Topo

O Grêmio à moda antiga de Renato Gaúcho

André Rocha

20/10/2016 07h35

Renato Portaluppi aceitou voltar a treinar o Grêmio com o Valdir Espinosa como coordenador técnico para um contrato de três meses em ano eleitoral sucedendo Roger Machado. O velho "mandato tampão". Ou bombeiro.

Chegou com seu carisma e o status de maior ídolo do clube, mais de dois anos sem comandar um time após a passagem pífia pelo Fluminense em 2014. Comerciais, praia, os ciúmes da filha Carolina que já viraram lenda. Futebol, apenas pela TV. Atualização? Nem sinal.

No campo isso ficou visível logo no início. Renato continua um treinador com os mesmos conceitos de seus trabalhos na década passada: muito valor à preparação física, detalhista na bola parada e adepto da marcação por encaixe, com perseguições individuais. Sem maiores preocupações com posse de bola, muito mais reativo. Ou seja, um futebol dos tempos do auge do "Muricybol" no Brasil.

Um enorme contraste com as ideias atuais de Roger que colocaram o Grêmio surpreendentemente na Libertadores deste ano, mas até pela inexperiência do jovem treinador não conseguiu construir um trabalho a longo prazo pelo desgaste, inclusive na gestão de grupo.

Especialidade de Renato, que agrega, mobiliza e motiva com seu estilo fanfarrão – aquele tio que chega no churrasco brincando com todo mundo, contando vantagem e atraindo todas as atenções para si. Por ele o time pode até correr errado, mas se entrega tanto que acaba compensando qualquer problema na execução.

Eis o Grêmio semifinalista da Copa do Brasil eliminando o mistão do Palmeiras no Allianz Parque. Com Ramiro ora meia, ora volante pela direita num 4-2-3-1 "torto" que isolou Luan na frente. Sofrendo para conter as jogadas bem trabalhadas pelo time de Cuca e levando um gol na jogada aérea tão treinada por Renato.

O golpe de cabeça de Thiago Martins classificaria o alviverde, não fosse a duríssima e desnecessária entrada de Alione em Everton que rendeu um cartão vermelho direto para o argentino.

Emblemático que o gremista agredido – substituto de Pedro Rocha que perdeu chance cristalina no primeiro tempo em raro contragolpe tricolor – marcasse o gol do empate e da classificação. Com Renato já fora de campo, expulso após tantas reclamações – outra marca do técnico que não muda.

Teimoso, com um estilo arcaico mas que funciona na prática, ao menos no curto prazo. Até o fim do ano e do contrato pode render mais uma Copa do Brasil para o técnico, que venceu com o Fluminense em 2007, e para o maior campeão junto com o Cruzeiro, exatamente seu adversário na semifinal.

A quinta conquista do time gaúcho seria melhor que uma vaga no G-6 do Brasileiro que obrigaria a disputar as fases preliminares no novo formato do torneio continental.

Um Grêmio à moda antiga. Como uma amante que Renato Gaúcho sempre consegue seduzir em Porto Alegre. Até dezembro esse amor pode terminar na conquista nacional que não chega para o clube desde 2001.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

O Grêmio à moda antiga de Renato Gaúcho - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.