Valencia – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Barcelona precisa de um Zidane, Real Madrid de um Messi http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/10/barcelona-precisa-de-um-zidane-real-madrid-de-um-messi/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/10/barcelona-precisa-de-um-zidane-real-madrid-de-um-messi/#respond Fri, 10 Jan 2020 11:18:17 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7813

Foto: Instagram / Zidane

A final da Supercopa da Espanha será entre Real Madrid e Atlético de Madri. A competição que tem como objetivo reunir os campeões da liga e da Copa no país, justamente no primeiro ano em um novo formato, terá o dérbi da capital da Espanha, deixando de fora Barcelona, vencedor de La Liga, e Valencia, campeão da Copa do Rei.

Uma espécie de “punição” para um torneio que ganhou caráter estritamente comercial: colocou mais um jogo no calendário dos finalistas, foi disputado na controversa Arábia Saudita e tinha como claro objetivo forçar a realização de mais um superclássico na temporada. Novamente a equipe de Diego Simeone foi a “intrusa” para atrapalhar os planos. E tudo isso sem estádios lotados. Bem feito.

Mas a competição serviu para reforçar impressões sobre os dois gigantes do futebol globalizado que têm visto suas equipes, depois de um domínio mais nítido entre 2014 e 2018, perderem competitividade no mais alto nível. Algo que sempre tem impacto em suas marcas. Afinal, os dois não trabalham e investem para ver o Liverpool ostentar o poder de melhor time da Europa e do planeta.

O Barcelona escancara de vez a necessidade de um treinador com mais ideias que Ernesto Valverde. O time catalão muda peças, mas não consegue sair da variação do 4-3-3 para o 4-4-2 no sistema tático, da fragilidade defensiva por conta da baixa intensidade na pressão logo após a perda da bola e do espaçamento entre os setores e, finalmente, da dependência excessiva de Lionel Messi para criar no ataque.

Valverde coloca Arturo Vidal na função sacrificante de meio-campista pela direita no Barça. Precisa ajudar o lateral na recomposição e também nas ações ofensivas, ainda preencher o meio quando o time é atacado do lado oposto e aparecer na área para finalizar. Não há quem aguente.

E foi justamente no esgotamento físico por jogar desorganizado, e também perder chances ao longo da partida, que o time blaugrana acabou levando a dura virada. Depois de sair atrás no gol de Koke e virar com Messi e Griezmann. Morata, de pênalti, e Correa, no contragolpe, definiram a vaga na decisão espanhola.

Contra o Real Madrid, que superou o Valencia no dia anterior por 3 a 1. Em um inusitado 4-3-2-1 que preencheu o meio-campo por conta das ausências de Hazard, Benzema e Bale e da opção de Zinedine Zidane por deixar os jovens brasileiros Rodrygo e Vinicius Júnior na reserva.

Casemiro, Valverde e Kroos no tripé e Modric e Isco com mais liberdade para se aproximar de Jovic. Os laterais Carvajal e Mendy abriam o campo e buscavam a linha de fundo, enquanto os meias se procuravam no meio para articular. Novamente com o ótimo uruguaio Federico Valverde se apresentando como opção pela direita e também de infiltração. Com 21 anos, é quem coloca intensidade em um setor envelhecido.

Mas ainda capaz de lances geniais, como na cobrança de escanteio pela esquerda de Toni Kroos que surpreendeu o goleiro Doménech no gol olímpico. Também no lindo toque de três dedos de Luka Modric fechando o placar. Parejo marcou de pênalti para o atual campeão da Copa do Rei e Isco encerrou um jejum de 23 partidas sem ir às redes.

Mais uma prova da versatilidade de Zinedine Zidane, que alterna sistemas e propostas buscando sempre a melhor solução para sua equipe. Talvez a “árvore de Natal” consagrada no Milan por Carlo Ancelotti, referência como treinador do francês que foi auxiliar do italiano no próprio Real, possa ser usada no futuro, mesmo com o retorno dos titulares. Com Isco e Hazard articulando atrás de Benzema.

Em qualquer cenário, a carência do time merengue, apesar dos resultados consistentes na temporada e de uma invencibilidade que chega a 15 partidas, continua sendo de um talento realmente desequilibrante no mais alto nível. Que faltou, por exemplo, no empate sem gols contra o Barcelona no Camp Nou para consolidar no placar a superioridade nos 90 minutos. Um extraclasse para garantir vitórias e taças. O que era Cristiano Ronaldo.

O que é Messi no Barça. E seria ainda mais se tivesse uma equipe forte para suportá-lo. Falta um grande treinador ao Barça. Falta um Zidane, que teria um Real ainda mais poderoso se contasse com um gênio como o argentino. Nesse vácuo, o Atlético pode surpreender nesta estranha final no domingo.

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Valencia campeão no centenário. Barcelona em clima de fim de festa http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/25/valencia-campeao-no-centenario-barcelona-em-clima-de-fim-de-festa/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/05/25/valencia-campeao-no-centenario-barcelona-em-clima-de-fim-de-festa/#respond Sat, 25 May 2019 21:19:13 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6591 O Barcelona tinha a bola no primeiro tempo da final da Copa do Rei no Benito Villamarín. Rodando, tocando, mas sem infiltração. Porque com as ausências de Dembelé e Luís Suárez, lesionados, o ataque perdeu presença de área e profundidade com Messi como “falso nove” e Sergi Roberto e Philippe Coutinho nas pontas.

O Valencia fazia o simples para a ocasião: compactava duas linhas de quatro, recuava Rodrigo Moreno no cerco a Busquets e estreitava a marcação. Jogadores muito concentrados sem a bola e atento às oportunidades para acelerar os contragolpes pelos flancos: à esquerda, Gayá recebeu passe longo de Gabriel Paulista e serviu Gameiro em um golaço. Depois Soler às costas de Jordi Alba servindo Rodrigo. 2 a 0 com menos de 30% de posse de bola.

Messi lutava sozinho porque Arthur e Rakitic não contribuíam por dentro e o time não encontrava o melhor espaço para acionar o gênio argentino. Melhorou com Vidal na vaga de Arthur, que vai precisar de um trabalho de resgate técnico e de confiança na seleção brasileira com Tite. E Malcom na vaga de Semedo, com Sergi Roberto recuando para a lateral.

Com o passar do tempo, a solução do “modo emergência” do Barça desde o lendário confronto com a Internazionale em 2010: Piqué abandona a zaga e vira centroavante. Apenas reforçando a carência tática e também de melhores opções que Kevin-Prince Boateng no ataque. Acabou diminuindo a desvantagem em finalização de Piqué defendida pelo goleiro e Messi conferindo no rebote. Gols do camisa dez em seis finais do torneio, mais um recorde na carreira. Mas não deu o penta ao Barça.

O clima é de fim de festa. O elenco deve ser reformulado e, de fato, é preciso. Mas Valverde precisa repensar algumas ideias e não depender tanto de Messi. Nem sacrificar Alba correndo de uma linha de fundo à outra durante toda a temporada. O time precisa de mais intensidade e vigor físico. Também força mental para jogos decisivos.

Para o Valencia, uma festa espetacular. Conquista improvável no ano do centenário, primeiro título da carreira e primeira vitória sobre o Barça do treinador Marcelino Toral. Todo simbolismo com o ídolo Parejo levantando a taça. Apesar dos problemas do time catalão, o feito é histórico.

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O primeiro gol de Philippe Coutinho pelo Barcelona, com a “benção” de Messi http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/08/o-primeiro-gol-de-philippe-coutinho-pelo-barcelona-com-a-bencao-de-messi/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/02/08/o-primeiro-gol-de-philippe-coutinho-pelo-barcelona-com-a-bencao-de-messi/#respond Thu, 08 Feb 2018 22:40:47 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4113 Ernesto Valverde precisou de 45 minutos para perceber que o futebol coletivo do Barcelona era prejudicado pela nulidade de André Gomes jogando aberto pela direita na linha de meio-campo. Por isso sua equipe teve problemas no primeiro tempo no Estádio Mestalla pela semifinal da Copa do Rei.

Também porque o Valencia, necessitando reverter desvantagem de 1 a 0 construída no Camp Nou, se arriscou com o brasileiro naturalizado espanhol Rodrigo Moreno atuando como uma espécie de “falso nove” tentando alimentar Zaza e Vietto na frente. Dinâmica que dificultava a saída de Jordi Alba para atacar pela esquerda com a cobertura de Umtiti e Busquets centralizado na proteção.

A retaguarda sofria e os ataques pela direita eram previsíveis, dependentes do apoio de Sergi Roberto e das aparições de Messi no setor. Faltou fluência ofensiva, mesmo com o controle da posse de bola – importante para administrar a vantagem no confronto.

Tudo mudou em três minutos com Philippe Coutinho em campo na vaga do português na volta do intervalo. Ainda que o brasileiro não se sinta confortável pela direita, no primeiro ataque apareceu na segunda trave para completar centro de Suárez pela esquerda e encaminhar a classificação do Barça para a 10ª final do torneio em 13 anos. Primeiro gol pelo novo clube. Já sendo decisivo.

Interessante notar que até Paulinho entrar no lugar de Iniesta e Coutinho enfim ser deslocado para o lado esquerdo, Messi novamente usou toda sua leitura de jogo para permitir que o camisa 14 saísse da direita para circular pelo centro às costas dos volantes adversários, como faz na seleção. Exatamente no espaço em que o gênio argentino gosta de atuar.

Para gerar o espaço, Messi ficava aberto pela direita recebendo e acionando os companheiros. De certa forma também descansando em campo. Mas dando uma prova de que entende a importância do talentoso meia brasileiro no elenco de Valverde. Uma espécie de aval do craque do time.

Depois bastou ao Barcelona seguir controlando o jogo com posse e sofrendo apenas um ataque mais contundente, com Cillessen fazendo grande defesa. No final, falha do zagueiro Gabriel Paulista, mais uma assistência de Suárez e gol de Rakitic. Ainda houve tempo para estreia de Yerri Mina entrando no lugar de Piqué.

Com vaga na decisão da Copa nacional e o título espanhol bem encaminhado pela larga vantagem na liderança, o Barça pode concentrar todos os esforços no duelo com o Chelsea pelas oitavas de final da Liga dos Campeões. Favoritismo natural pelo bom momento contrastando com a séria crise no time inglês, mas a história mostra que costuma ser um duelo perigoso.

Mais ainda sem a opção de Coutinho, ainda que no banco. Resta ao brasileiro seguir seu processo de adaptação ao novo clube. Com gols e a “benção” de Lionel Messi.

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Real Madrid recupera rapidamente o foco. E segue o mistério de Diego Alves http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/04/29/real-madrid-recupera-rapidamente-o-foco-e-segue-o-misterio-de-diego-alves/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2017/04/29/real-madrid-recupera-rapidamente-o-foco-e-segue-o-misterio-de-diego-alves/#respond Sat, 29 Apr 2017 16:49:02 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=2616 A derrota para o Barcelona em casa foi daquelas sofridas, doídas. Com um a menos, minutos depois de alcançar o empate que encaminharia o título da liga. Levando gol de contragolpe em casa.

Seria até compreensível perder o rumo, até porque não havia muito tempo para reflexões, já que na quarta-feira tinha jogo fora de casa contra o La Coruña. Era a esperança do time catalão para se firmar na liderança, contando também com a superioridade no confronto direto.

Mas aí valeu o trabalho de Zidane mantendo os reservas atuando em bom nível. Descansou os titulares física e mentalmente, enfiou 6 a 2 com atuação sólida. Mostrando a força do elenco e que o treinador tem soluções para seguir competitivo nos dois torneios.

Na sequência, duelo sempre complicado contra o Valencia, que venceu os merengues no Mestalla por 2 a 1 no turno. Precisando de entrega para buscar os três pontos, mas já vislumbrando o primeiro clássico de Madrid diante do Atlético pela semifinal da Liga dos Campeões. Como se comportar?

Fazendo o melhor. Com James Rodríguez na vaga de Gareth Bale. Jogando como protagonista, ocupando o campo de ataque. Com Toni Kroos auxiliando os zagueiros na saída de bola e dando liberdade a Marcelo. Alternando o posicionamento da segunda linha de quatro quando a equipe se defende: Modric sai do centro e abre à direita, Kroos ajudando Casemiro no meio e James invertendo o lado e fechando o setor esquerdo. Liberando Cristiano Ronaldo próximo a Benzema.

Mas com dificuldades para infiltrar nas compactas duas linhas de quatro do Valencia que defendia com todos os jogadores no próprio campo. Sem abdicar do jogo, porém. Eventualmente adiantando a marcação e forçando pelos flancos: à direita com Montoya e Munir; pela esquerda com Nani e o jovem lateral Lato.

Quando a disputa parecia mais equilibrada, Cristiano Ronaldo descomplicou. Centro preciso de Carvajal, que não para de crescer de produção, e movimento perfeito do português para marcar seu vigésimo gol no Espanhol. Bem longe dos 33 de Messi, mas nitidamente focado nas conquistas coletivas, que, no fundo, são o que decidem os prêmios individuais ao final da temporada.

A segunda etapa foi de controle do Real e chances desperdiçadas. Inclusive chute na trave de Benzema. A melhor no pênalti de Parejo sobre Modric. Cristiano Ronaldo na cobrança para resolver a partida. Mas havia um Diego Alves pelo caminho.

Cobrança no canto esquerdo, defesa do goleiro brasileiro. A 25ª vez em 53 cobranças que ele impediu um gol de pênalti. O maior pegador da história da liga espanhola. Um goleiraço. Para um torneio como Copa do Mundo, em que as decisões por pênaltis são mais frequentes, devia ser obrigação ao menos tê-lo no grupo convocado.

Tite prefere Weverton, Ederson, Alisson. Até Muralha. Difícil entender a ausência na seleção brasileira de um arqueiro de altíssimo nível e com experiência internacional. O que falta? Um time de grife, mais visibilidade? Um mistério.

Curiosamente, o jogo não mudou com a penalidade desperdiçada. O Real seguiu com a bola e equilíbrio.  Zidane não usou Isco e deixou a impressão de que a ideia era poupá-lo para a Champions. Mandou a campo Asensio e Morata para ficar mais rápido nos contragolpes.

O Valencia parecia cansado pelo trabalho desgastante sem a bola. Mas achou o empate na cobrança de falta de Parejo. Aos 37 do segundo tempo. Para um time pressionado pelo rival e depois de dominar praticamente toda a partida, seria até natural baixar a guarda, bater um desânimo.

Não para este Real Madrid. Que não dá espetáculos, mas é forte mentalmente e sabe o que quer. Vacilou no clássico pelo excesso de confiança, não por se desmanchar em campo. Voltou ao ataque e aí de novo valeu a presença de jogadores desequilibrantes.

Desta vez foi Marcelo. Corte para dentro com a canhota, chute de direito fora do alcance de Diego Alves. Belo gol do brasileiro, muita vibração. Sangue nos olhos. A prova de que os merengues não perderam o foco na liga. A obsessão por encerrar a sequência de títulos nacionais do Barça segue intacta.

Agora é virar a chave para o torneio continental. Atlético de Madrid no Bernabéu. A pedra no sapato recente. O único adversário que o time de Zidane não conseguiu vencer em casa. Um novo desafio a exigir força mental. Mas como duvidar desse Real Madrid?

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