A luta e a festa da torcida do River não pararam o Barça, time do século 21
André Rocha
20/12/2015 10h31
Ao trocar Pisculichi por Viudez, Marcelo Gallardo repaginou o River Plate. Desmontou o 4-3-1-2, compactou duas linhas de quatro com Rodrigo Mora pressionando a saída de Busquets.
O time argentino incomodou o quanto pôde alternando marcação adiantada e com linhas próximas defendendo a própria área. Entre um movimento e outro, muitas faltas: 17 no primeiro tempo. Parar o jogo sem entradas desleais é recurso legítimo, mas não admirável.
Por outro lado, o Barca fez menos faltas, mas as entradas de Jordi Alba e Busquets, uma em cada tempo, mereciam até cartões vermelhos. O "troco" errado de quem está acostumado a jogar, não bater.
É a distorção do que se convencionou chamar de "jogo de Libertadores", para delírio dos adeptos do "futebol fálico": quem bate mais é mais forte, mais macho. Mais bem dotado. Uma falácia, já que o esporte é muito mais técnico/tático que físico.
Ainda assim, a estratégia funcionou até Daniel Alves cruzar, Neymar preparar e Messi – com domínio que resvalou no braço, mas sem toque na bola para levar vantagem – marcar o seu quarto gol em finais de Mundial.
As entradas de Lucho González, Gonzalo Martinez e Sebastián Driussi desmancharam a execução do plano de jogo. Logo aos dois minutos, Busquets teve liberdade para acionar Suárez na transição em velocidade. Segundo gol que praticamente definiu o tricampeonato sob a chancela da FIFA do melhor time do planeta.
Já em ritmo de treino, ainda houve tempo para o camisa nove uruguaio marcar seu quinto gol no torneio em linda assistência de Neymar. O brasileiro tentou deixar o seu, foi até individualista em alguns momentos. Nem precisou num universo de 66% de posse e 16 finalizações contra seis – oito a quatro no alvo.
Para o River, valeram a luta e a incrível festa da torcida em Yokohama, celebrando a redenção definitiva de um gigante que voltou do inferno.
O Barcelona levou a sério o Mundial. A ponto de escalar Messi e Neymar sem 100% das condições físicas. Nunca saberemos se foi apenas para o clube que vende sua marca em todos os cantos do globo agradar o mercado asiático ou pela fome de títulos.
Na prática, o time do século 21 segue fazendo história.
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
Sobre o Blog
O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.