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Volantes passadores e nenhum centroavante. As primeiras ideias de Tite

André Rocha

22/08/2016 14h19

A primeira convocação de Tite é emergencial e tem suas particularidades. Por conta da sexta colocação nas Eliminatórias, os jogos contra Equador e Colômbia não permitem maiores experiências. Por isso o novo técnico da seleção brasileira trabalhou e estudou tanto desde que foi anunciado.

Por precisar de ritmo de jogo e algum entrosamento, Tite leva 13 jogadores que estiveram na Copa América Centenário e sete campeões olímpicos. O próprio treinador afirma confiar nos processos e tentará fazer algo ao menos parecido com continuidade. Assim como privilegia quem está com mais ritmo de jogo. E não conta com os lesionados Thiago Silva e Douglas Costa.

Com seu toque, obviamente. Ou suas ideias. As primeiras que saltam aos olhos: volantes passadores. Já tinha deixado claro com Bruno Henrique sucedendo Ralf no Corinthians. Agora Casemiro e Rafael Carioca. Dois ótimos exemplares do jogador que inicia a saída de bola com os zagueiros e colabora na construção. Boa notícia.

Outra escolha, em termos de conceito, é a ausência do típico centroavante. O nove de ofício. E um alívio: mesmo que arme a seleção no 4-1-4-1, a intenção não é escalar Neymar como o único atacante, repetindo o equívoco de Dunga. A olimpíada deixou bem claro que o camisa dez rende aberto pela esquerda como no Barcelona ou solto como articulador com um nove móvel na frente.

Sendo assim, Gabigol e Jesus devem disputar a vaga na frente, com a surpresa Taison correndo por fora. Pelas declarações de Tite, vantagem para o jogador do Palmeiras, artilheiro do Brasileiro.

No discurso, uma proposta fundamental: jogo apoiado, com triangulações. Ou seja, trabalho coletivo na frente, nos últimos trinta metros. Mesmo sem tempo para trabalhar, pedir que os jogadores invistam em deslocamentos e troca de passes podem facilitar o talento. O que faltou na final da Olimpíada, por exemplo.

Como em toda lista, há nomes questionáveis, como Taison e Paulinho, ou ausências sentidas – Geromel, a mais destacada. O retorno de Marcelo é um sinal importante de que a ideia é levar os melhores. Giuliano é surpresa, mas pode colaborar com versatilidade e a capacidade de sair da ponta para dentro ajudar na articulação e criar superioridade numérica. Como fazia no Grêmio. Como Jadson no Corinthians campeão brasileiro.

Todo treinador com longa história em clubes tem seus homens de confiança, aqueles que já conhece na convivência do elenco. A gestão de grupo tem sua importância. Os pontos de interrogação ficam como voto de confiança ao técnico que é quase unanimidade no país.

Dito isto, é possível pensar em duas formações: No 4-2-3-1, com Alisson no gol; Daniel Alves e Marcelo nas laterais; Miranda e Marquinhos ou Gil na zaga. No meio, Casemiro e Renato Augusto no meio; Willian, dúvida por lesão, Neymar solto e Phillipe Coutinho à esquerda. Gabriel Jesus na frente.

Uma possível formação do Brasil de Tite, no 4-2-3-1: Neymar solto atrás de Gabriel Jesus, Marcelo de volta à lateral esquerda e Casemiro iniciando a saída de bola e fazendo dupla com Renato Augusto no meio (Tactical Pad).

No 4-1-4-1, Neymar retornaria ao lado esquerdo para ser o atacante pela esquerda que infiltra em diagonal no Barcelona, tão elogiado por Tite. Casemiro à frente da defesa, Paulinho, Lucas Lima, Giuliano e Coutinho disputariam a posição no centro da linha de meias com Renato Augusto.

No 4-1-4-1 pode entrar Paulinho, homem de confiança, no meio e Neymar retorna ao lado esquerdo para ser o ponteiro de infiltração, como no Barcelona (Tactical Pad).

Tite fala em jogar bem e vencer. Mas a necessidade de resultados exige um pouco mais de pragmatismo. Independentemente da formação é possível ser competitivo e alinhado ao futebol atual já nas primeiras decisões da seleção para não ficar fora da Rússia 2018.

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

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O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.