, prometeu que os onze que entraram em campo estariam na lista final.  Oito entrariam em campo na estreia contra a Turquia.

Três mudanças: Cafu, que entrou na vaga de Beletti, e dois do trio ofensivo – Ronaldinho Gaúcho, que até entrou no decorrer do jogo em São Luis, e Ronaldo Fenômeno, que se recuperava de gravíssimas lesões no joelho direito. O trio de “R’s”, com Rivaldo, era uma ideia de Felipão antes mesmo de assumir o comando técnico da CBF.

Em Porto Alegre, o treinador vira, sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, o trio destruir a Argentina em 1999 num amistoso que terminou 4 a 2. Bastou posicionar Ronaldinho mais perto dos meio-campistas e Rivaldo próximo de Ronaldo para dar liga de vez.

Encaixe que se deu a partir das quartas contra a Inglaterra. Antes, sofrimento com uma equipe desequilibrada, que perdera o capitão Emerson lesionado na véspera da estreia e posicionou Gilberto Silva mais próximo do trio de zagueiros para dar liberdade aos alas Cafu e Roberto Carlos, o meia Juninho Paulista e o trio de ataque com posicionamento mais fixo: Ronaldinho e Rivaldo nas pontas, Ronaldo de centroavante. A ideia era emular o 3-3-1-3 de Marcelo Bielsa na Argentina.

Com Kleberson mudando o complicado duelo contra a Bélgica nas oitavas, Felipão rearrumou a equipe em um 3-5-2 que mantinha a variação com Edmilson adiantando como volante quando o adversário atuava com apenas um atacante. Mas dando liberdade de vez ao trio que acabou desequilibrando na reta final.

Uma Copa um tanto suis generis, com as favoritas França e Argentina saindo na primeira fase – muito pelo desgaste da temporada europeia que não sacrificou Ronaldo e Rivaldo, vindo de lesões – e arbitragens para lá de suspeitas. A mais escandalosa nas quartas favorecendo a anfitriã Coreia do Sul contra a Espanha. Mas também beneficiando o Brasil, como no pênalti mais que “mandrake” sobre Luizão nos 2 a 1 sobre a Turquia na fase de grupos e o gol anulado de Marc Wilmots para a Bélgica, ainda com zero a zero no placar.

Mas não tira os méritos da conquista. O Brasil foi a melhor seleção naquele mês de junho. Como precisa ser no final de 2022, se houver Mundial no Catar em um cenário de pandemia e eventos esportivos empurrados para frente no mundo todo.

A questão é como construir uma trajetória de evolução constante até a Copa. Como fizeram, por exemplo, Espanha e Alemanha. A Roja em um ciclo que duraria até a Euro de 2012, os alemães persistindo com o trabalho de Joachim Low mesmo sem conquistas durante todo o período.

Tite terá tempo para refletir. Não se sabe como será o futebol depois da pandemia. A pausa, inclusive, não foi tão boa para a estrela maior, Neymar, de novo em alta com a classificação do PSG para as quartas da Liga dos Campeões.

A missão será inglória em qualquer cenário. Para encerrar o jejum que não é tão inaceitável como Jorge Jesus enxerga. Mas é claro que incomoda.

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Tite pensa como Jorge Jesus. Por isso trio do Flamengo não deve jogar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/06/tite-pensa-como-jorge-jesus-por-isso-trio-do-flamengo-nao-deve-jogar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/06/tite-pensa-como-jorge-jesus-por-isso-trio-do-flamengo-nao-deve-jogar/#respond Fri, 06 Mar 2020 17:37:35 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8107

Vasco 0 x 2 Flamengo – 14/04/2019 – (Final Campeonato Carioca)

Desde a primeira entrevista coletiva em 2020, Jorge Jesus tem afirmado que os jogadores que o Flamengo contratou para encorpar o elenco em 2020 estão atrás do time que fez história em 2019, incluindo aí Diego Ribas e Vitinho, reservas que entravam com frequência na equipe.

Uma questão de “hierarquia”, adaptação ao modelo de jogo, gestão de vestiário e outras questões que influenciam nas decisões do treinador. Difícil já chegar jogando, a menos que se abra uma vaga, como aconteceu com a saída de Pablo Marí e os reforços Gustavo Henrique e Léo Pereira disputam a posição.

A seleção brasileira não vive hoje o “hype” do campeão brasileiro com recorde nos pontos corridos e sul-americano (Libertadores e Recopa). Mas tem com Tite uma história de liderança absoluta nas últimas eliminatórias e título da Copa América disputada em casa no ano passado.

Há também jogadores com histórico de convocações, vivência em bons e maus momentos e experiência em disputas no continente. Sem contar a capacidade de competir em altíssimo nível, jogando grandes ligas nacionais e a Champions. É inegável que estão um degrau acima na escala de prioridades do técnico da seleção. E a lista mostra isso.

Mesmo buscando recuperação de desempenho no Bayern de Munique, Philippe Coutinho foi convocado para os jogos contra Bolívia e Peru. Gabriel Jesus está suspenso para a estreia na disputa pela vaga na Copa do Catar, por conta da expulsão na final da Copa América, mas Tite conta com o atacante, em alta no Manchester City, para a sequência do trabalho. Sem ele, a tendência é formar o trio de ataque com Richarlison, Firmino e Neymar.

No meio-campo, difícil fugir de Casemiro, Arthur ou Bruno Guimarães – este, sim, a grande nova por conta da maturidade na adaptação rápida ao Lyon – e Coutinho. Se Tite optar por recuar Neymar para articular jogadas, como tem feito rotineiramente no PSG, Everton, destaque na Copa América, tende a ganhar oportunidade na vaga do meia do time bávaro.

E o trinca de convocados do Flamengo? A tendência é que os badalados Everton Ribeiro, Gabriel Barbosa e Bruno Henrique comecem no banco de reservas. Dos três, Gabriel parece com mais chance de disputar uma vaga na primeira partida, mas só por conta da ausência do xará Jesus.

Porque é assim que funciona quando o trabalho segue uma linha com um mínimo de coerência, até para não gerar grandes instabilidades. Até porque, a rigor, a seleção desde o segundo semestre de 2016 não sofreu nenhum abalo sísmico para virar tudo do avesso. Oscilações são naturais, mas eram amistosos. Quando valeu a Copa América, o Brasil correspondeu.

Por isso todo o barulho – do clamor da imprensa por uma “base” rubro-negra ao desespero da maior torcida do país pela perspectiva do time de coração perder por um tempo suas estrelas –  deve render bem pouco, na prática. Tite pensa como Jorge Jesus. E não está errado.

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Se não fizer loucuras, Corinthians será forte na Libertadores 2021 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/13/se-nao-fizer-loucuras-corinthians-sera-forte-na-libertadores-2021/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/13/se-nao-fizer-loucuras-corinthians-sera-forte-na-libertadores-2021/#respond Thu, 13 Feb 2020 12:28:55 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7965 Jogar Flórida Cup e estrear na Libertadores em fevereiro é uma insanidade. Mais ainda quando um time se propõe a mudar a filosofia de jogo.

O São Paulo penou no ano passado com André Jardine, o Corinthians se virou em 2015 com Tite, queimou etapas de preparação para ser competitivo rapidamente e pagou um preço caro no Paulista e na própria Libertadores. Contra o mesmo Guaraní.

Em 2020, o Corinthians também sofreu, repetindo o fiasco contra o Tolima em 2011. Mas desta vez por conta do gol “qualificado”. Foi às redes com Luan e Boselli, Finalizou 42 vezes em 180 minutos, 11 no alvo.

Teve volume de jogo com Camacho e Cantillo no meio-campo e o apoio de Fagner no corredor direito. Em Itaquera, mais presença física na área adversária com Vagner Love e Boselli. Ainda os lampejos de Luan.

Mas é uma transição complicada, ainda mais por conta da escolha de Tiago Nunes por assumir apenas na volta das férias e não aproveitar a reta final do Brasileiro para começar a implementar o modelo de jogo. Ainda que houvesse mudanças no elenco em seguida.

Talvez corrigisse o problema crônico do time no jogo aéreo defensivo, especialmente na bola parada – a que custou o gol da derrota no Paraguai. Ou melhorasse a coordenação do ataque com a proposta mais ofensiva. Comprometida no segundo tempo pela tola expulsão de Pedrinho.

Agora a pressão virá já no Paulista. Talvez a cobrança de combinar as novas ideias com a “identidade Corinthians” de antes. Difícil prever o que pode acontecer em um ambiente contaminado.

Mas se não fizer nenhuma loucura, o time paulista pode encontrar um bom caminho. Com Pedrinho ou Ramiro como um meia partindo da direita para dentro se entender com Luan e se juntar ao centroavante – Boselli hoje à frente de Love. Do lado oposto, a velocidade e as infiltrações em diagonal de Yony González. Ou Janderson, que tem potencial e precisa amadurecer.

Para terminar bem a temporada e chegar forte na Libertadores 2021. Direto na fase de grupos, evitando o inferno deste fevereiro.

(Estatísticas: SofaScore)

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Se o Guaraní for o Tolima da vez, que Tiago Nunes seja Tite http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/06/se-o-guarani-for-o-tolima-da-vez-que-tiago-nunes-seja-tite/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/06/se-o-guarani-for-o-tolima-da-vez-que-tiago-nunes-seja-tite/#respond Thu, 06 Feb 2020 10:57:38 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7920 O Corinthians teve 72% de posse de bola e finalizou 19 vezes contra apenas oito do Guaraní paraguaio em Assunção. Dominou a ida da segunda fase da Libertadores, mas não dá para dizer que jogou bem.

Porque o que se espera de um time superior técnica e taticamente é que naturalmente crie as chances cristalinas e as aproveite. A equipe de Tiago Nunes finalizou no alvo apenas quatro vezes. Também foram quatro as chances claras contra apenas duas do adversário. Todas no início do jogo. Uma bola na trave e o gol de Jorge Morel, logo aos sete minutos.

De novo a falha no jogo aéreo. Vacilo de Sidcley dando condições. O time brasileiro pode contestar uma falta de Benitez em Boselli na origem, mas não reclamar da sorte.

Everaldo e o centroavante argentino não podem desperdiçar oportunidades tão claras. Luan não tem o direito de ser tão irregular, mesmo em um início de ano.

2020 que teve Flórida Cup e Libertadores quando deveria ser pré-temporada. Cenário complicado que sacrificou o São Paulo no ano passado. Em 2015, obrigou Tite a queimar etapas na preparação. Conseguiu a vaga na fase de grupos, mas depois pagou nas oitavas do torneio ontra o próprio Guaraní.

Os paraguaios podem repetir o feito, mas agora de forma “precoce”. Ou ser o Tolima da vez se resistir em Itaquera.

O Corinthians ainda é o favorito à vaga. Mesmo com oscilações já mostra um esboço do que o novo treinador quer em intensidade e fluidez no jogo. No ritmo de Victor Cantillo, já identificado como o “maestro”. Por todos, inclusive o adversário que vigiou de perto o meio-campista colombiano.

Se cair de novo antes da fase de grupos, que Tiago Nunes seja o Tite de nove anos atrás. Ou seja, avaliado pelo potencial a desenvolver e respaldado pela direção, novamente com Andrés Sanchez à frente.

Nem sempre é possível fazer milagre com um calendário tão maluco que já tem time pressionado e jogando a vida em fevereiro.

(Estatisticas: SofaScore)

 

 

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Jorge Jesus é o tão esperado “Bernardinho” no futebol brasileiro http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/05/jorge-jesus-e-o-tao-esperado-bernardinho-no-futebol-brasileiro/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/05/jorge-jesus-e-o-tao-esperado-bernardinho-no-futebol-brasileiro/#respond Wed, 05 Feb 2020 03:37:09 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7910

Foto: Ricardo Moreira / Photoarena / Agência O Globo

Julho de 2006. Depois da eliminação da seleção brasileira comandada por Carlos Alberto Parreira para a França de Zinedine Zidane que perderia a final da Copa do Mundo disputada na Alemanha para a Itália, o tema em debate no futebol brasileiro era o trabalho, ou a falta deste, que não sustentou o talento.

De fato, a preparação que começou em Weggis, na Suíça, foi atropelada por um grupo midiático, extenuado por temporadas duras na Europa, alguns acomodados por tantas conquistas e preocupados com recordes pessoais.
Em toda essa espécie de “inquisição” a cada Mundial que o Brasil perde, muitos exaltavam Luiz Felipe Scolari, campeão quatro anos antes e semifinalista com Portugal. Mas havia uma utopia no ar: e se Bernardinho assumisse a seleção de futebol?
O treinador do vôlei masculino vivia seu auge. Desde 2001 até então, vencera o Mundial em 2002, os Jogos Olímpicos de 2004, cinco das últimas seis ligas mundiais e em dezembro daquele ano seria bicampeão mundial no Japão atropelando os adversários com um estilo revolucionário que mudaria o esporte para sempre acelerando os ataques pelas mãos do levantador Ricardinho.
É óbvio que na nossa cultura resultadista e dentro de uma lógica simplista os resultados eram a grande credencial de Bernardinho para se tornar referência. E até o título olímpico no Rio de Janeiro em 2016 ele construiria uma trajetória lendária de um dos técnicos mais vencedores nos esportes coletivos em todos os tempos.
Nas principais competições foi sempre ouro ou prata. Na grande maioria terminou no pódio. Na reta final e atualmente, dirigindo o SESC-RJ, um pouco mais sereno. Por isso as aspas no “Bernardinho” do título do post.
A característica mais marcante, porém, era a exigência máxima e constante. Sem se acomodar com conquistas, obcecado por trabalho, inovação nos treinamentos, estudo dos adversários. Fazendo os comandados treinarem quando os períodos de escala nos aeroportos eram mais longos, logo depois de vitórias em que o desempenho não era satisfatório e nas manhãs que antecediam partidas decisivas. Em um esporte que, na grande maioria das vezes, a final é disputada um dia depois das semifinais. Tudo regado com muitas broncas à beira da quadra.
Não eram poucos os relatos de jogadores que, quando se sentiam em dificuldades na quadra, lembravam do tanto que trabalharam e se sacrificaram para estar ali e davam aqueles 10% a mais que faziam diferença e garantiam as conquistas. Eles podiam lamentar na hora do treino, mas sorriam com os trofeus e medalhas de gerações vitoriosas do vôlei.
Para muita gente era o que faltava no futebol: um “maluco” para botar as estrelas para correr, cobrar o máximo de suor e extrair o melhor de tanto talento. Bom lembrar que o Brasil de 1994 a 2005 teve sete de onze melhores do mundo. E ainda teria Kaká em 2007. Mas a preguiça foi um pecado letal na Alemanha há quase 14 anos. Por isso a aventura com Dunga estreando como treinador para exigir comprometimento.
Chegamos a 2020. Não temos mais o protagonismo, nem individualmente na Era Messi x Cristiano Ronaldo, nem no jogo coletivo. A reflexão depois dos 7 a 1 em 2014 teve um espasmo com Tite de 2016 até a Copa do Mundo de 2018. O insucesso e os privilégios concedidos a Neymar na Rússia minaram o trabalho, assim como o desempenho abaixo depois da Copa, mesmo com a conquista sul-americana em casa no ano passado.
Época em que Jorge Jesus chegou ao Flamengo. Uma incógnita que virou certeza em seis meses com as conquistas do Brasileiro com recorde de pontos e da Libertadores, feito inédito no país. Quebrando paradigmas, como a da necessidade de priorizar uma competição e rodar muito o elenco para evitar desgaste. Jesus escalou o melhor possível quase sempre e o time voou fisicamente durante a maior parte do tempo.
Começa 2020 colocando o elenco principal, estelar e reforçado, para entrar em campo uma semana depois da apresentação para a pré-temporada. O português antecipou o retorno das próprias férias em uma semana e, pensando na disputa da Supercopa do Brasil no dia 16 de fevereiro, resolveu utilizar os jogos pelo Carioca, inicialmente desprezado, como uma preparação.
Solução que carrega até alguma lógica, considerando que seria praticamente impossível encontrar um “sparring” para jogos-treinos, como foi o Madureira na intertemporada em junho. Mas também certo risco, por expor os atletas a jogos oficiais, com o adversário competindo forte e sem a possibilidade de fazer substituições livremente ao longo da partida.
Jorge Jesus matou no peito e ainda colocou o time para treinar intensamente por uma hora e meia na manhã da partida na segunda-feira. Corriqueiro na Europa de temperaturas amenas, não no calor escaldante do Rio de Janeiro. O Resende abriu o placar no segundo tempo e muitos pensaram que o time se entregaria ao cansaço e à falta de sintonia naturais com tão pouco tempo de trabalho.
A equipe contou com o auxílio luxuoso dos estreantes Michael e Pedro, mais Gerson que iniciou no banco para que Diego Ribas tivesse oportunidade entre os titulares. Todos vindo da reserva para reoxigenar a equipe que voou na reta final e virou a partida para 3 a 1 no Maracanã. Com Jesus muitas vezes vociferando à beira do campo exigindo sempre mais.
Difícil prever se a estratégia vai durar, mas de Jorge Jesus é possível esperar qualquer coisa. Ainda que, por coerência, ele deva segurar um pouco o esforço depois das disputas da Supercopa do Brasil e da Recopa Sul-Americana para que o time não chegue em dezembro com oitenta partidas disputadas ou mais. Justamente a grande reclamação depois da derrota para o Liverpool no Mundial de Clubes.
Mas serviu para mostrar para torcida, imprensa e para os próprios jogadores rubro-negros que o nível de exigência seguirá muito alto. Quem diria que o tão esperado correspondente a Bernardinho no futebol brasileiro viria quase 14 anos depois. De Portugal que foi de Felipão em 2006. Não na seleção, mas em um clube do país.
Não por acaso vencedor e com fome para mais conquistas. Sem refresco.
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Neymar, Flamengo, Emerson, Brasil sub-23: as muitas boas notícias para Tite http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/23/neymar-flamengo-emerson-brasil-sub-23-as-muitas-boas-noticias-para-tite/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/23/neymar-flamengo-emerson-brasil-sub-23-as-muitas-boas-noticias-para-tite/#respond Thu, 23 Jan 2020 04:04:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7855

Apesar do título da Copa América em casa, a seleção brasileira terminou 2019 em baixa. Uma forte impressão de estagnação no trabalho de Tite, com viés de queda no final do ano. Em desempenho e resultados.

Não exatamente uma preocupação a curto prazo, já que o compromisso real é garantir a vaga para Catar-2022. E as últimas eliminatórias, além do torneio continental, sinalizam uma superioridade brasileira. Talvez ameaçada pela ascensão da Argentina, que venceu a equipe de Tite em novembro, gol de Messi.

Mas a apreensão é justamente porque o Brasil não consegue dar a liga que encontrou logo no início do trabalho do treinador em 2016. A mudança para um estilo de jogo mais posicional engessou o time em vários momentos. O revés para a Bélgica na Copa do Mundo na Rússia teve forte impacto na confiança. Tudo parecia meio turvo.

Agora o cenário começa a clarear, mesmo sem jogos da seleção. Porque Tite vem recebendo boas notícias nos últimos tempos.

A começar por Neymar, voltando a ter sequência de jogos e brilhar no Paris Saint-Germain. Ainda que como meia no clube e com Tite precise ser o atacante decisivo e goleador. A fome de gols, porém, segue a mesma. Já são 13, mais sete assistências em 16 partidas. Se não sofrer de novo com lesões pode voltar a ser o fator de desequilíbrio.

Os seis meses mágicos do Flamengo de Jorge Jesus também podem oferecer opções à seleção. Um futebol de alto nível, com grandes destaques e a possibilidade de evolução coletiva com a continuidade do trabalho, mais as contratações para encorpar o elenco. Rodrigo Caio, Gerson, Bruno Henrique, Gabriel Barbosa. Quem sabe Thiago Maia e Pedro? Ou até dar as últimas oportunidades a Rafinha e Filipe Luís…

Embora esteja surgindo uma solução para a lateral direita da seleção: Emerson, do Real Betis, emprestado pelo Barcelona. 21 anos, quatro gols e três assistências na liga espanhola. Com Daniel Alves mais próximo do fim da carreira e jogando no meio-campo e Danilo sem afirmação com a camisa verde e amarela, Emerson pode se tornar uma opção muito em breve. Poderia, inclusive, estar na seleção que disputa o Pré-Olímpico na Colômbia.

A seleção sub-23 comandada por André Jardine é a última boa notícia. Ou a primeira de 2020. Mesmo com alguns problemas coletivos, especialmente na transição defensiva, é muita qualidade reunida. Especialmente no meio-campo. A dupla Bruno Guimarães-Matheus Henrique é um luxo na construção para o quarteto ofensivo que conta com Pedrinho e Antony. Ainda Pepê, do Grêmio, e Reinier, joia criada no Flamengo e a caminho do Real Madrid.

Talento não falta espalhado pelo mundo. A missão é casar as características dentro de uma “espinha dorsal” que conta com Alisson, Marquinhos, Casemiro e Firmino. Todos brilhando na Europa. Ainda a afirmação de Renan Lodi na lateral esquerda. Uma equação para Tite começar a resolver a partir da estreia contra Bolívia e Peru em março.

 

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