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Corinthians vence Santos estropiado com mais sofrimento que inteligência

André Rocha

01/06/2016 23h25

Tite mudou o desenho tático do Corinthians: saiu o 4-1-4-1 e o 4-2-3-1 foi adaptado com o claro objetivo de abrigar Giovanni Augusto, Guilherme e Marquinhos Gabriel na trinca de meias talentosos atrás do atacante. Inicialmente com Giovanni à esquerda e Marquinhos pela direita.

Pés invertidos procurando o centro do campo e encontrar Guilherme. A consequência na distribuição da equipe em campo é que os laterais ganham os corredores para apoiar e o atacante único abra espaços. Porque se ficar na referência ele ocupa a brecha que seria da infiltração de quem vem de trás.

Quando André foi barrado e Luciano ganhou a vaga, a expectativa era de mais mobilidade. Contra o estropiado Santos na Arena em Itaquera não aconteceu. E o Corinthians no primeiro tempo teve 62% de posse. Adiantou e pressionou a marcação, a ponto de desarmar e fazer mais faltas que o rival.

Porém o número que chamou atenção foi o de cruzamentos em pouco mais de 45 minutos: 23, acertando sete. Porque a equipe trabalhava a saída de bola com os zagueiros e volantes, espetava Fagner e Uendel, trocava passes. Mas a jogada morria no cruzamento. Porque não havia espaço para as tabelas. Ainda assim teve chance de abrir o placar com Luciano e Vilson.

A formação inicial de Dorival Júnior tinha duas linhas de quatro, Elano e Serginho na frente. Não teve a bola, nem rapidez na transição ofensiva. Finalizou apenas uma vez, contra seis do rival.

O problema do Corinthians para infiltrar no primeiro tempo foi Luciano fixo no centro do ataque, sem abrir espaços para as infiltrações dos três meias que inicialmente teve o canhoto Marquinhos Gabriel pela direita e o destro Giovanni Augusto do lado oposto. Mesmo com o Santos só se defendendo com duas linhas de quatro e sem velocidade na frente com Elano e Serginho (Tactical Pad).

Cenário que mudou pouco na segunda etapa. Tite primeiro inverteu em definitivo Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel para abrir o jogo e definitivamente atacar pelos flancos. Depois trocou Marquinhos por Lucca, para ter um ponteiro mais vertical. Mais tarde Rodriguinho substituiu Bruno Henrique e André entrou na vaga de Luciano.

O Santos só tentou acrescentar velocidade no ataque com Joel, Paulinho e Maxi Rolón. Continuou inócuo, preocupado apenas em defender. Finalizou só mais uma vez. Mesmo sofrendo com os desfalques importantes, a postura foi covarde demais.

Sem preocupações na retaguarda, restou ao Corinthians o abafa. Cruzou mais 16 bolas, totalizando 39. Até Guilherme centrar da esquerda, Felipe e Cristian tocarem na bola e Giovanni Augusto marcar o gol único num universo de 14 finalizações.

As substituições dos treinadores não mudaram a dinâmica ofensiva do Corinthians nem entregou rapidez no ataque santista. No abafa, o time da casa achou o gol (Tactical Pad).

Mais três pontos. Talvez o "maloqueiro sofredor" tenha ficado satisfeito com o triunfo arrancado na marra. Mas Tite não pode sair feliz do estádio. Faltou a movimentação inteligente para o ataque girar e criar oportunidades mais cristalinas.

Venceu e pode terminar a quinta rodada no G-4, mas o futebol envolvente não esteve em Itaquera.

(Estatísticas: Footstats)

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.