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Missão de Doriva no São Paulo caótico é blindar o campo

André Rocha

10/10/2015 17h13

Doriva chegou ao São Paulo para suceder um Osório que saiu por ver na seleção mexicana a chance de realizar o sonho de disputar uma Copa do Mundo. Mas é inegável que os problemas financeiros e a turbulência política do clube também contribuíram para que o treinador colombiano abortasse a missão no Brasil.

Com a saída de Ataíde Gil Guerreiro recheada de acusações ao presidente Carlos Miguel Aidar, sem contar a agressão física que motivou a cisão e a saída de outros membros da diretoria, o ambiente político é caótico e a hipótese de renúncia ou impeachment de Aidar não pode ser descartada.

Disputando o G-4 na Série A e semifinal contra o Santos na Copa do Brasil, não pode se dar ao luxo de tratar o final da temporada como período de transição política. Por isso a missão de Doriva é blindar o grupo de jogadores para que a tensão na cúpula não contamine o campo.

Paradoxalmente, essa tarefa parecia menos complicada para Osório. Com variações táticas, mudanças de sistema, rodízio entre os atletas e alternando funções entre alguns jogadores, os treinamentos tinham conteúdo e ocupavam a cabeça do atleta. Também o noticiário sobre o clube.

Doriva já avisou que pretende manter uma base, não improvisar e apostar na repetição para entrosar e facilitar a assimilação de sua proposta de jogo, que é bem diferente da que seu antecessor implementava.

Osório gosta da bola, de propor o jogo, ocupar o campo de ataque. Não por acaso é o líder em posse de bola e na troca de passes na Série A. Jogo posicional, de criação de espaços no sistema defensivo adversário. O novo treinador até tem discurso parecido, valorizando a posse para controlar. Na prática, porém, suas equipes – até pelas limitações técnicas do elenco, especialmente no meio-campo – rendiam melhor ofensivamente acelerando as transições e abusando da bola parada. Foi assim em Ituano, Vasco e Ponte Preta.

No São Paulo, a presença de Ganso no meio-campo exige troca de passes curtos e menos verticais. Mas um pouco de velocidade em torno do camisa dez dando opções de tabelas e ultrapassagens pode ser interessante. Especialmente pelas laterais, como gosta Doriva.

No Vasco, Madson aproveitava todo o corredor pela direita. O mesmo para Rodnei na Ponte Preta. Do lado oposto, tanto Dagoberto ou Rafael Silva no cruzmaltino quanto Biro Biro na equipe campineira procuravam mais as diagonais para finalizar. Como Pato deve seguir fazendo pela esquerda no 4-2-3-1 quase imutável de Doriva.

Situações que o técnico pode trabalhar. E deve. Aplicando treinos com intensidade e conteúdo que trarão dois benefícios ao seu novo clube: mudar de forma rápida e segura a maneira de jogar e, principalmente, manter o elenco atento ao seu ofício. Sem desviar o olhar para brigas e acusações que minam as forças do presidente e deixam o futuro cada vez mais incerto no tricolor paulista.

(Estatísticas: Footstats)

Uma formação possível do São Paulo de Doriva, com todas peças disponíveis: 4-2-3-1 básico com saída rápida pelas laterais e Ganso distribuindo o jogo.

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.