willianarao – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Flamengo campeão na noite mágica de Gabigol, Gerson e Jorge Jesus http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/27/flamengo-campeao-na-noite-magica-de-gabigol-gerson-e-jorge-jesus/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/02/27/flamengo-campeao-na-noite-magica-de-gabigol-gerson-e-jorge-jesus/#respond Thu, 27 Feb 2020 03:10:39 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8034 A expulsão de Willian Arão aos 21 minutos do primeiro tempo testou a maturidade e a capacidade de se adaptar à demanda do jogo. E a resposta do Flamengo foi a melhor possível.

Concentração máxima, especialmente dos zagueiros Gustavo Henrique e Léo Pereira ainda não adaptados aos movimentos da última linha de defesa. Amparados por Rafinha e Filipe Luís, cientes da responsabilidade sem bola, com erro zero.

Thiago Maia entrou no lugar de Pedro e foi correto na proteção da defesa. Auxiliados pela dedicação absoluta de Everton Ribeiro e De Arrascaeta pelos lados, até a exaustão dando lugar a Michael e Vitinho.

Um time ajustado. É claro que a atmosfera ajuda, mas não foi só o Maracanã. E não enfrentou qualquer um. O Independiente del Valle nde Miguel Angel Ramirez ovamente foi uma equipe organizada para atacar. Com Pellerano livre para distribuir as jogadas.

E Faravelli infiltrando para finalizar, mas parando em Diego Alves. Defesaça com 1 a 0 no placar. Tão importante quanto Rafinha e Filipe Luís, experientes e acostumados a grandes jogos. O lateral esquerdo um pouco acima, até porque o jogo ficou um pouco no “modo Atlético de Madrid”. Perfeito defensivamente.

Mas os destaques absolutos, além do trabalho de Jesus, foram mesmo Gerson e Gabriel Barbosa. A melhor atuação da dupla com a camisa do Flamengo. Não só pelos gols que definiram os 3 a 0, mas pela excelência técnica e o comprometimento.

Com Gerson amarelado desde os 14 minutos de jogo. Fechando o meio, saindo rápido. E finalizando, resgatando uma virtude que sobressaiu na chegada ao clube e depois ficou adormecida. Reapareceu na hora certa, com duas bolas nas redes.

E Gabriel. Iluminado para conferir o recuo bizarro de Segovia que bateu no travessão e sobrou para o camisa nove. Depois sustentando o ataque sozinho. Compensando a ausência do lesionado Bruno Henrique e a saída de Pedro.

Caindo pelos lados, retendo a bola, segurando o ataque sozinho e puxando um contragolpe no primeiro tempo contra três defensores. Participando de todos os gols. Por falar neles, são seis nos seis primeiros jogos do ano. Voltou inspirado.

Uma noite mágica de uma equipe histórica, para guardar na memória. A Recopa Sul-Americana é a terceira taça em dez dias, a quinta do Flamengo de Jorge Jesus. E parece só o começo em 2020.

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Por que o grito de campeão transborda da garganta do torcedor do Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/11/por-que-o-grito-de-campeao-transborda-da-garganta-do-torcedor-do-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/11/11/por-que-o-grito-de-campeao-transborda-da-garganta-do-torcedor-do-flamengo/#respond Mon, 11 Nov 2019 09:38:19 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7548

Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Na saída do intervalo no Maracanã novamente abarrotado, a vitória parcial do Bahia por 1 a 0 apontava o maior desafio para o Flamengo de Jorge Jesus. Era o algoz do turno, último time a vencer os rubro-negros, há 22 partidas – dezoito no Brasileiro. O líder encarava pela primeira vez a missão de buscar uma virada jogando em casa.

Isso sem Jorge Jesus à beira do campo – suspenso pelo terceiro amarelo, foi substituído pelo auxiliar João de Deus. Também sentindo a ausência de Arrascaeta, o meia que cria os espaços em retaguardas bem fechadas. Como a do time de Roger Machado, novamente armado no 4-1-4-1 que compacta os setores em 30, 35 metros. Com todos os jogadores de linha guardando a meta de Douglas Friedrich e prontos para os contragolpes.

Explorando o lado de Rodinei, mais uma vez o “elo fraco” do time na reposição a Rafinha, também suspenso. Vacilando duas vezes no gol do adversário: mal posicionado e depois permitindo que Elber pegasse o rebote da própria cabeçada e batesse para Willian Arão marcar contra, em raro lance de infelicidade do volante na nova fase com Jesus.

O time do “arame liso” cercaria, tocaria a bola, mas dificilmente furaria o organizado sistema defensivo do oponente. A equipe “pecho frio”, que decepcionou tantas vezes em jogos decisivos, derreteria mentalmente com a desvantagem. Com o gol sofrido em lance iniciado pela falta de sorte de Pablo Marí, que desarmou Nino Paraíba, mas a bola bateu em Filipe Luís e voltou para o lateral fazer o cruzamento procurando Elber. A própria torcida murcharia com as adversidades que por tantas vezes fizeram o time de coração sucumbir nos últimos anos. Parecia que não era o dia.

Mas esse Flamengo é diferente. A começar pela coragem de mudar taticamente de acordo com o que pede a partida. O plano inicial com Vitinho aberto pela direita, Bruno Henrique do lado oposto e Everton Ribeiro por dentro, atrás de Gabriel Barbosa. Provavelmente para criar sobrecarga pelos lados e inibir os avanços dos laterais do Bahia, principalmente Nino Paraíba que faz com Artur a “ala forte” da equipe.

Depois com Bruno Henrique por dentro fazendo dupla com Gabriel, Everton voltando a ser ponta articulador pela direita e Vitinho retornando ao setor esquerdo. Ainda faltando a infiltração, o toque criativo, apesar da posse de bola e do volume de jogo. A missão era mesmo complicada.

Mas Reinier voltou para a segunda etapa na vaga de Vitinho. A joia da base que não foi para a seleção sub-17 ficou na referência do ataque, como uma espécie de centroavante para aproveitar a estatura e o vigor físico. Bruno Henrique voltou a abrir pela esquerda e Everton Ribeiro e Gabriel alternavam: um aberto à direita, outro mais por dentro.

Funcionou rápido, com Everton pelo meio acionando Gabriel. O artilheiro canhoto serviu com o pé direito um cruzamento preciso para Reinier empatar de cabeça. Mas não havia nada decidido, o Bahia era mais um adversário que, mesmo vivendo mau momento sem vencer há cinco partidas, jogava a vida para se recuperar e também desafiar o grande time do país no momento.

A torcida deu outra prova de confiança ao não questionar com vaias ou gritos de “Burro!” a troca de Gerson por Piris da Motta. Afinal, é praxe no Brasil o time precisando da vitória trocar volante ou meio-campista por atacante, na maioria das vezes desequilibrando os setores. Mas era preciso proteger melhor Rodrigo Caio e Pablo Marí. Arão ganhou mais liberdade.

Filipe Luís também. O lateral que foi alvo de piadas e memes nos 3 a 0 em Salvador, em estreia um tanto precipitada pela falta de condicionamento físico, já fazia boa partida. Mas foi primoroso no segundo tempo. Como articulador por dentro, com seus passes precisos e objetivos. Capricho e talento na inversão para Gabriel, novamente infiltrando a partir da direita, servir Bruno Henrique, vice-artilheiro da competição com 16 gols.

Virada consolidada com a inesperada cobrança de falta de Arão no travessão que Gabriel aproveitou o rebote para chegar aos 21 gols, igualando Zico em 1980 e 1983. Faltando seis rodadas para o fim do campeonato. Também consagrar uma de suas melhores atuações com a camisa do clube. O grande destaque individual ao lado de Filipe Luís.

Três a um. Um segundo tempo bem diferente do que o Flamengo costumava apresentar. Em bola e força mental. Depois da demonstração de maturidade na quinta para “tourear” no Nílton Santos um Botafogo duro, por vezes violento e disposto até a deixar a vida em campo, a equipe mostrou confiança no próprio taco para construir uma virada de time pronto para voos maiores. Com 62% de posse, 19 finalizações  – onze no segundo tempo – e 21 desarmes, muitos deles no campo de ataque. Um certo exagero nos cruzamentos: quarenta e um! Mas trocando 461 passes, contra apenas 190 do Bahia.

Por isso foi inevitável a empolgação da torcida. Os mais velhos só viram tamanha imposição sobre os rivais e tantas vitórias seguidas, sem maiores oscilações ou vacilos por conta do “oba oba”, na geração Zico que pode ser estendida até o time do “Maestro” Júnior em 1991/1992. Os mais jovens nem no Brasileiro de 2009, com arrancada só na reta final, ou nos títulos de Copa do Brasil (2006 e 2013).

O apaixonado, escaldado por tantas decepções, vinha segurando a onda com pés no chão. O grito de “É campeão!”, porém, transbordou da garganta neste domingo. Do peito estufado e orgulhoso com a equipe que vai demolindo recordes, lotando o Maracanã e vencendo de todas as maneiras possíveis. Desta vez foi a virada que fez a vantagem para o Palmeiras aumentar para dez pontos. Pode chegar a 13, com um jogo a mais, se vencer o Vasco em jogo antecipado para o Fla decidir a Libertadores no dia 23 em Lima.

Agora é com a matemática para confirmar o título, mas o rubro-negro já consagrou o time de Jorge Jesus. De João de Deus. Que parece abençoado pelo Cristo e destinado a redimir a maior torcida do país com vitórias e taças. Ao menos o Brasileiro parece questão de tempo.

(Estatísticas: Footstats)

 

 

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É o melhor Flamengo desde 1982. Só precisa de um descanso http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/11/e-o-melhor-flamengo-desde-1982-so-precisa-de-um-descanso/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/11/e-o-melhor-flamengo-desde-1982-so-precisa-de-um-descanso/#respond Fri, 11 Oct 2019 11:10:06 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7414

Foto: Celso Pupo / Fotoarena / Agência O Globo

1981 é o grande ano do futebol do Flamengo. Consenso pelos títulos da Libertadores e do Mundial na época em que a FIFA não se metia com isso. Mas foi no Brasileiro do ano seguinte, disputado no primeiro semestre, que o melhor e maior time da história do clube atingiu a maturidade do jogo coletivo.

A equipe revolucionária que fazia os laterais Leandro e Júnior, mais cinco meio-campistas – Andrade, Adílio, Tita, Lico e Zico – tocarem a bola e se movimentarem com o centroavante Nunes abrindo espaços ou aparecendo para decidir começou sua história nos históricos 6 a 0 sobre o Botafogo em novembro de 1981. Com o Fla já na final da Libertadores e prestes a decidir o Carioca. A rigor foram três grandes exibições coletivas naquele final de ano: além da goleada sobre o alvinegro, os 3 a 1 sobre o Fluminense e, claro, o espetáculo diante do Liverpool em Tóquio.

No Brasileiro do “vira-vira”, o time liderado por Zico emendou vitórias sobre todos os grandes concorrentes da época: desde o São Paulo campeão paulista e vice-brasileiro do ano anterior, no Maracanã e Morumbi, passando pelo Atlético Mineiro de Reinaldo, o Corinthians de Sócrates, o Guarani de Careca e Jorge Mendonça e, na final em três partidas, o Grêmio campeão brasileiro e que no ano seguinte venceria Libertadores e Mundial. Campanha irretocável com seis vitórias seguidas no início da competição e apenas duas derrotas em 23 partidas.

Com a conquista nacional, aquele Flamengo conseguia uma espécie de “unificação” dos títulos. Em maio de 1982 era o último campeão da cidade (Taça GB), do Estado, do país, do continente e do planeta. No Brasil apenas o Santos de Pelé alcançou tal feito, em 1962.

É claro que nos últimos 37 anos o Fla teve grandes equipes e viveu momentos de futebol em alto nível. Mas nada comparado ao que o time de Jorge Jesus alcançou nos últimos três meses. Ou desde agosto, depois de um começo com dificuldades naturais, incluindo a eliminação na Copa do Brasil para o Athletico Paranaense.

Uma equipe intensa, com volume e variações táticas. Gerando jogo com todos os jogadores, inclusive o goleiro Diego Alves. Capaz de empurrar os adversários para a defesa mesmo como visitante. O melhor exemplo nos primeiros 45 minutos contra o Grêmio em Porto Alegre, por uma semifinal de Libertadores que o clube não alcançava desde 1984.

Perde a bola e logo pressiona para retomá-la. Toca, mas quase sempre com passes para frente. Uma constante busca pelo gol, independentemente do placar. No ritmo de Gerson, o grande maestro da equipe como um meio-campista moderno que domina as duas intermediárias, muito bem assessorado pelo Willian Arão repaginado por Jesus. Mobilidade, mas organização para que o jogador com a bola tenha sempre, no mínimo, duas opções de passe. Uma por dentro, outra por fora.

Normalmente Rafinha passando no corredor deixado por Everton Ribeiro e o lateral esquerdo, Filipe Luís ou Renê, atacando por dentro com um companheiro mais aberto. Nos 3 a 1 sobre o Atlético Mineiro no Maracanã, o ponteiro foi Vitinho, o substituto do uruguaio De Arrascaeta. Outrora muito contestado, desta vez decisivo com duas assistências e um belo gol. Desarticulando o 5-4-1 atleticano que foi empurrado para trás, mas criou alguns problemas com muita compactação e algumas transições ofensivas bem coordenadas, inclusive no golaço de Nathan.

Desde o revés por 3 a o para o Bahia em Salvador na “ressaca” da classificação nas oitavas do torneio continental contra o Emelec, são dez vitórias e um empate na competição nacional. 25 gols marcados, seis sofridos. O suficiente para abrir oito pontos na tabela sobre Santos e Palmeiras. Pontuação que era a desvantagem para o Alviverde atual campeão em nove rodadas quando Jorge Jesus assumiu.

Consistência em resultados e desempenho que nenhum time rubro-negro entregou em quase quatro décadas nessa amostragem de partidas, incluindo as duas contra o Internacional pelas quartas e a primeira semifinal da Libertadores.

Nem o time campeão da Copa União em 1987, que era um grande conjunto de individualidades – principalmente se analisarmos o que cada um fez ao longo de suas carreiras: Jorginho, Leonardo, Zinho e Bebeto campeões mundiais em 1994; os ídolos eternos Leandro, Andrade e Zico; os multicampeões Aílton e Renato Gaúcho. Mais o goleiro Zé Carlos, convocado para o Mundial na Itália em 1990 e Edinho, zagueiro de três Copas do Mundo. Mas não chegou nem perto de tamanha imposição sobre os rivais.

O campeão carioca e brasileiro em 1991/92 comandado por Carlinhos “Violino” viveu grandes momentos, com uma garotada promissora, os passes de Júnior e os gols de Gaúcho. Longe, porém, da regularidade e da consistência do atual no jogo coletivo. Muito menos o único vencedor na era dos pontos corridos, em 2009, que vivia fundamentalmente do talento de Petkovic e Adriano Imperador em uma arrancada impressionante na reta final da competição.

Falta a este Flamengo marcar a história com grandes títulos. Eles nunca pareceram tão próximos, mas há um grande obstáculo, um inimigo interno: o desgaste. De um elenco que roda pouco pelas circunstâncias. Por perder Cuéllar, negociado, e Diego Ribas, lesionado. Agora sem Filipe Luís e Arrascaeta com problemas nos joelhos e Rodrigo Caio e Gabriel Barbosa a serviço da seleção brasileira. Em breve terá que ceder a revelação Reinier para a CBF no Mundial Sub-17.

Jesus vai se virando com o que tem, recuperando Vitinho e insistindo com os titulares. A maioria das substituições acontece no final das partidas. Contra o Santos não houve tempo para Piris da Motta entrar em campo, diante do Galo foi a vez do jovem Hugo Moura ficar à beira do campo no apito final. O treinador português diz que não gosta de poupar e no seu país, apesar de ser tão querido a ponto de fazer a imprensa de lá cobrir o futebol daqui, costuma ser criticado por não rodar muito o elenco e ter perdido títulos encaminhados por conta disso. Nas palavras do próprio treinador, ele gosta de “colocar a carne toda para assar”.

Só que o risco de mais lesões é real, embora ninguém esteja fora por problemas musculares. A tabela oferece uma boa oportunidade de descansar os sete titulares que restaram: jogo contra o Athletico em Curitiba. Porque entre as 22h da quinta e as 16h de domingo serão apenas 66 horas para recuperação. Para depois cruzar o país e encarar o Fortaleza na capital cearense na quarta. E vale arriscar esses pontos com uma equipe reserva, já que Santos e Palmeiras também visitarão o campeão da Copa do Brasil, sempre um adversário complicado em seus domínios.

Se tivesse planejado seria possível até zerar pendurados por dois cartões amarelos. São cinco: Rafinha, Pablo Marí, Willian Arão, Everton Ribeiro e Bruno Henrique. Mas Jorge Jesus quer tudo e quer agora. E pelo que fala nas coletivas será difícil convencê-lo a mudar. É claro que futebol não é ciência exata e o time pode superar o desgaste. Ou acontecer uma espécie de rodízio natural por conta de suspensões, lesões e convocações e o elenco resistir bem. Há qualidade para isso. Mas uma pausa estratégica para reabastecer neste momento, até pela vantagem na tabela, seria saudável para a equipe.

Jesus segue suas próprias leis e é difícil contestá-lo. Afinal, ele entrega um Flamengo que vence e encanta como há tempos não se via no país. E no time mais popular do Brasil desde sua versão mais talentosa e campeã.

 

 

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Willian Arão, Reinier e o progresso com Jesus no Flamengo http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/08/willian-arao-reinier-e-o-progresso-com-jesus-no-flamengo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/08/willian-arao-reinier-e-o-progresso-com-jesus-no-flamengo/#respond Tue, 08 Oct 2019 10:06:57 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7397

Imagem: Reprodução / Premiere

 

– Tá mal, Arão!

Os gritos de Jorge Jesus no jogo-treino contra o Madureira corrigindo o posicionamento de Willian Arão no período de preparação do Flamengo na pausa para a Copa América ganharam destaque no noticiário. Os otimistas viam na bronca pública uma espécie de quebra de paradigma no trato com um elenco tantas vezes acusado de mimado, avesso às críticas e chegado a um paternalismo. Já os mais céticos temiam uma fritura rápida no vestiário do técnico português por expor os jogadores.

Este que escreve, para variar, fazia parte do grupo mais desconfiado – leia AQUI uma análise na véspera da estreia de Jesus. Errou! A turma do copo meio cheio desta vez acertou na mosca. Porque Arão é o símbolo da evolução do Flamengo depois da troca no comando técnico.

Quem diria no início de julho que o outrora contestado meio-campista se adaptaria tão bem à função de proteger a defesa fazendo o então ídolo Cuéllar hoje só deixar saudades em boa parte da torcida como uma opção para fortalecer o elenco? As estatísticas são reveladoras: Willian Arão tem 92% de aproveitamento nos passes e média de 2,3 desarmes por jogo, ficando entre os dez primeiros no Brasileiro. Sem contar as cinco assistências para gols e 22 para finalizações.

Mas o que chama atenção mesmo é a mudança radical no comportamento em campo. Concentração total e reação imediata assim que o time perde a bola para pressionar o adversário. Muito longe do atleta pouco intenso e disperso de outros tempos. Nem mesmo quando avança o posicionamento com Piris da Motta em campo o rendimento cai. É outro jogador!

Por isso é difícil condenar ou fazer ressalvas à contundência do técnico com o jovem Reinier ainda no gramado da Arena Condá depois da vitória sobre a Chapecoense por 1 a 0. O meia de 17 anos, joia da base, convocado para o Mundial Sub-17 e titular por conta das ausências de Gabriel Barbosa e De Arrascaeta, arriscou alguns toques de calcanhar e outros gestos técnicos mais refinados e pouco objetivos que irritaram Jorge Jesus. As “notas artísticas”, nas palavras do português.

Talvez Jesus tenha se precipitado ao trocá-lo por Berrío aos 13 minutos do segundo tempo. A produção do time caiu, também pelo desgaste por conta dos jogos seguidos só alterando a formação titular por necessidade e pela intensidade da equipe rubro-negra no primeiro tempo em Chapecó. As características e os movimentos de Reinier estavam casando bem com os de Everton Ribeiro e Bruno Henrique na dinâmica ofensiva. O “esporro” também poderia ter sido guardado para um momento mais reservado no vestiário, longe das câmeras.

Mas se até o pai do atleta, o ex-jogador de futsal Mauro Brasília, achou natural e parte do aprendizado, como contestar o treinador que lançou Reinier entre os profissionais? É impossível negar que os bons resultados do líder do Brasileiro e semifinalista da Libertadores tiram o peso do ocorrido e afastam qualquer possibilidade de crise. Mas o exemplo de Arão é pedagógico para mostrar que sabendo ouvir com humildade um profissional experiente, as chances de evoluir são enormes.

É o progresso com Jesus no Flamengo.

(Estatísticas: Footstats)

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O resultadismo e a internet na lúcida entrevista de Victor Ferraz http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/05/o-resultadismo-e-a-internet-na-lucida-entrevista-de-victor-ferraz/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/10/05/o-resultadismo-e-a-internet-na-lucida-entrevista-de-victor-ferraz/#respond Sat, 05 Oct 2019 11:21:37 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7375

Imagem: Reprodução / Sportv

Palavras lúcidas que fogem da mesmice e do tom asséptico das entrevistas no futebol merecem ser disseminadas e também dissecadas na tentativa de buscar o melhor de suas entrelinhas. Eis um dos papeis do jornalismo. Por isso vale o registro e a análise do que disse Victor Ferraz na coletiva de sexta no CT Rei Pelé antes da partida do Santos contra o Vasco em São Januário.

– Como os resultados não aconteceram nos últimos jogos esquecem do início do campeonato que foi muito bom. Futebol sempre foi resultado, mas agora com a chegada da internet ficou ainda mais. Sobre a discussão do Filipe Luís e Arão (contra o Grêmio em Porto Alegre pela Libertadores), eu ouvi em um programa esportivo: ‘estão vendo como os jogadores do Flamengo hoje têm ambição, eles brigam em campo…’ Eu fiquei pensando que só estavam falando assim por causa do momento bom. Não tem como falar mal. Se fosse em um momento ruim diriam ‘Jorge Jesus não tem comando’, ‘o grupo está desunido’ ou ‘estão querendo derrubar o treinador’. 

O futebol no Brasil é analisado na base da narrativa construída de trás para frente. O resultado foi ruim? É preciso encontrar “as cinco razões” para a queda do time para colocar na manchete que vai atrair cliques na internet ou audiência na TV ou no rádio. Mesmo que seja apenas uma oscilação natural, a aleatoriedade do futebol ou, como disse o próprio Ferraz, o mérito dos adversários no estudo da equipe “da moda”.

– Tivemos sequência jogando bem e passamos a ser visados. Tínhamos um estilo e aproveitávamos parte do campo e fragilidade do adversário, que prefiro não comentar, de uma forma que não conseguiam marcar. Do outro lado há bons treinadores e passaram a tirar o que tínhamos de melhor. Foi puramente coisa tática e técnica, e mérito dos adversários. Não é vontade, ambição, falta de vontade de ser campeão.

O torcedor tem o direito de ver apenas seu time jogar e analisar a partir dele. Ou seja, se o resultado não acontece a culpa é dos jogadores e do treinador. Mas formadores de opinião não podem trabalhar com esse olhar tão parcial e devem conhecer as outras equipes para contextualizar o que acontece nos jogos. Pior ainda quando resumem tudo a “faltou raça” e “apurações” como o que o jogador faz na noite da véspera da folga.

Mais complicado ainda é confundir o que é jornalismo e o que é o “formador de opinião” do clube. Ou seja, aquela página ou conta dedicada ao time de coração que é seguida pelos apaixonados em detrimento da “mídia vendida” que muitas vezes está apenas fazendo um trabalho honesto e expondo mazelas que os fanáticos só vão reconhecer justamente quando as vitórias desaparecem – o Cruzeiro está aí para não deixar dúvidas. Mas como por aqui vigora a lei do “roupa suja se lava em casa”, os torcedores se sentem mais à vontade para criticar sem a presença virtual dos rivais, pois não viram alvos do sarcasmo e dos memes. Legítimo.

Sem as práticas do ofício, porém, essas vozes “oficiais”  fazem algo que parece jornalismo, mas seguem o que se faz de pior nas redações: trabalham para fabricar crises. As redes sociais surgiram como algo saudável para dar voz a todos, mas acabou mudando percepções e tirando os filtros que o bom jornalismo utiliza para buscar a versão mais próxima da realidade. Então a visão pessoal, o “feeling” e outras subjetividades são colocadas acima da apuração rigorosa e temos esse mundo paralelo criticado por Ferraz.

– Entro em outro ponto que é criar situações que viram verdade. De dez dias para cá muitos torcedores questionaram, vi donos de página de Instagram, que são formadores de opinião. Donos de páginas grandes formam opinião e devem ter responsabilidade. Falaram de existir jogadores insatisfeitos, derrubar Sampaoli. Todos vocês viram. Isso aí é de uma mediocridade gigante. Não sei como o cara cria um negócio desse. Eu sou o capitão, não há como algo ser feito sem passar por mim. Conheço cada canto desse CT. É querer inventar algo e transferir parte técnica para o caráter.

Nesta última frase ele toca em algo cultural do futebol brasileiro: se o jogador não está rendendo é porque tem algo por trás, algum desvio de caráter. Como se um time formado por pessoas íntegras e trabalhadoras não pudesse ser derrotado. A velha convicção de que basta se esforçar que o talento vai decidir. Novamente o que se esquece é que há qualidade também do outro lado.

Tudo isso isenta o Santos de Jorge Sampaoli de críticas? Óbvio que não. Houve uma queda de desempenho que interferiu nos resultados. As eliminações precoces nas competições de mata-mata (Sul-Americana e Copa do Brasil) também devem entrar na análise da temporada. É preciso recuperar bola e pontos, mas sem o apocalipse que se costuma criar por aqui. Olhando mais para o campo e menos para vestiário e bastidores. Ou na medida exata para a observação mais completa.

Sem o resultadismo que contamina quase tudo. Por isso as declarações de Ferraz, que deveriam ser corriqueiras, merecem destaque. Pelo olhar além do superficial e por tocar nas feridas que tantos querem esconder. É a boa polêmica, que faz pensar e rever posições. Artigo raro no Brasil, mais ainda no futebol que envolve paixão. Mas um pouco de racionalidade sempre faz bem. Desta vez o lateral do Santos foi a voz da razão.

 

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O estranho desconforto do Flamengo com tudo tão favorável http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/26/o-estranho-desconforto-do-flamengo-com-tudo-tao-favoravel/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/09/26/o-estranho-desconforto-do-flamengo-com-tudo-tao-favoravel/#respond Thu, 26 Sep 2019 09:55:31 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7327

Foto: Diego Maranhão / AM Press / Lancepress

Logo depois dos 3 a 1 do Flamengo sobre o Internacional, aumentando o recorde do clube e igualando o do Cruzeiro 2003 no Brasileiro com oito vitórias seguidas, Gabriel Barbosa, na saída do gramado do Maracanã, comentava em entrevista para o Premiere sobre os problemas que o time encontrou para enfrentar o time colorado depois das expulsões de Bruno e Paolo Guerrero, ainda no primeiro tempo:

“Foi um jogo atípico com as duas expulsões. Tão inusitado que a gente nem treina assim, com essa vantagem. Eles acharam um gol por desatenção nossa, mas depois conseguimos controlar e fazer os gols”, explicou o atacante.

De fato, foi muito inusitado ver uma equipe ofensiva e de boa técnica cumprindo sua pior atuação nessa sequência de triunfos justamente quando tinha tudo tão favorável: estádio cheio, torcida quente, adversário em frangalhos emocionalmente e se defendendo com as duas linhas de quatro que restaram a Odair Hellmann. Oito na linha e Marcelo Lomba na meta. Desmontando o 4-1-4-1 que teve Nonato no meio e Patrick aberto pela esquerda.

Mesmo uma equipe de jogadores e treinador rodados, muitos com vivência no futebol europeu, pode se complicar diante da obrigação de se impor. Aumentando ainda mais o favoritismo e, consequentemente, a responsabilidade de vencer e até a obrigação de aplicar uma goleada. Sempre mexe com o emocional.

O início do segundo tempo, com um a zero de vantagem no pênalti sofrido e convertido por Gabriel, teve o Fla relaxado demais, desconcentrado. Talvez pela primeira etapa tão frenética quanto a arbitragem de Luiz Flávio de Oliveira. Pênalti marcável de Bruno em Gabriel, expulsão cabível, mas exagerada, do lateral com 17 minutos de jogo. Nunca saberemos se no Beira-Rio a decisão seria a mesma, assim como é difícil imaginar o absurdo pênalti anotado sobre Pedro Rocha a favor do Cruzeiro contra o Flamengo no sábado sendo marcado no Maracanã. A arbitragem no mundo todo tende a ser caseira, sabemos bem.

Este que escreve viu falta de Rodrigo Caio sobre Guerrero na área rubro-negra, apesar de todo o “teatro” do camisa nove do time gaúcho, pouco antes do surto do peruano ofendendo o quarto árbitro e levando vermelho direto. O sangue no rosto não é garantia de agressão do adversário – Rodrigo Caio também se lesionou na disputa – e o destempero de um jogador tão experiente é injustificável.

Willian Arão e Rodrigo Caio disputaram com “pé mole” a bola com Patrick e o Inter empatou no chute de Edenilson. Poderia transformar a disputa em David x Golias e igualar um jogo que parecia resolvido. A apreensão e o medo do vexame chegaram a cortar o ar. Mas o cruzamento de Rafinha na cabeça de Arrascaeta voltou a descomplicar e, com o Inter exausto de tanto correr atrás, Bruno Henrique fechou o placar em assistência do uruguaio.

O Flamengo terminou o jogo com Gerson, Berrío, Everton Ribeiro, Reinier, Vitinho e Bruno Henrique. Mais os laterais Rafinha e Filipe Luís apoiando ao mesmo tempo. 67% de posse, 20 finalizações contra duas. Em nenhum momento, porém, transmitiu total confiança no desempenho. Cruzou 31 bolas, um número alto mesmo para quem tem média de 25 por jogo.

Não havia necessidade de pressa nem descompasso, mas o Flamengo de Jesus não foi bem. Curiosamente, foi melhor no primeiro tempo, com apenas um homem a mais e execução mais equilibrada do 4-4-2 com Bruno Henrique próximo de Gabriel e Everton Ribeiro e De Arrascaeta pelos lados. No apito final, os colorados se cumprimentaram até com mais entusiasmo, mesmo derrotados. Apesar da festa da torcida para atletas e Jorge Jesus, o clima era de alívio. A fala de Gabriel deixa claro: o estranho desconforto deve servir de alerta.

Independentemente de treinar ou não contra nove homens, time que busca grandes títulos não pode dar a mínima chance a um oponente tão vulnerável. Mesmo o Inter digno e abnegado no Maracanã.

(Estatísticas: Footstats)

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Cuéllar deve jogar por necessidade do Flamengo ou merece banco? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/27/cuellar-deve-jogar-por-necessidade-do-flamengo-ou-merece-banco/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/27/cuellar-deve-jogar-por-necessidade-do-flamengo-ou-merece-banco/#respond Tue, 27 Aug 2019 10:15:59 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7123

Foto: Jorge R. Jorge/BP Filmes

Gustavo Cuéllar está em Viamão, cidade onde o Flamengo está concentrado para o jogo contra o Internacional no Beira-Rio valendo vaga nas semifinais da Libertadores, feito que o clube nunca alcançou no formato atual do torneio – em 1981, 1982 e 1984 havia uma segunda fase com dois grupos de três equipes e os melhores de cada chaveamento disputavam a final.

O volante colombiano, antes ídolo incontestável da torcida e titular absoluto, perdeu moral e espaço com o treinador Jorge Jesus por voltar da Copa América disposto a sair, mesmo com contrato em vigor até 2022. Desejava a Europa, mas agora contenta-se com a proposta do Al-Hilal, da Arábia Saudita, e força a barra para ser negociado.

Uma postura mais que questionável. Pouco inteligente em termos de gestão de carreira e também deixando a impressão de ser mal assessorado. O imbróglio provocou até uma nota oficial emitida pelo Fla comunicando o afastamento por tempo indeterminado depois que Cuéllar se recusou a viajar com o time para Fortaleza e ficou de fora da vitória por 3 a 0 sobre o Ceará.

Agora é reintegrado ao elenco por necessidade. Sem Willian Arão, suspenso, Jorge Jesus conta apenas com Piris da Motta para a função de volante. Um risco em jogo que deve ser disputado em intensidade máxima. Ainda assim não há garantia de titularidade do camisa oito rubro-negro.

Porque Jorge Jesus pode armar a equipe com apenas o paraguaio à frente da defesa. Voltando ao 4-1-3-2 com Everton Ribeiro, Gerson e De Arrascaeta como meias e Bruno Henrique e Gabriel Barbosa no ataque. Ou recuar Bruno pela direita e armar um 4-1-4-1 como na vitória de domingo no Castelão.

Disputas de mata-mata têm um componente emocional muito grande. Uma formação ofensiva com postura agressiva desde o início da partida pode intimidar o time gaúcho e também esfriar a torcida, não permitindo que se crie o clima de pressão que costuma acuar o visitante.

Por outro lado, a formação com Gerson por dentro nunca foi testada em partida oficial, até pela presença constante de Arão entre os titulares. A escalação mais ousada de Jesus foi a inicial, com Arão mais fixo à frente da defesa e Diego Ribas fazendo a função de meia central na linha de três. Gerson tem atuado pelos lados e, a rigor, é uma incógnita para a execução de um papel tão importante em jogo decisivo.

Jesus pode optar por mais segurança no meio, com Cuéllar e Piris. Até porque a força de ataque do Internacional de Odair Hellmann está em Edenilson e Patrick, meias de vigor físico, intensidade e presença no ataque. Se iniciar com dois volantes, o técnico português pode contar com um dos meias entre Everton Ribeiro, Gerson e De Arrascaeta como opção qualificada para o segundo tempo no Beira-Rio.

A informação dos bastidores em Viamão é de que o colombiano foi bem recebido pelos companheiros e também por Jorge Jesus. Mas depois de toda confusão e falta de profissionalismo em momento importante da temporada, Cuéllar merecia mesmo era iniciar no banco. Para se situar e entender que o clube não deve ser manipulado ao sabor das vontades do jogador e de seu “staff”. Também por respeito aos que estão mobilizados e dedicados ao Flamengo.

No entanto, a necessidade do time dentro do planejamento da comissão técnica para uma partida tão decisiva deve estar em primeiro plano. Se Cuéllar estiver disposto e concentrado pode ser muito útil, como foi nos 2 a 0 da ida no Maracanã.

O que fará Jorge Jesus? A resposta virá na noite de quarta-feira, no “jogo da vida” para Flamengo e Internacional em Porto Alegre.

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Flamengo, agora líder, está ficando bonito de se ver http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/25/flamengo-agora-lider-esta-ficando-bonito-de-se-ver/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/25/flamengo-agora-lider-esta-ficando-bonito-de-se-ver/#respond Mon, 26 Aug 2019 00:05:53 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7113 Montar um time para jogar em Fortaleza pelo Brasileiro para, três dias depois, decidir uma vaga na semifinal da Libertadores em Porto Alegre não é tarefa simples. Ainda mais perdendo o pouco inteligente e mal assessorado Cuéllar, que se recusou a jogar.

Mas o Flamengo precisava ser competitivo contra o Ceará, ainda mais depois do surpreendente empate do Santos em casa contra o Fortaleza depois de abrir 3 a 0. Valia a liderança e Jorge Jesus foi feliz. Poupou de início os laterais Rafinha e Filipe Luís e mais Everton Ribeiro e Bruno Henrique. Todos, porém, no banco de reservas para qualquer eventualidade.

O resultado foi uma das melhores atuações do time carioca no ano. Depois da variação 4-2-3-1/4-4-2 dos 2 a o sobre o Internacional na quarta-feira, mais um desenho tático se somou ao repertório do treinador português: um 4-1-4-1 com Willian Arão alinhado a Gerson por dentro, muito semelhante ao dos tempos de Abel Braga e dentro de uma proposta reativa que era interessante para esta partida. Ainda mais depois dos 3 a 0 para o Bahia em Salvador dentro de um contexto semelhante.

Primeiro gol em jogada ensaiada na cobrança de lateral. A sacada foi Rodrigo Caio perto da linha de fundo e da meta adversária. Toque para trás, assistência de Berrío e belo chute de Pablo Marí, cada vez mais seguro e comprovando ser um achado de Jorge Jesus.

Depois uma sequência de 19 passes até Renê conduzir por dentro clareando a jogada e Berrío servir Gabriel Barbosa no 12º gol do artilheiro do campeonato – vigésimo quinta na temporada. O colombiano poderia ter se consagrado com um gol além das duas assistências, mas perdeu chance cristalina no primeiro tempo.

Saiu para a entrada de Bruno Henrique. Rafinha e Everton Ribeiro também foram a campo, substituindo João Lucas e Gerson. Cedendo 14 finalizações ao Ceará de Enderson Moreira que lutou o tempo todo, dominou parte do primeiro tempo e teve três gols (bem) anulados. Mas novamente sendo eficiente na frente: dez conclusões, metade no alvo. Três nas redes, repetindo o placar no Castelão em 2018.

Grand finale na bicicleta espetacular de Arrascaeta. Sem exageros, um candidato ao Prêmio Puskas. Compensando alguns momentos de displicência do uruguaio na partida. Pura arte para garantir o topo na tabela de uma equipe bem treinada. Variações táticas, qualidade técnica e muita seriedade. O símbolo é o outrora contestado Willian Arão. Evolução absurda nas mãos de Jesus e um desfalque importante para quarta.

Não garante título, nem mesmo a classificação no Beira-Rio. Mas é a quarta atuação consistente em sequência: Grêmio, Vasco, Internacional e agora Ceará. O Flamengo de Jorge Jesus está ficando bonito de se ver.

(Estatísticas: Footstats)

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A vitória do Flamengo e uma reflexão sobre tempo, espetáculo e calendário http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/10/a-vitoria-do-flamengo-e-uma-reflexao-sobre-tempo-espetaculo-e-calendario/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/08/10/a-vitoria-do-flamengo-e-uma-reflexao-sobre-tempo-espetaculo-e-calendario/#respond Sun, 11 Aug 2019 00:30:45 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7020 O Flamengo teve uma semana “cheia” para treinar pensando no jogo contra o Grêmio pelo Brasileiro. Indesejada, já que a Copa do Brasil era uma competição importante na temporada. Mas com tempo de trabalho foi possível sair do olho do furacão e tentar equalizar fisicamente o elenco heterogêneo, com quatro jogadores que vieram da Europa no segundo semestre.

O resultado foi uma boa atuação da equipe de Jorge Jesus na vitória por 3 a 1 no Maracanã. Com alguma dificuldade no primeiro tempo contra as transições ofensivas em velocidade de Pepê pela esquerda para cima de Rafinha. Duas boas oportunidades que podiam ter feito os reservas gremistas saírem na frente.

Natural o Fla sentir falta de Everton Ribeiro na articulação e de Gabriel Barbosa na finalização. Até De Arrascaeta aparecer com belo passe  – sétima assistência do uruguaio para gol no novo clube – para Willian Arão abrir o placar. Vantagem que poderia ter sido ampliada se a equipe de arbitragem, VAR incluso, não tivesse ignorado um pênalti claro de Rafael Galhardo sobre Bruno Henrique. Galhardo que acabou sendo o autor do gol de empate na cobrança de penalidade máxima, também evidente, de Pablo Marí tolamente puxando a camisa de David Braz na área rubro-negra.

Na segunda etapa, o ajuste com Berrío procurando mais o lado direito. O colombiano é jogador de velocidade pela ponta, não para jogar de costas. Mesmo compreendendo a falta de opções no ataque é contraproducente. Assim como Bruno Henrique pode ser muito produtivo aberto pela esquerda, ainda mais com Filipe Luís, um lateral construtor que raramente vai ao fundo. Na jogada do atacante com finalização na trave de Júlio César, o gol de Arrascaeta no rebote.

Com Gerson muito bem pela direita e mantendo o nível por dentro depois da entrada de Everton Ribeiro no lugar de Berrío, o Fla dominou o jogo por completo e brindou o público no Maracanã cheio novamente com belas jogadas, individuais e coletivas. Até Everton Ribeiro mostrar para Gerson que também sabe cortar para dentro e finalizar com precisão para fechar o placar.

Vitória que pressiona o Palmeiras e diminui a vantagem do Santos na liderança. Também oportunidade para uma reflexão: se quem paga a conta no futebol brasileiro olhasse com carinho para o espetáculo que proporciona e os torcedores cobrassem um futebol bem jogado associado aos resultados seria possível vislumbrarmos um calendário menos inchado no país. Com o tempo reservado para jogos pouco relevantes, como a grande maioria dos estaduais, sendo dedicado aos treinamentos para melhorar o rendimento.

Imaginemos esse Flamengo mais bem preparado enfrentando os titulares do Grêmio em um cenário que não tornasse quase obrigatório Renato Gaúcho, até pela cultura do clube de priorizar as copas, escalar reservas com tanta frequência no Brasileiro. Que jogo teríamos!

E o maior paradoxo: esse time de Jorge Jesus, se não trocar o treinador nem perder peças, provavelmente estará voando no início de 2020. Com todos adaptados ao clube, ao futebol brasileiro e com uma pré-temporada, ainda que longe do tempo ideal para trabalhar. Tudo isso para encarar um Carioca pouco desafiador…e chegar cansado e com vários jogos nas costas no segundo semestre, quando as principais competições afunilarem.

Talvez um dia o futebol seja realmente prioridade no país. Acima de ganâncias e politicagens. Enquanto aguardamos o quase impossível vamos nos contentando com espasmos como o espetáculo rubro-negro em um divertido sábado à noite.

 

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Empate salva Flamengo “arame liso” novamente e pune recuo do Corinthians http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/21/empate-salva-flamengo-arame-liso-novamente-e-pune-recuo-do-corinthians/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/07/21/empate-salva-flamengo-arame-liso-novamente-e-pune-recuo-do-corinthians/#respond Sun, 21 Jul 2019 21:22:12 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6910 Mesmo em Itaquera, o Corinthians encontrou o cenário mais confortável para si contra um Flamengo desfalcado, mas tentando ser protagonista. Nenhum incômodo do time de Fabio Carille por não controlar a posse de bola, mas dominando a partida por ocupar melhor os espaços.

No 4-1-4-1, com Gabriel no lugar de Ralf entre as linhas, Vagner Love na frente, a equipe mandante forçava o jogo pela esquerda com Danilo Avelar, Clayson e Sornoza, porém sendo mais eficiente pela direita com Pedrinho e, principalmente Fagner.

O lateral direito levou ampla vantagem sobre Gerson, contratação mais recente do Flamengo. Outro que chega ao clube no meio do ano, já entrando à forceps na equipe que teve 20 dias para treinamentos com Jorge Jesus, mas sem o novo meio-campista. Totalmente fora de sintonia, foi um elo fraco em jogo importante.

Sem Everton Ribeiro, o Fla dependeu inicialmente da articulação de Willian Arão, meia central do 4-1-3-2 de Jesus que posicionou Diego Ribas como uma espécie de segundo atacante próximo de Gabriel Barbosa. Vitinho novamente improdutivo, desta vez pela direita, saiu lesionado para a entrada de Berrío na volta do intervalo. Depois Bruno Henrique e Lincoln substituíram Cuéllar e Gerson, já no desespero atrás do empate.

Porque na arrancada de Fagner que ninguém acompanhou, a bola chegou a Love que foi tocado pelo afobado Berrío. Pênalti que Clayson converteu. O primeiro assinalado a favor do Corinthians na competição. Premiando naquele momento o time mais organizado e objetivo – foram 13 finalizações contra apenas cinco, mas três no alvo para cada lado.

A duas últimas do Fla, e únicas na segunda etapa, de Arão e Gabriel Barbosa já no final do jogo. No rebote de Cássio na cabeçada do volante, o gol do camisa nove rubro-negro, artilheiro do Brasileiro com oito gols. Depois de muita demora de Vuaden e equipe do VAR para confirmar a posição legal do atacante. Salvando um time novamente “arame liso”, com posse que sempre rondou os 60% e terminou com 56%, porém finalizando muito pouco e repetindo erros do passado.

O Corinthians concluiu apenas cinco vezes no segundo tempo, no alvo apenas a cobrança precisa de Clayson. O time de Carille sempre deixa a impressão de que confia demais no sistema defensivo para administrar a vantagem mínima. Sempre um risco, ainda mais com um oponente superior individualmente. Mais dois pontos ficaram pelo caminho, assim como a chance de encostar no pelotão da frente em um rodada que seria favorável.

(Estatísticas: Footstats)

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