vicentedelbosque – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Os dez maiores treinadores do século 21 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/30/os-dez-maiores-treinadores-do-seculo-21/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/03/30/os-dez-maiores-treinadores-do-seculo-21/#respond Mon, 30 Mar 2020 11:45:52 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8231

Foto: Darren Staples / Reuters

1º – Pep Guardiola 

O que melhor combinou conquistas, desempenho das equipes e influência no jogo. Suas ideias e transformações ao longo do tempo puxaram fila entre os treinadores e fez o esporte evoluir trinta anos em dez. O melhor time do século, o Barcelona de 2010/11, carrega sua forte assinatura. O mais vencedor em ligas por pontos corridos, quando o melhor trabalho quase sempre se impõe. São sete em nove disputadas. Dominante na Espanha, Alemanha e Inglaterra.

Influenciado por Rinus Michels, Johan Cruyff, Juan Manuel Lillo, Marcelo Bielsa, Arrigo Sacchi e também assimilando conceitos de seus contemporâneos, Guardiola se reinventa o tempo todo, adicionando intensidade e se adaptando ao ritmo da Premier League. Só não negocia a posse de bola, a pressão pós-perda para recuperá-la o mais rápido possível e a volúpia ofensiva de suas equipes. Um gênio.

2º – José Mourinho

O melhor do mundo indiscutível de 2003 a 2008. Contra Guardiola teve que se provar e protagonizou os grandes duelos dos últimos dez anos, vencendo com a Internazionale a Liga dos Campeões 2009/10 e La Liga em 2011/12 com campanhas históricas. Mas caindo com o Real Madrid na sequência de superclássicos de 2010/11, superado nas ligas nacional e continental, só vencendo a Copa do Rei.

Nem o ocaso recente diminui os grandes feitos e também a contribuição para o futebol. Sim, a sua “retranca inteligente” também ajudou a fazer o jogo evoluir. Uma pena ter assumido de forma exagerada o personagem “Darth Vader da bola”, se esforçando tanto para ser o anti-Guardiola que seus trabalhos estagnaram no exagero defensivo, no “park the bus”, e também na tensão exagerada da gestão do vestiário.

3º – Carlo Ancelotti

A liderança tranquila. Um gestor de talentos por excelência. Identifica os líderes, técnicos e anímicos, de um elenco e agrega ao trabalho, criando um clima amistoso, mesmo na imensa pressão do futebol em alto nível. Amado por figuras díspares, como Kaká, Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo.

Mas também deu sua contribuição tática, com a “Árvore de Natal”, o 4-3-2-1 do Milan campeão europeu e mundial em 2006/07 que tinha Pirlo como “regista” e Kaká mais solto para rasgar as defesas adversárias com força e velocidade. Também o Real Madrid de “La Decima”, dando a melhor resposta ao estilo de Pep Guardiola ao massacrar o Bayern de Munique com 5 a 0 no agregado e um futebol de compactação defensiva e contragolpes demolidores.

4º – Alex Ferguson

O homem que fez o Manchester United tomar do Liverpool o posto de maior vencedor na Inglaterra, com 20 títulos. O Rei da Premier League, com 13 conquistas. Sete neste século. Cinquenta títulos na carreira. E os Red Devils tentam até hoje reencontrar um caminho de volta às glórias.

Ferguson não era nenhum gênio tático, mas tinha a capacidade de desenvolver seus jogadores, como fez com Cristiano Ronaldo, Wayne Rooney, David Beckham, Ryan Giggs e tantos outros. Influenciado pelos treinadores estrangeiros que chegaram a Inglaterra, soube criar variações e apostar na versatilidade dos atletas. Apostava também na força mental, especialmente no final dos jogos, que criou o mito do “Fergie Time”, arrancando vitórias improváveis que construíram uma carreira mais que vencedora.

5º – Jurgen Klopp

O melhor treinador da atualidade. O grande algoz de Guardiola, criando problemas para o catalão desde os duelos do Bayern contra o Borussia Dortmund que comandou e construiu uma hegemonia no início desta década na Alemanha com seu futebol “rock’n’roll”.

Estilo personalíssimo, de intensidade máxima e rapidez nas transições, mas que aprendeu a trabalhar a bola para acrescentar pausas e não exaurir sua equipe. Assim deu o salto competitivo que fez o Liverpool duas vezes finalista da Champions, último campeão e agora com o tão sonhado título de Premier League dos Reds encaminhado e barrado apenas pelo Covid-19. Além de ótimo profissional, um cara boa gente. Carismático, adorado por seus jogadores e respeitado pelos adversários.

6º – Arsène Wenger

Não se prenda à imagem final do francês no Arsenal decadente. Wenger revolucionou não só o clube, mas também o futebol inglês. Sepultou o “kick and rush” e adicionou leveza e valorização da técnica. Com erros e acertos, também marcou seu trabalho pela descoberta e desenvolvimento de jovens talentos. Assim ajudou o clube a se estruturar financeiramente e construir o Emirates Stadium.

O grande momento, indiscutivelmente, foi o título invicto da Premier League em 2003/04. Os “Invincibles” das rápidas transições ofensivas e do fulgor da dupla Dennis Bergkamp e Thierry Henry no ataque, bem assessorados por Ljungberg, Pires, Vieira e Ashley Cole. Faltou o título europeu, que parou no Barcelona de Ronaldinho em 2005/06, mas a trajetória é marcante na história.

7º -Jupp Heynckes

O “pai” do futebol mais inteligente da atualidade, com times versáteis, capazes de mudar de estratégia nas partidas sem alterar a escalação. Em 2012/13, o Bayern de Munique da tríplice coroa foi o segundo time com mais posse na Europa, mas atropelou o Barcelona, líder no controle da bola, na semifinal da Champions com 7 a 0 no agregado e 40% de posse na média das duas partidas.

O time de Robben e Ribéry que podia encurralar o adversário em seu campo ou atrair e atropelar com transições ofensivas avassaladoras. Superando a doída derrota nos pênaltis para o Chelsea na final europeia em Munique e fazendo da temporada de despedida do treinador veterano uma aventura épica que deixou marcas tão profundas que fez Heynckes retornar da aposentadoria em 2018 para reerguer o clube e levá-lo a novo título da Bundesliga, aos 73 anos.

8º – Zinedine Zidane

Um gênio dos campos que fez história em sua primeira experiência como treinador em um grande time. Tricampeão da Champions, um feito que, mesmo com oscilações no desempenho e beneficiado por algumas arbitragens bastante questionáveis, é difícil de mensurar sem o devido distanciamento histórico.

Herdeiro da liderança tranquila de Ancelotti, de quem foi auxiliar no próprio time merengue, o francês ajustou um timaço que sabia trabalhar no campo de ataque, mas também nos contragolpes. A temporada 2016/17 foi perfeita, não só pelo título espanhol, mas pela armação do 4-3-1-2 móvel que tinha Isco ora se juntando a Casemiro, Modric e Kroos no meio-campo, ora formando um trio no ataque com Cristiano Ronaldo e Benzema. Atuação magnífica nos 4 a 1 sobre a Juventus na final da Champions.

9º – Vicente Del Bosque

Dois grandes feitos no século: o único treinador que conseguiu fazer o time galáctico do Real Madrid, com todas as estrelas – Roberto Carlos, Figo, Zidane, Raúl e Ronaldo – faturar um título: a liga espanhola 2002/03. Apenas sem o Fenômeno ganhou a Champions da temporada anterior, com o gol antológico de Zidane na final contra o Bayer Leverkusen.

Ainda o primeiro título mundial da Espanha em 2010. Combinando com sabedoria o legado de Aragonés no título da Eurocopa 2008 com a influência de Pep Guardiola no Barcelona que era a base da seleção. Sabendo que não contava com o gênio Messi, apostou em uma posse obsessiva e defensiva, que trabalhava a bola no ritmo de Xavi e Iniesta para ser menos incomodado pelos adversários. Del Bosque também era um sábio gestor de vestiário que criava um clima sereno para as estrelas brilharem.

10º – Diego Simeone

O argentino não poderia deixar de figurar nesta lista apenas por ter conquistado uma liga espanhola superando o Barcelona de Messi e o Real Madrid de Cristiano Ronaldo – simplesmente dois dos maiores times da história de clubes gigantes. Na temporada 2013/14 que ainda teve final da Champions que escapou nos últimos segundos.

Mas Simeone fez muito mais. Podemos dividir a história do Atlético de Madri antes e depois do treinador. Não só pelos dois títulos de Liga Europa e uma Copa do Rei, além da liga espanhola já citada, mas pelo resgate da autoestima e do orgulho do clube. Capaz de feitos como o mais recente, eliminando o campeão Liverpool da Liga dos Campeões. Você pode não apreciar o estilo, mas tem que respeitar o que conseguiu sem os mesmos recursos dos gigantes espanhois.

 

 

 

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Lopetegui demitido! Surreal crise espanhola aumenta favoritismo do Brasil http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/13/lopetegui-demitido-surreal-crise-espanhola-aumenta-favoritismo-do-brasil/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/06/13/lopetegui-demitido-surreal-crise-espanhola-aumenta-favoritismo-do-brasil/#respond Wed, 13 Jun 2018 10:51:35 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4697

Bastava deixar tudo encaminhado com transparência e bater o martelo depois da Copa do Mundo para o Real Madrid anunciar Julen Lopetegui como o sucessor de Zidane no comando técnico.

Na Europa não costuma ser tão problemático esses anúncios que no Brasil poderiam provocar crises demolidoras. Como Pep Guardiola anunciado no Bayern de Munique e no Manchester City com a temporada rolando e Jupp Heynckes e Manuel Pellegrini ainda treinando as equipes. Ou Antonio Conte acertado com o Chelsea ainda comandando a Itália na última Eurocopa ou Louis Van Gaal fechado com o Manchester United disputando a Copa do Mundo de 2014.

Mas desta vez criou uma quebra de confiança dentro do grupo da seleção espanhola, que já tem suas tensões naturais entre jogadores de Real e Barcelona. Uma inacreditável falta de tato e sensibilidade. Do Real por ter acertado com o treinador sem avisar à Federação Espanhola e anunciado oficialmente às vésperas do Mundial e, principalmente, de Lopetegui por ter aceitado a proposta depois de esconder a negociação, tendo o contrato renovado recentemente até 2020. Atitude infeliz que  ejetou o treinador do comando da Roja. Demissão anunciada na véspera da abertura da Copa.

Algo inédito, que abala muito o favoritismo espanhol. A seleção que apresentou melhor futebol em 2018. Consolidando os dois anos do ciclo de sucessão de Vicente Del Bosque. Praticamente o mesmo tempo de trabalho de Tite. Mas suficiente para resgatar o estilo e o espírito que se esvaiu depois da conquista da Eurocopa 2012. Agora se transforma em um enorme ponto de interrogação.

Pensando com o olhar brasileiro, é um forte concorrente que, ao menos em tese, se enfraquece para a disputa do Mundial. E já estreando contra Portugal de Cristiano Ronaldo. No pior dos cenários de uma derrota no primeiro jogo, ainda assim não deve ser problema conseguir a classificação disputando vaga com Irã e Marrocos. Mas num hipotético duelo nas oitavas contra um Uruguai ou até diante da anfitriã Rússia já pode se complicar.

Porque é uma troca de comando traumática e sem tempo para buscar uma solução bem pensada. Rubiales está no cargo há poucos meses sucedendo Angel Villar. Prometeu anunciar um nome amanhã. Tão caótico quanto surreal.

Perde o Mundial, ganha o Brasil de Tite. Uma possível final pode ter outro adversário. O futuro dirá.

 

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