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Virada do Internacional na força do ataque que o Flamengo não tem

André Rocha

16/10/2016 20h17

Celso Roth pecou na escalação inicial do Internacional. Deixou Eduardo Sasha e Valdívia no banco e ficou sem velocidade, técnica e presença física no ataque. Um 4-2-3-1 com Vitinho isolado.

Flamengo no mesmo desenho tático, mas três mudanças na frente. Gabriel, Guerrero e Everton em campo, Alan Patrick, Damião e Fernandinho no banco. Mudou ainda no primeiro tempo com Everton estourando, como estava prevendo o departamento médico rubro-negro e poupando o jogador do esforço de 90 minutos.

Entrou Fernandinho. Pela direita. Ponteiros com pés invertidos. Gabriel, com o esquerdo, fez o centro para Guerrero testar fraco na melhor oportunidade e na jogada coletiva mais bem engendrada de um primeiro tempo com 57% de posse dos visitantes e cinco finalizações contra três – duas na direção da meta de Danilo Fernandes e nenhuma do Inter no alvo.

Porque o time gaúcho transbordava tensão e insegurança. Inclusive com o próprio desempenho. Tentava rondar a área, mas errava demais. Com menos posse errou mais passes: 25 a 20. Fez muito mais faltas (11 a 3), mas também foi superior nos desarmes certos – treze contra oito.

Vitinho era obrigado a voltar e arriscar tudo em jogadas individuais porque Gustavo Ferrareis, Seijas e Alex não se aproximavam ou pecavam no passe que facilita a conclusão. Até Roth começar a corrigir seus erros.

Primeiro com Sasha no lugar de Ferrareis na volta do intervalo. Quando tentava se impor na segunda etapa, o gol de Rever. Centro preciso de Diego, que correu demais para fugir da perseguição individual do volante Anselmo. O Flamengo foi "líder" por alguns segundos, até Jean marcar de pênalti no Orlando Scarpelli. Parecia um sinal.

Roth ajudou com a entrada de Valdívia no lugar de Seijas. A torcida queria a saída de Alex, mas o meia já parecia mais tranqüilo depois de conversar com Diego para resolver a troca de entradas duras na primeira etapa que podia ter acarretado a expulsão dos dois se o árbitro Wilton Pereira Sampaio não fosse tão passivo.

Veio a reação colorada. Primeiro no abafa: a defesa do Fla não conseguiu ganhar as três disputas aéreas na própria área até a bola sobrar para Sasha empatar. O suficiente para criar uma atmosfera favorável no Beira-Rio elétrico e o Flamengo começar a se desmanchar mentalmente.

Porque o próprio time sente que não há qualidade na frente. Guerrero não conseguiu reter a bola nem ser uma ameaça real. Os ponteiros se preocuparam mais em defender. Depois entrou Alan Patrick na vaga de Gabriel para recuperar a posse. Sem sucesso. Pior foi a entrada de Emerson, que aqueceu para substituir Guerrero e tentar puxar contragolpes, porém acabou entrando na vaga de Márcio Araújo.

Zé Ricardo mudou porque o Inter virou. Com Vitinho. Chute de Valdívia, gol do melhor em campo no rebote de Muralha. O Flamengo saiu do prumo de vez e correu riscos de sofrer mais gols. Terminou com 58% de posse, mas doze finalizações contra treze do Inter – sete a seis no alvo. Vitinho foi a diferença.

No apito final, a constatação: o time que luta para não cair conta com a qualidade e contundência na frente que não possui o vice-líder do campeonato, agora quatro pontos atrás do Palmeiras. Sintomático.

(Estatísticas: Footstats)

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.