Fred no Galo pode dar caldo, mas sem Pratto
André Rocha
09/06/2016 07h57
A primeira impressão – feeling, não informação – sobre o acerto de Fred com o Atlético Mineiro, anunciado ontem à noite pelo presidente Daniel Nepomuceno, é que a negociação se iniciou no desentendimento com Levir Culpi no Fluminense e só se confirmou agora por algum fato novo.
Provavelmente uma saída já bem encaminhada de Lucas Pratto. Primeiro pela questão financeira. A dupla e mais Robinho onerariam demais os cofres do clube que tem poder de investimento e estrutura, mas não a tal ponto.
Até porque a resposta no campo não seria tão fácil. O argentino já atuou como um atacante atrás do centroavante no Genoa e no próprio Vélez Sarsfield. Tem 28 anos, não é tão lento. Viável. Mas o primeiro problema de juntar Fred e Pratto seria o posicionamento de Robinho.
Desde o Santos em 2015 e a passagem frustrada pelo Guangzhou Evergrande ficou claro que o camisa sete não consegue mais executar com intensidade e fôlego a função de um ponteiro que precisa voltar para compor a linha de meias, seja no 4-2-3-1 ou 4-1-4-1.
Não por acaso Aguirre e agora Marcelo Oliveira costumam posicioná-lo mais centralizado. Com Fred na equipe, a função que seria de Pratto é de Robinho. Pode até alternar com Cazares pela esquerda quando este retornar da Copa América Centenário. Porém sem tantas atribuições defensivas. Até mais adiantado, mas o técnico não abre mão da referência entre os zagueiros.
Pratto e Fred na frente significam duas linhas de quatro com os meias pelos lados, mesmo velozes, muito recuados. Se o adversário avançar a marcação e forçar a ligação direta atleticana, um dos atacantes pode até ganhar na primeira disputa pelo alto. Mas quem terá a capacidade de acelerar a transição ofensiva? O ataque perderia velocidade. Improvável!
Com Robinho não seria tão mais rápido, mas compensaria em criatividade e habilidade no um contra um.
O destino do argentino deve ser China ou um retorno ao futebol do seu país. Fred tem tudo para chegar com a motivação natural da mudança de ares e a volta a Belo Horizonte. Revelado pelo América, apresentado ao planeta bola pelo Cruzeiro. Pode ser útil ao Atlético com sua vocação de artilheiro e se entender com Robinho, companheiro de seleção brasileira na Copa de 2006.
Deve dar caldo no Galo. Mas sem Pratto.
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
Sobre o Blog
O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.