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Só Guardiola entende o Arsenal que parou o melhor time da Europa

André Rocha

21/10/2015 00h35

Na coletiva antes da partida no Emirates Stadium, Pep Guardiola afirmou que o contexto do jogo e a necessidade do resultado poderiam ser favoráveis ao Arsenal: "Nesta situação, eles têm a vantagem e vão jogar para vencer. Isso significa que eles vão tentar ter um desempenho perfeito. Temos que lutar contra isso e jogar de uma forma muito inteligente", ressaltou o técnico catalão. Soou contraditário.

Na prática, porém, ele não teria como motivar seus atletas a entrarem em campo encarando a disputa como uma decisão. Não era vida ou morte, mas uma oportunidade para o Bayern de Munique se afirmar na temporada como a grande equipe da Europa. São 100% de aproveitamento e recorde com as nove vitórias seguidas neste início de Campeonato Alemão.

Eram também no Grupo F da Liga dos Campeões, atropelando Dínamo Zagreb e Olympiakos, os algozes que surpreendentemente deixaram o time londrino com zero pontos em duas rodadas.

Não são mais. Porque Arsene Wenger preparou sua equipe para não controlar a bola, mas compactar setores e aproveitar a posse com rápidas transições. Também mobilidade na frente, aceleração pelos flancos e presença de área para as conclusões, mesmo sem o típico centroavante – Walcott como único atacante do 4-2-3-1, Giroud no banco. Mas foi numa cabeçada do camisa 14, no centro do ataque, que Neuer apareceu com uma defesa espetacular. Sem contar a intervenção em finalização de Ozil.

Flagrante da compactação de duas linhas de quatro do Arsenal negando profundidade ao Bayern de Guardiola.

O Bayern de Guardiola teve a pelota no primeiro tempo: 70% de posse, 87% de efetividade nos passes. Índice baixo, muito por conta da agressividade dos Gunners no combate. Faltava efetividade. Mesmo com Douglas Costa levando vantagem sobre Bellerin e aparecendo também pela direita.

Thiago Alcântara tabelou com Muller e desperdiçou grande oportunidade à frente de Cech. O problema atrás era a fragilidade de Lahm e Bernat pelas laterais na última linha defensiva. Por isso as dez finalizações do Arsenal contra nove. Quatro para cada lado no alvo.

Bayern controlou a posse, Arsenal jogou em transição e explorou fragilidades do adversário pelas laterais.

Segunda etapa no mesmo ritmo, porém com mais controle da equipe alemã. Wenger trocou o lesionado Ramsey por Oxlade-Chamberlain. Guardiola trocou Xabi Alonso por Kimmich e Vidal por Rafinha, com Lahm indo para o meio-campo. Douglas Costa serviu Lewandowski, mas o polonês desperdiçou – depois da carreta de gols, foi mal contra Werder Bremen pela Bundesliga e em Londres.

Pecado tão fatal quanto o de Neuer na saída do gol. Quando o Bayern parecia dominante, Giroud, que substituiu Walcott para ser a referência de fato, aproveitou o vacilo. Com a vantagem, Wenger fechou o lado esquerdo com Gibbs na vaga do exausto Alexis Sánchez.

O Bayern tentou um "abafa" final, Lewandowski perdeu mais uma chance. Foram 68% de posse no final, mais 19 finalizações contra 13. Guardiola não usou a terceira substituição. Tão indecifrável quanto o Arsenal ainda faminto que matou o jogo em contragolpe letal no ataque derradeiro: de Bellerín para Ozil, bola que cruzou a linha antes do toque de Neuer.

Bayern tentou um abafa final, mas Guardiola não usou a terceira substituição; Arsenal matou o jogo em saída rápida concluída por Ozil.

Vitória redentora do time que mais se entregou e foi efetivo num jogaço. Pelo que aconteceu em campo, só Guardiola entende esse Arsenal.

(Estatísticas: UEFA)

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.